sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Guilty Pleasure (2ª Temporada - 1 e 2)

   Capítulo 1 e 2
   Sabe quando tudo está perfeito?
   Guilty Pleasure (segunda temporada) começa exatamente assim:

Nada está errado.

   Lucy e Nathan se amam, Tom e Vicky quase não brigam e, até mesmo Max, o encalhado, arranjou um novo amor que, aliás, tem nome e sobrenome:

Katy Sykes

   Todos viajam para Nova Iorque no início das férias, decididos a visitar seus amigos. Mal pisam em solo Estadunidense e os problemas começam:

Nathan é imaturo
Lucy talvez não tenha realizado seu sonho
Vicky resiste em amar o namorado
Tom se vê cada vez mais apaixonado
Max parece ter encontrado a garota da sua vida
Katy não se importa em ser a garota certa

   Os conflitos despertam e rachaduras brotam no relacionamento desses seis amigos. Será o fim da amizade? Será o fim dos namoros?

Here comes  the  storm
Here comes  the  storm, baby

A perfeição sendo a melhor amiga da ilusão



Bianca R.




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Capítulo I

Cursos de férias




   Point of View: Victoria Foster   

      - Não, Tom! Eu não vou conseguir! – exclamei assim que vi a altura que o avião estava.
- Claro que você vai, Vicky! Vamos logo, eu quero pular! – ele gritava em meio ao vento, que entrava pela porta aberta. Ainda assim ouvia sua voz baixa.
- Mas é tão... Longe! – arregalei os olhos com a distância do chão. Meus cabelos esvoaçavam, meu estômago estava frio e eu poderia vomitar a qualquer momento.
- Não se preocupe senhorita Foster, eu vou pular com você. – o professor de paraquedismo disse logo atrás, agarrado ao meu corpo.
- Se você não for agora, vou ser obrigado a empurrá-los. – Tom falou.
- O senhor não faria isso, senhor Parker...
- Tchau, Vicky!
Não imaginei que meu próprio namorado teria coragem de fazer isso comigo.
Perdi o equilíbrio com o seu empurrão, caindo em meio ao nada, meu corpo sendo puxado para baixo. Um grito alto saiu de dentro de mim, mas era inaudível perto do barulho que o ar fazia em meus ouvidos.
O professor urrava de felicidade, enquanto eu mantinha meus olhos fechados com toda a força. Eu não queria ver o que estava lá embaixo, porque aquilo estava vindo em minha direção.
- Fique de braços abertos! – ele disse com a voz divertida.
Já fazia o que ele mandou há muito tempo, pois não conseguia movimentar uma parte se quer dos meus músculos. Tudo o que eu havia aprendido nos últimos dias sobre como pular de paraquedas vazou da minha cabeça.
- UHUL! – abri os olhos e olhei para o lado.
Tom caiu com a sua professora numa velocidade muito mais rápida que a minha. Ele sorriu e seu rosto se deformava com o vento. Fez um sinal de ‘ok’ com a mão e voltou a curtir seu momento autista.
Olhei para baixo e gritei de novo. Dessa vez eu só consegui ver o campo verde.
Meu corpo foi puxado para trás, o paraquedas foi aberto e eu quase fiquei ereta.
- Agora aproveite. – o professor disse rindo.
E finalmente, daquela experiência maluca, eu consegui fazer algo.
O campo tornou-se bonito, ao invés de assustador. O sol não estava nem um pouco quente, mas estava iluminando tudo muito bem. Tom descia mais a frente, seu paraquedas azul, com uma caveira branca, que ele acha que arrasa. Sorri com tudo e o professor pareceu satisfeito com isso.
Aos poucos perdemos altitude e minhas pernas levantadas permitiram ao instrutor parar tudo. Sentada sobre a grama, vi meu namorado vindo correndo em direção a mim, com seu macacão preto.
- FOI IRADO! – gritou levantando os braços.
Fui solta e ajudaram-me a ficar de pé. Estava meio zonza.
- Então, senhorita Foster? – a instrutora de Tom perguntou, com o equipamento já enrolado sendo arrastado pelo chão até nós – Me apoia no fato de que mulheres também servem para isso?
- Claro que ela não apoia, ficou morrendo de medo! – Taylor, o professor, disse, sorrindo de mim.
- Maior frouxa! – Tom confirmou o outro, com certa cumplicidade.
- Pois os dois estão enganados. – falei convencida – Por mim eu pularia de novo e de novo, com muito prazer.
- Duvido. – meu namorado disse sério.
- Vamos apostar? – perguntei estendendo a mão.
- Feito!
Ele concordou e apertou logo em seguida, firmando o acordo em frente a duas testemunhas.


* * *

  
 Point of View: Lucy Mason


- Não Nath, mais suave. – falei pela segunda vez ao garoto sentando ao lado.
- Eu estou indo suave! – ele disse com raiva, apertando a tecla do piano com bastante força o que fez o barulho sair estridente pela sala de cochichos baixos.
- Senhor Sykes. – a professora Margareth, uma velha de 100 anos (ta bom, nem tanto assim) disse – Estamos aprendendo a tocar piano, não como se destrói um.
- Então me ajude nisso aqui! Não consigo me entender com ele! Essa porra de tocar delicado não é comigo! – irritou-se. Soltei um risinho divertido do rosto assustado da senhora.
- Apenas... – ela falou fechando os olhos com impaciência. Era sempre assim – Fique calado. – olhou para mim, e já sabia o que viria – Ajude o seu namorado e não o faça atrapalhar a aula!
- Sim senhora. – respondi com o tom de educação fingida que minha voz permitiu.
- ‘Sim senhora’. – ele repetiu irônico – Eu vou dar é uns tabefes na cara dessa velha!
- Você vai é enfiar sua mão na consciência e criar um caso com o piano, Nathan Sykes! – ordenei. – Estamos nisso há cinco dias e você não sai do Dó/Só. – falei.
- Amor. – começou a falar com a voz baixa. Vinha explicação Sykes pela frente – Eu sei que você quis esse curso para que nós ficássemos juntos, mas não dá. Eu não vou sair do Dó/Só, nem do La Si fodeu.
Sorri balançando a cabeça, enquanto ele esperava alguma reação mais séria minha:
- Apenas tente. – pedi suplicante – Vamos embora agora. Eu tenho a apostila de todas as aulas, aprendi algumas coisas. – falei – Em sua casa, com calma e sem uma velha que tem teia de aranha na parte íntima, nós tentaremos. Está bom para você?
- Mil vezes melhor! – ele exclamou feliz.
- Agora vamos. – sussurrei recolhendo as partituras e fechando o piano.
- Aonde pensam que vão? – Margareth perguntou. Os outros alunos, antes distraídos, se voltaram para a gente – A aula não terminou!
- Para a gente sim. – respondi com um sorrisinho, arrumando a bolsa nas costas.
- Tchau véia! – Nath disse soltando uma gargalhada alta antes de bater a porta da sala.
Adeus aula de piano!



* * *

  
 Point of View: Victoria Foster



"Já chegamos. Beijinhos: Lu"
Meia hora depois da mensagem, Tom e eu entrávamos pela cafeteria, onde havia sido marcado o encontro entre nós quatro. Nos últimos dias vínhamos fazendo isso mais ou menos após a hora do almoço.
Passávamos esse período em grupo e a tarde nos dividíamos: eu ficava com a Lucy, Tom com o Nathan ou qualquer coisa do tipo. Éramos namorados, não umbigos grudados a barriga um do outro.
- Ali. – Tom sussurrou e apontou para os dois.
A cafeteria era sofisticada, de cor bege clara, flores cor de rosa no papel de parede, mesas brancas delicadas.
Pessoas de alto nível frequentavam tal local, e não era do meu agrado seguir riscas sociais, mas a Cafeteria Lotto situava-se justamente entre os nossos cursos e levava a um caminho aceitável para as casas de cada um.
Caminhamos em direção ao casal que logo nos viu e sorriram receptivos.
- Como foi? – Nathan perguntou animado.
No dia anterior, nessa mesma hora, o meu namorado não parava de falar sobre o nosso ‘primeiro pulo’. Nathan o invejava pela coragem, mas preferia manter-se no piano, era muito mais seguro.
- Uma maravilha! – Tom disse de olhos brilhantes enquanto nos sentávamos – Até agora estou gozado!
Lucy fez uma careta e tomou o chá em sua xícara branca, de flor cor de rosa e detalhes ouro.
- Para ele – falei em voz baixa – Foi um orgasmo cair de tão alto. – comentei o que o próprio Tom me disse quando vínhamos no carro.
- Tem gente que se contenta com tão pouco. – Lu provocou.
- Fica na sua. – ele retrucou.
- Foda-se. – a menina sussurrou e voltou-se para mim – E você, o que achou?
- Adorei. – respondi com menos animação que o outro, mas com um sorriso feliz no rosto – É incrível, deveria tentar amiga!
- Não, obrigada. – ela sorriu e fez um rosto medroso – Eu e o Nath temos pavor dessas coisas.
- Nem me fale. – Nathan fez um rosto triste, apoiando o cotovelo sobre a mesa, em seguida, deixando o queixo descansar sobre a mão aberta – Nós saímos da aula de piano.
- Por quê? – perguntei assustada. Ao meu lado, Tom acenou para a atendente.
- O piano não vai com a minha cara. – ele resmungou, desfazendo sua posição.
- Na verdade... – Lucy começou a dizer ficando ereta na cadeira, enquanto Tom roubava alguns pedaços de pão de alho que tinha em uma pequena tigela no meio da mesa – O problema não era o piano e sim a professora.
- Eu não sei não. – Nathan falou fazendo careta, achando o oposto da namorada – Aquele troço é complicado!
- Complicado é seu único neurônio que não está fazendo o favor de funcionar nos últimos dias. – Lu disse rudemente, Tom e eu rimos – Mas de qualquer jeito – cruzou os braços e o encarou – Você tem o dom musical. Você vai conseguir.
- Está falando como se tivesse certeza das coisas. – Thomas falou, bocejando em seguida – Aposto que não aprendeu porra nenhuma.
Lucy arregalou os olhos:
- Fui melhor do que você poderia ir! – retrucou inclinando-se sobre a mesa – O incompetente aqui é você!
- Eu? – o garoto quase gritou.
- Começou. – revirei os olhos, irritada – Vamos ver as flores, Nathan?
- Claro! – ele respondeu com pressa, levantando-se, enquanto Lucy e Tom prosseguiam com a discussão calorosa.
Andamos pelas mesas, umas vazias, outras cheias de senhoras ricas que me lembravam minha sogra.
Fomos para a varanda, que tinha um jardim lindo, com flores de vários tipos. Distraí-me com algumas de cor branca e cheiro forte, enquanto Nathan cutucava em um girassol preso a uma jardineira de cimento, com desenhos em relevo.
- O que vamos fazer nas férias? – perguntou de repente.
- A Lu não comentou nada com você? – disse de volta.
- Não, ultimamente ou falamos do piano ou nos beijamos. – ele sorriu esperto, ficando corado mais que o normal em seguida.
- Acho que vamos visitar o Max. – respondi – Não que eu também tenha conversado isso com os seres da caverna que estão lá dentro – apontei para trás, enquanto Nathan ria – Mas acho que é o mais viável.
- Max é gay, mas faz falta. – ele colocou as mãos na cintura, levantando a cabeça e cerrando os olhos, enquanto observava a cúpula de acrílico.
- Um gay que está pegando sua prima. – fiz questão de lembrar, inclinando-me para pequenas flores vermelhas.
- Obrigado por me fazer pensar na minha prima transando com um veado. – Nathan forçou um sorriso que realmente me fez rir – Por falar em Katy...
- Katy, Katy, Katy... – sussurrei repetidas vezes. Ela odiava quando eu e Lucy fazíamos isso.
O garoto fez um rosto de que não compreendeu a piada interna e continuou:
- É outra que precisamos ver. – completou.
- Estou com saudades dela, de verdade. – disse em tom triste.
- Já imaginou se ela conseguisse passar em Oxford? Nós seis na faculdade? – ele falou animado.
- Oh, meu Deus, Nathan! – fiz um rosto trágico.
- O que foi? – ele perguntou arregalando os olhos – Isso não seria legal?
- Legal para você que provavelmente iria morar em outro apartamento, mas... – suspirei pensando na encrenca que me meteria – Só vivendo para saber o que é aguentar Lucy e Katy juntas!
Nathan levantou levemente as pupilas avelã, fazendo pose sonhadora. Aos poucos seus grandes dentes foram aparecendo e uma gargalhada alta saiu de sua boca:
- Você ta fodida! – exclamou por fim, rindo da minha desgraça.
- Eu sei, eu sei. – respondi cabisbaixa – Aquelas duas já não são normais separadas, quando se juntam ficam pior. – comentei – Em Miami eu quase me matava de tanta frescura.
Nathan riu mais um pouco e falou:
- Ainda bem que não presenciei isso! – balançou a cabeça de maneira engraçada, parando abruptamente – Eu não estaria muito melhor que você, para ser sincero.
- Por quê? – falei curiosa.
- Morar com Max e Tom...
Foi a minha vez de rir e rir muito.
- Um nerd e um animal, o que será de mim? – ele levou a mão à testa e fez um rosto dramático.
- Boa sorte, bonitão! – dei tapinhas na lateral de seu braço, enquanto ele fingia chorar – Acho melhor entrarmos, ou as nossas crianças vão arrancar os cabelos em cima da mesa e sobrará para nós dois pagarmos os gastos.
- Então é melhor irmos logo, porque o papai Sykes já disse que eu sou bastardo e sem herança.
Comecei a andar rindo do que ele falou. Nathan era um usurpador de dinheiro paterno, não era de se estranhar que o Senhor Sykes saísse com umas coisas dessas de vez em quando.
Olhei aquelas duas pessoas de longe, esperando ver, no mínimo, Lucy descabelada e Tom com um olho roxo. Mas isso não aconteceu, pelo contrário:
- Poderia colocar duas colheres de açúcar, por favor? – Tom pediu a Lucy educadamente.
Eu e Nathan de pé, ao lado da mesa, esperamos a garota dar um fora.
Colocando a revista sobre história da França de lado, Lucy inclinou-se sobre a mesa, pegando o recipiente de açúcar e colocando as duas colheres pedidas.
- Veja se está do seu agrado. – ela disse gentil.
Tom tomou um gole rápido. Esperei ouvir nomes feios saindo de sua boca:
- Está maravilhoso. Obrigado. – sorriu e voltou a deliciar-se com a bebida.
- Disponha. – ela ergueu uma sobrancelha e retribuiu o sorriso, voltando novamente a ler a revista com a sua xícara cheia novamente nas mãos – Vão criar raízes? – Lucy perguntou sem se virar para nós.
Nathan e eu nos entreolhamos de boca aberta.
Eles não estavam brigando? Que cordialidade é essa?
- Claro que não. – respondi assim que minha voz surgiu novamente.
Sentamo-nos rapidamente, cada um ao lado de seus parceiros.
- Vocês não estavam... – Nathan começou a falar, mas balancei a cabeça em sinal negativo para que ele se calasse. Estava ótima aquela suposta paz – Deixa pra lá.
- Lucy e eu estávamos conversando... – Tom falou.
- Conversando? – soltei essa palavra, assustada – Conversando? – sussurrei.
Lu levantou os olhos para mim:
- Sim, qual o problema? – perguntou.
- Nenhum! Nenhum. – balancei a cabeça com força – Sobre o que falavam? – disse querendo voltar ao assunto. Nathan sorria achando divertido.
- Vamos andar de patins hoje à tarde? – Tom completou sua linha de pensamento que havia sido interrompida por mim.
- Mas não era para ficarmos separados? – Nathan fez um rosto desconfiado.
- Está me dispensando, Nathan? – Lucy perguntou desafiadora.
- Não, amor. – ele sorriu sem jeito e beijou a bochecha da outra.
- Fica quieto, Syko. É melhor. – falei para o próprio bem do meu amigo. – Eu abriria mão da minha tarde com a minha amiga, para podermos ficar juntos.
- É melhor quatro, do que dois. – Nathan falou de novo.
- Ela não disse que era melhor você ficar quieto? – Tom comentou autoritário.
Soltei uma risadinha engraçada. O coitado sempre sofria com a nossa impaciência com seus comentários inúteis.
Lucy acariciou-o prestativa.
- Então, todos estão de acordo? – Tom perguntou.
- Sim! – Lu e eu respondemos juntas.
- E você Nathan? – falei, pois ele não havia se manifestado na resposta.
- Eu o que? – disse cruzando os braços.
- Vai querer andar de patins? – sua namorada falou.
- Ah, agora querem que eu fale? – Nathan disse em tom de que havia nos pegado no flagra.
- Na verdade... – Lucy começou a falar.
- Não faz diferença a sua resposta. – continuei o que ela iria dizer.
- Nós vamos com ou sem você. – Tom completou e nós três sorrimos triunfantes.
- É UM COMPLÔ?
Nathan Sykes gritou indignado.



* * *


Sentia o professor prender-se a mim pela segunda vez naquela semana. Eu não estava nervosa, pelo contrário, estava empolgada. Agora havia uma motivação para que eu pulasse o mais rápido possível daquele avião. Tom Parker tinha me desafiado, tinha duvidado da minha capacidade de não ter medo de altura.
E daí que no dia anterior quase fiz xixi nas calças?
Todo gênio que se preze é negado na primeira chance e aplaudido na segunda. Comigo não seria diferente.
- Vou contar de um até três, Victoria.
O instrutor gritou atrás de mim. Tom esperava paciente, com um sorriso vencedor no rosto, sendo espremido pela sua bochecha pressionada com os óculos transparentes de proteção.
Mandou-me um beijo de provocação e mostrei-lhe minha língua. A sua professora riu atrás dele, torcia por mim.
A porta aberta já me despertava medo. Olhei para baixo confiante, a floresta verde lá embaixo indicava que estava quase na hora de pular:
- Um...
A voz de homem soou em meu ouvido.
- Dois...
Prosseguiu.
Antes de dizer o três eu já havia me jogado para frente, de braços abertos, ansiedade e alegria por ter surpreendido a todos já que Tom Parker gritou em alto e bom som ‘VICKY!’, assim que me viu saindo de sua frente.
Que se dane, eu havia conseguido pular sem medo e com muita felicidade. A velocidade estava muito maior que do que da última vez e o professor que foi pego de surpresa agora ria alto atrás de mim.
Eu não era diferente. Minha gargalhada se misturava ao atrito do ar com meus ouvidos.
Um vulto passou alguns metros, lá vinha Tom com sua professora novamente. Seu olhar desafiador pousou em mim e obriguei-me a inclinar-me mais para que a minha velocidade fosse mais rápida:
- O que está fazendo? – o professor gritou.
- Curtindo! – falei de volta com a voz divertida.
Tom não queria ficar para trás e fez o mesmo movimento que eu, ficou muito mais à frente e irritei-me:
- Vai mais rápido! – falei autoritária.
- Não posso! – o instrutor disse com receio.
De baixo só vi Tom fazendo o sinal obsceno com a mão, mostrando-me o dedo médio, enquanto ainda caia.
Meu corpo foi puxado para trás com violência e segundos depois a velocidade foi convertida em calmaria. Calmaria do paraquedas, porque dentro de mim eu poderia me soltar daquilo e pular na caveira branca que segurava o Tom e sua professora, rasgar o tecido com um canivete e rir malignamente enquanto todos iam em direção a morte, fim.
Mas me contentei apenas em observar a passagem de floresta para o campo verde e o galpão cinza onde fazíamos os treinamentos.
Repetimos o mesmo processo de parada de ontem. Soltei-me sozinha, levantei sem ajuda e saí batendo os pés antes mesmo de ver o rosto do Tom em um plano.
Caminhei raivosa até o galpão. Perder para ele é algo que nunca vai entrar em meus planos:
- Hey apressada! – ele gritou divertido, vindo atrás de mim.
Apressei os passos, tirando o velcro do macacão roxo:
- O gato comeu sua língua? – brincou e ouvi o mesmo barulho vindo de sua roupa, deduzindo que também havia aberto o macacão.
O galpão estava vazio, era final de semana e apenas os nossos professores haviam ficado, e nesse momento, estavam lá fora, fugindo da briga de casal alheio:
- Fica longe Tom! – disse raivosamente, retirando o óculos de proteção e jogando no chão.
- Por quê? – perguntou puxando meu braço e virando-me para ele.
Suas mãos puxaram minha cintura com força para seu corpo e meus pés foram empurrados para trás até bater em algo. Cai sobre um degrau, Tom veio logo por cima de mim. Olhei para onde estava, a escada de um avião PAC 750 XL laranja. O garoto a minha frente colocou uma perna entre a minha e a outra do lado, um pé apoiado sobre uns degraus mais a baixo, e o outro ainda no chão.
Meu rosto foi virado para o seu, ele sorria provocativo:
- Não gostou de perder? – sussurrou próximo a mim.
Levei minha mão até a abertura do macacão. A camisa branca em gola v permitiu que meus dedos tocassem sua pela descoberta:
- Você sabe que não. – falei que nem ele, meu hálito quente chegando a sua pele.
- Só porque perdeu no paraquedismo, não quer dizer que tenha perdido em outras coisas. – seus olhos fugiram dos meus e chegaram aos meus seios que estavam razoavelmente à mostra pelo meu macacão aberto e a blusa regata decotada. Sorri e mordi o lábio.
- Vem cá.
Puxei-o pela camisa até mim, sua boca encostou-se à minha com certa violência, nossos dentes se encontrando primeiro que nossas línguas. Tom esgueirou mais ainda seu corpo por cima do meu, enquanto minhas costas iam se deitando pelos degraus. Sua mão apertou minha coxa, enquanto a minha apertava a sua bunda. A sua língua fugiu da minha boca e desceu até meu pescoço, chupando-o em seguida. Comecei a despir seu macacão, de olhos fechados, sentindo cada atrevimento seu.
- Hã! Vocês nunca vão aprender que motel existe?
Taylor falou e ouvi uma gargalhada feminina alta.
- Deixe-os, Tay! – Suzan, a instrutora do Tom disse.
- O que ta pegando? – mais um metido entrou no meio daquela observação pública – Wow! E vocês dizendo que eles estavam brigando! – o piloto, Rick, disse assim que entrou.
- Acabaram meu tesão. – Tom reclamou saindo de cima de mim – Poderiam ter me dado dez minutos!
- Dez minutos? – Suzan me encarou – Você se contenta com apenas dez minutos?
- Para ser sincera não, mas nas circunstâncias em que nos encontrávamos era o mais viável. – falei tentando disfarçar meu tom de irritação. Não era para eles terem nos interrompido, porque eu faria isso, e o Tom ficaria com vontade até a hora de chegarmos em casa. – Mas enfim, já estou cansada da cara de vocês por hoje, vou para casa.
Empurrei o Tom e me levantei, dando as costas. Completei dizendo:
- Até mais curiosos! – acenei de costas.
- Hey, espera! – meu namorado gritou, vindo logo atrás.
Acho que o jeito seria terminar o que começamos em minha cama, na nossa residência.


* * *

  
 Point of View: Lucy Mason


- Mais uma vez, Nath. – disse tranquilamente sentada ao seu lado.
- Ok. – ele respondeu confiante, balançando a cabeça.
Seguia a partitura que estava em sua frente, com a minha mão eu indicava os movimentos que deveria fazer, dos mais suaves, aos meus fortes. Era um grande avanço com cinquenta minutos de aula.
- Consegui! – falou ainda tocando – Ah, merda! – xingou assim que errou os dedos. O barulho descoordenado surgiu e eu ri, enquanto ele parava e coçava os cabelos assanhados – Desisto por hoje.
- Tudo bem, vou te dar uma folga. – respondi com um sorriso, não podia exigir muito do garoto – Mas mesmo, você foi muito bem.
- Sério? Estou sentindo que fui péssimo. – falou olhando as teclas brancas.
- Querido, você é ótimo com os dedos. – pisquei espertamente – Sabe exatamente, como, onde e quando tocar.
Nath deixou a boca entre aberta me encarando:
- Você está falando em que sentido? – perguntou franzindo a testa.
Soltei uma risadinha e mordi o lábio inferior:
- Ah! Tarada. – Nath bateu a mão nas teclas e fez careta assim que ouviu o barulho irritante. Olhou com reprovação para o piano e depois se voltou para mim – Já pensou em algo polêmico aqui em cima?
- Nath! Estamos tendo apenas aulas, não ensinamentos pornográficos. – o repreendi séria.
- Você me vem com essa conversa para me dizer que não quer nada? – fez um rosto impressionado.
- É, eu não quero nada de você... – calei-me por alguns segundos, mexi em meu cabelo – Ao menos não agora.
- Sei... – disse desconfiado.
- Acho que vou ao banheiro. – levantei-me – Já venho.
Saí pela sala de música da sua casa, indo em direção ao banheiro que ficava logo ao lado. Tranquei-me lá dentro, encarando-me no espelho.
Tirei meu casaco vermelho, minha blusa branca. Despi minha saia, tirei meu oxford vinho, minhas meias da cor da blusa, desfiz o nó em meu cabelo preso. Os óculos de armação preta, estilo nerd, foram colocados sobre o balcão.
Fui em direção a maçaneta, abrindo-a lentamente:
- Agora eu quero algo de você. – disse, apoiando-me no portal, apenas de roupas íntimas – O que acha de desenhar partituras em meu corpo?
- Ah, Lucy Mason! – Nath gritou antes de vim atrás de mim com o rosto completamente animado.




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Capítulo II

Nova Iorque




   Point of View: Lucy Mason 

Oxford University

Lucy Belle Mason – Aceita
Nathan James Sykes – Aceito
Thomas Anthony Parker – Aceito
Victoria Jade Foster – Aceita

Corri pelo corredor da minha residência com o envelope de letras negras que indicavam a Universidade de Oxford. Meu coração estava nas mãos e um sorriso fazia parte de todo meu rosto:
- Também fui aceita! – exclamei da porta do meu quarto.
Duas pessoas correram até mim, tão felizes quanto eu. Abraçamo-nos, demos pulinhos e comecei a chorar descontroladamente:
- Lu, calma... – Nath disse envolvendo minha cintura, enquanto eu aconchegava meu rosto de lágrimas quentes em seu peito. Vicky, atrás de mim, acariciava meus cabelos.
- Bobona! – disse com a voz divertida.
Comecei a rir abafadamente. Meu Deus, eu ia para Oxford!
Soltei-me do Nath e corri pelo quarto, de um lado para o outro, dei um grito agudo amassando o papel quase todo em minhas mãos.
Fui para a varanda e chamei a Vicky com o dedo, ela veio até mim e logo gritei:
- CASSETE! VOU CAUSAR NA FACULDADE! – uma senhora que passava com sua criança tapou os ouvidos da garota – PUTA QUE PARIU! – completei mostrando os dois dedos do meio e segurando o envelope com a boca.
Vicky apenas ria:
- Grita abestada! – cutuquei para que fizesse o mesmo.
- Não, Lu. – ela disse envergonhada – Se quiser pague de louca sozinha.
- Sozinha uma porra! – Nath disse surgindo ao nosso lado – VOU SER MÚSICO! VOU SER MÚSICO! – ele gritou pendurando-se na grade da sacada – QUERO TOCAR SEU VIOLÃO! – apontou para uma skatista que passava com duas amigas, tinha a maior cara de lésbica. – MESMO QUE VOCÊ TENHA UM PÊNIS! – completou e gargalhei.
- HEY PUTOS! – Tom disse lá de baixo, aparecendo de repente com seu skate, jogou-o por cima do muro e em seguida pulou-o todo vândalo – NÃO GRITEM SEM MIM! – disse revoltado.
- Nem se atreva a subir pela trepadeira! – avisei assim que ele fazia menção de fazer isso. Mas não adiantou muito e o safado desobedeceu.
Deixou o skate lá por baixo e segundos depois já passava a perna para dentro da sacada. Uma tapa voou em seu braço:
- Ela não disse que era para não subir pela trepadeira?! – Vicky reclamou e cruzou os braços – Namoro um homem ou um macaco?
- Um macaco. – ele sorriu e beijou sua bochecha – O King Kong de preferência. – disse satisfeito.
Nath me encarou:
- Anota aí. – apontou para a mim e peguei um bloco imaginário, mais uma caneta invisível – Hoje, Nathan James Sykes deixou de gostar de macacos. Ponto.
Olhei para o Nath sorrindo sem mostrar os dentes:
- Vai à merda, Nathan! – Tom resmungou.
- Se a merda se transformar em Oxford, é para lá que eu vou! – levantou os braços abertos e olhou para o céu.
- Então vamos todos para o buraco que não bate sol. – concluí enojada.
Riram de minha cara enquanto eu observava o envelope que saía pela bermuda do Tom:
- O que é isso? – perguntei.
- O exame de gravidez da Vicky.
- O QUE? – Nath e eu gritamos juntos.
Minhas pernas tremeram:
- Deixa de ser mentiroso, Thomas! – minha amiga disse puxando o papel do bolso – Isso é a carta de Oxford do Max.
- Ah, legal! – Nath exclamou.
- Mas por que ele está com isso? – falei sem compreender nada.
- Quando recebemos as nossas cartas – a Vicky começou a explicar – Lembrei-me que Max está em Nova Iorque e que a universidade enviaria o seu resultado para a sua antiga residência.
- No caso a casa do senhor George. – Tom completou.
- Então enquanto vinha para cá, pedi para que o Thomas passasse por lá para ver se o tio George tinha recebido a resposta.
- Acontece que ele não estava em casa e pelo número de correspondências que havia acumulado na caixa de correio, acho que não aparece para alimentar os gatos há um bom tempo. – o garoto disse pensativo.
- Vai ver ele viajou. – Nath sugeriu.
- Pode ser. Depois da separação, quem sabe. – completei seu pensamento.
- Tanto faz. – Vicky disse indiferente – O que importa é que o gnomo pegou o que tinha de pegar...
- Como sempre. – falou convencido.
Victoria revirou os olhos:
- E agora podemos ligar para o Max e perguntar se ele quer saber a resposta.
- Como se ele não soubesse. – Nath disse – Se eu, a Lucy e Tom passamos, imagina ele!
Tom e eu nos entreolhamos:
- O burro aqui é você, Nathan. – o outro garoto disse – A Lu é sua namorada, então é burra junto com você.
Arregalei os olhos:
- E o senhor? O que é? – perguntei desafiadora.
- Tom Parker, o fodástico, prazer. – estendeu a mão enquanto lhe mostrava o dedo do meio.
Vicky riu:
- Agora deixem de infantilidade, vamos ligar para o Max! – falou autoritariamente animada.
- Eu pego o telefone! – Nath saiu correndo pelo quarto. Entramos e vimos o garoto tropeçar na cadeira da mesa do computador antes de alcançar o aparelho para chamadas – Aqui! – disse entregando-me.
Disquei os números conhecidos, encaixei o telefone em seu descanso e coloquei no viva voz:
- Quem é? – uma voz rouca perguntou do outro lado.
- Max? – falei receosa.
- PORRA LUCY! VOCÊ SABE QUE HORAS SÃO? – gritou irritado.
- Oito horas? – disse com certo medo. Tom segurava a risada e Vicky tinha um rosto compreensivo. Nath estava jogado na cama.
- Oito horas? Claro que não são oito horas! – ele disse, abaixando o som da voz – É hora de dormir! Aqui é muito mais cedo que aí! – explicou e bati na testa. Sempre me esqueço dessas diferenças.
- Desculpa. – falei e soltei uma risadinha – Foi sem querer.
- Como sempre. – suspirou e ficou um tempo calado – O que você quer?
- Queremos saber se você quer saber que a gente saiba se você passou em Oxford. – Nath disse intrometido, olhei sua pose preguiçosa, estatelado na cama e seduzindo o teto.
- Ah, oi Nathan. E o que? – Max falou com a voz completamente duvidosa. Nem eu que sabia o nosso objetivo entendi o que o Nath falava.
- Eu quis dizer que...
- Ele não quis dizer nada. – Vicky o interrompeu.
- Quem mais ta aí? – ele perguntou assustado.
- O coelhinho da Páscoa. – Tom disse – Mas ele está com vergonha de falar com a gazela cor de rosa.
Nath e Tom riram, Max suspirou entediado.
- Mais alguém?
- Não. Apenas eu, Vicky, Nath e Tom. – falei.
- Certo. Agora uma pessoa menos enrolada me diz o motivo de terem me ligado?
- Vou te explicar Max. – Vi disse aproximando-se da mesa do computador e sentando-se na cama, já que o telefone ficava perto. – Hoje chegaram as cartas do resultado de Oxford.
- Mesmo? – falou assustado – Ai, meu Deus!
- ‘Ai, meu Deus’. – Nath imitou com voz afeminada e abafei uma risadinha.
Ignorando, Vicky prosseguiu:
- Tom foi buscar seu envelope em sua casa, mas seu pai não estava lá, então roubou da caixa de correio.
- Não tem problema. – Max falou com descaso.
- Então ligamos para saber se você quer que a gente veja a resposta. – disse ansiosa, sentando-me ao lado da minha amiga. Tom empurrou-me para o lado, ficando entre mim e ela. Nath ajoelhou-se na cama, abraçando minha cintura por trás e apoiando o queixo em meu ombro – Você quer?
- O que você acha? – disse agoniado – Abre logo isso, Lucy!
- Ok! – respondi empolgada – Me dá!
Arranquei o papel da mão da minha amiga e abri-o sem cerimônias.
- E aí? – perguntou apreensivo.
- Max, desculpa. – fiz uma voz triste. Nath mordeu meu ombro abafando uma risada – Você não passou.
- O QUE? – gritou – Como eu não passei? Achei que tinha feito uma prova tão boa! – sua voz tornou-se chorosa.
- Não se preocupa cara, você pode ver se sua nota serve para alguma faculdade furreca dos Estados Unidos. As pessoas aí são mais livres em relação a isso. – Tom contribuiu para o enrolamento a Max George.
- Mas eu preciso de Oxford! – ele exclamou – E vocês? Vocês passaram?
- Todos nós. – Vicky falou entrando na brincadeira – Com notas excelentes.
- Até o Nathan? – disse receoso.
- Até ele! – Tom fingiu incredulidade.
- Hey, estou aqui! – Nath resmungou – Assim Max, você ta fodido. Mas a gente não vai abrir mão de um amigo que perdeu a inteligência.
- Eu perdi a inteligência? Oh, meu Deus, Nathan! Foi isso! Eu sou sem cérebro! – Max disse dramaticamente.
Levantei-me. Precisava rir!
- É cara, você tem que conviver com isso. – Nath prosseguiu – Não é fácil ser burro no meio de pessoas espertas como eu.
- E o que será de mim?
- Não será nada, você perdeu a competência para ser qualquer coisa. – Tom falou diretamente.
- Tom! – exclamamos juntos, fingindo repreensão.
- Será que a Katy passou? – Vicky perguntou – Vai ver ela pode ter se desgraçado que nem você! – fez uma voz animada.
- Eu não quero que ela se ferre só para contribuir com a minha ignorância! – sua frase saiu completamente heroica.
- Dá para acreditar? – Tom sussurrou apontando para o telefone.
- Acho que vou ligar para ela, fazer uma conferência. Já venho. – Max calou-se por alguns segundos. Ouvimos barulhos de números discados, enquanto nos entreolhávamos risonhos.
- Eu não tomei a tequila, papai! – Katy atendeu com voz de sono – Max?
- Oi, Kay. Sonhando com bebidas de novo? – ele perguntou intimamente.
- Pois é. Acho que foi porque eu bebi com a Carlie a vodka inteira do bar daqui de casa. – ela falou com voz arrastada – Puta que pariu, isso é hora para se ligar? – exclamou de repente.
- Desculpe, é que chegaram os resultados de...
- Oxford? – ela interrompeu o garoto – É, eu sei. Meu pai ligou dizendo que eu havia passado. Depois voltei a dormir e...
- COMO ASSIM? – Max gritou.
- Calma Maxzinho. – tentei tranquilizá-lo.
- Quem está aí com você? – Katy perguntou ciumenta.
- Oi, Katy! É a Lucy!
- Lucy? LU? Você está... Você ta com o Max?
- Não querida, eu estou em casa, isso é uma conferência. – expliquei-me – Digam oi para Katy.
- Oi, Katy! – Nath e Vicky falaram.
- Morra. – Tom esperou os outros ficarem quietos para se pronunciar.
- Oi, cus. Morra você também Tom. – ela retribuiu.
- Max? – Vicky perguntou.
- Max? – Katy imitou a outra.
- Eu, eu... – ouvimos um suspiro – Vou desligar gente, tchau.
Um silêncio ficou no telefone por um tempo, mas logo foi interrompido:
- Ai, que gay, deve ser a TPM. – Katy disse animada – Vou sair, passar na casa dele.
- Espera gata! – parei-a.
- Que foi?
- O Max passou em Oxford, mas ele acha que não. – Tom falou.
- É que semana que vem devemos estar indo para aí, comemorar o aniversário com ele. Então vamos dar essa notícia pessoalmente. – Vicky falou.
- Ai que lindo! – pude até ver os olhos da garota brilhando – Depois dessa vou ficar sem dormir até vocês chegarem.
- Impossível. – Nath sussurrou e eu ri.
- Tchau amiguinhos!
- Tchau amiguinha! – respondemos juntos, menos Tom.
- Não vou com a cara dela. – ele disse balançando a cabeça.
- Você não vai com a cara de ninguém que presta. – provoquei apontando para mim mesma.
- Ela se ilude fácil! – Tom riu conversando com o Nath que lhe mostrou o dedo do meio. Voltou-se para Vicky buscando apoio, mas essa balançou a cabeça negativamente.
- Enfim... – Vicky deixou de olhar Tom, virando-se para mim e Nath. – Devemos nos preparar para os Estados Unidos.
- New York City... – comecei a falar levantando os braços.
- Aí vamos nós! – Tom e Nath gritaram juntos.


* * *

  
 Point of View: Victoria Foster

Como o meu curso e de Tom eram apenas de duas semanas, logo o terminamos, mesmo que não tenham nos deixado pular sozinhos. Nathan e Lucy tiveram a liberdade de treinar o piano quando queriam, mas a garota era bem rígida, o que contribuiu para que o seu namorado aprendesse bastante.
Há alguns dias atrás pegamos nossos documentos do colégio que serviriam para os arquivos da Universidade. Quando voltássemos dos Estados Unidos, teríamos tempo o suficiente para nos organizarmos em Oxford até as aulas de setembro começar. Antes disso chegar, vinha a festa de aniversário de Max George ainda nesse mês e em agosto o Happy Birthday meu e de Katy. Resumindo, muito para se acontecer em algumas semanas de liberdade.
 Lucy despedia-se animadamente da sua mãe. Nathan trouxe sua mala, colocando no táxi. Tom e eu acenamos para tia Eliz da janela.
- Estou tão feliz! – Lu exclamou espremendo-se no banco de passageiros. Seu namorado acomodou-se na frente.
- O Max vai se matar quando souber que passou na Universidade e que não contamos até agora. – Tom falou com um olhar maligno no rosto.
- Katy contou que no final de semana vai ter a maior festa que um nerd poderia ter. – Nathan comunicou virando-se para nós.
- Vocês gostam de humilhar o garoto. – Lucy balançou a cabeça negativamente.
- Ele pede para ser zoado. – ri e segurei a mão do Tom por cima da minha coxa – Aposto que o tema da festa será algo sobre espaço.
- Exatamente isso. – Nathan falou sorrindo – Espero que ele vá de astronauta e que ninguém o reconheça.
- Ia ser muito foda! – Tom disse gargalhando alto enquanto ele e o outro retardado batiam a mão, comemorando.
Lucy e eu nos entreolhamos:
- Não fale da roupa dos outros se você ainda não escolheu a sua. – Lu fechou os olhos ao falar, com o maior ar de Blair Waldorf.
- Concordo. – balancei a cabeça positivamente – E os presentes? O que arranjaram?
- Comprei a trilogia de De Volta Para o Futuro! – minha amiga disse de olhos brilhantes – E você?
- HQ’s de Guerra nas Estrelas. – falei emocionada – Se não fosse um presente muito bom, eu roubaria para mim! – assumi rindo.
- Para falar a verdade... – Tom intrometeu-se – Eu até sugeri dela realmente roubar os gibis e dizer que a mala que estava com eles foi extraviada.
- Que maldade! – Lucy falou tampando a boca e rindo.
- E você Nathan? – perguntei curiosa.
- Comprei um Ken com roupa da NASA. – sorriu esperto – Ele vai amar, biba! – fez voz gay e ele e Tom trocaram cumprimentos coloridos, batendo as mãos novamente e fazendo carão.
- Depois o gay é o outro. – sussurrei para a minha amiga que balançou a cabeça positivamente.
- E você? – ela perguntou ao ser perturbado mentalmente ao meu lado.
- Um pênis. – disse com simplicidade.
- Pênis? – Lu e Nathan questionaram juntos.
- Sim, um pênis rosa. É que eu acho que ele nunca ouviu falar de sexo. Na embalagem do consolo tem explicando o que se pode fazer. Eu acrescentei que era para ele dar de presente a Katy. – explicou.
- Por que para a Katy? – Nathan perguntou.
Olhei para ele já tendo ouvido a resposta e esperando que ele contasse aos outros:
- O cara não trabalha! Pelo menos assim ela pode dar para um consolo! Assim o Max não vai ser obrigado a perder a virgindade antes do casamento!
- Antes do casamento? – Nathan gritou e começou a rir.
- Pois é... – Tom fechou os olhos – Já a Katy...
Lucy e eu nos entreolhamos novamente antes de gargalhar imaginando Max George sendo trocado por um pênis cor de rosa.
Coitado!



* * *

- Amiguinhas!
Katy gritou assim que nos viu.
Antes de tudo, segurava uma placa dizendo ‘SOU KATY, KAY, BITCHES LONDRINAS ME VEJAM!’. Como se não soubéssemos quem era ela!
- Ai, amiguinha, lindinha, fofinha, gostosinha, Heronilda! – Lucy disse apertando-a e dando um abraço duplo, que foi transformado em triplo, assim que me juntei as duas.
- Oi, gatíssima! – exclamei abafadamente em meio aquele aperto.
- Macho alfa chegando! – Nathan disse sorrindo tornando-se o quarto na muvuca.
- Você não vai Tom? – Max, que havíamos visto, mas não tinha movido um músculo ao nosso encontro, disse, observando meu namorado.
- Não gosto de contato com trabalhadoras noturnas. – falou com simplicidade, empurrando em nossa direção o carrinho com as minhas malas e as dele.
Katy afastou-se da gente. Aproximando-se do Tom cerrou os olhos e foi descendo a vista, da cabeça aos pés.
Deu um pisão forte com seu salto agulha e sorriu satisfeita ao ver Tom gritar de dor.
- Merda! – resmungou levantando a perna com o pé machucado.
- Imbecil. – ela falou revirando os olhos e voltando para nós.
Procurei Lucy que deveria estar ao meu lado, mas essa, já estava presa ao tronco do Max, sorrindo fofamente, com a cabeça encostada ao corpo dele e com as mãos levantadas até a bochecha do garoto, que eram apertadas mortiferamente.
Nathan observava a tudo tranquilamente, sem se importar:
- Maxzinho! – disse ela com a voz infantil.
Ele apenas ria, retribuindo carinhosamente.
- Ok, chega. Dá espaço e deixe-o respirar e cumprimentar os outros amigos! – falei instintivamente. Não queria assumir na frente do George, mas ele fez falta – Agora vem cá gostosão! – falei de braços abertos.
- Vem você! – disse ele assim que Lu se afastou.
- Claro que não vou. – falei como se fosse óbvio – Você é o homem, você que se movimenta, você que faz algo.
- Mas Victoria Foster não é feminista? Onde fica a sua iniciativa? – retrucou cruzando os braços e não se movendo.
- Mas o feminismo não envolve isso...
- Depois falam de nós dois. – Tom sussurrou para Lucy que concordou com a cabeça.
- Ah, não quero mais contato físico com você! – exclamei desistindo. Eu não sairia dali, nem ele. Então que fiquemos no empate.
Nathan foi até Max, dando-lhe um abraço másculo:
- E aí, George? – falou apertando a mão do amigo – Como andam as gatas?
- Ando com as pernas, Nathan. – Katy intrometeu-se respondendo a pergunta. Era claro que, mesmo que ela e Max não tivessem nada sério, a garota daria uma de ‘possessiva, estou de olho em você, mato piranhas e homens galinhas’.
- Bem, ela já falou por mim. – Max disse dando de ombros – E você cara? Aprontando?
- Assim...
- Assim, Maximilin George, mais uma pergunta dessas e você vai ser pendurado pela cueca na estátua da liberdade. – Lucy disse ameaçadoramente.
Max riu levantando os braços fingindo rendição.
- E você Tom? Esqueceu que sou seu amigo? – perguntou a ao moreno, que o olhava indecifrável.
- Sou o único pensante aqui, ou ninguém percebeu que esse não é Max George?
- Como? – falei levemente assustada.
Voltamo-nos para Max, que estava parado ao lado da Katy, visivelmente incomodado por estar sendo analisado.
Tom tinha razão, não era nosso Max George.
- Você está... – Nathan começou a falar.
- Diferente. – completei.
- Pessoas mudam, só para deixar claro. – ele sorriu parecendo satisfeito.
Lu aproximou-se dele com os olhos cerrados. Cutucou no bíceps do amigo:
- Músculos.
Arregalou os olhos voltando-se para nós, apontou para o braço de Max:
- Músculos. – sussurrou.
Tom abafou uma risada.
Maximillian Alberto George, o garoto magrelo, nerd, sem cabelo e de camisas de desenhos de vilões, não existia mais. George, o garoto de Nova Iorque estava em nossa frente.
Havia um pouco de cabelo em sua cabeça, mais em cima e raspado dos lados, o corpo visivelmente malhado, sem exageros, a pele um pouco mais bronzeada e a camisa branca de gola v, manga comprida, mas dobrada até a cima dos cotovelos, deixavam-no em uma visão bonita, mas completamente diferente do que foi o seu passado.
- Andei dando boas influências a criança. – Katy sorriu animadamente, alisando a careca, nem tão careca, de Max e descendo a mão pelas costas dele.
Ele o olhou com desaprovação:
- Menos Kay. – reclamou.
Katy fez um barulho incomodado com a boca e saiu de perto dele:
- Vamos indo? – perguntou sentando-se sobre a mala azul escuro do Nathan, que estava na mesma pose que o Tom, os ‘responsáveis pelo carrinho’ – Faça o favor de carregar-me.
- Mas é muito folgada mesmo! – o primo reclamou balançando o carrinho, fazendo Katy cair sobre a mala que estava atrás da que estava sentada, uma menor e vermelha, que era da Lucy.
A garota xingou abrindo as pernas e acomodando-se sobre a bagagem da amiga:
- Obrigada pela ajuda, muito mais confortável. – provocou.
- Ah, puta que pariu! – Nathan disse saindo de perto do carrinho – Carrega teu encosto, Max.
Apontou para a prima e andou em direção a Lucy, enquanto Max, rindo, ia ocupar a antiga posição do amigo.
Fiz o mesmo que Katy e me acomodei sobre minha própria mala. Tom não reclamou, pois em Londres eu havia feito a mesma coisa, o que já tinha levado a uma briga e agora ela não iria se repetir, porque o garoto não tem direito de reclamar de nada.
Fomos empurradas pelos nossos ‘empregados’, enquanto Lucy e Nathan andavam de mãos dadas mais a frente, vez ou outra apontando para placas e locais que surgiam no aeroporto.
Finalmente saímos. Sorte que o carro da mãe de Max era do ‘tamanho família’, dando todos lá dentro. Ainda bem que ele havia pensando nisso:
- E onde ficaremos? – perguntei, pois chegamos a um lugar que não sabíamos exatamente onde se hospedar.
- Em minha casa. – Max respondeu, dirigindo.
- Ah, não! Queria que fosse na minha! – Katy resmungou ao seu lado.
- Por que você não fica lá? – ele disse revezando entre olhá-la e observar a pista.
- Posso? – a menina disse esperançosa.
- Claro. – ele falou em tom óbvio.
- Yeah! – Katy exclamou comemorando.
Era completamente estranho ver o relacionamento ‘te pego para uns beijos e mais nada’ de Max George e Katy Sykes.
Lucy e eu, que havíamos nos sentado perto, olhávamos Nova Iorque passando pela janela, apontando para lojas, pessoas, roupas, prédios, restaurantes e tudo que pudesse nos encantar a ponto de dar chilique! Lu, muito mais exagerada que eu, claro.
Passando pelo Central Park, Max levou seu carro a uma rua de prédios de aparência antiga, mas a parte visível do interior da maioria deles era completamente moderna. Estava adorando essa mistura.
- Depois leve as malas para o apartamento. – Max disse entregando a chave do carro ao trabalhador do edifício Duchess Rose.
Entramos sendo guiados por ele e Katy. O piso era brilhante de mármore cinza, havia pilastras pretas e vasos de flores amarelas espalhadas por móveis de enfeite.
Dirigimo-nos a um elevador particular. George apertou o botão e silenciosamente ficamos no cubículo, ansiosos para nos acomodar, conversar e rir da cara daquele ser que não sabia que era um universitário.
Era visível pelo seu jeito que as coisas não estavam bem:
- Chegamos! – exclamou quando as portas abriram.
Katy foi a primeira a sair:
- Senhora George! – gritou e logo Debby apareceu animadamente.
- Oh, chegaram! – disse simpática, vindo ao nosso encontro – Não sabem como é agradável ver rostos conhecidos. – sorriu e abraçou a Lucy – Como vai querida?
- Bem, senhora George. – a garota respondeu educadamente – E a senhora?
- Melhor impossível! – Debby George exclamou com felicidade visível.
- Ela está namorando aquele certo amigo que a convenceu de se mudar para cá. – Max sussurrou para mim e para Tom.
- Aaaah! – respondemos em uníssono.
- Nathan! – foi a vez de Nathan receber o abraço – Nossa, seus olhos estão mais esverdeados!
- É por ver a senhorita George, sempre tão bonita! – falou galanteador.
- Como sempre muito gentil! – ela disse dando-lhe um leve tapinha no braço – Tom, Vicky! – abriu os braços e fomos até ela. Abraçamo-nos juntos. Era uma mãe bastante acolhedora, completamente explicável o jeito do filho.
- Mãe, vou levá-los aos quartos de hóspedes, tudo bem? – Max falou.
- Claro filho. – Debby respondeu, retribuindo o abraço de Katy.
- Vamos.
Max disse e começamos a segui-lo. Subimos uma escada em espiral, que dava para um corredor cheio de portas. Andamos por ele:
- Vocês não poderão ficar juntos. Ao menos não aos olhos da minha mãe. – informou, abrindo a quarta porta do lado esquerdo – Nathan ou Tom.
- Eu. – Tom disse antes que Nathan pudesse falar qualquer coisa.
- Você fica com a porta seguinte. – Max falou para Nathan que olhava tristemente para o quarto pintado de azul. Parecia ter gostado dele, mas seguiu em frente, abrindo a próxima porta.
- Por que não podemos ficar juntos? – perguntei.
- Porque se alguma das três aparecer grávida, minha mãe não vai querer ser a culpada por isso. – explicou-se – Seu quarto, Kay. – abriu mais uma porta que ficava em frente ao quarto de Nathan – O cômodo do lado é da senhora George. Então nada de barulho de madrugada.
- Então vamos ter que pular a janela e furnicar no provador de uma loja de roupas? – Lucy falou totalmente pensativa.
- Não exatamente. Vocês podem dar uma fugidinha tarde da noite, como normalmente a Katy faz.
- Ui, Maximillian! – Lu exclamou dando uma tapinha no ombro do amigo, enquanto ele sorria sem jeito – Ah, Max!
- Que? – perguntou abrindo mais uma porta, dessa vez a cor era lilás.
Achei lindo.
- Posso ficar com a Vicky? – a menina juntou as mãos perto do rosto, fez cara de cachorro abandonado.
- Por um acaso convidei? – perguntei escorando-me na parede.
- Não, mas sou enxerida. – sorriu esperançosa – Por favor, por favor, por favor! – suas bochechas estavam tão comprimidas pelo sorriso que parecia que ela auto se apartava – Se quiser ficar a sós com o Tom só é ir para o quarto dele, aí esse daqui será o quarto imaculado sem pecados e só amor!
Depois dessa não resisti, gargalhei e respondi logo para que ela parasse de filosofia:
- Tudo bem! – falei – Mas só se me deixar apertar as suas bochechas.
- NÃO! – ela gritou e cobriu o rosto.
Max observava calado:
- Vai, Lucy! – exclamei tentando alcançar o seu rosto, ela ria e se cobria contorcendo-se.
- Por um bem maior. – Max finalmente falou, apoiando-me.
- Ah, ok, ok. – Lu concordou com a cabeça – Mas sem muita força, amiguinha.
 Jura mesmo que eu ia respeitar o que ela disse?
Quase arranquei as bochechas da garota com as minhas mãos e Max George pareceu completamente vingado pelo aperto que levou mais cedo.
- Então, fiquem aí, que vou para meu quarto. Daqui a pouco passem por lá e chamem os outros.
- Tudo bem. – sorrimos juntas e fui puxada para dentro do cômodo.
Lu correu até a janela, olhando por ela ficou apontando e disse:
- É Nova Iorque!
- Eu sei! – sorri e fui para onde estava ficando ao seu lado. Abraçamo-nos e ficamos vendo como até mesmo o verde de uma planta, de uma árvore de rua em New York parecia mais bonita do que em qualquer outro lugar. – Quando contaremos ao Max a verdade?
- Daqui a pouco. – Lu sorriu – Pode deixar. – piscou malignamente.
Às vezes tenho medo dessa minha amiga e até mesmo do meu próprio namorado.



* * *
















Um comentário:

  1. Vc poderia ajuda a divulga essa fanfic do The Wanted da minha prima? O nome é I wanna stay,se puder ajudar obrigado o site é esse http://i-wanna-stay.webnode.com/

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