sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Guilty Pleasure (1ª Temporada - 10 ao 18)


Capítulo 10 ao 18




CAPÍTULO 10


DIA SEGUINTE... 



Ponto de Vista: Lucy


Depois dos garotos se acordarem, ou do Tom acordar eles, já que o coitado caiu do sofá de dois lugares, tomamos nossos banhos e arrumamos a bagunça da noite anterior.
Vicky não deixou de comentar comigo que, enquanto ia para seu quarto para tomar banho, percebeu cochichos dos meninos no quarto de Tom.
Depois que ela se banhou decidimos passar por lá:
– Se vocês quiserem brincar de troca-troca nos avisem que deixamos a casa livre para vocês! – falei sorrindo, enquanto a Vicky estava em minha frente, rindo da tentativa besta dos meninos de esconderem a caixa com materiais pornográficos.
– Mamãe ensina a bater na porta, meninas! – Nath disse, com cara de sério.
– E papai ensinou vocês a serem donzelos de 18 anos, meninos! Me deem isso aqui! – disse Vicky, pulando em cima da cama e arrancando o DVD da mão do Nathan.
– Se você pedisse, eu te dava. – ele falou isso com o tom mais sacana do mundo, fazendo com que eu e o Max ríssemos, ao contrário de Tom, que olhou de um jeito estranho para o amigo.
– E eu negava. – disse Vicky, lhe dando um fora que lhe fez murchar até a alma.
– Ao invés de ficarem aí na vontade – parei para pensar na frase que havia acabado de dizer. – Na vontade ver os filmes. – completei, rindo. – Por que não vamos todos lá para baixo para vermos se o Nath é um cafetão de primeira?
– OPA! – ele disse, levantando os braços. – Digo desde já que sou foda e que o banheiro vai ficar congestionado, por isso digo logo, sou o primeiro da fila e...
– Cala boca, Nathan! – disse Max rindo e metendo a mão na sua cabeça. – Vocês realmente querem ver isso? – ele apontou para o material.
– Por que não? – Vicky perguntou. – Não nos custa nada.
– Garotas normalmente não veem isso. – disse Tom.
– E garotos da idade de vocês já estão praticando, ao invés de ficar se masturbando. – falei, batendo na mão da Vicky, como se tivéssemos comemorando o fora.
– Está certo. Vocês nos convenceram! – disse Tom, vencido.
Descemos as escadas enquanto o Max levava as caixas e Tom e Nathan escolhiam alguns DVDs na mão.
A gente era tão amigo que não iria haver ataque de suruba. Por tal motivo eu e Vicky estávamos tranquilas.
Espalhamo-nos pelo sofá e pelo chão da casa. Eu, Nath e Max ficamos no chão, enquanto Vicky e o Tom no sofá, novamente abraçados, para deixar claro.
O DVD era de duas loiras no motel com um hetero feio. Coisa de filme pornô mesmo, sem pé nem cabeça. Quando vimos já estavam fazendo o trabalho. Segurei para não rir da concentração dos garotos e vez ou outra a minha amiga me dava olhares furtivos de sarcasmo na cara. Nath estava com a mão entre as pernas, tentando tapar as consequências do filme. Max estava abraçado sofridamente a uma almofada. Enquanto Tom já havia pedido para Vicky se afastar a muito tempo dele para não acontecer casos extremos.
Depois de 30 minutos a campainha tocou, fazendo-me olhar assustada para a porta.
– Deve ser o Jay, amiga. – disse a Vicky e só então me lembrei do namorado.
Levantei-me rapidamente e fui abrir a porta e sim, era ele. Assim que me viu ele me puxou e me beijou, fazendo com que meu corpo tremesse só em sentir seu beijo.
Isso é completamente injusto, você está naquela situação, vendo aquele tipo de filme e chega um homem daquele e te pega de surpresa!
É completamente complicado se manter sã!
– Bom dia, Lu. – ele disse, com o rosto ainda perto do meu, com uma mão em meu rosto.
– Bom dia. – respondi feito uma besta, olhando admirada para beleza daquele garoto.
Com um sorriso no rosto fechei a porta e me virei para os outros. Max olhava para o chão sem nem prestar mais atenção no filme, fiquei aflita por ter me esquecido por alguns segundos que ele estava ali. Vicky sorria simpaticamente para Jay, enquanto Tom continuava com sua concentração intacta no filme.
Já o Nathan:
– Puta que pariu! – ele se levantou com dificuldades – Preciso ir ao banheiro! – e saiu correndo para subir as escadas feito um louco, arrancando risada de quase todo mundo.
– Sempre chego nas horas boas! – disse Jay rindo e sentando-se no chão, onde antes era meu lugar.
Não deixei de perceber que Max se afastou alguns centímetros dele sem nem olhar para o lado. Em seguida sentei-me entre suas pernas, encostando-me em seu corpo.
Ficamos naquela posição o resto da manhã.
Ele em nenhum segundo se quer atreveu-se a ir além dos carinhos em minha perna e minha barriga. Eu estava tranquila ali, assim como a Vicky, que já no segundo filme [após Tom visitar o banheiro rapidamente] voltou-se a acomodar-se no sofá com ele.
Nath já havia voltado e depois de um tempo já estávamos zuando da putaria, enquanto eu fazia voz de homem, ele fazia a voz de mulher, deixando todo mundo rindo de um filme de sacanagem.

* * *

Depois da seção de cinema barato e fajuto fomos para o quintal jogar um pouco de cartas. Dessa vez quem ganhou foi o Tom, um presente de aniversário bônus para ele esfregar na nossa cara.
Já eram 14:00h e ainda não havíamos almoçado, só aproveitando aquele tempo.
– Preciso de uma ajudinha em física, química e matemática. – falei apreensiva, lembrando-me das provas e arrumando minha bolsa.
– Eu te ajudo. – disse Max, simpaticamente, fazendo com que eu sorrisse para ele.
– Eu também. – disse Vicky dando uma piscadela para mim, enquanto o Jay suspirava raivosamente.
– Então, hoje à noite a gente pode estudar. – comentei, tentando fechar a bolsa que insistia em deixar minha roupa paro o lado de fora.
– Depois eu que sou o imprestável! – disse Nathan impaciente comigo e fechando a bolsa para mim.
– Por mim tudo bem. – disse Max – Vocês podem passar lá em casa, depois do jantar.
– Tá certo. – disse Vicky, confirmando. – Mais alguém vai?
– Não posso, a Tanya vai passar aqui à noite. – disse Tom, de olhos fechados e pernas cruzadas, sentado na poltrona, como se estivesse com tédio.
– E por causa disso você vai deixar de estudar? – perguntou Vicky.
– Por causa disso, vou bajulá-la bem muito para ela poder me passar a cola que ela vai conseguir com o nerd nos próximos dias. – ele disse, explicando a situação para a minha amiga, com um leve sorriso no rosto.
– Hum. Sei. – ela disse, ignorando a cara do Tom.
– E você, Jay? – perguntei, virando-me para ele.
– Nem dá. – ele disse – Meu tio vem para cá hoje à noite e vai passar o domingo com a gente. Devo me enfiar em algum campo de golfe. Só espero não perder, já que essas coisas em família sempre são um saco! – Jay exclamou, sem muita animação sobre o dia que viria.
– Tudo bem. – sorri sinceramente para ele.
– Ninguém vai perguntar de mim? – disse Nath com cara de excluído.
– Você acha mesmo que precisa? – falou Max, fazendo careta e colocando a mochila nas costas.
– Não. Eu não ia aprender nada mesmo! – Nath riu bobamente.
– Então tchau meus docinhos, até não sei quando! – falei, dando um abraço no Tom e na Vicky. – E você, vê se não erra o caminho de casa! – disse isso me virando para o Nath e lhe dando um abraço apertado.
– Nem erro, porque o Max que vai me levar! – ele disse com cara de criança perdida e depois dando um beijo em minha bochecha.
– Ainda bem! – sorri e assanhei seu cabelo antes de me virar para Max. Pensei em despedir-me decentemente dele, mas não o fiz.
– Tchau Max, até mais. – falei, com uma cara de menina amarela dando um ‘tchauzinho’ no ar.
Jay esperava-me pacientemente com o rosto sério, fui em sua direção e só aí ele levantou o braço. dando tchau para os outros sem dizer uma palavra.

* * *

– Bem bonito você ir estudar com o Max. – ele disse, chateado, já dentro do carro.
– Eu preciso disso, Jay. Você sabe como sou péssima nessas matérias. – falei, tentando me explicar e desligando o som do carro que estava me dando dor de cabeça.
– Aham! Sei o quanto você é péssima. –falou ironicamente.
– Se está tão incomodado me ensina você! – me virei para ele, meio revoltada.
– Se eu fosse bom na matéria faria esse favor para você e para mim. – disse, já diminuindo o tom de voz. – Mas sou ruim nelas e quase me mato para tirar uma nota no mínimo aceitável.
– Pois bem! Também quero tirar uma nota no mínimo aceitável! – exclamei, virando meu rosto para a pista à frente, como se tivéssemos encerrado o assunto.
O resto do caminho ficamos calados.
Sentia-me agoniada por ter tido uma leve discussão com ele, mas era realmente importante para mim essa ajuda e até a minha amiga estaria lá.
Jay deveria confiar em mim.
O carro parou em frente a garagem de minha casa e então acordei do meu transe das coisas que haviam acontecido de ontem para hoje.
Tirei o cinto e já estava me preparando para abrir a porta quando senti a mão do Jay em meu braço:
– Espera, Lu. – ele falou baixo, olhando para mim.
Arrumei-me no banco, fazendo com que meu rosto ficasse de frente para o seu, mesmo afastados.
– Eu... – sua voz estava receosa e ele parecia sem jeito para o que ia dizer. – Eu não queria falar daquele jeito com você. Desculpa.
Passei alguns segundos encarando-o, impassível, só para deixá-lo sofrer um pouco com aquilo.
– Tudo bem, Jay. – fiz um sinal positivo com a cabeça. – Mas você precisa confiar em mim.
– Em você eu confio, só não confio naquele idiota! – ele falou com raiva, lembrando-se do Max.
– Não o trate assim! – logo o repreendi.
– Por que não? Aquele imbecil não disse que ia nos deixar em paz? Hoje ele se ofereceu para lhe ensinar coisas para a prova! Eu não o entendo! – o rosto do Jay começou a ficar vermelho, enquanto ele se balançava de um lado para o outro no banco, demonstrando com quanta raiva estava.
– As coisas não são bem assim... – falei, tentando justificar a situação.
– E SÃO COMO? – Jay aumentou seu tom de voz, fazendo com que eu ficasse olhando-o assustada.
Logo percebi estampado em sua cara arrependimento.
Respirei fundo, fechando os olhos.
Eu não estava com raiva, só estava triste de brigar com ele.
Olhei-o de novo, dessa vez parecia mais calmo, seu rosto menos vermelho encarava-me, aguardando alguma reação explosiva ou deprimida.
Saí de meu banco sem muitas dificuldades, graças ao tamanho do carro.
Jay arrumou-se no seu dando abertura para que eu sentasse em seu colo, de frente para ele.
Seus olhos azuis me encaravam, seus lábios vermelhos estavam molhados e suas mãos estavam paradas em minhas pernas.
Aproximei meu rosto do dele, e olhando em seus olhos, disse:
– Eu escolhi você. E enquanto você merecer isso... É com você que vou ficar. – tentei ser o mais séria, sincera e direta possível.
Jay piscou algumas vezes analisando cada palavra que eu disse.
Sua resposta foi um beijo tranquilo, inicialmente, como um pedidode desculpas.
Coloquei minhas mãos em seus cabelos, assanhando-os, enquanto suas mãos começaram a alisar minhas pernas. A casa estava vazia, a rua estava vazia, o beijo estava bom e sexo depois da briga parece muito agradável.
Jay sorria entre o beijo que ficava cada vez mais rápido e profundo, suas mãos subiram para minha cintura puxando meu corpo para mais perto do seu. Minha respiração começou a ficar ofegante e o espaço do carro estava cada vez mais me fazendo grudar nele. Jay parou o beijo em minha boca e os depositou em meu pescoço, fazendo-me arrepiar, enquanto eu descia a mão, passando-a por debaixo de sua camisa, em sua barriga.
Segundos depois ele já estava abrindo o meu casaco, beijando a parte do decote, me fazendo suspirar de olhos fechados, minhas mãos voltaram para sua cabeça, pressionando-a. Eu sabia o que ia acontecer, e estava começando a gostar e a ficar tranquila pela primeira vez em dois meses.
Você sabe dos meus sentimentos... Preciso me afastar de você. É o correto para nós dois. Por mais que me doa eu preciso esquecer você...
Foi esquisito. Ficar longe de você... Já estava acostumado...”
– JAY! – gritei mais alto do que devia, assustado-o – Não posso, desculpa! Não posso!
Estava aflita.
Fechei o casaco e abri a porta daquele lado do carro. Saí quase caindo e puxando minha bolsa.
– Lucy! – o ouvi dizer, com a voz preocupada.
Eu estava descabelada e nem coragem para olhar Jay eu tive. Simplesmente sai correndo para casa, confusa, respirando forte e pensando em Max.

* * *

A noite chegou. Jay ligou para mim algumas vezes, mas só tive coragem de atendê-lo depois de muito pensar no que havia feito e na vergonha que havia passado.
Não devia ter pensando no Max naquela hora e não devia ter estragado o momento que estava sendo bom para nós dois.
Jay não sabia meus verdadeiros motivos por ter saído do carro daquele jeito, apenas lhe disse que fiquei nervosa novamente.
Não sei até quando ele vai aguentar uma namorada frouxa com eu, mas foi realmente torturante ver o rosto do Max de olhos vermelhos, naquele dia do banheiro, sendo tão sincero comigo sobre seus sentimentos e muito menos tive coragem de continuar a tocar Jay ao sentir de novo o efeito das palavras do Max dizendo que foi esquisito ficar longe de mim.
Liguei para minha amiga contando o que tinha acontecido e disse a ela que não iria estudar junto com os dois.
Eu não queria sair correndo da casa do Max me lembrando do Jay.
Estava ficando louca!
E preferi ficar quieta na minha cama, admirando o teto branco. Só veria o meu namorado na segunda. Até lá tentaria relaxar enfiando minha cara nos livros e nas matérias que entendo. Eu só esperava que o outro dia chegasse para que quando eu acordasse meus pensamentos tivessem sido apenas sonhos.





   * * *



CAPÍTULO 11

PIQUENIQUE



Ponto de Vista: Vicky

– Ei!
Ouvi um barulho perto de mim e saí logo abanando a mão no meu ouvido e tocando em algo um pouco molhado.
– Não arranque meu nariz, Vicky! – Tom falou rindo, me fazendo abrir os olhos e vendo onde minha mão estava.
Meu dedo do meio estava enfiado em sua narina esquerda.
– Desculpa! – sorri – Pensei que fosse um inseto!
– Obrigado pela comparação! – disse Tom animadamente, sentando-se ao meu lado. Tentava arranjar coragem para ao menos levantar – Mamãe não vai voltar hoje, então tive pensando em fazer algo.
– De 8 horas da manhã? – perguntei, olhando o relógio no celular.
– Sim. Você sabe que não consigo dormir por muito tempo. – ele disse, levantando os braços e os balançando no ar.
– E o que você quer fazer? – falei, esfregando o rosto com as mãos.
– Piquenique!
– Oi? – falei, sem acreditar.
– Piquenique surda! – ele disse, balançando a cama.
– Sério mesmo? Isso é tão jardim de infância, Tom! – falei, sem deixar de rir.
– Pois então que a gente volte a ser criança! Agora se levanta, se troca e quero você lá em baixo em 20 minutos para tomar café! – Tom disse tal coisa com pressa, já saindo da cama – Enquanto isso preparo o Louis... E ACORDA, VICKY! – ele puxou meu cobertor assim que fiz menção de que iria voltar a dormir. – Gente preguiçosa viu! – e saiu resmungando do quarto.
Fiquei olhando para a porta pensando nessa ideia dele que havia sido interessante.
Comecei a aceitar que piquenique não é tão ridículo assim e me empolguei com a besteira, levantando rápido da cama.
Não demorei muito e já estava pronta, recebendo elogios dele e tomando café da manhã mais rápido que pude. Pelo que percebi, assim que entrei na cozinha, o garoto se acordou de madrugada já que todo o lanche já estava pronto e até toalha quadriculada vermelha com branco tinha!
Tom estava sentando no chão, brincando com Louis, quando eu acabei de comer:
– De que vamos? – perguntei.
– Bicicleta e vou te levar comigo.
– Posso ir com a minha bicicleta. Eu sei pedalar, sei o caminho... – fui irônica, dando uma leve risadinha.
– E eu estou dizendo que vou te levar, então cala a boca! – Tom falou fingindo seriedade. - Agora vamos!
Guardamos algumas coisas dentro da sua bolsa e peguei o Louis no braço. A bicicleta do Tom já estava na frente de casa. Prendemos a cesta na parte de trás, ele colocou a bolsa nas costas, sentei-me na frente e segurei forte na bicicleta, enquanto mantinha Louis preso ao meu corpo, dentro de uma pequena bolsinha, que nem as mães levam seus bebês.
Demoramos um pouco para chegar, já que tivemos que ir devagar pelo excesso de bagagem que estávamos levando.
O sol havia saído e se mostrava por entre as nuvens negras da nossa cidade.
A temperatura estava amena, extremamente agradável.
Procuramos um lugar no parque movimentado, pois parecia que todo mundo havia inventado de fazer piquenique no mesmo dia.
Crianças corriam, pais gritavam, bicicletas passavam.
Coisa de domingo em família: chato.
Mas eu estava feliz por estar ali e pela ideia do Tom de fazermos algo diferente ao invés de ficar assistindo filme e mofando no sofá (como normalmente fazia).
Achamos uma árvore afastada daquela gente, onde estavam os idosos e os casais, na parte mais silenciosa do parque, e nos acomodamos, forrando o pano quadriculado na grama e arrumando as comidas da cesta e da bolsa.
Louis já brincava alegremente com sua bolinha antes branca, agora encardida.
Acho que esse cachorro é meio autista, fica mais feliz só do que com os outros!
Tom sentou-se ao meu lado, sorrindo docemente para mim e pegando uma garrafinha de suco de uva. Sentia um pouco de fome porque só havia tomado meu achocolatado e por causa disso meu estômago roncava. Peguei um sanduíche e fiquei observando o movimento.
– Quando sua mãe volta? – perguntei, olhando-o.
– Acho que só semana que vem. Na terça, quarta feira, por aí. – ele falou, limpando a boca após tomar o suco.
– Nossa! Dessa vez ela vai demorar a voltar.
– Por dinheiro tudo... Até passar anos sumida. – o garoto deu de ombros. Aqueles seus olhos castanhos estavam lindos hoje de manhã, muito mais do que os outros dias. – Está bom? – ele perguntou, apontando para o sanduíche.
– Sim, muito! – sorri, pois aquilo realmente estava matando minha fome – De que horas você se acordou, hein?
– Cedo! – Tom fez um rosto pensativo, olhando para cima – Não sei a hora exata. Tava com insônia.
– Por quê? – perguntei de metida.
– Não sei. Não dormi direito essa noite. Deve ser ansiedade para a prova. – comentou com total descaso.
– Aham. – confirmei. – Ou vai ver foi a alergia que a Tanya deu para você ontem à noite! – nós dois rimos do comentário maldoso.
– Falando no capeta... – Tom pegou o celular do bolso, mostrando que havia recebido uma mensagem.
– O que foi? – questionei curiosamente.
– Olha! – ele me passou o celular.
Tonzinho! Bom dia gostosão! Acabei de acordar! Sabe que eu tive um sonho maravilhoso com nós dois em sua cama? Domingo é um dia tão chato! Por que a gente não coloca esse sonho em prática? Beijos da sempre e toda sua: Tanya.”
– Onde eu clico para mandar um ‘se mata, vadia?’ – falei com raiva, querendo destruir o celular com os olhos.
– Não clica em canto nenhum, Vicky! – ele falou, tirando o celular da minha mão.
– O que você vai responder? – perguntei, engatinhando até chegar perto dele.
– Isso.
Desculpa Tany, mas eu já me satisfiz ontem com a minha amiga que nunca me abandona e fica logo depois do pulso. Deixe esse seu sonho para outro dia, ou coloca em prática com algum nerd para ele te passar a cola e você passar para mim essa semana. Beijos gostosa, T.”
 Não sei como ainda fico assustada com o fato de você ser interesseiro! – falei de olhos fechados, colocando uma das mãos na testa.
– A Tanya só serve para isso. – ele disse, tentando se explicar.
– Posso te perguntar uma coisa?
– Claro.
Algo me mastigava por dentro e a qualquer momento poderia pular da minha boca.
Preferi perguntar logo de uma vez antes de pirar:
– Você e a Tanya já ficaram? – fui direto ao ponto.
Tom olhou para mim por um tempo.
Ele parecia pensar no que lhe perguntei e por uns segundos o vi receoso em falar.
Fiquei com medo de sua resposta e me arrependi de ter dito aquilo.
E se ele tivesse ficado com ela sem eu saber?
E se eles já tivessem transado?
Fiquei tensa de pensar aquilo e queria voltar no tempo para apagar a questão de sua cabeça.
– Não, nunca fiquei com ela. – ele disse, olhando em meus olhos, fazendo-me tremer. – Se eu ficasse com ela, seria por outros motivos além do fato dela ser uma oferecida.
Fiquei olhando-o e prestando atenção em cada palavra que ele disse, como se aquilo fosse música para os meus ouvidos.
Não deixei de relaxar e dar um suspiro de alívio assim que Tom virou os olhos para sua garrafinha de suco.
Toquei em seu rosto, fazendo-o virar para o meu:
– Se um dia você ficar com ela, eu não te perdoo.
Aquelas palavras saíram da minha boca calmamente.
Eu queria dizer elas e queria ver a reação dele que veio com seu rosto repleto de questionamento.
Percebi que ele iria abrir a boca para perguntar algo e balancei a cabeça, fazendo-o ficar calado.
Voltei a minha atenção para o meu sanduíche, como se nada fosse mais importante que ele.
Sabia que Tom continuava a me olhar, mas fingi não notar e fiquei pensando no que a Lucy disse sobre aceitar o fato de gostar dele e ignorar o que os outros poderiam pensar.
Comemos mais algumas coisas e colocamos leite para o Louis que bebeu avidamente como se estivesse morrendo de sede.
Decidimos que iríamos levá-lo para passear por ali mesmo. Deixamos nossas coisas no chão, colocando o de mais importante guardado nos bolsos de nossas calças e saindo para não muito longe com o Louis, que andava rapidamente, mesmo sendo tão pequeno.
O frio começou a dar o ar das graças fazendo com que eu andasse abraçando meu próprio corpo, mesmo estando de casaco. Tom aproximou-se de mim e abraçou-me de lado, sorrindo, para me deixar mais quente. Seu cheiro era maravilhoso e seu corpo me deixou bem menos gelada, não por estar me aquecendo, e sim pelo que sua presença causava em mim.
– Fazem quatro dias. – falei, olhando distraidamente o Louis que tentava cavar a estreita estrada de concreto no meio do parque.
– Do ‘aniversário’ da morte do seu pai? – perguntou Tom, olhando tão distraído quanto eu para seu cachorrinho.
– Sim. Quatro anos que ele se foi. – falei tristemente.
Fiquei um pouco comovida com o fato de Tom ter se lembrado disso.
Há quatro dias eu estava tão muda que parecia que tinha perdido a língua.
É horrível perder a mãe o pai.
Por mais que eu gostasse da mãe do Tom, por ter aceitado cuidar de mim, ela não me passava amor nenhum... Nada além da obrigação de me criar.
Como sinto falta do meu pai!
– Também sinto a falta dele, Vi. – disse Tom, tocando a minha mão, dando um sorriso consolador.
Aquele ato lembrou-me do dia do enterro, em que nem mesmo eu disse o que pensava e Tom já me respondeu preparadamente aquilo que precisava ouvir.
Retribui seu sorriso sinceramente e voltei minha atenção para o Louis, antes disso sentindo os lábios gelados do Tom encostarem em minha bochecha, fazendo-as esquentarem.
Apertei um pouco mais sua mão na minha, agradecendo a Deus por me dar esse momento tão tranquilo.

* * *

A semana de provas havia começado. O domingo havia sido maravilhoso e na segunda eu estava perfeitamente tranquila para fazer a prova. Dormi abraçada com o Tom, em sua cama, depois de vermos Marley e Eu. Nathan estava estranho e Max revisava algumas coisas calmamente quando cheguei com o Thomas. Algum tempo depois Lucy chegou com o Jay, os dois pareciam ter se entendido, já que sorriam tranquilamente e conversavam em paz. Nathan parecia o mais agoniado, deve ter sido pelo problema de não ter estudado para a prova... Como sempre fazia.
O primeiro dia era de química e literatura.
Eu havia estudado o suficiente, assim como o Max, já que estudamos juntos e ensinei o máximo que pude para o Tom.
Queria ter feito o mesmo com a Lucy, mas ela estava perdida demais na sua vida para prestar atenção em algo.
O dia passou-se tranquilamente, tirando o tempo que a Tanya ficou na droga da minha casa pedindo ajuda ao Tom em geografia, já que ele era bom na matéria. Mas percebi que maior parte do tempo ela mostrava mais o decote com seus seios de silicone do que aprendia algo. Até porque, aquilo deve ser sem cérebro, por isso a dificuldade na matéria!
O próximo dia de prova seria de geografia e matemática. Conversei com a Lucy antes de ir estudar e ela ainda parecia confusa sobre o Max e o Jay, mas tranquila.
Essa história da minha amiga gostando do Jay, mas sem ter coragem de transar com ele por causa do Max está muito estranha. Não sei o que pode acontecer.
O que sei é que me sinto feliz por eu e o Tom estarmos tão próximos.






        * * *



CAPÍTULO 12

I NEED A WOMAN



Ponto de Vista: Lucy


Vida sem sorte.
Estava sozinha em casa e queria que o Jay estivesse comigo.
Mas ele já havia passado a tarde do meu lado e o coitado não era obrigado a me aturar a noite também.
Para ser sincera nem me atrevi a pedir que ficasse, pois acho que exagerei nos carinhos hoje, embora Jay não tenha reclamado.
Estava pagando de namorada amorosa só para redimir meu pecado de negar o corpão de Jay McGuiness possuindo o meu, como fiz no último sábado.
Havia acabado de falar com a Vicky e ela parecia tão feliz por causa do Tom. Depois que ela me contou sobre o dia de domingo percebi o quanto a nossa conversa colocou sua cabeça no lugar.
Só queria agora que o Nathan deixasse de gostar dela para não sofrer, e que a vadia da Tanya sumisse do mapa.
Novamente minha cabeça estava encostada confortavelmente em meu travesseiro.
Não queria estudar para nenhuma das duas provas do outro dia.
Pensei para quem ligar e cheguei a conclusão que só tinha uma pessoa tão vagabunda quanto eu:
– Little Nathan? – perguntei assim que ouvi a voz dele no telefone.
– Oi, Lu! – ele respondeu simpático. – Que foi? Concluiu que minha voz é mais legal do que a porra da geografia analítica?
– Exatamente, menino! E, aliás, é geometria analítica – corrigi, tentando não rir.
– É essa bosta aí mesmo, gata. – ele falou com descaso.
– Nathan...
– Oi, amor? – ele disse, animado.
– Dorme comigo? – perguntei manhosa.
– Se você tiver camisinha... Por que não? – o idiota brincou.
– Cala boca, seu vadio! – mesmo assim me fez rir.
– Tudo bem. Eu vou dormir com você. – Nathan falou feliz. – Até já, Lu.
– Até, gato! – respondi e desliguei o celular voltando para minha admiração diária do teto branco.

* * *

Fazia uma hora que o Nathan havia chegado com sua mochila, sua cara de desabrigado e seu urso de pelúcia de mosca, um inseto que ele adorava estranhamente.
Assim que o vi, abracei-o forte e cheguei à conclusão de que ele era o único homem do mundo que não faria meus neurônios brigarem por sentimentos idiotas.
De barriga para cama e no lado oposto [com os pés virados para o espelho], eu e ele, víamos televisão rindo de um programa de humor que passava, embora vez ou outra eu tivesse que explicar a piada para o coitado que custava a entender.
Estava abraçada a sua mosquinha e ficávamos conversando sobre qualquer coisa, evitando tocar em assuntos profundos (lê-se Vicky, Max e Jay).
– Querida! – Nathan disse, sentando-se na cama depois de desligar a televisão. Meus olhos já viravam de sono. – Vou tomar banho para dormir.
– Tudo bem, tem toalha dentro do armário. – falei, também me sentando e apontando para o banheiro.
Não demorou muito e o garoto estava trancado lá.
Saí da cama ainda com a mosquinha Bruce nas mãos e fui à sacada do meu quarto, sentindo o vento frio bater em meu corpo coberto por uma blusa de manga comprida, acima de meus joelhos.
Sentei-me no chão e fiquei olhando a lua, lembrando-me da Vicky dizendo que fazia isso quando queria acalmar os pensamentos.
Sorri comigo mesma e encostei minha cabeça na parede, sentindo um pouco de frio, mas estando tranquila por estar ali.
Apertei Bruce em meu corpo e pensei no meu namoro com o Jay, no quanto havia sido bom e depois pensei na minha amizade com o Max.
Suspirei e percebi que Nathan saía do banheiro, vindo em direção à sacada.
– Espero que você não esteja tendo um momento romântico com o Bruce. – ele falou, sentando-se ao meu lado de cueca samba-canção e camiseta branca.
– E se eu estiver? – falei sorrindo levemente, o olhando.
– Vou ter que acabar com suas esperanças. – ele fechou os olhos, com a cabeça virada para mim. – Ele é gay.
Comecei a rir seguido do Nathan, depois voltando nossos olhares para a lua.
– Algum tempo atrás, você sonhava que estaria como nesse momento? – perguntei.
– É... – percebi que ele pensava para me responder – Eu sonhava que namoraria a Vicky, que viraria um bom aluno e que eu e você iríamos matar nossa vontade de ir à Las Vegas.
– Las Vegas... – sorri por alguns segundos, lembrando que desde pequena eu e o Nathan queríamos conhecer os hotéis e cassinos de lá.
– E você? – ele perguntou baixinho.
– Eu? – parei para pensar também. – Queria estar do mesmo jeito que estou hoje. Só que mais feliz.
Percebi que Nathan me olhava e em seguida senti sua mão passar por minha cintura abraçando-me, fechei meus olhos e senti o carinho do meu amigo.
– Posso te fazer feliz? – ele me olhou – Nem que seja por uns segundos?
Olhei para seus olhos avelã e sorri de leve, consentido com a cabeça. Nathan se levantou e estendeu a mão para mim, indo para dentro do quarto. Ele mexeu no celular e deixou tocar uma música, uma música que me fez sorrir assim que ouvi o início dela.
(Nota da autora: Coloquem essa música para carregar e tocar http://www.youtube.com/watch?v=UexdBkrovKU)

I’ve been searching for some, love and affection but there’s nobody giving me that kind of attention
I’m alone

Tenho procurado por amor e afeição, mas não há ninguém me dando esse tipo de atenção
 Eu estou sozinho

– Que não seja uma declaração! – falei sorrindo e o abraçando assim que ele envolveu minha cintura com seus braços.
– Só curta a música. – ele falou tranquilamente.

Can’t help thinking that there’s somebody missing who should, hold me and please me ‘til I’m tired of her kissing…

Não posso deixar de pensar que há alguém faltando que deveria abraçar-me e me agradar até que eu esteja cansado do beijo dela...

Ficamos nos balançando para lá e para cá ainda juntos.
Nathan me fazia rodopiar, enquanto eu ia esquecendo meus pensamentos irritantes.
Nossos pés descalços se batiam indicando o ritmo, o sorriso no seu rosto era o mesmo que estava no meu, seus olhos brilhavam e nossas bocas repetiam sempre as mesmas palavras “I’m alone”.
No final nos abraçamos forte por algum momento.
Queria que a música, I Need A Woman, não terminasse.
Nathan beijou minha cabeça e me levou para cama cuidando de mim carinhosamente.
Dormimos abraçados e minha mente estava tranquila.
Esqueci naquele momento que Max e Jay existiam e peguei no sono com um leve sorriso no rosto e com o cheiro do meu amigo em meu travesseiro.

* * *

Dia.
Saí da cama primeiro, enquanto o Nathan ainda dormia.
Tomei meu banho e coloquei o uniforme.
Olhei-me no espelho e percebi que minha aparência estava melhor. Minhas olheiras de algumas noites mal dormidas estavam mais claras e um pequeno sorriso estava escondido em minha boca.
Lembrei-me da consideração que o meu amigo teve comigo há algumas horas atrás e não me senti sozinha, apenas amada.
Não por Jay, não por Max e sim por ele.
Um amor sincero, sem maldades e sem competições, um amor que me fazia bem por completo.
Pensei nessas coisas enquanto me maquiava, traçando meus olhos com delineador e acrescentando máscara para cílios.
Peguei meu batom vermelho e passei em meus lábios fortemente, assim como a tiara que encaixei em meus cabelos - já penteados - da mesma cor da minha boca, duas coisas que eram marcas minhas.
Já a Vicky tinha vício por boinas, anéis e coisas roxas.
Vi se tudo estava no lugar e me virei para o Nathan, que dormia tranquilamente, como uma criança, respirando fundo e abraçado ao travesseiro em que antes estava minha cabeça.
Fiquei com pena de acordá-lo, mas era dia de prova e era realmente necessário irmos para o colégio.
Sem nenhum sacrifício o acordei.
Problema mesmo foi enfiá-lo dentro do banheiro para tomar banho.
Após conseguir essa façanha, decidi preparar o café, coisa não muito demorada, cereal e meu leite com canela, no caso do Nathan, só leite.
Nos alimentamos na cama mesmo, rindo, pois na noite anterior esqueci da mosquinha Bruce na sacada do meu quarto e de acordo com Nathan ele ‘pegou sereno’ e agora está doente por minha culpa.
Para me redimir, enrolei-o em um lencinho lilás, para evitar o frio da febre, fazendo o Nathan ficar mais convencido do meu arrependimento.
Depois fomos para o colégio em seu carro.
Chegando lá, Jay já me esperava com um sorriso envolvente no rosto. Não vi Max, nem Vicky e nem Tom.
Fiquei com os dois aproveitando antes de entrar e me ferrar na prova de matemática e tentar me dar bem ao menos na de geografia.
Mas enfim, eu não tava me importando muito com as provas, ao menos não as de hoje.
Eu queria me acertar com o Jay, me entender com o Max, ser feliz como a Vicky estava sendo, continuar falando com o Tom e ter para sempre Nathan como amigo.
Se eu conseguisse isso, tudo ficaria perfeito.
Mas, para certas pessoas, desejar a felicidade é o suficiente para atrair a infelicidade.







        * * *



CAPÍTULO 13

ESSA GAROTA NÃO ERA EU



Ponto de Vista: Lucy

Faltavam poucas horas para a festa do Jay.
Para ser exata: apenas 3h distanciavam a abertura das nossas férias em grande estilo.
Era sábado à tarde, Vicky estava em minha casa para podermos ajudar uma a outra na hora da arrumação, assim como iríamos juntas para a festa.
Ansiosa, pensei em algo para me distrair, como tentar ajudar o Jay na organização da festa. Porém meu namorado insistiu que não precisava de mim agora, pois estava quase tudo pronto e que minha única preocupação deveria ser ficar mais bonita.
Nem vou comentar que adorei!
Trocar caixas de bebidas alcoólicas por esmalte é muito mais saudável.
Max e Tom nos encontrariam na festa, já Nathan ficou responsável por vir nos buscar em minha casa.
A semana passou-se tranquilamente e isso só veio acontecer após ter matado meus neurônios, não pensando mais.
E quando digo “não pensar mais”, é realmente não pensar em nada... E logo, logo minhas notas comprovarão isso.
Max estava extremamente fofo, como sempre foi, e normalmente reservávamos o tempo depois da prova, quando saímos cedo, para lermos juntos.
Assumo que estou cada vez mais viciada em O Retrato de Dorian Gray, dando um grande orgulho ao carequinha, que brilhava aos olhos com minha empolgação.
Por outro lado...
Jay parecia não parecia nada satisfeito com essa “volta dos que não foram”, demonstrando todo o seu desgosto com um rosto sério e bravo.
Sexy.
Entretanto descobri que a arma contra a sua “malvadeza facial” era simplesmente umas boas bajulações e alguns beijinhos carinhosos.
O garoto também fez o favor de não tocar no assunto “sábado passado”, também conhecido como “mico do ano” (aquela bela cagada que fiz de sair correndo do meu namorado, como uma louca possuída pelo ritmo do rasga tanga).
Além de nós dois, Vicky e Nath eram os únicos que sabiam dessa história, pois fiz o favor a mim mesma de desabafar com eles.

* * *

Faltavam 10 minutos para a festa começar, no caso às 20h.
Nath esperava a mim e a minha amiga, sentado no sofá, assistindo televisão animadamente.
Enquanto isso, Vicky e eu dávamos os últimos retoques em nossas roupas.
Ela vestia um casaco de mangas baby look e capuz, em tom roxo, um short preto, da mesma cor da meia calça lisa, assim como do coturno de cano médio, enfeitado com bolinhas brancas.
Detalhe: queria roubar os seus sapatos fofos!
Por outro lado optei uma calça skinny leg de zebra, uma regata branca, grande e folgada, com os dizeres em preto “I am the drug you can’t deny” e, por fim, um coturno de cadarço.
Na maquiagem a atenção estava voltada para os batons, o meu vermelho, o dela pink.
Recebemos palmas, ao descer as escadas, do pequeno Nath, que estava realmente impressionado com a nossa arrumação.
No caminho, em seu carro, além de ouvirmos uns bons elogios, e algumas frases de ciúmes sobre os caras da festa, também escutamos The Ting Tings, para entrar na empolgação.
Cada vez mais a casa do Jay se aproximava, despertando minha ansiedade.
Pensei em qual presente deveria lhe dar... Optei pelo seu perfume favorito, uma carta fofa, blá-blá-blá e o mais importante: eu.
Para ser sincera... Tais presentes eram apenas uma desculpa para o meu verdadeiro objetivo.
Estava na hora de termos a nossa primeira noite juntos e, ao menos dessa vez, não fugiria.
E lá estávamos nós, mal entrando na rua e o som de música eletrônica estourando em nossos ouvidos, vindo, claro, da casa do Jay.
Seus pais fizeram o favor de lhe deixar sozinho esse final de semana, apenas para ele curtir como e quanto quisesse.
Aos poucos me animava, assim como Vicky que estampava um grande sorriso no seu rosto, já Nath... Complicava-se catando algum lugar decente para estacionar a bosta do carro.
Resolvido o problema “cassete, vou ter que colocar o carro no teto da casa?”, frase dita pelo Sykes, claro, descemos do automóvel tendo assim uma boa visão sobre a quantidade de pessoas que havia pelos jardins, repletos de casais e amigos com seus copos vermelhos de bebida, os transparentes de cerveja e as latinhas de energético.
Observando tudo, caminhamos sem muita pressa, tentando achar, em meio a multidão, Tom e Max que provavelmente já haviam chegado, de acordo com a mensagem recebida por Vicky.
Entramos na casa pela porta dianteira e com algum sacrifício conseguimos ficar de pé sem termos nossos corpos esmagados por idiotas que gostam de ficar no meio do caminho.
Só depois de muito tempo que avistamos Tom, Max e Jay, conversando.
Para ser sincera... Tom dialogava com os outros dois, como se fossem conversas distintas, porém, quando me aproximei, percebi que se tratava ridiculamente do mesmo assunto.
Nath e Vicky cumprimentaram o aniversariante, entregando simpaticamente os seus presentes.
Logo foi a minha vez:
– Feliz aniversário! – exclamei sorridente, recebendo um leve beijo.
Por alguns segundos senti beijar outro homem.
Seus lábios não estavam do jeito costumeiro...
Pude senti-los rígidos, sem força, sem nem um pouco de esforço para me fazer gostar daquele ato.
Jay se afastou de mim com um sorriso amarelo estampado no seu belo rosto.
Fiz o favor a mim mesma de procurar alguma resposta em seus olhos.
Porém não gostei do que vi, pois não pude decifrar aquelas íris azuis, que fugiram de mim, ansiosamente.
– Algum problema? – perguntei, ainda encarando-o.
– Nenhum... Estou bem. – Jay disse, dando-me um selinho.
Para não me prender muito nessa situação embaraçosa e desconfiada, decidi cumprimentar os outros dois garotos, no caso Max e Tom, afastando-me do meu namorado, despreocupada se ele gostou disso.
Estávamos na grande sala de estar, entre os sofás havia um vazio no chão, que aos poucos foi preenchido por pés que começavam a dançar ao som da batida eletrônica comandada por um DJ qualquer.
Tom, sentado no braço do sofá, olhava distraído para um canto qualquer, até, que de repente, uma loira aguada surgiu, dando-lhe um susto, que quase o fez cair para o lado:
– Gostosão... Cheguei!!! – a doente mental exclamou, agarrando-o – A festa está ótima, mas acho que ficaria melhor... Hum... Você sabe... Lá em cima. – logo Tanya passou a língua entre os lábios, sensualmente.
Definitivamente ela ignorou qualquer pessoa que estava por perto, fazendo Vicky encarar o chão, como se pudesse ver o inferno e cumprimentar o capeta.
– Acho melhor deixarmos isso para outra hora. – comentou Tom, com bastante descaso, voltando sua atenção para as pessoas que dançavam a nossa frente.
Jay havia se sentando no sofá e, intrometidamente, me sentei em seu colo, sem convite mesmo, foda-se.
Seus pensamentos pareciam distantes daquele mundo e quem não o conhecia com certeza diria que não era o dono da festa.
Nath estava no outro braço do sofá, Vicky e Max estavam ao meu lado e do meu namorado.
Fiz carinho nos cabelos de Jay e seu rosto votou-se para mim, parecendo assustado.
Aquela situação estava começando a ficar incômoda, pois minha curiosidade estava me corroendo.
– Preciso ir ao banheiro, gata. – Jay disse, tirando-me do seu colo e ficando de pé – Já venho.
Deu-me um beijo na bochecha, apressadamente, e saiu em passos largos, indo para o andar de cima, deixando-me com uma cara de besta no ar.
Rapidamente percebi que a minha ideia de presente deveria ser mudada, já que as coisas não pareciam nada bem entre a gente... Embora não soubesse o motivo.
Voltei para o sofá no lugar antes preenchido por ele.
A música agitada havia sumido e, para o meu azar misturado com felicidade, Cobra Starship começou o seu som, vindo com “The World Has Its Shine (But I Would Drop It On a Dime)”.
Tantos hits dessa banda e tinha que vir justamente uma bem tranquilinha?
É o inferno astral!
Alguns casais se abraçaram, enquanto os sozinhos apenas fecharam aos olhos, balançando a cabeça e seguindo o ritmo, sentindo cada palavra dita.
(Nota da autora: coloquem a música para tocar http://www.youtube.com/watch?v=m6CWX9oyhBQ)

I’m not one for love songs. 
The way I’m living makes you feel like giving up.
But don’t, and I want everything for you.

Eu não sou bom para canções de amor.
A maneira que eu vivo faz você sentir que deve desistir. 
Mas você não desistiu e eu quero tudo para você.


– Vamos dançar? – Nath ficou de pé, estendendo a mão para a Vicky, que o encarou duvidosa.
Nathan rapidamente buscou uma aprovação em meu rosto, que logo foi mostrada com um aceno de cabeça.
Sua mão parada no ar de repente não ficou só...
Vicky havia colocado a sua sobre a dele.


My disappointment, cause you’ve been left behind, and the world has its shine, I would drop it on a dime for you.

Meu desapontamento, por que você foi abandonada e o mundo tinha esse brilho e eu jogaria isso em uma moeda por você.


– Só porque curto a música. – ela explicou, dando um leve sorriso.
Já Nathan, não economizou nos dentinhos a mostra, colocou toda a felicidade estampada em seu rostinho.

Hey Oh!
And whatever it takes.
Hey Oh!
I’m gonna make my way home.
Hey Oh!
We can turn our backs on the past, and start over…

Hey Oh!
E não importa o que custe.
Hey Oh!
Eu vou fazer meu caminho para casa.
Hey Oh!
Nós podemos voltar para o passado e começar de novo...

Ele envolveu sua cintura, como fez comigo em certa noite...
Vicky passou os braços ao redor do seu pescoço.
E lá estavam os dois...
Formavam um belo casal e permiti que minha mente fizesse a seguinte pergunta:
Daria certo se um dia se entendessem?
Concluí que seria difícil, mas não impossível.
Desviei meus olhos para Max, que parecia empolgado com os amigos, assim como eu.
Percebendo que estava sendo observado, o garoto voltou-se sorrindo docemente para mim, aproximando-se mais, fazendo que curtíssimos aquele momento acompanhados um do outro.

Not long ago, I gave up hope, but you came along, you gave me something I could hold 
on to
Woah-oh
And I wont you
Oh, woah
More than you could ever know

Há muito tempo eu cansei de esperar, mas você apareceu
Você me deu algo que eu poderia me apegar
Woah-oh
E eu te quero
Oh, woah
Mais do que você poderia imaginar

Enquanto admirávamos o casal, ou não, a nossa frente, certo Tom saiu apressado, segurando a mão de uma vadia, chamada Tanya, entrando em algum canto da casa, que não dei atenção.
Não dei atenção, porque instantaneamente percebi que Vicky deixou de curtir a música para seguir o irmão com o olhar, formando, por consequência, ao ver que ele estava acompanhado, uma expressão preocupada.
Mesmo assim meus amigos dançaram até o final da música.
E, até então, Jay não havia voltado, Tom tinha sumido, Nath era o garoto mais feliz do mundo, enquanto Vicky era a mais agoniada, o Max parecia estar em outro planeta e eu? Pensava apenas no que havia acontecido com meu namorado.
– Vou procurar o Jay. Volto logo. – comentei com o tom mais comum do mundo, tentando não parecer uma namorada grudenta.
Max me olhou desconfiado, mas manteve-se calado.
Ao caminhar para longe deles, percebi que Vicky, ao voltar para onde estávamos, falava algo em um tom bastante... Nervosinho.
Infelizmente não consegui ouvir o que era dito.
Dei de ombros e segui meu rumo:
Achar Jay.
Subi as escadas com dificuldade, pois havia duas garotas enchendo a cara e se beijando. Logo ri com a cena, pensando que ainda existe gente que se diverte facilmente com qualquer coisa... No caso vagina e álcool... Enfim!
No andar de cima tive apenas mais confirmação do que disse, porque mais casais se agarravam no corredor, só que dessa vez com menos lesbianismo.
Perguntei-me onde Jay poderia estar e conclui que o local mais calmo que deveria ter ali era o seu quarto.
Ele nunca deixaria ninguém entrar no seu “santuário”, a não ser que permitisse isso.
Ao sair, Jay me avisou que iria ao banheiro...
Será que está doente? Tipo... Com dor de barriga?
Medo!
Mas, infelizmente, é um pensamento plausível.
Em frente a sua porta fiquei parada. Encarei por alguns segundos, imaginando outras hipóteses para o seu sumiço demorado... Imaginei do ruim ao muito ruim, já que sou bastante pessimista.
Porém, no meio do caminho, quando vi que a minha mente me levava cada vez mais para pensamentos absurdos decidi parar, apenas rindo do meu drama.
– Qual é, Lucy! Seja menos idiota! – sussurrei para mim, girando a maçaneta. Mas... – Jay!
Disse assustada.
De repente todo ar que existia em minha havia sumido. Em segundos minha cabeça girou em vários sentidos e eu não conseguia controlá-la... Minha vista escurecia, meu coração acelerou, minhas pernas tremeram.
Uma dor profunda me atingiu, uma dor que ia muito além de um sofrimento físico.
Meus sentimos foram feridos com aquilo.
Por instinto de fuga, meus pés caminharam para longe daquele maldito lugar, fazendo-me andar no corredor com bastante pressa, ignorando os esbarrões que, sem querer, dava em algumas pessoas idiotas.
Simplesmente queria sumir.
E, para isso, nem mesmo conseguia ter controle do meu corpo. Ele me tirava dali sem esperar nenhuma ordem.
Técnica de proteção?
Com certeza.
Nas escadas não pude e não quis controlar mais nada... Meus olhos encheram-se lentamente, gota por gota, de lágrimas.
No último degrau, relembrando a cena que presenciei, esbarrei em uma Vicky de olhos arregalados e marejados.
O que havia acontecido a ela?
Eu não sabia. Apenas peguei a sua mão e saí dali, daquela casa. Ignoramos todos os olhares curiosos que nos observavam.
Ninguém tinha importância, nosso único objetivo era ficar longe da mansão McGuiness.
Na rua, um vento frio e intenso nos atingiu, fazendo-nos arrepiar, mas nem por isso desisti de caminhar em frente a casas de família. O silêncio obrigou-me a analisar o que havia visto...
Jay estava transando com outra garota, em sua cama, e, infelizmente, essa garota não era eu.








        * * *






CAPÍTULO 14

NÓS QUE SOMOS IMBECIS POR GOSTARMOS DELES



Ponto de Vista: Max

Só de pensar que Lucy pode estar lá em cima, com o McGuiness, aproveitando a festa de outra maneira... Meu coração bate mais forte de raiva.
Por que essa garota tinha que ser dele, sendo que me apaixonei primeiro, assim como a conheci antes que esse desgraçado?
Nunca havia me conformado com isso.
Nath e eu parecíamos dois idiotas, esperando as garotas que gostávamos darem um pouco de atenção para nós.
No sofá, já não achava mais tão divertido olhar aquelas pessoas felizes e dançantes.
Levantei-me e, encarando Nathan, apontei para uma parede do lado esquerdo.
Dali era muito mais fácil ver a escada.
– Algum problema, cara? – ele perguntou – Parece preocupado.
– O que acha que a Lucy está fazendo lá em cima? – questionei, sem retirar os olhos dos degraus da escada.
– Ela foi procurar o Jay. – deu de ombros, se encostando na parede – Ao menos espero que seja isso.
Senti um leve tom de ciúmes.
Nathan era protetor demais com a Lu.
– Tem certeza que ela foi apenas fazer isso? – não consegui confiar muito nas suas palavras.
Principalmente pelo último comentário feito por ele.
Nathan sabia de algo que eu não tinha o conhecimento?
– Relaxa... A Lucy não vai fazer nenhuma besteira. – Sykes me encarou, não muito firme no que disse. Preferiu mudar de assunto – E a Vicky? Onde será que ela se meteu?
– Deve ter ido atrás do Tom. – murmurei, voltando toda a minha atenção para a escada.
Mal fiz isso e uma bela garota de cabelos negros veio descendo os degraus, esbarrando em duas lésbicas que se pegavam.
Lucy tremia da cabeça aos pés e assim que, com pressa, chegou ao chão, bateu em outra menina, essa de cabelos vermelhos, chamada Victoria.
As duas se encararam sem trocar palavras.
Vicky parecia confusa, Lucy carregava os olhos vermelhos e a face molhada por lágrimas.
Logo meu peito deu um aperto ao ver o rosto da minha menina daquele jeito.
Senti alguém me cutucar, só então notando que Nathan também havia percebido as duas ali.
Num piscar de olhos as amigas deram-se as mãos, saindo apressadamente da casa.
– Lucy! – tentei chamar o seu nome, mas, pelo visto, não fui ouvido.
– O que será que aconteceu? – Nath estava preocupado e assustado.
– Não sei cara. – passei as mãos na cabeça, sentindo-me agoniado – É melhor irmos atrás delas.
– Hey, vocês! – uma voz soou em meio ao barulho de música. Alguém vinha por entre as pessoas – Viram a Lucy?
McGuiness apareceu com aquele ar de playboy riquinho.
Estava sem camisa.
Eargh!
– Saiu. – respondeu Nathan, curto e grosso.
Segundos depois, uma garota que arrumava a minissaia em seu corpo, deixando-a na posição certa... Quase em cima da bunda, passou por nós, mandando um beijo suspeito para o idiota em minha frente.
Não precisou de muita coisa.
A ficha havia caído.
– O que você fez com ela, seu imbecil? – perguntei, tentando controlar minha voz.
– Fica na sua, George. – o fdp foi rápido, desprezando-me – Cuide da sua vida que eu cuido da minha, com a minha namorada.
– O.que.você.fez? – repeti, dessa vez mais lentamente.
Precisava de uma explicação.
– Não vou te responder. – disse com descaso, colocando a camisa.
– Do que você está falando, cara? – Nathan se intrometeu na conversa, parecendo confuso.
– Esse filho da mãe estava traindo a Lucy, Nath! – exclamei, buscando autocontrole para não esmurrá-lo na frente de todos.
– COMO?
– A Lucy é uma dramática! Não estava fazendo nada de mais com aquela vadia em minha cama! – disse Jay, com simplicidade – Então fomos pego e a Mason saiu como uma louca! Essa garota está cada vez pior... Fazendo draminha, showzinho, saindo por aí com medo do próprio namorado... Ridícula e...
Não queria ouvir mais porra nenhuma!
Não esperei para enfiar um soco naquela cara de filho da mãe que o desgraçado tem.
Acertei a sua boca em cheio.
O ódio dominava meu corpo.
Aquele filho da puta tinha uma garota perfeita nas mãos e estava a tratando como uma louca que imaginava coisas demais!
– MAX! – Nathan tentou me segurar.
– SEU NERD DE MERDA! – mal pude me defender e Jay esmurrou minha barriga, fazendo-me cair de joelhos, no chão.
– QUE BOSTA É ESSA? – a voz de Tom foi audível no momento que Nathan tentava me levar – VOCÊS TÃO PIRANDO?
– ESSE FILHO DA MÃE ESTÁ FICANDO LOUCO! – gritei, tentando me recompor, com dor terrível.
– Qual é cara, se controla! – Nath parecia preocupado, embora sua cara estivesse bem revoltada.
– VOCÊ É UM IDIOTA! A LUCY NÃO GOSTA DE VOCÊ E MESMO ASSIM DENFENDE-A! NÃO SOU EU O LOUCO, POIS VOCÊ É MUITO PIOR! – McGuiness apontou o dedo na minha cara.
Aquele ato me fez ficar com mais raiva ainda, pegando a porra do seu dedo e quase o quebrando.
Só não consegui completar a façanha porque Tom o segurou, levando-o para longe de mim.
– PAREM AGORA, SEUS TAPADOS! – gritou Nathan.
As pessoas nos olhavam e meu estômago doía.
Mas o prazer de ter batido naquela cara de rico de merda foi o melhor remédio para a porra da dor que tava sentindo.
– ACABOU O SHOW! – Tom bateu as mãos, tentando despistar as pessoas e fazendo-as voltar a curtir a festa.
– Vou atrás dela. – falou McGuiness.
Muito antes de esbravejar qualquer coisa contra, Nath pôs-se na frente:
– Não, você não vai. Vá para onde quiser, menos para perto da Lucy. Você vai deixá-la em paz e se chegar perto dela acabo com tua raça. – Nathan encarou Jay nos olhos, falando em um tom baixo e ameaçador – Agora vamos Max. Temos que achar as garotas.
– Garotas? Está falando da Vicky também? – Tom se aproximou curioso – Sabe onde ela está?
– Em um lugar bem longe de você, com certeza. – Sykes disse, dando-lhe as costas.
Segui-o pela porta e as pessoas rapidamente se afastaram da gente, com certo medo.
Aos poucos a dor em minha barriga ia embora, por outro lado... A preocupação estava vindo com toda a força.
Temia o local onde as duas poderiam estar.
Saíram tão tristes...
Impossível não se preocupar.
Apenas no carro consegui respirar mais tranquilamente, retirando a sensação de ódio que estava dentro de mim, deixando tudo dentro daquela mansão imbecil.
– Por que tratou o Tom daquele jeito? – perguntei, encarando o cara ao lado.
– Enquanto brigava com o Jay, Parker saia do corredor, acompanhado.
– De quem?
– Tanya.
– Qual o problema?
– Antes de perceber a confusão que se passava, Tom beijava a Tanya. – Nathan encarou-me rapidamente, logo voltando a atenção para a rua.
– Puts, a Vicky! – bati em minha cabeça, após finalmente entender o que se passava.
– É, Max... Provavelmente ela pegou os dois no flagra e ficou daquele jeito.
Ao mesmo tempo, após tal comentário, passamos os olhos pela rua, aparentemente vazia.
– Acho que não estão longe. Estavam atordoadas demais para andarem rápido ou decidirem um lugar para ir. – falei, observando os jardins de algumas casas.
– Ali! – Nathan apontou para um, em particular.
As duas meninas estavam sentados na grama, com os braços entrelaçados, conversando calmamente.
O carro foi estacionado e as garotas nem se deram ao trabalho de nos olhar.
Vicky não chorava mais, apenas falava, embora fosse perceptível uma sombra preta em seu rosto, demonstrando uma maquiagem borrada.
Já Lucy...
Seu rosto brilhava, confirmando que ainda derramava lágrimas.
Aproximamo-nos aos poucos, tentando não assustá-las, pois estavam bastante conectadas em seus consolos.
– Hey... – disse Nathan em um sussurro.
Logo a atenção foi voltada para nós.
Lucy encarou-nos e abaixou a cabeça.
Parecia envergonhada.
Já Vicky deu um leve sorriso, como um convite para ficarmos ali, sem medo.
Sentamo-nos na grama, Nathan em frente a Vicky, eu em frente a Lucy.
Não parava de olhá-la, com esperança de ser correspondido.
Queria abraçá-la... Mas a sensação que tinha era que Lu não me queria por perto.
– Vocês estão bem? – Nathan olhou de uma garota para a outra, mostrando preocupação.
– Não muito, mas... Ficaremos. – respondeu Vicky, apertando a mão da amiga.
– E você? – questionei diretamente para a morena, que não me respondeu.
Vendo-a daquele jeito também sofria junto.
Se pudesse tomava toda a dor que sentia para mim, apenas para protegê-la.
– Vou levá-las para casa. – comentou Nathan tranquilamente.
– Não. Nos leve para sua casa. – disse Vicky.
Era assustador vê-la tão tranquila.
Parecia que a qualquer momento poderia estourar.
Sabia que Nathan queria perguntar o motivo por Vi preferir ir para sua casa, por isso a encarou por logos segundos, mas no final manteve-se calado, apenas confirmando com a cabeça.
– Vamos. – o garoto estendeu a mão para a ruiva, que a aceitou pela segunda vez no dia, ajudando-a a levantar.
Fiz o mesmo com a Lucy e continuei sem receber suas palavras.
No carro, Vicky ficou no banco do carona, eu e Lu no de trás.
Sua cabeça estava encostada na janela, olhando distraidamente para fora.
As lágrimas haviam desistido de sair de seus olhos e, ainda a admirando, senti uma mão fria tocar meus dedos, apertando-os.
Aquele carinho tranquilizou-me, pois essa demonstração me fez acreditar que Lucy me queria ao seu lado.
Nathan olhava algumas vezes para as garotas, temendo que a qualquer momento lhes acontecesse algo.
Vicky estava bastante controlada, tentando mostrar que não havia sido abalada.
Às vezes parecia tão... Frígida.
Chegamos a casa do Nath, seu pai ainda estava acordado, ao contrário de sua mãe, que parecia já ter ido dormir.
– O que aconteceu? – falou o Sr. Sykes preocupado, ao ver a maquiagem e os olhos inchados de Vicky e Lucy.
– Problemas com homens idiotas. – Nath disse – Vou levá-las para meu quarto.
– Vou pedir para arrumarem o de hóspedes. – falou o homem.
– Não pai. – Nath respondeu educadamente – Ficaremos bem. Se precisarmos de algo eu falo com a Sra. Sanders para arrumar o quarto.
– Tudo bem, filho. – o Sr. Sykes respondeu. – Melhoras, meninas.
– Obrigada. – Vicky respondeu gentilmente, diferente de Lucy, que apenas balançou a cabeça.
Entramos no quarto do Nathan e Vicky foi diretamente a ponta da cama dele sentar-se, Lucy foi até a estante de coleções e pegou uma mosquinha de pelúcia.
Nath sorriu e beijou os cabelos da Lucy, parecia que aquilo era algo dos dois que eu não consegui entender muito bem.
Lu sentou-se no chão, ali mesmo, enquanto Nathan voltou e se sentou ao lado da Vicky, na cama.
Eu me acomodei em uma poltrona perto de Lucy, que olhava distraída para os desenhos de sua calça com estampa de zebra.
– Podem nos contar o que aconteceu? – perguntei.
Queria saber cada coisa da situação, para poder ligar os pontos.
– Tom estava beijando a Tanya, Jay estava traindo a Lucy. – Vicky resumiu tudo com simplicidade.
– Por que está desse jeito pelo Tom? – Nath perguntou, encarando-a.
– Não faça perguntas idiotas Nathan.
Pela primeira vez a Lucy falou em nossa presença.
Olhamos para ela, que nem se deu o trabalho de nos dar atenção, continuando a sua admiração a calça.
Vicky gostava do Tom e isso era perceptível, mas ninguém nunca falou nada.
Talvez por serem irmãos de criação, por isso o receio de se comentar.
– Esses garotos são uns imbecis. – Vicky falou, parecendo chateada e olhando para o chão.
Nath colocou a mão em seu ombro, como forma de consolo.
– Não os xingue. – Lucy falou novamente. – Nós que somos imbecis por gostarmos deles. – ela se levantou. – Vou me arrumar para dormir. – e jogou a mosquinha para Nath. – Quero me acordar amanhã com a ilusão de que isso tudo foi um pesadelo.
E então ela se trancou no banheiro, deixando nós três pensando em suas palavras.
Vicky pareceu concordar com a amiga.
– Me empresta uma camisa? – ela disse, olhando Nath.
– Sim, claro. – ele falou e foi em seu armário buscar uma.
E então Vicky também entrou no banheiro e as duas ficaram trancadas lá dentro enquanto eu e o Nath nos olhávamos nervosos.
Não abrimos a boca para nada, pois ouvimos nossos pensamentos atenciosamente.
Minutos depois as duas saíram.
Lucy apenas com a camisa que estava e Vicky com a camisa do Nath.
Até desse jeito, preparadas para irem dormir, as duas eram bonitas.
Nath e eu tiramos nossas roupas rápido, ficando só de samba canção.
Ele deitou-se na cama com a Vicky, enquanto a Lucy havia preparado uma cama com edredons, no chão, e parecia já confortável de estar ali, abraçada novamente com a mosquinha de pelúcia.
Lu olhou em meus olhos e me ofereceu um travesseiro, me chamando para deitar-me com ela.
No chão, ficamos nos encarando por alguns segundos, enquanto fazia um leve carinho em seu rosto.
Ela aproximou-se de mim, colocando sua cabeça em meu braço e fechou os olhos, mostrando-me que queria dormir daquele jeito, junto a meu corpo.
No meio da tristeza da minha menina, dei um leve sorriso por sentir seu cabelo com cheiro de baunilha tão próximo do meu nariz e, pela primeira vez, pude tê-la ao meu lado, sem medo de que o McGuiness viesse buscá-la... Levando-a para longe de mim.






        * * *





CAPÍTULO 15

NÃO FAÇA NADA QUE VOCÊ NÃO QUEIRA

(Capítulo com +18)

Ponto de Vista: Nathan

Acordei com vontade de mijar e, indo para o banheiro, quase tropecei nos pés do Max, estirados no chão, ainda dormindo.
Alivie-me e entrei no box, ligando a água do chuveiro. Passei horas apenas admirando-a cair, encostado na parede, arranjando coragem para me banhar.
Quando finalmente desisti de contar carneirinhos, molhei-me com toda a pressa possível, ensaboando rápido, já que não sou muito chegado a um banho... Embora adore ficar trancado no banheiro, mas fazendo outras coisas.
Não me pergunte o que é!
Enfim, queria sair logo daquela água para encher a minha barriga de alguma torrada com geleia gostosa.
Comida é melhor que chuveiro, fato.
Virei minha cara para cima, começando a esfregar, retirando o sabonete dos olhos, que estavam começando a arder. Então, já com o rosto limpo, observei através do espelho transparente do box.
Havia um batom vermelho em cima do balcão.
Dei de ombros.
Pera...
Batom vermelho?
PUTA QUE...
– MAX! – enrolado na toalha comecei a chutá-lo, já no quarto.
– Qualé, Nathan! Me deixa dormir cara! – resmungou, jogando um travesseiro em mim.
– ACORDEU SEU IMPRESTÁVEL! – joguei o travesseiro de volta.
– Que? Quié? Que foi, porra? – falou em voz alta, encarando-me de rosto amassado.
– A VICKY E A LU SUMIRAM! – gritei desesperado.
– Hã? – Max parecia não ter me ouvido.
– VICKY E LUCY SUMIRAM! – repeti no mesmo tom.
– MEU.DEUS! – rapidamente o careca se sentou, assustado – Para onde elas foram? – logo ele olhou para cima da minha cama, com a esperança de ver alguma das garotas ali.
– E eu é que sei? – meu coração estava acelerado de medo – Vou ligar para elas.
– Faz isso! – num piscar de olhos o garoto ficou de pé, enfiando as pernas na calça.
Procurei meu celular e, após um tempo, encontrei-o na roupa do dia anterior, jogada sobre uma poltrona.
Liguei para o número gravado nas chamadas, no caso o de Lucy, mas a desgraçada não atendeu.
– E aí? – Max colocava a camisa.
– Nada. – arrastei minha roupa, indo para perto da cama, começando a me vestir na frente do outro.
Troquei-me com pressa, quase caindo pelo quarto, enquanto o careca me esperava impaciente, dizendo que iria sozinho, sem mim.
Foi um sacrifício fazê-lo me esperar.
– Vamos primeiro na casa da Lucy, ver se as duas estão por lá. – comentei ao descermos as escadas, Max vindo logo atrás.
– Certo. Acho que a Vicky não teria coragem de voltar para a residência dos Parker agora. – abri a porta e saímos.
Todos ainda dormiam silenciosamente.
No carro dirigi com tanta rapidez que recebi vários resmungos do Max, dizendo para ir devagar, pois a casa da Lucy não era voadora.
Já eu lhe respondia que a casa não era, mas a meninas sim, pois sumiram do meu quarto num piscar de olhos hoje mais cedo.
Após tal comentário ele se conformou com a alta aceleração.

Chegamos na casa de janelas e cortinas fechadas, exceto o quarto de Lucy, que parecia o único com gente.
Toquei a campainha e fomos recebidos pela Senhora Mason, de hobby.
– Olá, Nathan! – disse simpaticamente.
– Oi! A Lu está? – perguntei enquanto Max tentava olhar para dentro da casa, por cima do ombro da Senhora Mason.
– Está sim. – a mulher de traços muito parecidos com a filha disse – Está em seu quarto, com a Victoria.
– Podemos falar com elas? – Max adiantou-se, visivelmente nervoso.
– Desculpe, Maximiliam, mas Lucy foi bem clara dizendo que não queria visitas, nem mesmo de vocês. – falou em tom sério, porém nada rude.
– Mesmo? Será que a senhora não pode falar com elas para ver se mudaram de opinião nesse tempo? – ele continuou tentando convencê-la.
– Não, querido. Sinto muito, mas acho melhor irem embora. Está muito cedo para vocês estarem na rua. Aproveitem o domingo e deixem as garotas se cuidarem. – a senhora Mason terminou suas palavras e fechou a porta em nossa cara.
– Puts! Muito ridículo isso delas nos deixarem no vácuo. – comentei, cruzando os braços.
– As meninas têm os seus motivos. – Max falou conformado e colocando as mãos dentro dos bolsos da calça, voltando para o carro junto comigo.
– E nós temos nossos motivos para estarmos aqui atrás delas. – disse um pouco revoltado e abrindo a porta.
– Nos preocupamos com as duas. – meu amigo falou, sentando-se no banco. – Mas um dia elas irão dar valor aos nossos sentimentos.
– Qualé Max! Não seja assim tão brega há essa hora! – ri enquanto ligava o carro.
Max balançou a cabeça negativamente, em desaprovação ao meu comentário.
Eu fazia graça no meio da desgraça, mas o motivo era óbvio:
Estava preocupado com minhas garotas e apenas queria que estivessem ao meu lado, para poder cuidar delas, sem medo.

* * *

Já eram 22:00h e eu e Max jogávamos sinuca em minha casa.
Ele já havia ido a sua residência tomar banho e falar com os seus pais, dizendo que passaria a noite comigo.
Isso foi meio gay, mas tudo bem.
Tentei controlar a ansiedade do careca de querer ligar para as meninas, dizendo que se nos quisessem ao lado delas, fariam o favor de nos avisar.
Após tal comentário, Max passou o resto do dia ranzinza e emburrado.
– Se Lucy e Vicky não ligarem até a meia noite, amanhã cedo vou à casa da Mason obrigá-las a falar com a gente. – disse o careca, jogando o taco de sinuca sobre a mesa.
– Relaxa, cara. Você está muito tenso. – falei com descaso, jogando-me no sofá do salão de jogos.
– Não tem como não ficar tenso. – Max balançou a cabeça, meio inconformado.
– É. Só que...

In the day we sweat it out on the streets of a runaway American dreams…
No dia que nós suarmos as ruas em um sonho de fuga americano...


Então meu celular tocou Born To Run, o toque para as ligações de Lucy.
– Amor?
Falei.
Mas foi uma voz de homem que me respondeu.

* * *

– Cara, tem certeza que é aqui? – Max olhou o papel com o provável endereço do lugar que Lucy e Vicky estariam.
– Tenho mate. O barman disse detalhadamente. – comentei com impaciência, pois era a terceira vez que ele me fazia a mesma pergunta idiota.
– Mas nesse lugar só entra maior de idade, Nathan!
– Qual a novidade disso, meu filho? – olhei-o meio revoltado. Chateação de merda! – Você acha que se garotas bonitas derem em cima de seguranças espertos, jura mesmo que eles não vão deixá-las entrar?
Querendo ou não a coisa mais comum do mundo são meninas mostrando o decote para entrarem em baladas.
– Tem razão. – Max se convenceu com certa tristeza – Mas não faz o tipo delas.
– Não faz o tipo delas estarem em um domingo a noite no meio da rua e longe de casa, principalmente dentro de uma balada. – respondi.
– Eu te disse que deveríamos ter ligado para as duas!
– Fica quieto Max! Já, já a gente chega, pegamos Lu e Vicky e saímos daqui.
Depois disso ele ficou quieto.
O barman do Ministry Of Sound disse que uma garota havia esquecido o celular na bancada. Aproveitando o último número de chamada, que era o meu, ele fez uma ligação para avisar o ocorrido.
Parece que caiu do céu a Lucy ter esquecido o celular para podermos achá-las.
Ficava nervoso só de pensar nas meninas em um local como esses, sem acompanhantes, cheio de homens bêbados, garotas lésbicas aproveitadoras e tarados de plantão.
Definitivamente Lucy e Vicky eram novas demais para isso.
Estacionamos o carro e o som dava para ser ouvido saindo de um prédio aparentemente comum.
Max e eu andamos apressados, pagando a entrada.
A luz vermelha, que piscava a toda hora, mudou para outras cores, invadindo nossos olhos acostumados com o escuro da rua.
Era gente para todo lado, se agarrando, se beijando e dançando.
Passei meus olhos para tentar achar uma das duas, mas nada.
Max puxou meu braço indo em direção ao bar.
– HEY! – ele falou alto chamando a atenção de um dos barmen. - Quem é Josh? – ele perguntou a um ruivo.
– Aquele cara! – ele apontou. – HEY JOSH!
Um moreno feioso veio em direção a gente.
– Sou Nathan! – falei estendendo minha mão enquanto ele apertava. – Você ligou para mim dizendo que haviam se esquecido de um celular aqui.
– Ah cara, claro! – disse me devolvendo o celular vermelho da Lucy – Ela saiu antes de me ouvir dizer que estava deixando algo.
– Tudo bem! – Max respondeu. – Ela estava sozinha?
– Sim, sim, sozinha. – falou enxugando um copo – Mas pediu duas bebidas e voltou para pista.
– HEY CARA! – uma voz de menina surgiu em meio ao barulho de música. – Você viu meu celular?
– Lu! – exclamei.
Logo olhos assustados me encararam.
– O que vocês estão fazendo aqui? – disse, nada feliz por nos ver.
– Você esqueceu seu aparelho, gata. – o barman falou, apontando para o celular em minha mão.
– Ah! Valeu por ter guardado! – ela disse arrancando-o de mim. – Agora podem ir.
– Não! Você sabe que não é certo estar aqui. – disse Max segurando seu braço.
– Não era certo ficar em casa, esperando cair do céu uma recuperação decente! – reclamou, puxando o braço da mão do careca.
– Ou, o que você está fazendo? Que roupa é essa? E essa maquiagem? – foi a minha vez de tomar a frente, sendo um pouco mais rude – E onde está a Vicky?
– Por aí. – ela respondeu com indiferença.
– Por aí, Lu? – perguntei revoltado.
– Nathan! Some! – ela falou virando as costas e começando a andar.
– Se a gente sumir você vai com a gente. – segurei em seu braço. – E você vai procurar a Vicky para irmos embora.
– Nathan! Calma. – Max disse, me afastando dela.
Odeio as maneiras que a Lucy arranja para se recuperar de um problema.
Ela é tão doce e fico puto vendo-a desse jeito.
– Lucy, por favor. – ele disse gentilmente – Vamos procurar a Vi e aí vamos para casa, tirar essa roupa, essa maquiagem, você não é assim.
Lu baixou a cabeça, parecendo conformada com as palavras verdadeiras de Max.
O vestido era curto demais e o seu resto estava pintado de um modo vulgar.
Olhando em seus olhos logo senti saudades do rosto de menina que tem.
– Tudo bem. – Lu suspirou – Venham. Vicky está na pista com um cara.
Com um cara?
Pensei.
Victoria havia ido para balada e agora estava dançando com outro cara na pista?
Imaginei a cena e decidi que não queria vê-la assim.
Lucy, percebendo que estava preocupado, segurou minha mão e entrou pelo meio daquela gente guiando Max e eu, o careca vindo logo atrás de nós.
– Hey, Taylor! – ela gritou, chamando um grandão de 2 metros de altura que dançava sozinho.
– E aí, Lucy! – ele falou chegando perto dela. – Demorou a voltar gata!
Ouvi o Max suspirar de ódio atrás de mim.
– Ta! Ta! Taylor! – ela falou impaciente. – Cadê o Michael e a Vicky?
– Foram lá para trás aproveitar a noite gata! – ele disse com um sorriso no rosto, que me fez preparar qualquer momento para bater nele. – Bem que poderíamos fazer isso também não acha?
– Outra hora querido, outra hora. – ela falou batendo em seu ombro. – Vamos. – ela olhou para mim e pro Max indicando com a cabeça para seguirmos a ela.
Não deixei de ouvir Max resmungar quando passou pelo tal de Taylor dizendo ‘babaca’.
Entramos em um corredor escuro onde um monte de gente que trabalhava no lugar passava.
Lucy andava rápido procurando a saída do corredor, até chegarmos em um beco mal iluminado, que parecia ficar do lado do clube.
– ME LARGA SEU TARADO FILHO DA MÃE! – Vicky gritava, tentando bater num magrelo alto que a empurrava contra a parede, passando a mão em sua perna e beijando seu pescoço.
– VICKY! – gritei correndo até os dois e empurrando o cara que estava em cima dela. – SEU DESGRAÇADO!
– NÃO NATHAN! – Max me segurou antes mesmo de deixar minha mão fechada chegar na cara daquele merda. Ele se levantava cambaleando parecendo bêbado.
– Vicky? Vicky? Você está bem? – Lucy atrás de mim.
– Estou Lu. Relaxa. – Vicky respondeu baixo.
– QUEM É VOCÊ? – o imbecil gritou para mim.
– O NAMORADO DELA? POR QUÊ? – gritei de volta, sem Max tirar a mão do meu braço.
– HAHA! NAMORADO? SEI! ELA DISSE QUE NÃO TINHA NAMORADO! SÓ QUERO VER VOCÊ PROVAR! – ele disse sarcástico me fazendo ficar com mais ódio daquilo.
– Não seja por isso. – falei e me virei rápido, pegando a Vicky pela cintura e a beijando, encostando-a na parede de tijolos.
Não sei o que me deu, mas o impulso foi maior.
Fiquei esperando depois de tocar em sua boca a sua mão em minha cara, me chamando de ‘tarado’, mas Vicky não fez isso, surpreendendo-me ao retribuir o beijo e agarrando a parte de trás da minha camisa.
Depois daquilo minha intenção não era convencer mais ninguém de que a gente namorava e sim continuar a beijá-la.
Ouvi o idiota do Michael falar baixo ‘vadia’ e sair, me fazendo sorrir no meio do beijo, feliz, sentindo que ele estava indo para longe da Vicky.
Parei de beijá-la e fiquei olhando por mais um segundo antes de ouvir a Lu dizer:
– Vocês não preferem ir para um motel? – olhei para cara dela sorrindo, enquanto ela segurava o riso, o Max ao seu lado ainda estava assustado com o que tinha acabado de ver.
Vicky sorriu em meu ouvido fazendo com que eu voltasse meu rosto para o dela.
– Obrigada, Nathan. – disse gentilmente. – Acho melhor irmos embora. – então para os outros dois.
– Concordo. – falou Max, fazendo careta.
– Vamos lá para casa. Mamãe só volta amanhã à noite. Vai dormir na casa do Marc aproveitador. – Lucy falou resmungando e começando a andar com o Max logo atrás.
Olhei mais uma vez para Vicky, que retribui com um sorriso gentil.

* * *

Entrando na casa da Lucy não deixei de reparar que os dois conversaram no banco de trás do carro, enquanto um silêncio chato ficava entre mim e a Vicky.
Lucy disse que mesmo com toda loucura tinha gostado de ir lá e eu a repreendi rapidamente dizendo que se ela fizesse isso de novo arrancava sua cabeça com as mãos.
Max pareceu realmente preocupado com o que a Lu disse fazendo o favor a mim e a ele de tentar convencê-la de que isso não era o melhor para a garota.
Vicky, talvez pelo que tivesse passado, não concordava tanto assim com a Lucy.
– Bem. Acho melhor vocês dois irem para o meu quarto e Max vem comigo para o quarto da minha mãe. – Lucy disse indiferente, subindo as escadas.
– O correto seria o Nathan dormir comigo, Lu. – disse Max.
– Qual é Max? Dispensando a Lucy? – Vicky falou rindo, enquanto ele balançava a cabeça, envergonhado.
– Não. Mas é que da última vez que dormimos juntos e acordei e ela havia sumido. – o careca disse – Assim como você fez com o Nathan.
– Não faremos isso dessa vez. – Vicky respondeu.
– Até porque eu estou na minha casa. – Lucy disse rindo.
Paramos em frente a porta do quarto dela e da sua mãe.
Nos olhávamos ansiosos, até que Vicky disse:
– Vou entrando. – e sumiu dentro do quarto da amiga.
– Max, você pode ir arrumando a cama para gente? – Lucy disse olhando para ele.
– Claro! – ele entrou animado.
– O que foi? – perguntei, pois Lu me olhava estranho.
– Obrigada por hoje à noite. – a menina disse com um rosto meigo, dando um leve beijo em minha bochecha e fazendo-me esquecer as idiotices que havia cometido.
– E? – continuei esperando o verdadeiro motivo dela não ter entrado no quarto.
– Cuida da Vicky. – ela sorriu sarcasticamente – E não faça nada que não queira. - então entrou no quarto, como os outros, me deixando como um retardado, olhando para porta.
Dei de ombros e foi a minha vez de adentrar o cômodo que dormirei.
Dentro dele, certa Vicky me encarava... Diferente:
– Quer saber? Dane-se os outros! – mal falou isso e sua boca voou na minha.
Desprevenido fui empurrado contra a porta.
Muito antes de perceber o que estava acontecendo, Vicky pegou uma de minhas mãos e pôs em cima de seu seio, ainda coberto pelo vestido.
Por instinto o apertei e meu corpo despertou para o que estava se passando.
Apertei a sua cintura enfiando mais profundamente minha língua em sua boca.
Aos poucos, e ainda nos beijando, fomos em direção à cama.
No caminho, Vicky tirou minha camisa, e, em seguida, deitei-a.
Por cima dela beijei seu pescoço e ouvi seus suspiros em meu ouvido. Suas mãos passavam de cima para baixo em minhas costas.
Desci minha mão de seu seio para a parte interna de sua coxa, apertando-a, para depois abrir seu vestido pela abertura lateral, puxando o zíper rapidamente.
Afastei para ver seu corpo, seus seios, sua calcinha agora visível, enquanto ela colocava o vestido para longe de si.
Inevitavelmente fiquei excitado e a calça parecia apertada demais para o meu pênis.
Tratei de tirá-la e novamente encaixei meu corpo no seu e Vicky de pernas abertas enlaçou-as em mim.
Voltei a beijar sua boca, indo depois para seus seios. Nossos órgãos roçavam e depois de um tempo já estava se tornando algo incontrolável.
Deixei Vicky chupando meu pescoço, enquanto colocava a mão em minha calça em cima da cama, tirado minha carteira e da carteira tirando a camisinha.
Me afastei dela pela segunda vez e, encapando o Albert, vi a Vicky livrar-se rapidamente da calcinha.
Voltamos à posição anterior e a olhando perguntei:
– Tem certeza?
– Faça. – ela disse autoritária.
Não demorou muito e comecei a penetrá-la lentamente.
Vicky fechou os olhos e inclinou a cabeça para o lado. Comecei a me movimentar e ao sentir o prazer me dominar novamente.
Depois de um tempo nossos movimentos se completaram, ela gemia em meu ouvido, enquanto gemia no seu.
Os nossos corpos se grudaram com o suor e segundos depois, quando tudo estava muito rápido, Vicky gemeu alto, mostrando que havia gozado e em seguida foi minha vez, gemendo alto também e aos poucos desacelerando a movimentação.
Me deixei relaxar sobre o corpo dela, enquanto nós dois respirávamos forte.
Procurei sua boca, mas a máximo que recebi em troca foi um beijo na bochecha. Vicky se mexeu rápido, fazendo com que meu órgão escorregasse para fora e em seguida ela estava se levantando, indo nua para o banheiro.
Fiquei olhando para cama como um idiota, para o lugar que ela estava deitada antes.
Que porra foi aquela?
Só sexo?
Depois de me recuperar do gelo que levei, fui para o banheiro e Vicky tomava banho distraída.
Me livrei da camisinha e entrei no box com ela após ter sido chamado.
Foi um banho bom, mas apenas isso.
Já prontos para dormir, Vicky deitou-se ao meu lado em silêncio e me deu as costas.
Fiquei olhando para o teto branco e me lembrei da Lucy que gostava de fazer isso. Sorri recordado o que aconteceu, mas uma coisa fez com que eu ficasse incomodado:
– Será que nos ouviram? – perguntei assustado.
Vicky deu uma risada sarcástica e me respondeu:
– Durma Nathan, durma.







        * * *





CAPÍTULO 16

         VAMOS FUGIR



Ponto de Vista: Max

Ao olhar para o lado percebi que Lucy já havia acordado.
Por um tempo pensei que ela tinha fugido novamente, mas meu cérebro lembrou que estávamos justamente em sua casa.
Passei um pouco de enxaguante bucal antes de sair do quarto.
A porta de Nathan e Vicky ainda estava fechada.
Encontrei Lucy no sofá da varanda, com fones de ouvido, olhando séria e pensativa para o quintal de duas árvores, uma pequena piscina, plantas baixas e floridas em meio ao gramado verde, onde tantas vezes acampamos, corremos, jogamos futebol e até mesmo golfe... Já que Nathan e Tom fizeram um buraco no chão, sorrateiramente, onde logo depois colocaram um jarro pesado em cima, para disfarçar.
– Bom dia! – falei me sentado ao seu lado.
– Bom dia, Max. – Lu respondeu um pouco simpática, desligando a música do celular e retirando o fone de ouvido.
– Dormiu bem? – olhando-a, cruzei os braços tranquilamente.
– Um pouco. – a menina deu de ombros, falando em voz baixa.
– Aconteceu algo, Lu?
Lucy encarou o celular, depois cruzou as pernas rapidamente e, olhando para frente, disse:
– Jay me ligou treze vezes ontem, me mandou duas mensagens hoje e ainda me perturbou no telefone fixo. – então apontou para o aparelho telefônico jogado na grama. Não tinha o visto ali. – Não posso ficar em paz se ele não me deixa em paz.
 Pensei bem no que ia dizer, temendo sua revolta.
– Por que você não o atende e termina logo com ele?
– Porque não estou preparada para ouvi-lo, vê-lo ou ter qualquer contato com o Jay, Max! – Lucy respondeu tristemente – Odeio mais a mim do que a ele...
A garota me encarou de modo inconformado.
Apenas me calei, porém tomei coragem e abracei sua cintura. Tranquilamente Lu desceu sua cabeça, até encostar em meu ombro.
Ficamos assim até o Nathan e a Vicky chegarem.
Lucy, com ansiedade, logo olhou os dois.
Mas sua amiga estava indiferente, já Nathan...
– Estou com tanta fome que comeria até a Tanya! – ele sentou-se numa poltrona, enquanto Vicky sentava do seu lado, com ódio nos olhos. – Foi mal! – ele disse com medo.
– Não sei por que a fome... – comentei por impulso. – Pesava que tinha se alimentado bem ontem a noite!
Não resisti e fiz a piadinha.
Vicky ficou sem jeito, mas depois começou a rir.
Nathan gargalhava e jogou uma almofada para cima de mim, que passou próxima do rosto da Lucy.
Era a única que não ria e fazia uma careta.
– Então vocês transaram? – ela perguntou, olhando os dois.
– Vai se fazer de santa logo agora, Lucy? – disse Vicky, ironicamente.
– Ela pegou no sono antes de começarem a gritar. – comentei em meio a gargalhada.
Lu era a única que parecia não achar graça e a sua expressão era totalmente pensativa.
Parei de rir e fiquei olhando-a.
Do nada ela balançou a cabeça, despertando, e disse:
– Vou preparar o café.
– Vou com você. – falei.
Retiramo-nos da varanda e não deixei de notar que Vicky sentou-se no colo do Nathan, enquanto Lucy andava apressada na minha frente.
Chegando à cozinha ela começou a andar de um lado para o outro, tirando coisas do armário e colocando em cima do balcão tão rápido que deixou minha cabeça confusa.
– Lucy! – exclamei de repente fazendo-a quase derrubar a caixa de leite no chão, assustada – O que você está pensando?
Ela jogou os cereais, distraída, em quatro tigelas.
– Nada de mais! – Lucy disse, colocando o leite.
– Mesmo? Porque dependendo de você o café da manhã vai ser para o balcão e não para gente. – apontei para o balcão sujo de comida.
Lu parou por um tempo, com os olhos fechados.
Ela respirou fundo até se voltar para mim.
– Desnecessárias as piadinhas sobre sexo, Max.
Fiquei abismado com tais palavras.
Tantas vezes ouvi-a tendo conversas pornográficas com o Nathan e agora ela me repreendia?
– Por que você está se importando com isso agora? – perguntei sem disfarçar meu tom de voz.
– Porque é realmente esquisito imaginar meus melhores amigos se comendo!
Ri aliviado e ela me olhava sem entender nada.
– Pensei que você estava com ciúmes de um dos dois! – parei meu ataque de risos e completei – Sei lá! Você gostando do Nathan... Ou da Vicky!
– Tá fumando maconha, Max? – ela disse revoltada, se virando para as tigelas – Agora procura a canela antes que eu faça de sua cabeça uma!
Obedeci-a e poucos minutos depois o café nem um pouco saudável, mas prático e gostoso, estava pronto. Comemos com calma e conversando qualquer assunto que não fosse a transa do ‘novo casal’.
Quando terminamos o Nathan começou a beijar a Vicky e logo a Lucy sugeriu que eu a ajudasse a arrumar os quartos. Depois de tudo pronto bateu na Lucy uma vontade de passar o resto da manhã pintando. Eu e a Vicky, que éramos melhores nos desenhos, desenhamos para ela pintar. Nathan ficou responsável por apontar os lápis. Ele gostava de fazer isso em aulas chatas quando estava sem sono.
Falando assim fica parecendo coisa de criança e não deixa de ser, mas fez da manhã algo simples e divertido, principalmente depois que colocamos Guns N’ Roses para tocar. Ri demais da Vicky fazendo o som da guitarra com a boca, da Lucy muito empolgada com Welcome To The Jungle, e do Nathan dizendo ‘Ah! Essa música é muito foda!’, com todas que tocavam. Eu só me manifestei quando tocou Patience e fiquei dando olhares furtivos para a garota que pintava ao meu lado, de bochechas vermelhas, fingindo não me ver e usando de toda sua concentração para deixar o sol mais amarelo do que podia no papel.
Fazíamos isso na varanda, com casacos de frio, embora o céu não estivesse nublado de acordo com a temperatura.
– Eu estava comentando com a Vicky. – falou Nathan após a última música do CD terminar de tocar – em falar com meu pai para me emprestar a casa de praia, em Miami.
– Aquela que fomos dois anos atrás? – perguntou Lucy, enquanto Nathan balançava a cabeça afirmando – Legal! – ela disse empolgada.
–Vai ser uma boa deixar de ver a cara desse povo imprestável! – disse Vicky com um sorrisinho – Ir para Miami e ver gente bronzeada...
– Garotas de biquíni... – disse Nathan sonhador, fazendo Lucy e Vicky rirem. Embora eu pensasse que a última iria repreendê-lo.
– Será bom para todos nós! – comentei – A coisa está ficando tensa lá em casa. Meus pais mais brigam do que respiram.
Lucy me deu um sorriso consolador, colocando uma de suas mãos em minha perna. Nathan fez um rosto compreensivo e a Vicky ficou pensativa.
Para mim qualquer lugar era melhor do que ficar em casa. O tempo inteiro eles brigando e eu trancado no quarto tendo que ouvir tudo. Os problemas da Vicky e da Lucy me distraíram e uma viagem agora realmente viria a calhar.
– Então fale com os senhores seus pais, que eu falarei com os meus. – disse Nathan – Mas acho que tudo vai dar certo. Meu pai para se ver longe de mim me manda até para a Polônia! – ele disse rindo.
– Mas isso nem é tão longe! – disse Vicky.
– Nããão! Magiina! Só fica na Oceania! Bem ali ao lado, na casa da vizinha! – Nathan falou irônico enquanto começamos a rir de sua cara – Que foi?
– Nathan! A Polônia fica na Europa! – falei e eu ria tanto que meus olhos encheram d’água.
– Mesmo? – ele perguntou assustado.
– Claro seu bobinho! – disse Lucy, tentando se recuperar – Fica bem ao lado da Alemanha!
– Aí, sinistro! – ele comentou e aos poucos fomos nos acalmando.
– Vou ter que ir ao trabalho da mãe do Tom – disse Vicky, séria.
– Não quer encontrar com ele não é? – Lucy disse compreensiva.
– Não. – Vicky respondeu. Nathan passou o braço por cima de seu ombro – Se ela deixar, alguém vai ter que ir buscar minhas coisas em casa.
– Eu vou. – Lucy disse – E o Max me ajuda não é? – ela se virou para mim enquanto eu concordava com a cabeça.
– Obrigada! – Vicky deu um sorriso – Agora vamos voltar a pintar que esse clima de enterro estraga minha beleza.
– Não tem como sua beleza estragar, porque você é linda! – disse Nath, galanteador.
– Menos Nathan! Menos! – disse Vicky séria – Guarde suas breguices para você! – ela completou o repreendendo e voltando a sua atenção para o desenho, fazendo com que eu e a Lucy ríssemos da cara de besta que Nathan fez.







        * * *





CAPÍTULO 17

          SENHORA PARKER



Ponto de Vista: Vicky

Foi uma loucura o que fiz com o Nathan. Não que tenha sido ruim, mas foi assustador quando tudo acabou e percebi o que tinha feito. Não me arrependo porque uma satisfação percorreu meu corpo e está me fazendo sentir bem.
Não consegui dormir direito esses dias, nada de muito grave. Só aquela imagem irritante que insiste em rondar minha cabeça. Lucy, Nathan e Max estão me ajudando, ainda bem, pois não quero mostrar o quanto estou mexida com o que aconteceu.
Minha voz dizendo ao Tom, no parque, que não o perdoaria se ele ficasse com a Tanya me faz ter mais ódio ainda do atrevimento do garoto. Não sei se ele percebeu que aquilo foi um indício do que eu sentia. Mas independente dele ter percebido, ele não deu valor ao que eu disse.
Os garotos já confirmaram a viagem, assim como a Lucy já confirmou a presença. Nathan disse que seu pai iria cuidar dos papéis para a autorização, já que isso é responsabilidade demais para ele. Só faltava eu e estávamos cuidando disso, a caminho do trabalho da Samantha, mãe do Tom, às 20:00h, no carro da mãe de Lucy, enquanto ela conversava com a filha sobre os cuidados que deveria ter em Miami.
Não demorou muito a chegarmos à Fabrics Parker's (Tecidos Parker) empresa que a minha madrasta é dona, pois é um negócio de família. Os empregados já saiam pela porta principal e eu saí do carro decidida a conseguir o que queria.
– Vicky! – chamou Lucy pela janela – Qualquer coisa liga!
– E qualquer coisa eu subo para falar com ela! – disse a Sra. Mason, simpática.
– Ok! Já venho!
Falei isso dando as costas. Entrei na empresa em passos largos e sendo cumprimentada por alguns funcionários. Rapidamente eu já estava no último andar, onde ficava a sala de reuniões e a diretoria, assim como a sala da dona.
– Senhorita Adams – falei em frente a mesa da secretária – Poderia avisar a Senhora Parker que preciso falar com ela?
– Claro, senhorita Foster. – ela disse com aquela voz simpaticamente falsa – Pode entrar, ela já a aguarda. – a secretária disse desligando o telefone.
– Obrigada.
Respondi indo em direção a porta e sendo recebida por um:
– Pensei que não iria mais aparecer. – ela disse séria, sem tirar os olhos da pilha de papéis em cima da mesa – Sente-se. – completou apontando para a cadeira.
– Estou bem assim. – falei cruzando os braços em pé – Estava na casa da Lucy Mason.
– Eu sei. – ela disse indiferente – A mãe dela, Elize, fez a gentileza de me avisar. – finalmente ela me olhou – O Tom ficou preocupado.
– Então diga a ele que não precisa ficar mais. – falei séria.
– Claro. – ela comentou com um leve sorriso – E o que você quer?
– Estão querendo fazer uma viagem para Miami. Vim pedir sua permissão. – falei finalmente me sentando.
– Quem vai para essa viagem? – ela perguntou encostando em sua grande cadeira confortável.
– Lucy, Max, Nathan...
– Tudo bem. Pode ir. – ela disse.
– Mesmo? – perguntei incrédula.
– Sim.
– Obrigada. – falei aliviada, levantando-me – Tenho que ir embora.
– Ok. – ela disse – Victoria! – e quando virei as costas ela me chamou fazendo voltar minha atenção para ela novamente. – O Tom não precisa saber dessa viagem não é?
Parei para analisar qual o objetivo dela de esconder isso do filho. Eu não sei o que ela queria, mas o que eu queria era um Parker muito preocupado.
– Com certeza isso não é do interesse do Tom. – respondi com um sorrisinho – Até mais!
E fechei a porta.
Despedi-me rápido da secretária e minutos depois eu já estava contando a novidade para a Lucy que comemorou.
Essa seria uma boa viagem com meus amigos e o Nathan seria o suficiente para me distrair e me fazer esquecer por algum tempo de certo garoto de olhos avelã.

* * *

I knew that when I saw her that my life would soon move over from the fast lane…
Eu sabia quando a vi que minha vida ia logo deixar de ser fácil...
(Baby’s Coming Back)
– Cassete, quebra logo esse celular!
Lucy falou irritada logo que chegamos, entrando em seu quarto e jogando o celular para mim. Fiz o favor a mim mesma de deixar o aparelho jogado em sua cama para não cair na tentação de atendê-lo.
– Ele já me ligou 9 vezes. – comentei olhando as chamadas não atendidas.
– God! – exclamou Lucy – Tom e Jay estão em desespero! – ela se jogou na poltrona perto da mesa de computador e descansada continuou – O desespero deles deveria ser de ácido para poder corroer os corpos desses safados! - Lucy falou com um tom de voz perverso – Embora fosse um grande desperdício... – ela fez um rosto de tédio e me olhou – Precisamos avisar ao Nath e ao Max que está tudo confirmado.
– Ah! É mesmo. – falei rindo do monólogo que a garota havia acabado de ter – Vou ligar.
E ignorando mais uma chamada do Tom que apareceu na tela, liguei para o Nathan, colocando o celular no viva voz e me sentei no braço da poltrona perto da Lucy.
– Oi, amor! – disse Nathan, feliz.
– Amor é a senhora sua mãe, que é uma diva! – falei repreendendo-o e me lembrando da simpática Senhora Sykes, e, aliás, odeio frescuras.
– Então diz logo o que você quer! – ele falou chateado.
– Ela quer você! – Lucy disse irônica e Nathan deu uma risada alta e escandalosa do outro lado, enquanto eu olhava para a minha amiga queimando a sua alma.
– Ouvindo conversa amorosa dos outros, Lu? – disse Nathan com vestígios de risada na voz.
– Justamente por ser uma conversa amorosa vinda da Vicky que eu tenho que presenciar! É um fato histórico! – Lucy disse rindo e fazendo o outro rir, mas recebendo de mim um beliscão em seu braço – Ai!
– Que foi? – Nath perguntou – Ela te beliscou?
– Exatamente! – ela falou sem muita graça - Presta atenção no que ela vai dizer antes que eu tenha minha cabeça arrancada por seus olhos lasers!
– Ainda bem que é a sua cabeça e não a minha!
Novamente os dois começaram a rir me irritando, claro.
– Nathan! – gritei.
– Oi?- ele respondeu medroso enquanto a Lucy se levantou para ir ao banheiro, deduzi que fosse fazer xixi.
– Nathan, prepare os protetores solares e as espreguiçadeiras, porque vamos todos para Miami! – falei empolgada.
– AEEEEEE! – Nath gritou tão alto que a Lucy começou a rir do banheiro, e ouvi a voz do Max distante: “Nathan, o que foi, cara?”.
– Nathan? – falei pela primeira vez – Nathan? – falei pela segunda e ele continuava comemorando. –NATHAN!!! – gritei.
– QUE É MULHER? – ele falou irritado – Porra! Dá nem para ficar feliz!
– Que morra sua felicidade, agora eu tenho que falar com o Max. – comentei contando de 1 a 10.
– O que você quer falar com ele? – Nath disse curioso.
– Só o chame, Nathan, por favor! – falei massageando meus olhos e procurando a minha paciência interior.
Ouvi Nathan resmungar qualquer coisa que preferi ignorar e logo veio a voz do Max.
– Vicky? – ele perguntou.
– Oi! Já sabe que eu vou para Miami, né? – falei.
– Sim, imagino que tenha ligado para isso. – Max comentou simpático.
– Então! Você pode levar a Lucy para pegar minhas coisas? – minha voz foi gentil já que era um favor.
– Claro! De manhã?
– Aham! Para eu poder ter ideia do que preciso comprar e ir à tarde. - falei, me lembrando que estava sem roupas de praia.
– Ok! – ele disse – Boa noite, Vicky, e manda um beijo para a Lu!
– Boa noite, Max! E pode deixar que eu mando!
– Hey, Vicky! O Nathan quer se despedir de você.
– Diga a ele que morri!
– Tá certo! – Max disse rindo – Tchau! – e desligou.
Coitado do Nathan... Eu o desprezo tanto.
Mas isso faz tão bem ao meu ego.
– Lucy? – gritei - Ta viva?
– To sim! Tava ouvindo a conversa sentada na privada.
Caí na gargalhada da preguiça dela!
– Sua imprestável! – xinguei-a antes de começar a me arrumar para dormir.







        * * *





CAPÍTULO 18

NÃO VOU DESISTIR



Ponto de Vista: Lucy

Acordei-me com uma ligação do Max dizendo que estava saindo de casa, e pulei da cama o mais rápido que a minha preguiça permitiu. Deixei a Vicky dormindo normalmente em meu quarto, e o resultado da minha lerdeza foi ter que tomar meu leite com canela no carro do Max enquanto ele ria de mim.
– Está animada para a praia? – ele perguntou parando no semáforo.
– Estou sim! – parei para me lembrar das férias que passei lá com Nath. – A casa é linda.
– É sim! Ontem o Nathan me mostrou umas fotos. – ele disse prestando atenção na pista assim que voltou a dirigir. – e também me mostrou as fotos das férias de vocês, Lu! Você tava linda!
– Eu tava era baranga! – falei rindo – Eu parecia uma bocó! Como diria Katy, a prima do Nath.
– Eu não concordo com você. E vi as fotos dessa Katy com vocês, ela é bonita também.
Concordei com a cabeça e disse:
– Ela é muito gente boa e muito piradinha!
– Só pelo fato de alguém ser prima do Nathan tem 99% de chance de ser pirada! – ele falou e começamos a rir.
Quando paramos um pouco Max ficou sério e me olhando rápido disse:
– E o McGuiness? Continua a te encher?
– Sim, mas já virou diversão ignorar as chamadas dele! – falei com um leve sorriso.
– Ontem ele ligou para o Nathan perguntando como você estava. E Nathan disse que você estava melhorando aos poucos.
– Não deixa de ser verdade. – comentei indiferente.
– E ele falou algo sobre passar na sua casa.
– Um cassete! – exclamei com raiva.
– Relaxa! Nathan disse que era melhor ele não fazer isso. - Max falou tranquilo.
– O que eu achei esquisito foi o Tom não ter procurado a Vicky na minha casa. - já fazia um tempo que eu estava pensando nisso.
– Quando cheguei ontem de lá, eu entrei na internet e falei com o Tom. Ele perguntou onde a Vicky estava e eu disse que não sabia. Depois ele comentou que queria ir à sua casa, mas não teve coragem porque seria difícil enfrentar as duas se ela realmente estivesse com você.
– Pelo menos ele tem ideia de que a Vicky esta mal. - falei e logo Max parou o carro em frente à residência tão conhecida.
– Fica ai, ok? Acho que não vou demorar muito. – Falei com um leve sorriso e dando um beijo na bochecha de Max, fazendo os dois lados corarem.
Assim que sai do carro percebi que a grande porta da garagem estava aberta. Me lembrei que Tom sempre arrumava seu skate no início de todas as férias.
– Olá, Tom! – falei entrando na garagem.
– Lucy! – ele disse me olhando assustado – O que você está fazendo aqui?
– Vim fazer uma visitinha ao quarto da Vicky. – respondi, tentando não ser irônica.
– Pra quê? – Tom perguntou desconfiado e se colocando em frente à porta que dava para dentro de casa.
Comecei a preparar meu corpo e minha alma para o que eu provavelmente teria que fazer.
– Tom, por favor, me deixe passar. – falei gentilmente.
Ele balançou negativamente a cabeça e confiante disse:
– Não antes de você me contar como e onde a Vi está.
– Tom... eu não vou dizer nada até você sair da minha frente.
– Não vou sair da frente, Lucy.
– Então ta!
Muito antes de acabar a frase eu já estava correndo em direção a ele. Juntei o máximo de força que tinha em meu corpo e dei a primeira investida, mas Tom me segurou pela cintura e quase caímos. Tentei a segunda e novamente fui impedida. O jeito foi derrubar a caixa de ferramentas quase em seu pé e só então consegui passar por um Tom muito assustado com o que eu tinha feito.
Corri feito uma louca pela cozinha e assim que consegui alcançar a escada senti uma mão quase puxar meus cabelos, e olhando para trás vi o braço de Tom quase me alcançando. No desespero acelerei saindo da escada e segundos depois eu estava fechando a porta na cara dele. Tranquei-a e me deixei cair no chão ofegante, xingando o meu sedentarismo. Tom chutava a porta e gritava pedindo que eu a abrisse. Simplesmente o ignorei e preparei uma mensagem para Max:
“Coelho para Cachorro: Estou na toca.”
Segundos depois recebi a resposta:
“Cachorro para Coelho: Entendido! Cuidado com o Papagaio.”
Ri comigo mesma das mensagens com Max e da situação em que me meti com Tom por causa da Vicky. Me levantei já descansada e para acalmar o garoto que havia parado de gritar e agora só dava leves chutes, eu disse:
– DEPOIS A GENTE CONVERSA, BAIXINHO! – dei dois tapas na porta e logo ele parou de chutar. - Ok! – ele disse sem muita vontade e então tudo ficou quieto.
Me dirigi ao closet da Vicky e peguei suas malas roxas preferidas. Perdi um bom tempo arrumando-as pois quando se mora num lugar como Londres o sol sente preguiça de aquecer corpos alheios. Conclui que precisaríamos fazer compras já que casacos, meia calça e botas não combinariam com Miami.
Quase joguei as malas pela janela quando por implicância elas não quiseram fechar. Após vencer o meu grande martírio com as roupas revoltosas da Vicky, fui até a porta com as malas e parando em frente a ela mandei uma mensagem pro Max:
“Coelho para Cachorro: Coelho entrará em confronto com Papagaio.”
“Cachorro para Coelho: Cachorro na espera para a fuga. Se a coisa ficar feia use a frase secreta: ‘Eu sou o seu pai.’ Aproveite o drama e CORRA!”
Passei um bom tempo rindo da mensagem e me imaginando correndo pela casa vestida de Darth Vader. Recuperada do excesso de risadas pensei rápido em uma maneira de sair daquela situação. Mas nada me veio na cabeça.
Já preparada para a conversa esclarecedora que logo viria, abri a porta e me deparei com um Tom cabisbaixo, jogado no chão e encostado na parede oposta. Ele me olhou e depois viu as malas e disse num sussurro:
– Então ela está com você?
Confirmei com a cabeça e, tirando com um pouco de sacrifício as malas do quarto, fechei a porta e me agachei em frente ao Tom.
– Como ela está? – ele perguntou me olhando.
– Indo. – respondi e dei um leve sorriso me lembrando de como ela havia se recuperado bem com o Nath...
– Ela me viu com a Tanya, não foi? – ele me perguntou incerto.
– Sim Tom, ela viu.
– Lucy...
– Oi?
– A Vicky... Ela gosta de mim?
Tom ficou me olhando esperando a resposta, mas eu não tinha certeza se a confirmação dessa pergunta deveria vir de mim. O correto era a Vicky falar isso. Mas antes de a minha cabeça chegar a alguma conclusão, Tom disse:
– Eu gosto dela. E não é como irmão.
Não consegui disfarçar meu rosto impressionado ao ouvir isso. Como eu queria que a minha amiga estivesse no meu lugar para ver o Tom, com um olhar triste, mas brilhante, dizer essas palavras! Para acalmar (ou não) o coração dele resolvi falar:
– Então vocês dois se gostam. – dei um leve sorriso e toquei em seu joelho. - Mas as coisas não vão ser tão fáceis.
Tom pareceu se assustar e antes dele perguntar qualquer coisa me levantei e disse:
- Preciso ir.
Ele balançou a cabeça positivamente entendendo que era o fim da conversa. Então se levantou e me ajudou com as malas. Assim que ele abriu a porta, vi Max encostado tranquilamente em seu carro. Virei-me para Tom e lhe dei um forte abraço que foi retribuído com carinho. Quando nos afastamos coloquei as mãos em seus cabelos, assanhando-os, e disse:
– Não desista dela.
Ele me deu um leve sorriso e falou:
– Não vou desistir.
Satisfeita com o que ouvi, peguei as duas malas e comecei a arrastá-las dolorosamente indo embora. Max acenou simpaticamente para o amigo e em seguida veio me ajudar. Ele fez o favor de guardar as malas enquanto eu já me ajeitava no banco.
Olhei para Tom pela última vez, sentado na pequena escada em frente à porta, pensativo. Depois voltei minha atenção para a pista a frente. Minhas palavras martelavam a minha cabeça:
“As coisas não vão ser tão fáceis,” e “Não desista.”
De alguma maneira essas frases mexeram comigo, eu só não sabia o porquê. Mas cheguei à conclusão que não se referiam aos meus sentimentos por Jay.





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