sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Guilty Pleasure (2ª Temporada - Especial NY)

Especial Nova Iorque





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Capítulo III

Give a little more

Capítulo com +18



   Point of View: Lucy Mason  


- Todas as malas estão certas. – Vicky conferiu enquanto arrastávamos nossas bagagens para dentro do quarto.
Com certa dificuldade as pusemos na cama, desfizemos a arrumação e guardamos dentro do closet.
Iríamos ficar tempo o suficiente para nos sentirmos em casa a ponto de ter direito a guardar as roupas em closet alheio.
- Acho que já devemos ir para o quarto do Max. – Vi falou após colocar no lugar seu sobre-tudo de cor dourada.
- Tem razão. – falei – Já perdemos tempo demais com isso. – apontei para a divisão de peças, as minhas vermelhas, brancas e pretas, as dela roxas, lilás e pretas.
- Aposto que todos já estão zoando o Max sem nós. – ela riu.
- Será que já contaram tudo para ele? – alertei-me. Era bem a cara do Tom e da Katy falarem antes da hora apenas para nos dar o desprazer de não participar da piada.
- Eles não seriam loucos. – Vicky tranquilizou-me enquanto íamos em direção a porta – O Tom não seria louco. – ela frisou ameaçadoramente, sorri em seguida – Já a Katy, se a gente bater nela, uma vez, nunca mais apronta na vida.
Comecei a rir alto no corredor, tapei minha boca para não parecer tão escandalosa.
Deixei Vi me guiar para o quarto do Max, pois eu não me lembrava onde ele tinha dito que era:
- Aí eu ofereci o chocolate a Victoria e acabei levando-o todo na cara! – Tom falava distraidamente.
- E o mais ridículo era que parecia merda! – Nath completou – Eu fazia questão de apontar que o anus dele era na boca!
- Que nojento! – Katy fez careta e Max morria de rir com aquela risada escandalosa e aguda.
- Contando nossas intimidades, querido? – Vicky falou de repente.
- Vi! – Tom exclamou meio assustado – Intimidade seria eu falar a cor da sua calcinha... – explicou-se.
- É verdade. Pelo menos você está falando sobre como eu gosto de te fazer passar vergonha. – ela sorriu sentando-se ao seu lado.
Max e Katy estavam encostados sobre os travesseiros que ficavam do lado do espelho da cama. Kay escorava-se sobre o ‘peguete’. Tom acomodou-se na ponta, deitando-se de lado, apoiado no cotovelo, observando os outros dois. Vicky sentou-se perto dele, depositando a mão sobre a perna do namorado.
Nath estava encostado em um móvel onde ficava a televisão de plasma, aparelho de som e vários DVDs.
- Oi. – sussurrei assim que cheguei perto.
Deixei a conversa dos outros rolar, queria ficar um pouco com meu garoto:
- Oi. – ele disse de volta, sorrindo.
Encostei-me no mesmo lugar que ele e senti seu braço envolver minha cintura:
- Está gostando? – perguntou com a voz baixa.
- Mais que tudo! – exclamei feliz – Esperava tanto vir para cá.
- Eu sei. – ele falou como se fosse óbvio – Aqueles ali – apontou para os que estavam na cama – São uns bobocas de acreditar que você ficou triste do Max ter ido embora.
- Por quê? – falei sem compreender.
- Porque você adorou o fato de ter um amigo aqui, para poder dar a desculpa a sua mãe de vim passar as férias seguramente, com direito a saber das novidades de moda que rolam pelas melhores cidades dos Estados Unidos. Esse tipo de coisa de garota que você gosta e que Max entende muito!
- Ah, cala boca! – resmunguei rindo e dando um soquinho de leve na barriga do Nath.
- Então, resumindo, você aproveitou a desgraça da Barbie. – completou fechando os olhos, seguro de si.
- Isso daria um bom filme adolescente! – exclamei de repente, me desencostando do móvel e soltando seu braço de mim. Fui para sua frente empolgada – ‘Desgraça da Barbie: como um cabelo loiro pode trazer grandes desafios!’ – meus olhos brilharam de emoção – Ai, que lindo!
Nath gargalhava cada vez que eu falava qualquer coisa sobre os complementos do besteirol americano:
- Hey, hey... – sussurrou. A risada estridente de Max foi ouvida mais uma vez pelo quarto – Dá para parar de falar um pouquinho? – disse, colocando suas mãos em meus braços e descendo até meus dedos, puxando-me sem força para si – Às vezes você desembesta com um monólogo!
- Como a Vicky diria. – falei enquanto ele me abraçava, beijando meu pescoço em seguida. Sempre que me empolgava em um assunto a minha amiga dizia que eu começava um monólogo sobre ele – Desculpe. – disse sem jeito.
Ele sorriu me encarando com seus lindos olhos avelãs e seus dentes grandões aparecendo pela boca entre aberta:
- Mas eu gosto. – Nath disse e acariciou meu rosto com as costas dos dedos – Você fica engraçada.
- Hey! – falei colocando as mãos na cintura, por cima dos braços dele que me envolviam – Você gosta é de rir de mim!
- Não! Não é isso! – Nath ficou nervoso – Eu quis dizer que...
- Que? – provoquei.
- Ah, Lu! Não pressiona! – disse em tom de desistência, gargalhei alto apoiando-me sobre seu corpo – Que foi?
- Eu, eu... Estou apenas brincando! – tentei dizer em meio à risada.
- Como sempre, me enrolando facilmente! – falou meio revoltado.
- Do mesmo jeito que eu fico ‘engraçada’ em um monólogo, você fica muito comestível revoltado. – mordi meu lábio inferior ao dizer isso. Nath sorriu satisfeito, tocou meu rosto e levou-o até o seu.
Meus lábios se projetaram para os seus que rapidamente os envolveram, a língua quente acariciou cada canto da minha boca. Fomos desacelerando e mordi várias vezes your lips.
- Tem gente que se aproveita da distração alheia. – ouvimos a voz de Katy e rimos.
Nath me abraçou enquanto eu escondia meu rosto em seu peito, ainda de costa para os outros. Não queria que eles estivessem ali.
- Se socializem, por favor! – Max falou – Vocês podem se agarrar em Londres, aqui todos são meus! – disse autoritário.
- Eu pertenço a um homem! – Nath exclamou dramático.
- Gay, gay, gay... – Tom começou a cantarolar.
- Ok, se é para Tom ficar com ciúmes do romance entre vocês – apontei de Nath para Max – Vou me manifestar na conversa. Pelo menos assim, todos se amam.
Soltei-me do Nath e pulei sobre o corpo do Tom, empurrando a Vicky e o namorado, até chegar às pernas de Katy e Max e me deitar entre eles:
- Sabe o que isso esta parecendo? – a Vi falou voltando a posição anterior.
- O que? – perguntamos curiosos.
- A capa do DVD da segunda temporada de Gossip Girl. – falou.
- AI, É MESMO! – gritei animada, de olhos brilhando, observando o teto e sonhando – Gente, vamos tirar uma foto!
- Vamos, vamos! – Katy disse tão empolgada quanto eu – Vem Kiwi! – ela me puxou e consegui me ajeitar de maneira mais apresentável.
- Toma a câmera. – Max disse pegando-a no criado mudo e entregando a Nath – Coloca no móvel em frente à televisão e deixa na contagem.
- Ok, ok. – ele falou fazendo o que o amigo disse.
Jogou-se sobre nós e arrumou-se entre minhas pernas:
- Todo mundo com carão! – Vicky disse.
- Coisa de bicha! – Tom resmungou e segundos depois o flash piscou pelo quarto.
- Ok, todos dizendo “Willy Wonka!”. – falei antes de posar.
Vicky correu e gostou do que viu, jogando a câmera para que a gente observasse:
- Vou dar um jeitinho nela e vou colocar no facebook! – comentei – Nossa primeira foto em Nova Iorque!
- Muito digna! – Max disse rindo – Me digam... O que vão querer fazer hoje à noite por aqui?
Entreolhamo-nos:
- Vamos comemorar. – comecei a dizer.
- O que? – ele falou curioso.
- Uma surpresa que temos. – Tom disse.
- Surpresa porra nenhuma, vamos deixar de rodeios. – falei, empurrando o Nath e ficando ereta na cama. Tom balançava a cabeça negativamente do tipo ‘não estraga a desgraça de foder com o George agora!’, mas o ignorei – Vamos comemorar o fato do nosso querido amiguinho Maximilian George ir para Oxford junto com a gente!
- O QUE?
Max gritou, desmaiou, morreu.
- MAX? – Katy falou balançando-o. O corpo do garoto jazia imóvel por cima dos grandes travesseiros.
Vicky e Nath não paravam de rir:
- Mas é muito donzela mesmo! – Tom sussurrou.
Comecei a balançar a pessoa quase morta que nem a Katy fazia. O rosto dele estava estranhamente pálido.
- O que devemos fazer? – perguntei receosa – Será que o matamos?
- Claro que não, Lu! – Vicky disse olhando-o de longe.
- Então o que faremos? – Katy desesperou-se.
- Buline-o! – Nath falou.
- Como assim? – voltei-me para ele que sorria.
- AH, ENTENDI! – Tom gritou e começou a pular por cima do Nath até chegar a mim e Kay – Transa com ele enquanto ele dorme!
- Você ta louco? – a menina disse levantando os braços.
- Não precisa ser de verdade! – Nath disse – Só pra ver se ele acorda!
- Ok! – ela disse – Dá pra parar de fungar no meu pescoço, Tom? – a menina perguntou irritada.
Ele estava tão próximo dela e do Max que chegava a dar agonia só para quem via:
- Foi mal é que eu queria ver tudo de perto. – explicou-se rindo.
- Não, sai daí. – Vicky puxou sua roupa.
- Acho melhor sairmos também. – falei e eu e Nath nos levantamos.
Abracei-me ao meu namorado e fingimos rostos medrosos fazendo o casal ao lado rir:
- Ele não parece a Bela Adormecida? – Vicky sussurrou e deu uma risadinha – E a Kay é um príncipe...
- Desencantado. – Nath completou gargalhando alto em seguida.
Kay passou a perna por cima do Max desacordado e perdido em seus sonhos de garoto universitário.
 Eu ria por dentro só de imaginar o que se passava por aquela cabeça.
Inclinou-se para frente e levantando a camisa branca do ficante, beijou uma tatuagem que nunca havíamos visto. Eram umas flores no braço, realmente bonita, mas eu perguntaria a ele depois de onde aquilo havia surgido.
Contornando cada parte do desenho, a garota levou seus pequenos lábios para a barriga discretamente malhada de Maximilin George. Percebemos seu peito arfar em uma respiração mais forte. Mas seus olhos ainda estavam fechados.
Nós quatro nos entreolhamos ansiosos. Todos pareciam nervosos.
Katy colocou sua mão por cima da calça jeans escura e grossa de garoto. Deu dois tapas:
- Ela é selvagem. – Vicky murmurou e sorrimos silenciosamente.
- Maxzinho... – Katy sussurrou arrastadamente – Amor?
Revezava em falar e beijar o corpo dele.
- Estou louca para nossa primeira vez juntos. – ela disse subindo até o ouvido descoberto de Max – Você está?
- Estou? – sussurrou – Estou. Estou? – ele dizia desordenadamente – Oh, meu Deus, Kay! – exclamou sem mover um músculo. Seus poucos pelos arrepiando-se.
- Olhando assim... Ele realmente parece um virgem. – Tom conclui investigador.
- Talvez ele tenha pouca experiência. - Nath sugeriu.
- Tanto faz, mas a Katy parece estar se divertindo com isso. – Vicky sorriu mordendo o lábio inferior.
Reparei no rosto risonho da Kay. Era completamente estonteante:
- Max, oh, Max! – ela começou a gemer. Abafei uma risada prensando minha boca no braço de Nath – Isso! Vai!
- KATY!
Max acordou empurrando a garota que caiu no chão desastradamente.
- MEU DEUS, KATY! – falou assustado e ficando em pé com uma rapidez incrível. Certo volume entre as pernas... – O que você está fazendo aí? – perguntou ajudando-a a levantar.
Tom pulava de tanto rir esganiçadamente:
- Você me empurrou! – ela resmungou, empurrando o garoto em seguida, irritada com a sua ajuda.
- Te empurrei? – Max falou confuso – Desculpe, eu... Eu tive um sonho estranho.
- Sonho estranho? – perguntei disfarçando minha voz animada – O que foi? – me joguei na cama de barriga para o colchão e apoiando os cotovelos nele – Me conta! – disse com total tom de interesse.
- Acredita que... – sentou-se na cama cúmplice, mas percebeu a presença de Tom, Nath e Vicky, nos observando ansiosos. Uma porta bateu forte. Katy saía do quarto, raivosa. – O que fazem aqui? – perguntou desconfiado para os de pé – Posso falar com minha amiga?
- Tuuuudo bem! – Nath disse – Vamos esquilos! – indicou a saída para Vicky e Tom.
- Mas eu quero ficar para ouvir! – Tom disse com a voz infantil, batendo o pé no chão.
- Tom, deixe de ser mulher! – Vicky repreendeu puxando a mão da criança enquanto Nath segurava a porta para eles saírem.
Meu namorado acenou com pose de soldado e sumiu batendo a madeira com força.
- Então, conte-me! Por que empurrou a Katy? – falei ansiosa.
Óbvio que depois eu iria fofocar para os que ficaram de fora.
- Eu sonhei que passava em Oxford. – ele disse.
- Mas isso não foi sonho, foi verdade. – expliquei em tom simples.
- O que? – arregalou os olhos – Por que isso parece tão estranho?
- Porque te deixamos um bom tempo no escuro só para zoar com você! – sorri divertida – Foi tudo uma brincadeira, amiguinho!
- Vocês são...  Malvados! – conclui estreitando a vista – Aí depois eu senti que dormia.
- Você desmaiou.
- Desmaiei?
- Sim, desmaiou.
- OH! FOI VERDADE? – gritou de repente.
- O QUE FOI VERDADE? – gritei de volta, ficando de joelhos na cama e próxima a ele – ETs existem?
- Existem? – perguntou confuso – Eu não sei se existem! Eu não estou falando disso!
- Ah, ta. – falei fingindo decepção. Sentei-me na cama por cima das minhas pernas – Do que falava então?
Max olhou para os lados, passou a mão pela careca levemente coberta de cabelo, como um sinal de ansiedade. Com cada gesto seu, sua bochecha ia tomando uma cor rosada e depois vermelha:
- Eu e a Kay, fizemos algo? – perguntou envergonhado.
- O que acha? – falei impassível.
- Não sei... – disse com o rosto sem compreensão – Ela gemia em meu ouvido.
- Max... – toquei a sua perna e fiz um rosto amigo – Se eu te disser que foi mais uma brincadeira, você irá me matar?
- Lucy! Eu não te mataria porque eu acho que não foi uma brincadeira. – ele disse sem pensar – Ou foi? – arregalou os olhos mais uma vez após perceber que aquilo era o mais viável.
- Foi total e completa brincadeira dos seus amigos lindos de Londres! – falei com uma voz fofinha e um rosto apertável para que ele realmente não quisesse arrancar minha língua e jogar para os pombos bem alimentados de Nova Iorque.
- Lucy! – exclamou como uma mãe que dá bronca.
- Ops! – fiz um rosto de ‘surpresa!’ levantando os ombros.
- Qual o problema de vocês comigo? – perguntou irritado – O que fiz com vocês?
- Nada! Não é algo pessoal, não se preocupe. – parei de repente e olhei para o teto – Na verdade, Tom e Nath têm uma rixa muito pessoal contigo, só não sei o que é. – dei de ombros.
- E você e a Vicky se aproveitam disso? Agora a Katy também? – ele mexeu uma das mãos freneticamente.
- É que é legal rir do certinho. – falei sorrindo e mordendo o lábio – Você não acha divertido?
- Claro que não! Eu sou a vitima! E não sou mais tão certinho assim. – Max disse revirando os olhos.
- Por falar em não ser mais certinho... – tomei uma pose séria – Pode me explicar o que é isso, mocinho? – puxei a manga da camisa, deixando visível a tatuagem de flores de Maximilian George.
- Ah, é uma tatuagem.
- Jura Barney? – falei irônica – Como ela surgiu?
- Eu a fiz na noite em que... – parou de repente e abriu bem os olhos, parecendo assustado com o que ia dizer – Deixa para lá.
- Não mesmo. – balancei a cabeça – Pode ir desembuchando.
- Não. – disse firme.
- Agora. – mandei.
- No. – continuou.
- Maximilian Alberto George. – disse entre os dentes, colocando as mãos na cintura.
- Odeio quando você diz meu nome assim. – falou desarmando a pose e parecendo derrotado – Logo no início aqui em Nova Iorque eu estava tão perdido longe de Londres que na primeira noite que saí com a Katy bebi mais do que devia. Acordei-me ao lado de uma tatuadora, em sua cama com cheiro de mofo e sexo.
Ouvia-o contar a experiência totalmente curiosa, com um sorriso bobo no rosto. Era tão incrível vê-lo aprontando!
A minha criança estava crescendo! Comprem-me um babador, mamães amigas!
- E?
- Tinha gazes presas com esparadrapo em meu braço, mas eu não sabia o que era. – ele falou sem nem me encarar – Saí correndo daquela casa estranha, no Brooklyn. Ficava atrás de uma loja de tatuagens e a Katy dormia com um cara cheio de piercings na cadeira reclinável parecida com a de dentistas. Arranquei-a de lá e fomos para a sua casa. Só quando eu fui tomar banho que eu percebi o que era... – apontou para o próprio braço e me olhou – Acredita que a Kay que estava mais sóbria que eu, disse à tatuadora que era para colocar isso aqui porque eu era uma rosa no meio das flores sem graça de Nova Iorque?
- Ai que lindo! – exclamei de olhos brilhantes.
- Claro que não! – ele repreendeu.
- É! Muito feio da parte dela. – mudei minha posição. Já havia dado desgraça demais para aquele garoto, no mínimo eu poderia concordar com Max.
- Então eu não podia tirar mais a tatuagem, nem fazer outro desenho por cima. Porque uma flor...
- É sempre uma flor. – completei com um sorrisinho.
- E se eu fosse fazer uma cirurgia...
- Teria que colocar silicone nos braços para que a pele ficasse menos feia? – falei de intrometida.
- Silicone uma porra, Lucy Mason!
- Desculpa, desculpa! – me redimi balançando os braços no ar – O que acha de chamarmos os outros para um lanche? Estou morta de fome.
Mais um segundo presa naquele quarto com Max George e ele poderia me matar por implicância.
Oh, vida cruel!
Não mesmo! 


* * *

  
 Point of View: Victoria Foster


- You make me feel so...!
Gritamos juntas no banheiro da balada.
De dentro ouvíamos perfeitamente a música You Make Me Feel... De Cobra Starship. Katy resmungava, pois aquele, nas últimas noites, havia se tornado seu sing preferido nas festas de New York.
- Não reclama. – Lucy disse sentada no sofá vermelho que ficava em um canto, perto de uma pequena mesa lateral cheia de revistas e luminárias amarela.
- Claro que reclamo! – Katy disse de volta, retocando o gloss.
- Na na na na na! – cantei sem ligar para as duas.
- Eu poderia estar me esfregando com um cara muito gostoso ao som dessa música. – explicou-se, virando para Lucy que folheava a revista W sem o mínimo interesse.
- Se ao menos fosse One Night (#1Nite)... – continuou com descaso – Oh, meu Deus! – fez um rosto dramático – É One Night!
- É ela amiga! – provoquei rindo.
- Abduzi! – gritou antes de fechar a porta, sumindo pelas luzes coloridas que piscavam do lado de fora.
Aquela era a sua preferida.
Katy virou para mim apontando para onde a outra garota havia acabado de passar:
- E depois fala de minha pessoa.
- Deixa pra lá. – disse sorrindo. Duas meninas com rostos de metidas entraram no banheiro, falando embolado pela vodca que já devia ter subido aos neurônios – Vamos sair também?
- Com certeza. – Katy disse lançando um olhar de nojinho para as que ficaram.
Fomos invadidas pela música alta e o brilho que era dado pelos holofotes coloridos. Turbilhões de conversas cercavam o local e gente para todo lado dançava se esfregando exatamente como a Kay gostava.
Animou-se só de ver a excitação que aqueles corpos estavam!
- Vem Kay! – Max de repente puxou-a.
Não havia pista, dançava-se onde queria. Procurei a Lucy e essa dançava indiscretamente com Nathan, pendurados a uma grade, onde várias meninas promíscuas rebolavam.
- Pensava que não ia chegar! – Tom sussurrou atrás de mim, agarrando minha cintura.
Voltei-me para ele, grudada ao seu corpo. Esbarrando em meio a gente bêbada fui levada até o centro.
Lucy e Nathan estavam em cima, Max e Kay estavam em baixo, a muitos passos de nós. Praticamente éramos eu, Tom, One Night e as nossas mãos sedentas que agora já passeavam por cada parte tocável de nossas peles.
As luzes deixaram de ser coloridas, ficando apenas vermelhas. Fios eletrônicos verdes passavam por cima da gente. Cada um se balançava do jeito que queria, mas todos estavam em sincronia.
Fechei meus olhos e levantei os braços, deixando Tom se aproveitar de mim naquele escuro fingido. Discretamente ele me beijava, se mexia desajeitado, cantava partes interessantes da música em meus ouvidos.
Algo molhado subiu meus saltos, atingindo meus pés e em seguida as minhas pernas descobertas. Olhei para baixo:
- Espuma! – exclamei assustada e empolgada.
- Amiga! Amiga! – Lucy gritou de longe – Give A Little More! – disse agora perto de mim, Nathan ofegante logo atrás.
- E agora a diversão realmente começa! – me virei e deparei com Katy e Max.
Sorrimos um olhando para o outro e de repente todos estavam grudados. Parecia que a espuma era uma liga e estava juntando a todos da balada.
A luz vermelha passou para rosa forte e os fios verdes para azul. Nathan virou o copo com Campari vermelho e deixou cair até tocar na boca aberta da Katy, que recebia no pescoço beijos calorosos de Max. Lucy rebolava até o chão, parando em certo ponto para não ser encoberta pela espuma, segurava-se com uma mão na cintura do namorado e com a outra espalhava o molhado das bolhas na barriga dele.
Algo me levantou e enlacei minhas pernas em Tom. Ele me balançava de acordo com a música e guiei minha boca até a sua, nossas línguas se encontrando do lado de fora, sem nem ao menos esperarem para brincar no espaço bucal. Seus dentes puxaram meu lábio inferior e meus dedos assanharam seus cabelos suados. Eu sentia nossos corpos molhados e o beijo excitante dele que estava me deixando louca.
Aos poucos ele me desceu, meus lábios beijando seu pescoço e um gosto de sabão veio em meu língua. Não me importei. Apenas continuei. Alguém esbarrou em mim com força e olhei para trás. Nathan beijava a Lu sem nenhuma vergonha, eles realmente se devoravam a ponto da garota se inclinar para trás e bater mim. A mão de Nathan brincava divertidamente por debaixo da blusa da namorada e parando de observar isso, Tom me beijou mais uma vez antes da música dar os primeiros sinais de fim. Os cabelos de Lucy roçavam em minhas costas e curtíamos aquele calor corporal de uma maneira bem +18, estilo Estados Unidos.
Give A Little More de Maroon 5 terminou e Lady Gaga com suas músicas contagiantes começou a disparar. Não me importei, pois não fazia meu tipo e aos poucos o meu contato e de Tom foi diminuindo, mas não desaparecendo por completo:
- Onde está Katy? – perguntei.
Nathan e Lucy nem se moveram.
Será que eles ainda sabiam onde estavam?
- Hey! Estou falando com vocês! – disse ficando de costas para Tom que beijava meus ombros.
Como sempre, Nathan fez o famoso sinal de ‘espera’ com a mão:
- Uma porra! – gritei e puxei Lucy – Ai merda! Você está machucada amiga! – apontei para a boca vermelha sangrando de Lu – Desculpa! – disse tentando tocá-la.
- Não é sangue, é batom! – ela falou irritada, não pelo corte inexistente e sim por tê-la interrompido.
- Menos ruim! – sorri sem jeito, observei o Nathan que tinha a boca mais suja ainda. Mas parecia não se importar, pois lambia o batom com gosto de morango da namorada, parecendo um vampiro que se aproveitava do sangue que se sujou – Deixa de ser nojento, Nathan!
- Foi mal! – ele disse rindo.
- O que você perguntou mesmo? – Lucy disse tentando se concentrar em mim, mas Tom começou a lamber minha bochecha, querendo atingir meu ouvido. Sua face transformou-se em nojo e esbofeteei Tom, para que parasse.
- Estava falando de Katy! Ela e Max sumiram! – comuniquei.
Lucy, Nathan e Tom, que agora não tinham nada para fazer, olharam ao redor:
- Oh, my gosh! O que será que eles estão fazendo? – Lu perguntou com um sorriso divertido brincando em seu rosto.
Bem, o que será que é feito quando um casal está tão junto a ponto de dois corpos se tornarem um?
Que charada mais fajuta! 



* * *

  
 Point of View: Maximilian George


- Em meu quarto! – Katy dizia me puxando pela camisa, enquanto eu beijava seu corpo.
- Não, no meu! – falei puxando-a de volta.
Andávamos esbarrando pelo corredor da minha casa. Minha mãe devia estar na residência de seu novo namorado, e hoje eu e Kay teríamos muito que fazer.
- Por que no seu? É melhor no meu! – ela disse autoritária, mas gemendo assim que toquei seu seio por cima da blusa branca e fina.
- Porque no meu quarto tem camisinha. – expliquei-me.
- Mas eu tomo anticoncepcional! – Katy quase gritou quando sem querer choquei-a com força, contra a parede.
- Desculpe. – murmurei em seu ouvido – Mas estamos do lado do meu quarto.
Abri a maçaneta e a empurrei para dentro, tirando minha própria camisa.
Kay voou para cima de mim, fazendo com que eu fechasse a porta com mais força do que queria. Sua língua quente penetrava minha boca sempre daquele jeito eletrizante que me fazia perder o controle, que não me deixava ser o Max inocente.
Uma mão segurou firme seu pescoço e meu outro braço prendeu sua cintura fina contra mim, meus pés de all star empurrando seu salto para que andasse até a cama:
- Banheiro! – ela disse entre o beijo.
- O que? – falei indignado, olhando-a incrédulo.
- Eu não quero fazer xixi, só quero fazer no banheiro!
Revirei os olhos, incomodado.
A cama era muito mais perto!
- Tudo bem. – disse levantando-a para meu corpo, sua perna enlaçando em mim. Meu rosto ficou na altura de seus seios, que logo se tornou visível, presos em seu sutiã, assim que ela puxou a blusa branca, jogando-a em qualquer canto.
Guiei-a para o banheiro, empurrando as coisas que estavam espalhadas em cima do balcão e sentado-a nele.
Era a primeira vez de Katy e provocações demais ocorreram nos últimos meses. Meu corpo e o dela já estavam quase fora de controle. Por tal motivo eu ao menos teria de ser gentil respeitando suas vontades, já que eu não estava conseguindo controlar meu pênis dentro de minha própria calça.
Desataquei minha calça enquanto ela descia sua saia que ficou presa em seus saltos. Puxei o tecido com força deixando um de seus sapatos caírem. Beijei seu pescoço, seu colo descoberto e minhas mãos trataram de desatacar seu sutiã. Meus pés tiraram o all star e agradeci a Deus por não ter colocado meias. Finalmente pude tirar minha calça jeans e agora eu e ela estávamos apenas cobertos na parte baixa. O que fez com que quando eu voltasse para sua boca as nossas partes intimas se encostando fosse um choque e tanto em meio às outras sensações que sentíamos.
Minhas palmas apalparam seus pequenos seios, massageando com força.
- Max...
Kay começou a sussurrar meu nome nos pequenos segundos que nossas bocas se afastavam.
Meus lábios envolverem um de seus mamilos e sua mão pressionou minha cabeça. Suas pernas envolveram meu corpo inclinado e eu senti seu salto arranhar a região da minha bunda, afastando um pouco da minha boxer.
Delicadamente puxei-os, passei a língua e eu a ouvia gemer graciosamente. No outro seio minha mão brincava dedicadamente. Pressionei sua barriga e seu corpo foi obrigado a ir para trás, a cabeça dela encostando-se ao espelho.
Abri suas pernas e prendi sua calcinha com a mão, formando um traço de pano em que levemente comecei a movimentar por cima da região intima de Katy. Um líquido transparente surgiu nas laterais e passei minha língua enquanto subia e descia a pequena tira rosa da calcinha.
Os gemidos da garota se tornaram maior e afastando o pano, beijei seu órgão e chupei-o com calma, tornando-me rápido em seguida. Minha língua desceu até tocar em sua vagina excitada e penetrei-a um pouco, voltando para a parte de cima em seguida.
Kay puxou minha orelha com força, dando-me sinal que havia gozado.
Subi até beijá-la e pensando que ela estaria zonza, vi-a completamente empolgada.
Desceu do balcão, virando-me contra em um empurrão, deixando meu corpo encurralado. Sua mão descobriu meu sexo abocanhando-o sem demoras.
- Mais pra esquerd... Oh! – gemi meio agudo, sendo pego de surpresa.
Esperava uma péssima iniciativa de Katy em um sexo oral, mas ela estava ótima... Até demais.
Sua boca quente envolveu a cabeça e chupava-a com força, como se pudesse sugar sangue, a ponta das suas unhas brincavam com meus testículos e peguei seus cabelos, pressionando sua nuca para que ela fosse rápida.
Eu podia tocar o céu!
- Kay, chega! – exclamei assim que quase senti um liquido tomar conta da boca da garota.
Ela levantou com um sorriso provocador no rosto de criança. Os beijos voltaram e agarrados um ao outro a levei até o box de vidro transparente.
Deixei-a por uns segundos e liguei o chuveiro. Voltei-me e seus olhos me olhavam sem compreender:
- É um fetiche! Desculpe! – disse rindo e saindo do box.
Beijei seu queixo enquanto minha mão brincava entre suas pernas, meu órgão roçando em sua pele.
Coloquei-a de costas para mim, afastei seu cabelo e mordendo o lóbulo da sua orelha segurei meu pênis:
- De uma vez! – ela disse parecendo torturada.
Respeitei, contra gosto, mas logo aquela sensação agradável de algo esponjoso aquecendo a parte baixa me fez esquecer de toda a tranquilidade que eu deveria ter com ela, mesmo que Katy não quisesse.
Os pingos da água caiam sobre nós que ficamos do lado de fora, a garota encostada sobre o box, enquanto eu investia com meu corpo pesado sobre o seu.
Em nenhum momento ouvi reclamações vindas de sua boca, apenas gemidos e o meu nome dito de maneiras suplicantes. Eu não conseguia pronunciar nada de tanto prazer que sentia com cada movimento meu. Minhas veias da garganta poderiam estourar de tanto que pressionavam minha pele. E, sem conseguir controlar, gozei e Kay já parecia muito mais mole que eu, mostrando que havia chegado ao ápice antes de mim.
Beijei suas costas enquanto um sorriso divertido saía de sua boca, que logo foi tomada pela minha quando a coloquei de frente. Afastei seus cabelos grudados a testa, perto de seus olhos, ainda sem ver seu rosto. Agora que o sexo havia passado, poderia cuidar do seu corpo frágil eternamente:
- Nossa, Max George. – ela brincou me fazendo rir envergonhado logo em seguida.




* * *

  
 Point of View: Thomas Parker



- Hogwarts, Hogwarts, Hoggy Warty Hogwarts, teach something please!
Aqueles fãs loucos, inclusive Vicky, Max, Lucy e até mesmo Katy, cantavam o hino de Hogwarts na entrada do cinema.
Mais de meia noite e esse povo fazendo barulho no meio da rua!
Eu fui obrigado a vir para a pré-estreia de Harry Potter e as Relíquias da Morte parte 2, pois me ameaçaram dizendo que eu ficaria sem comer até eles voltarem.
Isso quer dizer que minha barriga ficaria sem alimento até de manhã cedo, já que aposto que depois vai todo mundo para um bar chorar as pitangas do final do filme.
- Vocês se lembram na primeira parte em que fomos ver na época de Natal? – Lucy perguntou.
- Ah, eu lembro! Logo que voltamos de Miami fomos ver, exatamente no dia 25 de dezembro! – Vicky disse com precisão, apertando o casaco vermelho que pegou emprestado da Lucy para fazer homenagem a Grifinória.
- Você ainda namorava o Nath! – Lu exclamou e começou a rir.
- E você estava dando uns pegas no Max! – Vicky disse de volta como se fosse vergonhoso o passado das duas.
E era!
- Fomos felizes... – a garota chata respondeu com os olhos brilhantes.
- E agora não são mais? – Nath perguntou parecendo afetado.
- Por que ele é sempre tão sentimentalista? – Vicky fez um rosto questionador apontando para ele – Nathan seja mais livre do amor!
- Não consigo, me prendo a tudo com facilidade! – ele explicou-se parecendo decepcionado.
Compreensivo.
Deve ser um saco amar a todo mundo e não ser amado!
Porque é assim que vejo o Nathan Sykes.
Brimks 182!
- O que você acha disso Lucy? – Vicky voltou-se para a garota chata que estava calada, observando outra coisa.
- O que foi? – Nathan perguntou ou vê-la olhar interessada o beijo entre Katy e Max.
- Eu acho que... – Lucy olhou de Vi para Nathan – O Max deve estar fazendo uma experiência muito interessante de como se chega na vagina através da boca!
- AI QUE HORROR! – Vicky gritou e começou a gargalhar, isso Nathan quase se jogando no asfalto de rir.
Nem achei tanta graça assim.
- Por que você sempre tem que ser a mais fofoqueira? – Katy perguntou afastando a boca de Max, mas ainda de olhos fechados.
Dava para ver a baba brilhando na sua cara.
- É divertido! – Lucy explicou olhando para Max e passando a mão no próprio rosto. Rapidamente o George ficou vermelho ao limpar o gloss que quase tinha ido parar em seu nariz.
Quem será que havia passado maquiagem? Ele ou Katy?
Dúvida cruel!
- Ao invés de ficarem falando sobre nossas vidas... – Max começou a dizer com a cara de gay inteligente – O que acham de entrarmos no twitter e ficarmos postando coisas que acontecem aqui?
- Tem certeza que você quer fazer isso? – Vicky falou – É tão ridículo!
É por isso que eu a namoro!
Vicky Foster pensa.
- Mas parece legal! – Lucy apoiou. Tinha que ser ela... – Podemos tirar umas fotos de coisas interessantes e ir falando besteira.
- Também podemos conversar como se tivéssemos distante uns dos outros! – Katy falou de repente e todos se viraram para ela, pois a garota teve a competência de deixar a ideia do George mais imprestável – Que foi? É legal, poxa!
- Ta, sei. – Vicky disse com descaso.
- Vamos amiguinha! – Lu fez aquele rosto pidão e piscou os olhos várias vezes – Eu sei que você quer, mas seu ego do ‘sou do contra’ está te impedindo de ser feliz.
- Ah, ok, ok! Se for para você parar de fazer análise sobre mim, eu vou fazer essa coisa... Ridícula com vocês! – Victoria, a traidora do sangue, respondeu juntando-se ao lado negro da força.
- Yeah! – Katy e Lucy comemoraram batendo as mãos.
E saíram entre as pessoas vestidas de personagens de Harry Potter.
- Sobrei! – Nathan disse rindo – Ah! Tom, você está aí.
- Como sempre fico para criar a preguiça. – sussurrei para mim mesmo.
- Oi? – o garoto disse sorrindo, esperando que eu repetisse.
- Nada, cara. Nada. – falei dando tapas em seu braço – Poderíamos estar em outro lugar, não acha?
- Tipo onde?
Sorri espertamente.


* * *

- Cara! Se a Lu e a Vicky nos pegarem, seremos mortos!
Nathan resmungava enquanto andávamos rápido pela rua pouco movimentada e molhada pela chuva que havia caído mais cedo.
- Deixa de medo, Nathan! Elas não vão nos pegar! – disse tentando me lembrar o caminho.
- Namoradas tem GPS para meninos fujões! Lucy sempre me acha quando quero roer unha escondido!
- É porque uma garota para namorar você tem que ter um radar para descobrir todas as suas idiotices. – parei de repente e falei em sua cara.
- Ok, não precisa humilhar. – Nathan disse levantando os braços com desistência.
- Foi sem querer, mas às vezes você pede para levar um fora com esse jeito de ser, cara! – falei diretamente, de novo.
- Tom...
- O que?
- Cala a boca!
E saiu na minha frente, me fazendo rir. Só era tratar mal que logo ele se ajeitava e virava um ser pensante.
Ao menos aparentemente.
Corri para alcançá-lo. Em frente a uma boate, na fila de espera, garotas em grupo nos olharam:
- Pelo menos não perdemos o jeito! – Nathan disse animado.
- Tenho uma vaga impressão que a Lucy concorda com você. – respondi lembrando-o da sua namorada, mas não deixei de acenar para uma loira gostosa das coxas grossas.
Caminhamos, pegamos um táxi, fomos parar no Brooklyn. Não que eu soubesse exatamente onde estávamos, mas o Google contribuiu bastante, assim como o passeio que eu tinha feito com o Max de manhã cedo:
- Se a gente se perder... – comecei a falar.
- Eu te mato. – Nathan completou – Poderíamos estar em uma sala de cinema, no ar condicionado, mas estamos indo de um lugar para o outro numa cidade que a gente nem conhece!
- Cara, relaxa! Vai ser recompensador quando você ver aquela bunda! – disse descendo do táxi.
- Só estou aqui porque estou curioso para tocar essa bunda! Como é?
- É macia, mas não muito, é resistente e lisinha. Não sei dizer se é natural ou artificial, mas foi lindo! – comuniquei emocionado.
Aquilo sim que era uma bunda morena!
- Então espero que realmente seja do jeito que você está dizendo, que a gente tenha atravessado estas porras de ruas inteiras para fazer algo que preste!
Parei no meio do caminho e toquei em seu braço:
- Relaxa, confia aqui no Tom! – apontei para mim mesmo.
- É difícil, heim? – disse ironicamente – Vamos logo! Estou ansioso para curtir!
Balancei com a cabeça positivamente. Eu iria me esbaldar em todas as curvas!
- Ah, e nada de falar para a Vicky e a Lucy. – falei antes que Nathan abrisse a boca.
Abri a porta e deixei-o entrar primeiro. A música já tocava igualzinha a que eu havia ouvido com Max mais cedo. Era tão esquisito pensar no George em um lugar tão bom e foda como esse, onde só tem coisa bonita para se olhar... Enfim.
- Se a Vicky souber vamos ter uma briga feia e a Lu, ela vai odiar o fato de eu ter te trazido para cá. – completei.
- Cara, eu não sou tão burro assim. – falou convencido.
Nathan, você é burro sim, não se iluda.
- Está na parte de trás. – disse de volta sem querer fazer nenhum comentário sobre sua falta de cérebro.
- Legal! – ele disse apontando para uns peitos descobertos. Tocou-os como se nunca tivesse tocado em um.
Uma risadinha foi ouvida:
- Olá senhores, no que posso ajudá-los?
A mulher, que havia atendido a mim e a Max, veio falar comigo novamente. Ela era linda! Parecia estar na faixa dos 30, cabelos negros compridos, olhos azuis, pele branca.
- Viemos ver a ‘Morena Bunduda’. – falei.
- Ah, claro! É a nossa mulher mais valiosa. – disse simpática – Me acompanhem.
A seguimos, mesmo eu sabendo o caminho. Passamos por mais algumas coisas interessantes, a boca de Nathan sempre em formato de ‘Oh’.
- Pronto, fiquem à vontade. – Amélia, era o nome que tinha bordado em sua roupa, disse, fechando uma cortina cor de vinho atrás de nós, antes de sair.
- Cara, ela é linda! – Nathan exclamou impressionado. Passou as mãos pelos cabelos castanhos da outra – E a bunda!
- Toca, toca! – induzi correndo para o seu lado. Meu dedo indicador e o seu apertaram cada um uma banda.
- Uuuuh, rhu, ih! – Nathan disse em sua língua de preguiça, já que nunca compreendo seus gritos – É macia!
- Eu disse. – falei fechando os olhos.
- Isso é cera mesmo? Dessa cor?
Óbvio que era cera! Estávamos em uma loja de mulheres de cera! Estátuas de vários tamanhos, cores, raças e peitos! É cada pergunta que esse garoto faz...
- Nathan, eles pintam a pele delas. – apontei para a estátua de uma mulher que aparentava ser uma brasileira.
- Ah, sinistro! Por que você gosta dessas coisas? Dá medo. – disse olhando ao redor.
Em cima um tigre empalhado com asas de gaivota.
- Eu acho legal, divertido, interessante... Olha esses peitos! – apontei para os peitões definidos – Será que é tudo cera?
- Deve ser. – Nathan começou a massagear como se faz em uma pessoa de verdade – Nem é tão duro.
- Tá com excitação na estátua, Syko?
- Vá se foder, Tom!
Ri alto dele e começamos observar outras peças magníficas.
- Olha, um boneco de ventríloquo! – Nathan deu pulos apontando para um boneco moreno sentado perto de uma estante de livros velhos.
O lugar era cheio de coisas de madeira e a parede era de um amarelo desgastado.
Sentei-me ao lado do boneco e mexi em sua boca, suas pernas:
- Quero ele. – falei por fim.
- Fala sério? – Nathan fez um rosto incrédulo.
- Ele é foda! – levantei e peguei-o no colo – Vou chamá-lo de Brian.
- Puta que pariu, isso não é nome de boneco!
- Eu tenho um cachorro que se chama Louis! Depois daquela até as tranças da minha bunda peluda podem se chamar Jasmine e Sulamita!
- Ok, me convenceu! – ele disse rindo – Vai pagando que vou tirar a foto da bunda grande.
- Está certo. Só cuidado pra não gozar na cera, deve ser horrível de limpar! – zoei e rapidamente vi Nathan tirando seu sapato para jogar em mim – Foi mal, foi mal! – disse correndo e saindo, deixando-o só com sua amante.
Paguei o boneco e ganhei um chaveiro de carranca. Chamei o Nathan e ele estava com o celular na mão:
- É a Lucy. – ele disse enquanto saímos da loja.
Passava de duas horas da manhã:
- Deve estar ligando para reclamar pelo fato de terem perdido o lugar na fila depois que a gente saiu. – falei rindo.
- Atendo? – perguntou com medo.
- Não.
- Você sabe voltar para lá?
Pausa.
Ir para o cinema era o mesmo que voltar todo o caminho que percorremos para ir parar na loja de Mulheres de Cera.
- Quantas ruas andamos? – perguntei.
- Várias.
- E o táxi, foi em que ponto?
- É... Não sei. Ah não, Tom, você não sabe voltar?
- Cara, eu me esqueci, eu não decorei nada! Eu tenho que me acostumar com o fato de estar em Nova Iorque, não em Londres.
- Meu Deus! – Nathan olhou para o céu sem estrelas e de nuvens negras, levantou os braços – Por que o senhor me coloca ao lado de gente assim? O que eu fiz para merecer isso? – disse de voz dramática.
- Você nasceu! Por isso merece essas coisas. – comuniquei irritado com sua fácil desistência.
Estávamos perdidos, ok, mas isso não era o fim do mundo!
- Só é ligarmos para o Max e ele virá nos buscar. – fui tirando o celular do bolso enquanto falava – Você vai ver, ele vai estar aqui antes mesmo de você virar um mendigo.
- Tudo bem. – Nathan ficou cabisbaixo, parecendo uma criança – Agora estou com saudade da Lucy, da Vicky, da Katy...
- E do Max?
- Não cheguei a esse ponto, não exagera.
Ri com a palhaçada dele, mas logo me aquietei assim que percebi que Maximilian Alberto George não me atendia.
- Fodeu. – disse de olhos arregalados para o visor touch screen do celular.
- Que foi?
Sim, agora realmente era o fim do mundo!
- Ele não atende!
- Ah, não mãe! – ele gritou de novo e subiu em um banco de madeira que ficava encostado em frente à loja de Cera. Mais uma vez levantou os braços olhando para o céu – Deus, desculpa por eu ter deixado minha namorada e meus amigos para seguir o gnomo do jardim! Desculpa por eu ter roubado os doces da geladeira da casa da minha avó, de ter colado meleca embaixo da cama da Lucy, de ter cortado o pelo do cachorro da Katy enquanto ela dormia, desculpa por ser uma criança malcriada e por...
- O que ta fazendo? – perguntei tentando puxá-lo pela camisa. Ele empurrou minha mão.
- Estou pedindo perdão pelos meus pecados antes de morrer!
- Você não vai morrer!
- Não? Como você tem tanta certeza? – falou colocando as mãos na cintura, parecendo um veado.
- Porque minha namorada está ligando. – balancei o celular no ar – Amor? Como você está, minha coisa linda?
- Amor uma porra! E coisa linda é o seu... Deixa para lá! Cadê você? – ela disse com raiva.
- Estou te procurando na sala do cinema! – disse – Não consigo te ver, está tudo escuro.
- Claro que está tudo escuro, o filme já começou a um bom tempo! – exclamou em sussurros fortes – Como você sumiu da fila? Tivemos de subornar o casal que estava atrás da gente para poderem nos deixar voltar ao nosso lugar!
- Eu fui tentar levar o Nathan para o banheiro e...
- E? E? Vocês estão fora a mais de uma hora e meia! – Vicky ficou um tempo em silêncio. Vários “Harrys’’ foram gritados atrás, provavelmente do filme – O que vocês estão fazendo?
- Nada, apenas nos perdemos.
- Nos perdemos? – Nathan sussurrou descendo do banco – Nos perdemos para ir ao banheiro?
- Se perderam para ir ao banheiro? – ela repetiu o que ele disse sem saber disso, revirei os olhos.
- Eu não sabia onde ficava, Vi!
- Conta outra Tom! – Vicky disse descrente – Onde estão? Fala!
- Muito longe daí.
- Onde exatamente?
- Não sei, realmente estamos perdidos! – comuniquei meio suplicante – Fala com o Max para vim nos buscar.
- Nem com uma porra! – Victoria falando palavrão era sinal de que estava muito puta comigo – Só vamos depois do filme.
- O QUE? – gritei.
- O que? – Nathan sussurrou sem saber de nada.
- É isso o que ouviu. Cuida do Nathan e diga que a Lucy está preocupada e que vai matá-lo quando o ver. Tchau Tom.
- Espera, Vi!
Tututututu.
Por que eles sempre têm a mania de desligar na minha cara?
- E então? Já estão vindo? – o cara ao meu lado fez um rosto muito esperançoso.
- Não. Vamos ter que esperá-los.
- Mesmo? Mas, mas... Estamos tão longe assim para eles demorarem a chegar? – disse jogando-se sobre o banco.
- Nathan, entenda, eles estão longe, mas não vão vir nos buscar agora porque querem ver o resto do filme! E não por causa da distância.
- O QUE? – gritou como eu tinha feito segundos atrás – Vou ligar para a Lucy e ter uma conversinha séria com ela!
- Se insiste... – falei louco para que ele brigasse com a namorada e eu não fosse o único a dormir no sofá confortável da casa de Max.
Nathan ligou de volta para o número que estava na chamada recebida. Colocou no viva-voz:
- Que é? – a chata perguntou já com voz de tédio.
- Vocês vêm ou não? – Nathan perguntou parecendo raivoso.
- Não. – ela respondeu com simplicidade.
- Por que não? – ele insistiu.
Ouvimos um suspiro:
- Se perderam porque quiseram e você precisa de um castigo para deixar de seguir as ideias do Tom. Tchau Nath!
- Mas amor... – a voz do Nathan tornou-se suplicante manipuladora.
Uma pontada de esperança surgiu em mim:
- Que foi, Nath?
- Eu estou com saudades! – ele disse – Quero ficar com você!
- Ah! Que engraçado... – Lucy riu e franzi a testa – A minha pipoca disse a mesma coisa! Tchau Nath! Cuidado que Nova Iorque tem ladrões, armas de fogo e os pais do Batman morreram aqui! Beijo!
E tututututu para Nathan Sykes também.
- Os pais do Batman morreram em Nova Iorque? – ele perguntou assustado.
Revirei os olhos:
- Claro que não! O Batman é de Gotham City, doente! – dei um pedala em sua cabeça – Ela só estava te zoando.
- Ah, bom...
- Mas as armas de fogo não era brincadeira... – disse pensativo.
- Eu disse que podíamos morrer! – falou novamente com aquele seu tom dramático.
- Sabe o que eu acho Nathan? – olhei-o profundamente.
- O que?
- Acho que já estamos mortos! – imitei seu tom dramático.
Oh, merda! Estamos perdidos! E no escuro!




* * *

  
 Point of View: Lucy Mason

- Eu nunca pensei que ia chorar tanto nesse filme! – disse assim que as luzes da sala acenderam.
Assuei meu nariz no lenço que Vicky me deu, já preparada com a amiga manteiga derretida.
- Eu quero é novidade! – ela brincou comigo, enlaçando seu braço no meu.
- Foi tão linda a parte do Snape! – Katy disse agarrada ao Max que andava com certo ar de superior e não comentava nada – Eu chorei tanto!
- Eu também! – falei puxando o braço da Kay e largando-a do Max – O que você achou? – perguntei a ele.
- A melhor coisa da minha vida! – disse por fim, diminuindo seu desfile pelas nuvens e voltando a terra – Foi foda!
- Foi mesmo! – Vicky concordou – Ah, bosta! Meu celular vibrando. Espera.
Desgrudou o braço de mim e atendeu:
- Oi, Tom. Sim, o filme acabou. Não, não vou buscar vocês. Tchau. – desligou e me olhou – Garoto chato!
- Como está o Nath? – perguntei preocupada, mas tentando disfarçar.
- Não sei, ele não disse nada.
- Também... Você nem deu tempo. – Max falou – Acho melhor irmos buscá-los, Nova Iorque não é santa!
- Eu sei, mas eles merecem. – Vicky falou firme.
- Concordo com ela. – balancei a cabeça positivamente.
- Então, o que acha de estendermos nossa emoção Harry Potter e partir para um bar e tomar umas biritas? – Katy disse animadinha.
- Você quis dizer para você e o Max tomarem um porre? – perguntei e ela confirmou com a cabeça – Ok, por mim tudo bem.
- E vamos nos divertir enquanto os namorados das duas estão perdidos por aí? – Max continuava a tentar mudar nossa opinião.
- Sim. – Vicky e eu respondemos juntas.
- Vocês acham isso certo?
- Achamos.
- Tudo bem, quem sou eu para dizer algo contra? Vamos senhoritas.
Saímos da muvuca que estava a frente do cinema, entramos no carro da mãe do Max que estava do outro lado:
- Leva a gente no ‘Ya! Ya!’. – Katy disse sentando-se sobre as pernas, no banco da frente.
- Ok. É o mais perto da minha casa, fica até melhor. – ele disse de volta.
Max colocou para tocar Little Boots. Óbvio que eu sentia preocupação com o Nath, mas não seria muito mais prático ter ficado junto de nós?
‘Como você está? Xx, Lu.’
Enviei escondida da Vicky, que descansava no espaço ao meu lado, com a cabeça encostada no banco, de olhos fechados. Recebi a resposta:
‘Nem um pouco bem. Mas não quero falar disso agora, porque minha namorada está pouco se importando. Tchau. Nathan. ’
Guardei o celular na bolsa, irritada.
Ele faz a merda e eu que passo de puta?
Vá se foder Nathan Sykes.
Cruzei os braços e deixei o ar condicionado do carro me distrair, com as pontas dos dedos geladas e a perna cruzada, balançando ansiosamente.
- Não dá para descansar com alguém balançando o banco. – Vicky resmungou – O que foi?
- Nada. – respondi.
- Então quer dizer que o Nathan mudou de nome e agora se chama Nada? – ela falou sorrindo e abriu os olhos – Esquece aqueles dois ao menos por enquanto, depois nos entendemos com eles.
- Acontece que agora o Nath que esta com raiva. – expliquei.
- Só esfregue na cara dele os SEUS motivos por estar chateada. – ficou mais ereta e me encarou – Rapidinho ele relaxa e tudo volta ao normal.
- Espero. – suspirei.
Mais algumas movimentações do lado de fora e minutos depois chegamos ao tal ‘Ya! Ya!’.
Um bar de cor verde limão e branco, com garçons vestidos de avental vermelho:
- O que gostariam? – perguntou um deles.
- Uma vodca, e... – Katy começou a falar, apontando para cada um de nós.
- Coca-cola. – Vicky falou, eu e Max concordamos com a cabeça – Três.
- Anotado! E algo para comer?
- Batatas fritas! – falei passando a mão na barriga. Pipoca não mata fome, nem batata frita, mas as duas dão muitas calorias o que me fará fechar a boca pelo resto do dia.
- Ok. Logo trarei o pedido.
- Pensava que você ia beber. – Katy disse alisando a carequinha de Max
- Não estou com vontade. – ele respondeu aceitando o carinho.
- Mas foi o fim de Harry Potter! Temos que comemorar! – Kay sorriu animadamente.
- Eu acho que fim não é algo que se comemore. – Vicky disse.
- Concordo com você. – Max balançou a cabeça positivamente – Por mim teria mais mil Harry Potter!
- Ia ser tão divo! – Katy olhou para cima, como se pudesse enxergar todos os cartazes dos mil filmes de Harry Potter – Agora me digam, o que acharam do Daniel Radcliffe? Estava tão lindo!
- Não acho! Prefiro o Rony. – Vicky comentou, brincando com o zíper da bolsa.
- Sou muito mais o Draco. – disse de intrometida – Ele tem os cabelos loiros platinados!
- Tava demorando! – Vicky falou me cutucando enquanto eu ria.
Que é que tem? Eu acho o Malfoy muito delicia em minha cama!
Ui!
Mais algum tempo passou até chegar o pedido e Max decidiu ficar na internet em seu celular. Era melhor usar twitter, tumblr e escambal a quatro do que ouvir três garotas discutindo posições eróticas com personagens de livro e filme de bruxaria.
A comida veio, comemos, enquanto Katy apenas se alimentava de álcool, um seguido do outro, cinco copos pela minha conta.
- Nathan! Nathan! – de repente ela gritou – Tom? OH, MEU DEUS!
- KATY! – Max chamou seu nome antes de ver a garota saindo correndo pelo estabelecimento. As pessoas nos olharam assustadas. Por mim, poderia me enfiar na cadeira até chegar ao inferno.
- Ela está vendo coisas! – Vicky disse – Não deveria ter a deixado beber tanto, Max!
- Ela já bebeu muito mais que isso e nunca deu problema! KATY! – chamou mais uma vez esperançoso que Kay do nada aparecesse pela porta do “Ya! Ya!”.
E foi justamente o que houve. A garota realmente surgiu pela entrada. Mas não estava só. Era acompanhada por dois garotos que pensamos estar perdidos. Dois caras que pareciam mais ferrados que mendigo africano.
- Tom! – Vicky exclamou ao ver o namorado de cabelo assanhado e calça rasgada sentar-se na cadeira ao lado – Você está vivo?
- Pode ter certeza que se eu tivesse morto estaria puxando seu pé nesse exato momento. – falou emburrado, jogando uma sacola de papelão sobre a mesa, derrubando algumas batatas do prato que foi empurrado.
Nath vinha cochichando com a Katy e tirando a cadeira de uma mesa vazia que estava por perto, sentou-se do outro lado, próximo a Max.
- Onde vocês se enfiaram? – perguntou Max, com a sua voz excessivamente curiosa.
Comi uma batata.
- Onde nós nos enfiamos? – Tom repetiu irônico – Fala você, Nathan.
- Não estou a fim. – meu namorado disse, encostando-se por completo na cadeira e enfiando as mãos nos bolsos da calça. Nem se quer me olhava.
- Então eu conto. – Tom disse em tom convencido – Nos perdemos e passamos por uma aventura!
- Mesmo? O que foi? Pegaram AIDS se sentando na privada de banheiro público? – Vicky expeliu sarcasmo para todos da mesa.
- Mas não se pega AIDS desse jeito... – Katy disse.
- Fica quieta, ela estava apenas fazendo uma piada. – Max sussurrou para a ficante, namorada ou ser indefinido que estava ao seu lado, fazendo-me rir.
- Ignorando seu comentário muito engraçado. – Tom falou – Hahahaha. – imitou uma risada sem graça e prosseguiu – Tentamos voltar para o cinema com a ajuda do Google, mas não deu muito certo. Íamos sendo assaltados.
- Íamos não. Fomos. – Nath falou pegando uma batata e voltando a posição anterior.
- Levaram o que? – Max perguntou interessado.
- Meu celular. – Tom respondeu – Justamente o salvador da pátria foi tirado de nossas mãos – sua voz dramática causou-me uma risadinha – Então tentamos o celular do Nathan, mas não pegou.
- Minha operadora é uma merda. – o outro disse balançando a cabeça negativamente. Soltou um arroto, tirou os olhos de mim e começou a observar o quanto seu sapato era bonito, caro e branco.
- O jeito foi pegar um táxi e vim para Manhattan. Tentamos descrever o cinema que deixamos vocês, mas... Quantos cinemas feito aquele tem aqui mesmo?
- Vários, pode ter certeza. – Max falou cruzando os braços.
- Pois bem! Fomos pedir ajuda a um grupo que tinha em frente a um restaurante. Ao invés de nos prestarem serviço gratuito, zoaram com a nossa cara por sermos ingleses. Então viemos correndo até aqui, pois seriamos mortos por garotos inteligentes Nova Iorquinos que sabem sobre história.
- Como assim ‘Sabem sobre história’? – perguntou Katy com dúvida.
- Ai, cat, ele quis dizer que os dois foram perseguidos porque os Estadunidenses estavam caçando os Ingleses. Entendeu? – falei de intrometida.
- Ah, claro! Agora entendi! – ela riu divertida – É que tinha coisa mais interessante pra fazer nas aulas de história. – falou piscando para o Max, com um rosto nem um pouco oferecido.
Magina!
- Então corremos, corremos, corremos...
- Corremos, corremos, corremos... – Nath completou.
- E corremos mais um pouquinho. Até que a Katy gritou nossos nomes e agora estamos aqui. – falou Tom, apontando para o chão.
- Como sua calça rasgou? – perguntei apontando para a parte do joelho.
- Por que você quer saber sempre das coisas humilhantes? – falou irritado, me encarando.
- Uh! Você passou vergonha? Pode ir contando! – bati as mãos fazendo um rosto empolgado.
- Ah, nem fodendo eu conto! – cruzou os braços ignorando minha cara.
- Ele caiu quando fugiu do ladrão. – Nath disse, finalmente falando comigo – Se lembra que um dia você disse que se fossemos assaltados eu te deixaria lá, pois sairia correndo?
- Sim, eu lembro. – confirmei. No dia em que eu falei isso ficou até engraçado, mas agora que eu e o Nath estávamos ‘estranhos’, foi até vergonhoso dele comentar. Pareceu uma... Repreensão.
- Então, o Tom corre mais que eu assim como é mais frouxo. Me deixou pra trás e quase percorreu o Brooklyn inteiro! – completou e riu de leve.
- Ah! Essa eu queria ter visto! – Vicky disse rindo, dando um tapa estalado no braço do Tom que mantinha a cara de ‘não estou aqui’.
- Ok, podem parar de falar de mim! Sei que sou um assunto muito interessante, mas não é qualquer um que pode pronunciar meu lindo nome. – disse Tom Parker, com ar superior.
- Porra! Vai ser convencido na China! – Vicky revirou os olhos.
- Serve na Chinatown? – voltou-se para a namorada com o sorriso apertando os olhos.
- Serve minha mão na sua cara? – ela mostrou a palma da mão aberta, fazendo um rosto retardado com uma voz muito doente do Tom.
- Não, obrigado. – ele falou e tomou a coca-cola da garota.
- Ai, piniquinho, vem piniquinho! – Katy começou a dizer com a cabeça levantada e de olhos fechados.
- Ela está bem? – Vicky debruçou sobre a mesa, parecendo preocupada.
- Ah, bosta! – Max exclamou e retirou dinheiro da carteira jogando sobre a mesa e ficando em pé rapidamente – Vamos logo!
- Por quê? Acabamos de chegar! – Tom bateu na mesa e depois cruzou as pernas confortavelmente.
- A Katy está enjoada! Ela pode vomitar a qualquer momento! – ele disse puxando a garota da cadeira.
Só então percebi o quão verde ela havia ficado.
Max apoiou-a sobre seu corpo, mas quando viu que não conseguiria andar com ela daquele jeito, pegou no colo e saiu correndo.
- Vocês estão esperando o que? – Nath disse já andando enquanto eu, Tom e Vicky ficamos sentados, olhando-os sem compreensão – VAMOS!
Ele gritou e despertamos. A cadeira do Tom caiu, Vi quase caía sobre ela e eu roubava as batatas e a coca-cola, indo comendo no caminho.
No carro, Max explicou que Katy sempre ficava enjoada quando não comia antes de beber. E realmente ninguém a viu comendo. Nem mesmo pipoca.
Inicialmente sentiu-se culpado, mas depois fizemos com que ele relaxa-se. Não era sua obrigação ficar cuidando dela.
Já a história do piniquinho...
- É uma mania da infância. – Nath falou – Sempre que ela quer ir ao banheiro para fazer algo diferente de xixi a Katy diz isso.
- Como não é da nossa conta se ela vai fazer coco, acaba falando isso apenas quando quer vomitar em algo.
- Ou alguém. – Tom disse enquanto eu e Vicky fazíamos cara de nojo.
Katy, no banco da frente, estava toda encolhida, calada.
Será que ela nos ouvia?
Acho que não.
Mais uma vez Max agiu rápido e vimos que foi vantagem termos ido para o “Ya! Ya!” que fica próxima a Ave. Amsterdam, onde se localiza seu prédio.
Mal o elevador abriu e Katy pulou do colo de Max, saindo correndo com seu salto alto pelo apartamento silencioso.
Provavelmente tia Debby estava no último sono.
- Vou atrás dela. – ele disse sem nem nos olhar. Correu e sumiu.
- Acho melhor irmos dormir. – Tom falou espreguiçando-se.
- Hoje, você fica em seu quarto e de manhã cedo conversaremos. – Vicky falou dando as costas ao namorado e ficando próxima a mim – Vai subir agora?
- Daqui a pouco. – falei observando de longe Nath, sentado no sofá perto da grande janela que dava uma vista linda para os prédios da frente e a rua escura embaixo.
- Tudo bem. – ela beijou minha bochecha com carinho e sorri de volta – Vem encosto! – acenou para a escada com a cabeça e Tom a seguiu sem se despedir.
Andei silenciosa até a janela. Abri a cortina verde escuro e observei os postes acesos lá embaixo. Nath sabia que eu estava ali:
- Por que você não foi? – perguntou sério.
- Porque achei injusto você ter sumido. – falei no mesmo tom – Se não queria ver o filme, seria muito mais prático me dizer.
- E te deixar chateada? – senti seus olhos em minhas costas.
- Não sou assim tão possessiva, Nath. Você pode ter sua vida além da minha. – expliquei.
Ok! Será nossa primeira DR?
- Esse é o problema. É difícil ter uma vida longe da sua namorada que também é melhor amiga. – suspirou e me voltei para ele.
- Todo tempo que fico perto de você eu gosto. – disse olhando para meus próprios pés.
- Mas eu também gosto. – parecia chateado por achar que eu pensava diferente – Você não ficou daquele jeito apenas porque eu não queria ver o filme. Qual o outro motivo?
Esse é o mal de namorar o amigo. Ele te conhece muito bem.
Andei até o Nath, sentando-me ao seu lado:
- Inicialmente fiquei chateada por ter seguido a ideia boba do Tom, mas depois percebi que a culpa não é dele. – minhas mãos suavam. Eu tinha que dizer aquilo a ele, era minha função – Você acha que age como uma pessoa de 18 anos?
 - Como? – seus olhos avelã e questionadores voltaram-se para os meus.
- Nath... É que... Seus atos às vezes são tão...
- Infantis? – ele perguntou, quase completando o que eu queria dizer.
- É. Infantis. – assumi – Andar por um lugar que não conhece! Que pessoa com sã consciência faria isso?
- Mas foi apenas uma vez!
- Que agora está perdida no meio de várias outras! – aumentei meu tom de voz sem querer e logo me calei – Desculpa.
- Então acha isso? Que sou um infantil? Uma criança? – pude ver seus olhos com lágrimas.
Lágrimas causadas por mim.
Quis repetir mais mil vezes ‘desculpa’.
Mas apenas balancei a cabeça positivamente e quando ia abrir a boca para falar:
- Por que está comigo? – falou, me interrompendo.
- Porque justamente esse jeito criança me fez ficar apaixonada. – sorri levemente e levei meus dedos até seu rosto, fazendo um pouco de carinho – Mas isso pode se tornar um problema. É fofo você ser ingênuo, porém as outras pessoas podem tirar proveito disso.
Nath afastou seu rosto de minha mão, baixando a cabeça. Nem por isso fui para longe, passando meus braços ao redor do seu corpo e encostando-me sobre suas costas um pouco inclinada:
- Está dizendo isso apenas para o meu bem, não é? – sussurrou.
- Sempre é para seu bem. – falei e deixei-o ouvir meu sorriso – Como eu posso te fazer mal se eu te amo?
Nath sorriu também e balançou a cabeça. Voltou a ficar ereto e tive de me arrumar no sofá para que pudesse me olhar:
- Desculpa. – falou com sinceridade.
- Desculpo. – confirmei – E foi mal não ter ido te buscar, mas... Era um castigo.
- Tudo bem. Até que foi... Divertido! – assumiu rindo.
- Ah, imagino! – falei irônica, mas depois ficando séria – Promete que vai pensar no que eu disse?
- Prometo. – se aproximando de mim tranquilizei ao ver seus olhos secos, mas com brilho, encarando-me de um jeito tão profundo que me distraí com os traços fofos do seu rosto – Eu te amo.
- Ótimo. – falei fingindo convencimento enquanto ele ria. Seus lábios quentes tocaram no meu rapidamente, com um selinho – Vamos dormir? – perguntei passando seguidas vezes meu nariz no seu.
- Vamos.
Respondeu e fomos de mãos dadas para o quarto.
Uma conversa séria pode ajudar muito no futuro das pessoas.




* * *

  
 Point of View: Katherine Sykes


- Vocês sabem que temos uma missão muito importante. – comuniquei com as mãos na cintura, as minhas duas ajudantes sentadas na bancada do outro lado, com os rostos carregados de responsabilidade – Se tudo der errado, a culpa será...
- Da Lucy. – Vicky falou apontando para a amiga.
- É melhor culpar o Nath. – Lu tentou se defender.
- Mas ele não está na cozinha. – Vicky retrucou.
- Mas eu não quero...
- Shiiii! Silêncio! Nós temos uma vida para criar, um parabéns para cantar e um Max George para enrolar! – interrompi-as tentando não rir.
Era legal ser mandona, capitã, foda...
Normalmente essas partes divertidas ficavam para elas!
- Ok! Mas a parte de enrolar o Max já foi. – Vi disse se levantando e amarrando o avental xadrez, lilás com branco, que eu comprei para ela.
- Como assim “já foi”? – perguntei preocupada, quase pulando em cima da banca para arrancar seu pescoço.
Max já sabe do bolo surpresa? AH! E AGORA?
- Eu disse ao Tom que para ele redimir o pecado de ontem...
- E que pecado! – Lucy disse rindo.
- Continuando. – Vicky fez rosto de quem ignora o comentário – Teria de distrair Max para que ele não nos procurasse.
- Ah, o Nath mandou uma mensagem dizendo que ele foi logo perguntando por que não estávamos tomando café da manhã. – Lucy disse, brincando com os ovos que eu havia separado em uma cesta.
- Devemos desprezar o garoto e ficar sem mandar mensagem de parabéns? – Vicky perguntou parecendo animada.
- Claro que não! – exclamei – Andem, peguem seus celulares, vamos mandar três mensagens ao mesmo tempo.
- Primeiro eu! – Lucy gritou de enxerida.
- A primeira não deveria ser minha? – falei sem disfarçar meu tom de ciúmes.
- Ui, a namoradinha é possessiva. – Lu brincou dando uma cotovelada leve em Vicky, que ria.
- Não namoramos. Nunca vamos namorar, é uma regra! – falei fechando os olhos, sendo o mais convincente possível, porque era tudo verdade.
- Enfim! – ela deu de ombros tentando segurar a risada – Faça como quiser Senhorita Peguete George.
- Obrigada. – sorri falsamente pegando meu celular preto com azul.
“Bom dia, Max! Viemos desejar um ótimo aniversário para o garoto mais lindo do mundo, da carequinha mais fofa, sexy, deliciosa, comestível e... xx Kay.”
- Sua vez. – apontei para Vicky, mostrando o que havia enviado por último.
“E mais tosca também, pertencente a um ser muito chato e nerd. Mas fazer o que se somos pessoas que adoramos gente que não presta? (...) xx Vi.”
- Agora sou eu! – Lucy falou empurrando a mim e a Vicky.
“Depois de todos esses elogios e comprovação de amor puro (mentir é feio, Lucy Mason!), lhe mandamos vários beijos com sabor de bolo com cobertura de cogumelo mágico. Bom dia com os animas de estimação chamados Tom e Nathan! Xx, de todas as suas fãs londrinas e gostosas, Lu.”
- Pronto! – sorri batendo as mãos – Agora vamos à luta, camundongas!
- Camundongas? – Lucy perguntou assustada.
- Ela acha que manda na gente. – Vicky falou irônica.
- É, ta por fora! – Lu disse batendo as mãos com um estalo nas palmas da Vi.
Fiquei na merda esperando as duas terminarem:
- Ok. Podemos fazer esse lindo bolo para o nosso querido amigo, senhoritas Mason e Foster?
- É... Talvez! – Lu disse fingindo dúvida.
- Talvez uma bosta! – resmunguei jogando seu avental xadrez, igual ao da Vicky, só que branco e vermelho.
- Estamos brincando, gata. – Vi disse rindo, folheando os papéis de receita que eu havia imprimido.
- Coconut emburrada! – Lucy disse me abraçando e arrancando-me uma risadinha.
- Eu só quero que tudo seja perfeito para ele. – falei sem jeito – Ele merece.
- Nós sabemos. – Vicky sorriu de leve – Max passou por muitos problemas por culpa nossa, é uma maneira de pedir desculpas.
- Ótimo! – confirmei com a cabeça.
- E como vão as coisas para o final de semana? – Lu perguntou lendo a receita – Uma xícara e meia? Mas que tipo de xícara? – ela começou a medir os tamanhos dos três recipientes que havia em cima da bancada.
Quando eu li a receita tive a mesma dúvida... Por isso as três tinham o tamanho diferente.
- A festa está quase toda pronta. – sorri, mas logo fiquei séria quando vi que nem Lucy nem a Vicky sabiam por onde começar – Estamos perdidas, não é?
- Ah, com certeza! – Vi falou arregalando aos olhos ao tentar quebrar um ovo, sem conseguir.
- Não faz com força, ou vai sujar tudo! – Lu tentou falar, mas logo Vicky meteu o ovo com força na bancada, espatifando-o por completo.
A gema começou a escorrer pelo bloco de mármore, os dedos cheios de gosmas da Victoria foram levados até a frente do meu rosto:
- Eu, eu... Eu não vou conseguir! – falou dramática.
- É, pelo visto não vai mesmo. – Lucy riu da amiga enquanto eu revirava os olhos.
- Vicky, lava as mãos. Lu, você me ajuda.
- Mas eu quero...
- Não! Você não vai ajudar ou minha cozinha já era! Fica sentada aí! – falei autoritária.
- Oooook. – ela concordou sem graça.
- Você vai mexer no celular agora? – perguntei a Lucy ao vê-la distraída com o seu aparelho na mão.
- Só vou colocar música, babe. Never Shout Never, seja bem vindo a NY!
- What Is Love? What Is Love? Loooooooovee! – comecei a cantar animada pela escolha.
- Amics. – Vicky disse chamando minha atenção – Isso é Big City Dreams.
- Ah, porra, pra mim é tudo igual! – falei enquanto Lucy ria.
Começamos a decifrar a receita, isso não quer dizer que fomos logo pra prática. Vicky não permitiu! Enquanto Eu e Lu queríamos colocar a mão na massa, Vi ficava dizendo: ‘faz isso, faz aquilo, é apenas um teste!’. O que no final fez com que demorássemos meio século.
Mas divertido mesmo foi fazer a cobertura de chocolate:
- Será que assim ta bom? – perguntei levantando o chocolate com a colher.
- Eu acho que fica mais um pouco. – Lucy disse analisando – Vicky o que você... Ah! Para de comer as jujubas!
- Foi mal, foi mal! – Vi falou rindo. Estava sendo responsável por cortar as jujubas em tamanhos grandes e pequenos para colarmos na cobertura.
- Deixa pra lá. – falei revirando os olhos – Acho que agora está bom.
- Acho que está muito ralo amiga! Se der errado a responsabilidade é sua. – Lu falou tentando se safar.
- Vai ficar lindo, você vai ver! – falei feliz.
Deixei o chocolate cair da panela, até chegar ao bolo:
- Quer ajuda, senhorita Sykes? – Bernadette perguntou.
- Ah, não, Benne! – sorri, mas sem tirar os olhos do bolo – Está tudo bem.
- Então vou arrumar o seu quarto. – a empregada falou, retirando-se.
- Agora só é espalhar e OH, MEU DEUS! TÁ GRUDANDO! TÁ GRUDANDO! – comecei a gritar.
- TIRA A COLHER DAÍ! – Lucy gritou de volta.
- VAI CAIR O PEDAÇO DO BOLO! CAIU! CAIU! – Vicky apontou para o pedaço lateral que caiu, deixando o chocolate sujar toda a bandeja – E lá se foi o bolo bonito!
Infelizmente fiz a burrice de deixar a colher grudar na massa e quando tirei um pedaço grande ‘descolou’.
- Por que você não faz aquele troço que os brasileiros fazem pra gente comer e coloca um pouco aqui? Você pode por o pedaço de volta. – Lu sugeriu.
- Está falando de britadeiro?
- Não é britadeiro... – Lu fez um resto pensativo.
- É algo com bri... – comentou Vicky.
- Brigadeiro!
- Isso!
- É verdade, posso fazer esse troço! – exclamei aliviada – Nem tudo foi por água abaixo.
- Claro que não! Se fosse só você fazendo isso, já era, mas tem duas mentes pensantes aqui contigo. – Vicky falou pegando a colher e enfiando na boca, comendo o chocolate que sobrou – Embora a Lucy e nada...
- Sou muito mais sexy que o nada! Dá licença? – a outra falou e riu depois, pegando outra colher e fazendo o mesmo que a amiga.
- Então o jeito é fazer o brigadeiro aqui. – avisei levando a panela para longe das duas – Alguém vê a receita na internet?
- Era mais fácil ter comprado cobertura pronta. – Vi voltou a cortar as jujubas, enquanto Lucy mexia nos granulados.
- Eu quero que tudo seja natural, porque se ficar gostoso ele vai nos elogiar.
- Amiga, se quiser, dizemos que você fez o bolo sozinha. Que apenas ajudamos a enfeitar. – Lu sorriu prestativa.
- Ah! Vocês fazem isso mesmo? – emocionei, enxugando lágrimas que não caíram dos olhos.
- Obvio né, dodói? – Vicky se levantou, vindo até mim e me abraçando, mas logo em seguida pegando mais uma colher cheia de doce.
Aproveitadora!
- Colamos, enfeitamos, comemos, vemos filme e... – Lucy disse, listando o que teríamos que fazer, enquanto substituía o trabalho da Vicky de cortar as jujubas – De que horas começa o parabéns?
- Só à noite. – informei – À tarde podemos sair. Fazer umas compras!
- Ah, eu quero! – Vi falou mostrando sua boca suja de chocolate.
 Ri da sua situação ‘porcona’.
- Vamos na 5th Ave. , não é? – Lu fez rosto de cachorro que caiu da mudança e concordei com a cabeça.
- Claro que sim! Lá estão as melhores lojas, as melhores atendentes! – meus olhos faiscaram de ouro – A 5th Ave. não é o coração do mundo, é o dedo cheio de diamantes comprados na melhor joalheria de Nova Iorque!
Acabei meu discurso, completamente emocionada pela capacidade que eu tinha de expressar todo meu amor por aquele acumulo de lojas.
- Ai, que lindo! – Lucy exclamou parecendo comovida como eu.
- Capitalistas! – Vicky cantarolou – Mas assumo que estou curiosa!
- Meu bem... – dei uma piscadinha – Quando você entrar na Louis Vuitton, nunca mais vai negar os dólares na sua vida!
Compras, aqui vamos nós!


* * *

Já passava das quatro horas da tarde quando saímos da décima loja na tão sonhada 5th Ave.. Max já havia mando uma mensagem de agradecimento e me ligou o tempo inteiro, querendo saber se eu não iria lhe dar atenção em um dia que é tão importante para ele:
- Kay, atende logo a droga desse celular! – Vicky exclamou irritada, balançando as sacolas de compras no ar.
- E se eu ficar nervosa e estragar tudo? – falei ansiosa.
- Se você tem amor a vida, não vai fazer isso. – Vi continuou, ameaçadora – O que você acha Lucy?
- Oi? – a garota voltou-se para nós, parecendo não ter prestado atenção na conversa.
- Você ouviu o que estávamos falando? – perguntei, ignorando mais uma vez a chamada do Max.
- É... Na verdade não. – ela sorriu fingindo estar sem jeito – Eu estava pensando que poderíamos comprar bolinhos e cappuccinos e levarmos para o Central Park, antes de voltarmos para sua casa e prepararmos a pequena festa.
- Concordo totalmente com você! – disse, abraçando-a de lado e amassando algumas de suas sacolas.
- E o Max? – Vicky insistiu em me lembrar dele.
- Terei a noite inteira para lhe dar atenção. – respondi sorrindo sem mostrar os dentes – Agora vamos londrinas!
Fizemos o que a Lucy sugeriu. O Central Park à tarde é extremamente recomendável.
Alunos corredores sempre iam se encontrar para treinar nas pequenas estradas de concreto entre as árvores e isso proporcionava as garotas da elite um deleite e tanto com aqueles músculos!
Ai, ai... Como é bom ser livre!
- Um lago! – Vicky falou animada – Vamos ficar perto dele?
- Por mim tudo bem! – concordei com a cabeça, procurando alguma pedra alta para nos sentarmos.
- Mas amiga... Esse lago está tão sujo! – Lucy disse, fazendo rosto de nojinho ao ver a água de cor verde encoberta por algumas vitórias-régias.
- Não ligo. Eu vou comer perto do lago, não dentro dele! – Vicky retrucou.
- Ah, achei! – comuniquei apontando para as únicas pedras vazias.
- Achou o que? – Lu perguntou duvidosa, seguindo a mim e a Vi que quase corríamos.
- Um lugar legal para nos sentarmos. – respondi, subindo as pedras menores e finalmente me acomodando na maior. Agradeci o fato dela não ser escorregadia, então pude colocar as nossas compras confortavelmente sobre elas.
- Porque estamos em uma pedra, ao invés de estarmos em um banco? – Vicky falou, olhando ao redor, alguns bancos preenchidos por garotas feito nós.
- Porque aqui... – apontei para baixo – Temos uma visão perfeita de tudo. Do lago, das pessoas, das árvores, das pontas dos prédios que estão atrás das árvores. E o melhor de todos... – sorri espertamente, enquanto Lucy entregava o cappuccino a cada uma – Os garotos que já, já passarão aqui, correndo.
- Sério? – Vicky falou interessada.
- Seríssimo! – confirmei com a cabeça, tomando o gole da bebida quente e artificial.
- Que excitante! – Lu exclamou, estendendo o braço e mostrando os poucos pelos arrepiados.
- Ai, se controla vadia! – repreendi, mas logo em seguida gargalhando com as duas.
Comemos os bolinhos de chocolate, morango, baunilha e:
- Ei, eles estão vindo! – anunciei, apontando para um grupo de rapazes que vinha correndo com short e camisa de esportes.
- Gosh! – Lucy gritou com voz esganiçada – Que coxas são aquelas? – disse babando.
- Nossa, olha aquele sem camisa! – Vicky quase apontou de boca aberta.
Senti um rebuliço entre as pernas só de observá-lo.
- Boa tarde, senhoritas! – um deles falou para nós.
- Boa tarde. – Lucy acenou, sorrindo para ele.
- E é porque ama o Nathan! – falei irônica.
- Bitch... – Lu colocou a mão no peito, fechando os olhos (já vinha frase feita por ela mesma) – Só porque eu namoro o Nath, não quer dizer que eu tenha ficado cega ou morta! – disse fingindo estar revoltada.
Sorri confirmando com a cabeça.
- Falou tudo, amiga! – batemos as mãos.
- Ai, prostitutas! – Vicky revirou os olhos.
- Nem vem ficar contra a gente! – briguei – Percebemos que você ficou de quatro pelo tanquinho do loiro musculoso!
- Hum... De quatro no tanquinho. – Lucy brincou irônica – Depois as vadias são as amigas!
- E são mesmo! – Vicky se manteve firme, mas logo riu assim que fizemos cócegas nela – Hey, vem vindo mais!
- Mais três para o nosso prazer! – sorri divertidamente, adorando aquele desfile de homens.
- Own, gente, aquele de olhos avelã parece tão lindo! – Lucy disse, ficando de joelhos sobre a pedra e fingindo observar alguém que vinha por trás deles.
- Amiga! Amiga! – Vicky puxou-a com força, para que ela se sentasse.
- Puta, não precisa ser malvada! – Lu falou irritada.
Mas logo percebi o porquê da pressa da Victoria.
- Lucy... – comecei a falar – Você achou aquele de olhos avelã bonito, porque é o Nathan.
- Ah, claro que não é o Nath... Nath!
- Meninas! – Nathan sorriu para nós, chegando perto da pedra.
Tom e Max quase morriam de cansaço logo atrás dele.
- Não chega perto! – Vicky falou colocando a mão, impedindo dele subir para falar com a Lucy, que se escondia atrás de mim.
Foi aprontar... Deu nisso! Embora a culpa seja minha e tal, mas quem liga?
- Por que não posso chegar perto? – ele falou, descendo as pequenas pedras e voltando para o lado dos outros dois amigos.
- Porque você está fedendo. – Lu finalmente se pronunciou, colocando a cabeça por cima do meu ombro – E estamos limpas e cheirosas.
- Frescura! – Tom disse revoltado, com as mãos na cintura – Desce daí, Vicky!
- Claro que não e concordo com a Lucy! – a garota disse firme.
- Caras, elas não vão se mover daí de cima. – Max falou com bastante paciência. Sorri de leve para ele, como sempre fazia – Já estou acostumado. A Katy me deixa boiando toda vez que eu a encontra aqui no parque.
- Isso é porque você está tipo... Cheirando a gambá. – me defendi, enquanto ouvia sinais de confirmação das minhas amigas.
- Tuuuudo bem. – Nathan falou cruzando os braços – Até íamos ajudar vocês a levar essas compras para casa da Kay, mas já que não querem nossa ajuda... Vamos correr mais um pouco, e olha cara! – ele bateu no Tom, chamando sua atenção – Aquela não é a garota que deu em cima de você na entrada do parque?
- Hey, Nathan! – Tom sorriu, observando uma menina de cabelos loiros, com cachos nas pontas, algumas sardas espalhadas pelas bochechas – É ela mesma!
- Tom Parker! – Victoria exclamou irritada.
- Que foi? – ele voltou-se para ela – Fiquem com suas compras e seus cheiros de flores do campo que enquanto isso... – sorriu provocador – Vamos procurar diversão.
- Nem se atreva! – Vicky aumentou seu tom de voz.
Revirei os olhos.
Estava escrito na cara deles que era tudo apelação!
- Na verdade... – Lucy disse se levantando. Passou ao meu lado e desceu as pedras cuidadosamente – Acho que queremos a ajuda de vocês.
- Mesmo? – Nathan perguntou, parecendo contente por ter ganhado o confronto entre sexos.
- Mesmo. – ela consentiu com a cabeça, sorrindo sem jeito.
- Agora toma! – Vicky jogou suas sacolas para Tom, que as agarrou preparadamente – E não ouse encostá-las em sua camisa suada!
- Tudo bem, patroa. – ele disse rindo, estendendo uma mão para ajudar a Vicky.
Os casais começaram a andar. Victoria grudando logo no braço do Tom, quando passou pela menina loira, lançando um olhar ameaçador.
Já Lucy parecia que o gato havia comido a língua, provavelmente para tentar não falar besteira do que tinha feito.
- E você? Vai ficar aí? – a voz de Max veio em meus ouvidos.
Olhei-o sorrindo.
Ajudando-me a descer, beijei sua bochecha avermelhada de esforço:
- Parabéns. – falei entregando-lhe minhas sacolas.
- Obrigado. – ele sorriu e ofereceu o braço para mim. Aceitei e ficamos como casais antigos quando andavam juntos pelas ruas sem asfalto – Pensei que íamos passar o dia juntos.
Olhei para o chão, pensativa.
Eu sabia que ele ia tocar no assunto:
- Eu havia prometido as garotas que ia levá-las na 5th Ave. e imaginei que poderíamos ficar juntos a noite. – menti pela metade.
- Sozinhos? – ele perguntou parecendo animado.
- Não, com os outros. – apontei para Tom e Vicky que pareciam brigar e Lucy que mostrava a Nathan algumas roupas que havia comprado para ele – Com os nossos amigos.
- Hum, ta.
- Não gostou? – perguntei receosa, olhando para ele.
- É que... Estamos dando atenção demais aos amigos e esquecendo da gente. – falou parecendo chateado.
- Você acha isso?
- Acho.
- Então está enganado. – abaixei os olhos.
Às vezes eu me arrependia por ter transformado o Max, por ter lhe mostrado seu valor.
Ultimamente andava muito egoísta...
- Por que estou enganado? – perguntou.
- Eles atravessaram o oceano para vim te ver e você se importa mais com nosso dia-a-dia do que com eles? – falei tentando disfarçar minha voz indignada.
Max ficou calado por alguns segundos.
Sabia que eu estava certa:
- É que eu estive pensando que... Depois do que fizemos, pudéssemos assumir algo e...
- Não, Max. – falei séria – Não quero conversar sobre isso.
- Vai jogar em cima deles esse assunto? – falou irritado.
- Como assim? ‘Jogar em cima deles’? – perguntei imitando sua voz.
- Katy, você está fugindo! – parou de andar, largou meu braço e me encarou – Fica mais tempo com os outros do que comigo para não conversarmos sobre isso!
- Isso? Isso o que? – falei intrigada, colocando as mãos na cintura.
- Isso aqui! Nosso relacionamento! – apontou de mim para ele, com certa dificuldade por causa do peso das sacolas.
- Esse é o problema, Max: você vê relacionamento onde não existe. – comuniquei bastante séria.
- Como? – perguntou fazendo careta de dúvida.
- Se quiser ficar comigo, pode ter tudo... – coloquei nas palavras a voz mais gentil possível – Menos alguma seriedade no nosso envolvimento.
- Mas Katy!
- Você sabia desde o início que eu não sou apenas de um, Max. Eu gosto de vagar por aí sem ter que voltar para casa. – falei apontando para o céu, me sentindo o próprio passarinho reclamando com uma gaiola – Não quero que a gente fique de mal hoje, mas entenda... Nunca passará de um bom amasso.
Max me observou magoado. Há alguns meses atrás poderia vê-lo me pedir desculpas várias vezes, mas ele não fez.
Seus lábios se tornaram uma linha reta.
Estava com raiva:
- Belo presente de aniversário, Katherine! – disse entre os dentes, jogando minhas sacolas no chão e me dando as costas.
Mais um grupo de rapazes passou correndo por nós. Max os encarou e os seguiu, fazendo o exercício que era ditado por um treinador, misturando-se aos colegiais:
- Amiga, o que houve? – Lucy apareceu perto de mim com a Vicky junto.
As duas me ajudaram a pegar as sacolas:
- O Max pagando de idiota. – falei
- Eu quero é novidade. – Vi disse irônica, mas logo que percebeu meu olhar engoliu o próprio comentário.
Maximilian George estava me causando mais problema do que qualquer outro garoto que já tenha participado de minha lista de pretendentes. 






* * *

  
 Point of View: Nathan Sykes


- Até quando vai ficar esse clima estranho? – perguntei para a Lucy que estava sentada ao meu lado, quase dormindo.
- Oi? Oi? – ela sussurrou tirando a cabeça do meu ombro – O que você disse?
- Nada, amor. Volta a... Quase dormir. – falei entregando uma almofada – Vou pegar um energético para você.
- Obrigada. – ela sorriu agarrando-se ao objeto fofo e se encostando sobre o braço do sofá.
Ainda era aniversário do Max e desde seu desentendimento com a Katy, hoje à tarde, parecia que havia se formado um muro entre os dois:
- Acredita que eu preparei a porra dessa festa pra ele nem falar comigo? – Katy cochichava com a Vicky, na varanda.
Peguei um energético no cooler e escutei um pouco da conversa das duas:
- O Max mudou e isso me irrita! – Kay falava com raiva.
- Calma, eu acho que ele mudou para melhor. – Vicky falou indiferente.
- Você acha isso porque não passou todo esse tempo com ele. Anda muito egoísta e possessivo e grudento, argh! Odeio! – grunhiu em seguida e me segurei para não rir.
- Talvez esteja dizendo isso porque não gosta do jeito que ele te cerca. – Vicky comentou.
- É, eu realmente não gosto o quanto ele me ronda. – Katy baixou mais ainda a voz – Só estamos nos comendo, não vivendo o amor do século XIX.
- E pensa que eu não sei? – Vi sussurrou também – E acho que você tem toda razão de se manter sem ter algo sério, porque namorar dá muito problema.
- Eu nunca tive nenhum relacionamento e sinto isso! – Katy deixou de sussurrar tão baixo – Tenho horror a frases como ‘eu te amo’ quando são de verdade.
- Nem me fala! Eu nunca disse ‘eu te amo’ para o Tom. – Vicky informou e fiquei de boca aberta.
- Sério? Faz muito bem! – Kay concordou com a outra – Eu digo um ‘I Love You’ para todos, principalmente para os amigos. Mas para os garotos que me envolvo? Nunca! Eles caem logo de quatro.
- Como é o caso do Max...
- Acha que ele é apaixonado por mim? – Katy perguntou interessada.
- Para ele estar desse jeito? – escondi-me melhor quando olhei pela cortina transparente que Vicky apontou para Max – O garoto parece irritadamente triste. Não pode ser apenas chateação de ficante.
- Será que eu devo ir falar com ele?
- Talvez.
Talvez Vicky? Claro que sim!
Por que essa garota é contra a felicidade dos outros?
Que saco!
- Hey, Nathan! Nathan! – Tom começou a gritar e logo fiquei numa posição descente, já que quase eu havia me fundido com a parede numa tentativa de me esconder das duas que conversavam distraídas lá fora – O que está fazendo aí?
- Vim pegar uma bebida pra Lucy. – falei indo na direção dele e de Max, que estavam próximos a mesa do bolo.
Que, aliás, estava muito gostoso! Comi muito, tipo... Quase tudo!
- Acho que não vai adiantar muito, já que sua namorada está dormindo como um anjo. – Max sorriu de leve, apontando para Lu, que já havia se acomodado no sofá, dormindo folgadamente.
- A festa está um saco, não acha? – Tom perguntou me cutucando.
- Eu não acho. Era para ser uma reunião entre amigos, mas isso não aconteceu porque o Max brigou com a Katy. – falei diretamente.
Eu poderia simplesmente ignorar o assunto, mas a Lucy disse que eu precisava fazer jus a minha idade.
Porra!
Tô falando tão bonito!
Tá bom, Nathan... Foco!
- A festa está uma porcaria porque foi a Katherine que arrumou. – Max falou tomando um gole da sua Heineken.
- Cara, deixa de ser mal agradecido! – falei e arregalei os olhos, assustado comigo mesmo, assim como Max e Tom. Mas mesmo assim continuei – A garota teve o trabalho de fazer uma festa surpresa pra você e ainda está arranjando defeito? Aposto que você ia ta achando isso aqui muito foda se tivesse comido a Kay antes de cantar parabéns.
- Wow, Nathan! – Tom exclamou divertido.
- Você está assim só para defender sua prima. – Max retrucou, visivelmente com raiva.
- Não, estou assim porque você é um idiota. – abri o energético e bebi um pouco – E se quiser deixar de ser um, vai atrás dela.
- Nem a pau!
- Agora! – ordenei.
- Vai sonhando.
- Tô mandando, porra! – quase gritei.
E segundos depois vi Max passando por mim, em passos firmes, parecendo decidido:
- Funcionou? – Tom sussurrou incrédulo.
- Funcionou! – exclamei e quase gargalhei alto.
Katy vinha com a Vicky logo atrás. Mais alguns passos e os dois brigados se encontrariam.
Ou para se baterem, ou para se amarem.
E como o povo daqui adora um barraco, é melhor eu ir atrás.
Caminhei ficando em torno de um metro longe de Max:
- Preciso falar com você. – os dois disseram ao mesmo tempo.
Vicky, Tom e eu nos entreolhamos:
- Fala você primeiro. – Max apontou para Katy.
- Não. Pode falar. – ela disse séria.
- Primeiro as damas. – ele insistiu.
Kay não abriu a boca, apenas encarava Max, que deveria está fazendo o mesmo que ela.
Mas eu não pude ver porque estava de costas, óbvio!
- Eu só... – ela começou a falar, com a voz quase inaudível – Ah, porra! Odeio pedir desculpas.
Falou antes de puxar Max pela camisa e agarrá-lo para um beijo.
- Caralho! – Tom disse rindo.
Meio sem ação, aos poucos o garoto foi notando o que acontecia e pegou a Katy de jeito, me deixando orgulhoso:
- Hey, hey! – Lucy começou a falar, vindo cambaleando até a gente, seu rosto amassado de sono.
- Que foi? – perguntei ajudando-a a ficar de pé, mas sem deixar de rir.
- Eu durmo uns minutos e o mundo vira orgia? – ela perguntou olhando assustada para Max e Katy que se comiam na nossa frente.
- Foi o Nathan que fez isso! – Tom me acusou, ficando longe da minha namorada como se ela fosse me dar bronca.
- Eu apenas convenci o Max que deveria ir falar com a Kay. – falei sem jeito, mexendo no cabelo.
- Ele não convenceu, ele ordenou. – Tom me corrigiu e mandei um dedo do meio em sua direção. Me deu as costas rindo e foi pra perto da Vicky.
Algumas coisas caíram e voltei minha atenção para Max e Katy que se agarrando iam em direção a escada, sem nem desgrudarem a boca.
Lucy virou meu rosto rapidamente e selou minha boca num movimento rápido. Sorri assustado:
- Eita! – exclamei desprevenido.
- Você fez mesmo aquilo? – ela perguntou mexendo na gola da minha camisa e ficando perto de mim.
- Fiz, por quê? – envolvi sua cintura com carinho, afastando alguns fios de cabelo assanhado que caíam em seu rosto.
- É porque isso é um sinal que você escutou o que eu disse. – Lucy sorriu e retribui.
- Eu pensei na nossa conversa e concluí que tinha razão. – respirei fundo – Eu me senti bem naquela vez em que eu dei um jeito de fazer você e a Vicky voltaram a se entender, eu me senti... Maduro.
- E a sensação é boa, não é? – perguntou mordendo o lábio inferior em seguida.
- Sim, foi boa, pois não me senti o Nathan Sykes babaca que faz piada. – comentei tentando não mostrar meu tom de mágoa pelo que as pessoas às vezes acham que eu tenho que ser obrigatoriamente: um grande boboca.
Lu puxou minha cabeça para a sua, dando-me um beijo carinhoso, alisando meu rosto e mordiscando meus lábios:
- Mesmo cometendo alguns erros você sabe ser maduro nas horas em que precisa. – ela sussurrou com o rosto quase colado ao meu – Eu amo quando você toma a frente e resolve as coisas, me dando essa sensação de orgulho, que estou sentindo exatamente agora. – Lu sorriu de leve – É uma das coisas que admiro em você, porque acredito que possa ser assim sempre.
Franzi a testa.
Quantas vezes na vida alguém havia me dito que acreditava no que eu podia ser?
Nenhuma vez: é a resposta.
O máximo de talento que pude ter foi com a música, mas com o resto nunca passava do garoto burro.
- Lucy eu... – falei tentando buscar as palavras certas para agradecer.
- Não precisa dizer nada. – ela apertou mais seus braços em meu pescoço. Eu não conseguia deixar de olhar os seus olhos – Quando eu te revelar essas coisas, guarde pra você e não fale mais nada. – suas bochechas ficaram vermelhas e ela riu – Fico meio envergonhada com as possíveis respostas de agradecimento.
- Tudo bem. – respondi aliviado e dando um selinho de leve – Acredita que ouvi duas pessoas hoje dizendo que não dão valor ao ‘eu te amo’? – falei de repente.
- Como assim? – Lucy disse assustada. Ri só pelo fato dela estar acostumada a mudar de assunto de repente – O que essas pessoas tem? Problemas com relacionamentos?
- Supostamente sim. – apontei para a casa inteira, mostrando que me referia as pessoas presentes debaixo daquele teto.
- Ah, tá explicado. – ela sorriu – Não que sejamos perfeitos, longe disso, mas pelo menos expressamos nossos sentimentos mais à vontade.
- Também acho. – concordei com a cabeça – Sem falar que se brincar, no interior de cada um – levantei minha cabeça e meu braço, como se pudesse demonstrar o que eu falava no ar. Lucy seguiu meus gestos, entretida – Acredito que existe muito amor. – continuei – Um amor que ninguém quer revelar para não perder no jogo.
- E depois o boboca é você! – ela brincou abraçando-me.
Pois é.
Os outros que têm medo do que sente e eu que sou imaturo!
Vá lá entender! 







* * *

  
 Point of View: Victoria Foster

Sentei meu short de tecido fino nas escadarias do Met.
“Onde você está?”
Enviei uma mensagem para Lucy, esperando sua resposta. Tom subiu alguns degraus e sentou-se ao meu lado:
- Achei a sorveteira que a Katy e o Max falaram. – ele disse sorrindo e me entregando um pequeno pote de sorvete de morango e baunilha.
- Precisava demorar tanto? – falei sem agradecer, saboreando aqueles pequenos pedaços do morango que vieram misturados com o creme.
- Já fiz o favor de te trazer o sorvete, ainda vai ficar arranjando defeito? – Tom bufou, colocando uma colherada generosa na boca.
- Não é defeito, é pontualidade, odeio atrasos. – expliquei – Qual sabor é o seu?
- Chocolate amargo com pedaços de chocolate branco e não vou te dar. – ele balançou a cabeça negativamente.
- Eu nem queria mesmo. – dei de ombros por odiar chocolate amargo.
“Eu e o Nath pegamos um guia turístico e estamos na Times Square! Amiga, é tão lindo! Xx, Lu e Nathan.”
Revirei os olhos com uma inveja saudável. Eu sabia que eu deveria ter ficado ao lado do outro casal. Hoje eu me acordei sentindo que deveria negar qualquer cosia que Tom me propusesse.
“Se divirta e tire muitas fotos! Xx, Vi e Tom Defunto!”
- O que você tanto digita nesse celular com esse sorrisinho debochado? – meu namorado perguntou tentando se esgueirar pelo meu braço para ler minha mensagem.
- Nada que seja da sua conta, curioso! – reclamei – Toma seu sorvete antes que derreta.
- Brigona! – xingou – Você hoje está de péssimo humor, pior que os outros dias.
- Ah, eu sei. – falei meio cabisbaixa – Acho que estou começando a sentir falta de Londres.
- Mesmo? – Tom olhou para mim assustado – Quando você viajou para Miami, sentiu falta de casa?
- Ora, Tom! Que pergunta é essa? – disse em tom rude, sendo pega desprevenida.
Onde ele queria chegar com isso?
- É que é muito estranho. – seus castanhos estavam cerrados – Da outra vez você passou praticamente um mês fora de casa e pareceu nem mesmo sentir saudades. Até hoje quando os quatro que participaram da viagem falam daquele tempo, parecem ter se esquecido quem ficou em Londres. – tomou uma colher do seu sorvete como se em nenhum segundo tivesse se lembrado do passado e continuou – Está sentindo falta de casa ou não quer ficar em Nova Iorque comigo?
Arregalei os olhos.
Qual o problema desse garoto?
- Vem cá, você ta puxando uma? – fiz gestos com a mão, demonstrando como se fuma maconha – Ta pirando os poucos neurônios descentes que você tem nessa sua cabeça?
- Não. Só é muito estranho. – falou com simplicidade.
Respirei fundo e olhei o meu sorvete meio derretido no pote transparente.
- Tom.
- Oi?
- Me abraça?
Ele franziu a testa, desconfiado.
- Por quê? – perguntou.
Revirei os olhos e percebi que ele não faria o que eu disse até explicar o porquê do pedido.
- É que estou carente.  – respondi.
Era é uma verdade. Para ser sincera, era toda a verdade. Metade do tempo se dedicando ao Max e a Katy, os amigos que tínhamos que matar as saudades, outra metade brincando com a Lucy, amiga de infância, não da para se negar a nada. Outro período tentando convencer Nathan a cortar o cabelo e largar de vez a franja, tudo por implicância.
E o que sobrava para o Tom?
Minha impaciência.
Como sempre...
- É que quase não estamos nos dedicando um ao outro. – falei.
 Meus dedos molhados, da água derretida do pote de sorvete, começaram a caminhar pelo braço descoberto de Tom, deixando pequenas marcas em sua pele. Sorri de um jeito provocante, enquanto minhas digitais atingiam o seu rosto. Sem muito esforço aproximei-o de mim e mordi seu lábio inferior:
- Não quer tirar minha carência?
Tom me analisou cuidadosamente. Meus olhos firmes fizeram-no relaxar e deixar seus ombros caírem numa péssima posição para a coluna. Um selinho foi dado em minha boca, e esperei mais:
- Me espera tomar o sorvete? – ele colocou o pote entre nós.
Revirei os olhos mais uma vez, afastando meu rosto do seu.
- Ah, trocada pelo chocolate! – resmunguei tomando o líquido denso de baunilha com morango.
Tom soltou uma risada divertida e beijou meu ombro.
- Hey, emburrada. – me chamou e continuei a olhar para o outro lado – Não vai olhar pra mim?
- Não. – respondi séria.
- Vamos, meu bem. – insistiu – Te compro uma pulseira de ouro.
- Mesmo? – virei meus olhos aproveitadores para Tom.
Ele sorriu:
- Não. Só estava brincando para que você olhasse para mim. – implicou e dei uma risada forçada.
Tom pegou nossos potes, daquilo que um dia foi sorvete, e colocou-os sobre o degrau acima de nós. Fiquei em meu canto esperando algo seu, pois eu havia provocado e ele me deu um fora, agora que viesse atrás.
- Sabia que fica linda com essas roupas de Nova Iorque? – elogiou.
- E fico feia com as de Londres? – provoquei.
- Não. – mais uma vez ele beijou meu ombro e em seguida meu pescoço – Mas lá você fica muito mais coberta... – ele sorriu esperto e prosseguiu – E para mim, quanto menos roupa melhor.
- Tom, estamos em um local público! – repreendi de brincadeira, enquanto sua mão apertava discretamente a minha coxa.
- Quem liga? – ele olhou ao redor e o segui. Ninguém se quer havia parado para nos perceber – Perigo não te excita?
- Ah, você sabe que sim. – sorri – Mas pode me abraçar, me dar um beijo e deixar o seu desejo sexual para outra hora?
Vi seus pequenos olhos se arregalarem:
- Você está bem? – perguntou assustado.
- É a TPM, estou emotiva. – respondi com simplicidade.
Carente e emotiva Victoria Foster?
Acho que está convivendo demais com Katy e Lucy...
- Você fica tão... Tão... – fez careta e ri de leve – Esquisita assim.
- Não posso fazer nada. Já você...
Coloquei minha cabeça para frente até a minha boca atingir a sua.
Dependendo desse garoto, discutiríamos sobre qualquer besteira voltando para casa, transaríamos e tudo, mas não existiria nenhum contato labial e eu acabaria me sentindo muito prostituta.
Com um impulso me levantei e sentei de lado em seu colo, sentindo seus ossos sob a coxa magra que eu já havia me acostumado. Seu braço passou ao redor da minha cintura para me segurar e sua outra mão acariciava minha perna.
Ficamos mais alguns minutos brincando com nossas línguas até que percebi que não estávamos entre quatro paredes ou entre quatro pessoas conhecidas. Simplesmente era uma escadaria repleta de estranhos.
Disfarçadamente escorreguei para o meu lugar ao seu lado, limpando da minha boca e da sua o meu brilho labial de hortelã.
Passamos um tempo calados, tentando não se agarrar novamente e, enquanto isso, quis achar algum assunto para que na mente de um ser pornojedi não se passasse mais besteiras:
- Você trouxe seu gameboy? – perguntei de repente.
Tom me olhou confuso:
- É... Trouxe sim. – me respondeu passando as mãos no bolso da calça e retirando o pequeno aparelho – Por quê?
- Porque eu também trouxe o meu. – sorri e abri a minha bolsa, retirando meu gameboy lilás.
Havíamos ganhado essa maravilha tecnológica da Tia Sam, que nos presenteou como recompensa por termos terminado o colegial sem nos envolvermos com as drogas... Embora eu quisesse mentir dizendo que seu filho era o maior traficante de cocaína!
Ok! Deixei de brincadeira.
- Vamos jogar Need? – falei animada, já colocando o jogo.
- Ótima ideia! – ele sorriu fazendo o mesmo que eu.
- Multiplayer ativado. – informei esperando a conexão – Pronto.
- Preparada para perder? – desafiou cerrando os olhos e passando a língua nos lábios.
- Eu? Perder? – sorri debochada – Nunca!
- É o que vamos ver! – disse irônico antes de começarmos a corrida.


* * *















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