sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Guilty Pleasure (1ª Temporada - 30 ao 37)



Capítulo 30 ao 37



CAPÍTULO 30

ACHO QUE PERDI MINHA CONSCIÊNCIA
(Capítulo com +18)



Ponto de Vista: Lucy

Por que Max tinha que ir embora?
Após passar o dia de sábado com ele, vim dormi em casa contando a notícia para Vicky e por consequência para o Nath, que estava com ela. Nem mesmo me importei de ver os dois juntos, pois já pensava na saudade que ia sentir da carequinha de Max George.
No domingo, enquanto eu arrumava as coisas com sua mãe, Max passou na casa de Nath e Tom para se despedir deles, assim como foi ver a Vicky. Infelizmente não pudemos nos reunir para todos terem a chance de lhe dar tchau da maneira mais descente, por causa dos problemas entre dois certos irmãos.
À noite veio e uma angústia me dominou ao ver Max trazendo suas malas para o carro. No banco de trás derrubei ainda algumas lágrimas abraçada a ele, mas logo o garoto tratou de me fazer rir de todas as coisas possíveis que poderia fazer em Nova Iorque, me convencendo de que em Julho deveria ir visitá-lo. Confirmei, concordei, gritei e só não pulei porque carros são pequenos por dentro e eu não estava a fim de meter minha cabeça no teto.
– Você vai ter que ir para baladas, Max!
Comentei na lanchonete do aeroporto, enquanto esperávamos a hora do seu voo.
Sua mãe lia um livro de turistas, sobre Nova Iorque.
– Eu não gosto dessas coisas, Lu.
– Pois aprenda a gostar, porque Nova Iorque é tudo de manhã, mas a noite é onde existe a magia da vida! – falei de um jeito sonhador e dramático, fazendo Max rir – Acho que até brilho sai de seu corpo quando você entra numa casa de festa de lá!
– Se você gosta tanto de Nova Iorque, deveria ir morar comigo. – ele apontou para sua mãe – Tenho certeza que ela te adota.
– Eu amo New York, mas não consigo largar Londres. – comentei meio triste – Se as duas fossem coladas, eu teria uma casa na fronteira.
– Ia ser hilário... – e dessa vez foi ele a sonhar – Pelo menos você atravessaria a rua e poderia ir pra minha casa me visitar!
– Tem razão! – concordei feliz, depois parando e ficando quieta – Vamos parar de nos iludir, Little Max?
– Ok, ok! – ele confirmou roubando meu último pão de queijo – Vamos olhar umas lojas? Quero comprar algo com a bandeira do Reino Unido para colocar no meu quarto.
– Tudo bem. – me levantei e roubei o seu refrigerante como vingança – Você vai me mandar uma lembrancinha de lá, não é?
– Vou sim, interesseira! – ele riu e indicou as lojas para mãe, enquanto ela confirmava com a cabeça, demonstrando que havia entendido.
– Ai, para chato!
Cutuquei-o e em seguida ele me abraçou de lado.
Quando vi Max entrando no portão de embarque não fiquei triste, não chorei, eu só sorria.
Aquilo seria tão bom para ele que eu não podia ser uma egoísta e derrubar lágrimas porque Max estava indo embora.
Pensando nisso, observei a hora em meu relógio e meu momento de felicidade e amor pelo garoto foi por água a baixo.
Era tarde, muito tarde, tarde em excesso, do tipo ‘tô fodida são 23:30h!’. Táxi a essa hora na droga do aeroporto é quase milagre de Deus.
Meio desesperada peguei o celular pronta para ligar para minha mãe.
QUE FELIZ!
Bateria descarregada.
Corri para o telefone mais próximo que tinha com a esperança de que ela me atendesse:
– Alô? – falei, assim que ouvi o barulho de alguém atendendo.
– Estou dormindo, liga outra hora, tchau!
Vicky.
Desligou na minha cara antes mesmo de dizer que estava em desespero. Tentei mais algumas vezes, mas não deu certo, deduzi que o telefone estava fora do gancho e que minha mãe não havia chegado em casa.
É domingo, Lucy!
Amanhã você tem aula, e pessoas nessa situação dormem cedo!
Irritei-me com a existência do colégio e, pensando no que fazer, saí do aeroporto observando a grande fila que se formava de pessoas, assim como eu, que iriam esperar o táxi.
Grunhi.
Olhei para meu celular novamente, com a esperança de que tava pirando e vendo coisas, mas nada. Ele estava lá apagado, faltando na hora que necessitava de sua ajuda.
Deprimida em pensar que poderia dormir no aeroporto, cheguei numa segunda hipótese nem um pouco agradável: pegar um ônibus, um metrô, outro ônibus e fazer uso das minhas lindas pernas nas ruas escuras de Londres até finalmente chegar quase morta e estuprada na minha humilde residência.
Preciso dizer que logo ignorei isso?
Revoltada com tudo me joguei na calçada, longe dos carros que paravam para pessoas descerem com suas malas. Peguei meu iPod, coloquei a última música que tinha ouvido: Revolution.
Ri da minha própria situação imbecil e comecei a observar as coisas, pensativa. Me distraí com as luzes, os carros, o estacionamento aberto logo à frente.
Um barulho irritante de buzina surgiu, sendo misturado com o som alto dos meus ouvidos, dando-me certa dor de cabeça. Olhando o asfalto tentei ignorar o barulho, mas infelizmente ele veio novamente. Catei pelo estacionamento e pistas para ver quem era o ridículo que buzinava para a pessoa asquerosa que era sua conhecida e me arrependi de ter pensado desse jeito.
Ao menos de mim... Já que aquilo que me irritava era para chamar minha atenção.
Jay McGuiness acenava para mim de seu carro.
Cerrei os olhos para ver se estava enxergando mal, muito mal, ou excessivamente mal, mas não, era realmente ele.
Jay movimentou seu carro Audi RS6 azul metálico (lindo) até finalmente estacionar há alguns metros de onde eu estava.
Ele saiu e com um sorrisinho disse:
– Destino esperto, sempre juntando a gente!
– Fale por você. – falei irônica e sem paciência – O que você faz aqui? Está me perseguindo?
– Não. – então ele sentou-se ao meu lado – Não perderia meu tempo fazendo isso. – Jay deu um risinho – Vim trazer meu pai para uma viajem a negócios que ele tem que fazer. Terá uma reunião amanhã cedo, por isso ele pegou o voo a essa hora.
– Ah... Ok. – falei sem interesse.
– E você, o que veio fazer aqui? – senti sua perna bater na minha para chamar a atenção do meu rosto para o seu. Olhei-o – Está querendo fugir de casa?
Sorri de leve e ele retribuiu:
– Não. Vim trazer o Max e sua mãe. Eles estão indo para Nova Iorque.
– Então quer dizer que não vou ver mais a cara do George? – Jay falou em um tom animado – Ganhei a noite com essa notícia!
– HÁHÁ, que graça. – falei séria e em seguida ele ficou sério também, percebendo meu rosto.
– Alguém vem te buscar?
Pensei algumas vezes no que responder.
Estar no mesmo carro que Jay McGuiness não é a coisa mais fácil do mundo, principalmente com os meus últimos pensamentos.
– Não. Estou largada aqui sem saber o que fazer. – falei sincera, ele sorriu.
– Te dou uma carona. – então levantou uma sobrancelha – Claro, se você quiser.
– Se tivesse outra escolha provavelmente eu negaria, mas como não tem...
– Ótimo! – falou ignorando meu comentário e levantando-se – Vem! Já está ficando tarde e infelizmente amanhã temos aula.
– Ai! Nem me lembre disso. – falei irritada, ficando em pé também.
Jay andou mais a frente. Vi-o apertar o botão para destravar o carro e logo segurou a porta para que eu entrasse:
– Não se preocupe... – ele falou perto do meu ouvido, num sussurro, antes mesmo de conseguir me sentar – Não vou fazer nada que você não queira.
Olhei irônica para o comentário supostamente ridículo dele e finalmente me sentei, ele fazendo o mesmo, logo em seguida.
O carro começou a andar, saindo do aeroporto rapidamente. O caminho era longo, cansativo, chato, mas Jay nunca foi de deixar as coisas na monotonia e ligando o som colocou Cobra Starship.
Nem preciso dizer que quis pular, gritar, dançar, não é?
Ele me olhou com um sorriso esperto do tipo ‘te conheço’ e voltou a prestar a atenção na pista movimentada.
– Se incomoda se eu pegar um atalho não muito confiável? – ele perguntou do nada, diminuindo a velocidade.
– Não confiável do tipo como? – perguntei apreensiva.
Já era tarde querido McGuiness...
– Sem carro, sem luz e com mato. – Jay ficou esperando minha reação.
– Não, obrigada. Não quero morrer hoje. – comentei fazendo-o rir.
– Relaxa, Lu... Estou aqui para qualquer coisa.
– Não está aqui para porra nenhuma! – falei com raiva – Prefiro chegar de dia na minha casa do que me enfiar num lugar assim...
– Como eu nunca fui muito de seguir o que você diz... – de repente Jay virou o carro, fazendo-me bater com certa força na porta – Vou por onde eu quero.
E sim, ele se enfiou por onde eu não queria.
O lugar era escuro, iluminado apenas pelo farol do carro. A pista asfaltada, mas vazia, tinha os ramos das arvores lá em cima pendendo para baixo, chegando a ser assustador.
Olhei para ele nervosa e com uma velocidade tranquila do carro, Jay disse:
– Sério mesmo. Não vou deixar nada acontecer. - ele sorriu carinhosamente para mim e tentei ficar calma, respirando fundo. – Estive pensando... Agora que o George foi embora, não tem mais nada para nos impedir.
– Além do fato de eu não querer nada com você? – sorri sarcástica.
Nem mesmo quis citar o nome Nathan Sykes no momento.
– Você ainda tem algo comigo, Lucy... – ele me encarou por alguns segundos, voltando depois a sua atenção para a pista – Dá para ver em seus olhos que tem algo escondido dentro de você.
Observei-o com certa raiva, mesmo sabendo que ele não podia se virar para mim no momento.
Jay tinha uma mania irritante de saber o que se passa comigo. Não com detalhes, mas, por exemplo, muitas das coisas que ele disse ao Max no dia da briga era verdade.
Comecei a analisar no que, enfim, Jay falava.
Sim, tinha algo dentro de mim que chamava por ele, pelo seu corpo, seus beijos, seu cheiro.
Um instinto que tinha que ser controlado, pois não suportava sentir isso pelo garoto que me traiu.
Nath mexia com meu coração, mas Jay era responsável pelos sonhos mais impróprios que uma garota poderia ter.
Acho que meus olhos falam muito...
Nathan disse que eu precisava fazer algo antes de ficar com ele.
Resumindo: tudo dependia das minhas pendências.
Será que isso envolve Jay McGuiness?
Com certeza.
Vicky disse que deveria ter transado com ele. Coisa que era bem verdade, eu queria isso.
Quando falei ao Syko que era para ele continuar com a Vicky, era porque eu sentia em mim que tinha um empecilho na vida a ser resolvido.
Não me sentia culpada por pensar essas coisas.
Nath não tirou a virgindade da Vicky?
Por que eu não poderia brincar um pouco antes de ser sua?
Max George, minha querida consciência... Por que você teve que partir?
– Lucy?
Ouvi Jay dizendo meu nome.
Olhei-o assustada, como se tivesse acordado de um sonho. Ele parou o carro e não entendi o porquê daquilo:
– Responde garota!
Ele falou estralando os dedos na minha frente.
Ainda não acordei.
“Nath e Vicky, Nath e Vicky, Nath e Vicky...”
O nome dos dois martelavam minha cabeça.
– Lucy!
“Nath e Vicky, Nath e Vicky, Nath e Vicky... Lucy e Jay.”
 Quer saber o que tem dentro de mim, Jay? – falei e segundos depois eu havia tirado meu cinto, esgueirando-me pelo carro até sentar em seu colo – Sexo.
Nem mesmo esperei sua reação e sua boca já estava na minha e como eu sentia saudade daquilo.
Jay nem mesmo demorou pensando e correspondeu ao beijo de uma maneira intensa, selvagem, sexy...
Foda-se o mundo, eu precisava dele.
Ao menos agora.
Suas mãos apertavam as minhas coxas puxando meu corpo para o seu. Já as minhas estavam em cada lado do seu rosto, segurando de uma maneira possessiva. Meus lábios descerem para seu pescoço, enquanto os seus estavam em meu ombro, beijando, mordendo...
Senti sua mão fugir da minha perna, primeiro destravando seu cinto, depois subindo pela minha barriga, por debaixo da blusa, até chegar ao fecho do sutiã e, abrindo rapidamente, Jay tocou onde eu queria. Massageando, ele começou a me arrancar suspiros em seu ouvido e novamente estávamos nos beijando, de maneira frenética e quase dolorida.
A blusa atrapalhava seu trabalho e tirei-a, jogando-a no banco ao lado, onde antes eu estava. Jay me olhou admirado, pelo corpo, pela situação, pela atitude... Não sei.
Depois seu rosto já estava em mim, em meus seios, sua língua me fazia delirar querendo mais. Num momento de descanso tirei a sua camisa também, estava louca para sentir melhor o contato da sua pela com a minha.
Percebi seu sorriso de aprovação e ele voltou a me beijar enquanto abria o zíper lateral da minha saia xadrez, jogando-a para o lado. Tirei o meu tênis com os meus próprios pés e Jay desceu seus lábios molhados pelo pescoço, ombros, seios, barriga e enfim... Com cada contato seu, meu corpo ia se inclinando para trás até finalmente descansar no volante.
Ele beijou minhas partes por cima da calcinha, fazendo-me fechar os olhos, como se aquilo fosse uma tortura sexual. Jay afastou o pano e seu toque foi mais profundo fazendo-me dar um leve gemido. E como se aquilo fosse um sinal, ele começou a me dar prazer com a sua boca.
Uma sensação inexplicável tomou conta de mim, minhas mãos pressionavam sua cabeça e minhas costas doíam na posição, deixando muito mais interessante.
De repente ele parou e Jay levantou meu corpo. Sem saber o que queria, percebi-o tirar a minha calcinha com certa fúria, até me deitar novamente na posição anterior, fazendo o mesmo de antes de uma maneira muito mais intensa, já que agora não tinha mais nada para atrapalhar.
Não demorou muito e veio meu primeiro orgasmo, anunciado com um gemido longo e baixo. Jay subiu seus beijos pelos mesmos lugares em que desceu e tocando minha boca com a sua senti o meu próprio gosto.
Desci minhas mãos sobre sua calça e com certa ajuda a tirei, rapidamente sentindo o volume agradável entre suas pernas tocando em mim.
Eu não faria sexo oral... O McGuiness não merece.
Mas mesmo assim eu tinha que lhe dar algo em troca, pelo que ele me fez.
Beijando seu pescoço coloquei minha mão por dentro de sua boxer, sentindo seu membro ereto.
Foi a sua vez suspirar em meu ouvido.
Comecei a movimentar com os meus dedos fechados circularmente, iniciando uma masturbação lenta. Gradativamente aumentei a velocidade da minha mão, assim como de minha boca que sugava seu pescoço como um vampiro, sem nem ao menos me preocupar com as marcas futuras. Os suspiros dele se tornaram constantes assim como seu membro se tornou mais duro. Jay começou a se movimentar buscando minha boca, beijei-o e sua mão mexeu em algo ao nosso lado. Ouvi um barulho de plástico e deduzi que fosse a camisinha, seus braços ao redor de meu corpo me fizeram sentir a embalagem em minhas costas. Os dentes de Jay machucavam a minha boca demonstrando o quanto eu estava me saindo bem.
Ele segurou minha mão e observando seu rosto com expressão de sofrimento, senti-o colocar a camisinha.
A hora estava chegando e pela primeira vez senti medo.
Percebendo a expressão em meu rosto, Jay puxou-me mais para si e beijou minha boca de maneira calma, mostrando que ele faria de tudo para não me machucar.
Abri mais minhas pernas e ele levantou-me com um dos braços e aos poucos foi me penetrando, com uma lentidão dolorosa de prazer e dor, essa última quase inexistente. Nossas testas coladas nos davam liberdade de enxergar nossos olhos de perto e com certa intimidade. Minhas pernas se contraíram, apertando de leve seu órgão e finalmente comecei a movimentação, sem muita pressa. Precisava me acostumar com o que estava dentro de mim. Jay me guiava pacientemente, mas não demorou muito até eu pegar o jeito. Suas mãos que apertavam a minha cintura passaram de guia para impulsionadoras, fazendo com que a cada mexida nossos gemidos fossem mais altos.
A situação estava se tornando incontrolável e foi tentador não chegar ao ápice. Apertei seus ombros com certa força, demonstrando o meu último momento de prazer. O de Jay veio logo em seguida, sendo percebido pela profundidade de suas estocadas em mim.
Consequentemente nossos corpos diminuíram o ritmo, nossas respirações permaneceram agitadas, acostumando-se aos poucos com a tranquilidade depois do esforço.
Jay beijou meu queixo, subindo até minha boca, depositando um beijo carinhoso, que nem mesmo parecia vir dele.
Relaxei com aquilo, entregue ao que tinha feito.
Afastamos nossos lábios e deixei minha cabeça cair em seu ombro. Sentia seu coração acelerado batendo em minha pele, assim como o meu devia estar na sua.
Jay apertava minha cintura com um de seus braços, enquanto deixava sua mão em minhas costas, brincando no espaço com as pontas de seus dedos, me arrancando alguns arrepios.
Eu poderia ficar ali, até amanhecer, pensando no que havia acontecido. Não estava arrependida, pelo contrário, eu me sentia agora no mesmo nível que Nathan e confiante na relação que teríamos que poderia vir logo à frente.
Meio ridículo pensar no homem que você gosta nos braços de outro. Mas eu fiz aquilo pensando em nós dois. Eu não poderia lhe dar felicidade se eu não estava completa.
Precisava fazer isso com o Jay para poder seguir em frente.
Isso foi tão espírita!
Enfim... Fiquei perdida nos meus pensamentos, recebendo os carinhos e descansando meu corpo.
Jay quebrou o silêncio que eu preferia que fosse continuo:
– Te amo.
Afastei rapidamente dele, observando sua expressão de homem apaixonado.
Eu não estava vendo a pessoa misteriosa, orgulhosa e possessiva em minha frente. Jay McGuiness estava diferente e até mesmo sonhador...
Assustada, vi sua expressão sendo transformada aos poucos. Sua paixão passou para apreensão percebendo cada traço meu que negava seu sentimento.
Saí de seu colo sem nem ao menos avisar, quase tombando no banco ao lado. Comecei a vestir minhas roupas que, sem querer, eu havia sentado em cima.
Ele me olhava de maneira tentadora e incompreensível...
– Me leva pra casa. – falei após colocar a saia – Agora.
Reuni o máximo que pude a voz mais autoritária. Eu não estava a fim de demonstrar o quão chocada fiquei com o momento meigo que Jay McGuiness me proporcionou.
Aquilo era surreal vindo de alguém como ele.
Seus olhos cerrados e sua boca contraída demonstraram o que ele sentiu no momento ao ouvir minhas palavras: raiva.
Com certa rapidez Jay se livrou da camisinha, começando a se vestir. Esperei-o impaciente. Aquele carro era grande por dentro, mas no nosso caso era pequeno demais.
Segundos depois já estávamos em movimento e se não fosse pelos nossos rostos desconfiados, poderiam dizer que nada havia acontecido.
Cobra Starship não tocava mais e o máximo que se podia ouvir eram as nossas respirações meio desajustadas.
Demorou até minha casa finalmente aparecer no vidro a frente. Tirei um cochilo, muito melhor do que ser tentada a olhá-lo e ter meu corpo queimado pela sua falta de conformação.
Pensei no que deveria fazer em relação ao Nath, chegando a conclusão de que na hora certa eu lhe contaria tudo. Conhecíamo-nos o suficiente para termos uma conversa com esse tipo de assunto.
E na próxima vez que ele vier falar comigo sobre o que deveremos ter... Sorry Vicky, eu não negarei o que sinto.
Agora estou pronta para meu garoto, que não é Jay McGuiness, mas sim Nathan Sykes.







        * * *



CAPÍTULO 32

ENTÃO O MANDEI EMBORA DA MINHA VIDA



Ponto de Vista: Nathan


Duas semanas se passaram desde o Max ter ido embora. Demoramos a nos acostumar em não vê-lo no colégio, assim como sentíamos falta do seu excesso de “nerdisse”.
Eu e Vicky estávamos sem novidades, meio que a beijava pensando em Lucy, assim como ela deveria me beijar pensando em Tom.
Por falar em Tom, surgiu um boato de que ele e Tanya estavam namorando fazendo, Vicky passar um dia inteiro sumida, enfiada na casa de Lucy, dizendo que ia arrumar o quarto da amiga, coisa muito mais interessante que assistir aula.
Sinceramente não sei qual é o pior... Faxina ou aula chata!
Os olhares de Jay para Lucy mudaram.
Já os dela se tornaram muito mais firmes e confiantes.
Minha garota estava diferente, mais alegre e em seus olhos não tinham mais a confusão que eu vi no dia da nossa última conversa.
Fiquei com medo.
Coisas na minha cabeça me levaram a dizer aquilo e espero sinceramente ter tomado a decisão correta.
Porém chegou uma hora que a situação tornou-se insuportável. Eu não gostava da Vicky, assim como ela não sentia nada por mim.
Todos os dias Lu se sentava ao meu lado, com seu cheiro suave e seu jeito “não ligo para nada, ligando para tudo”, tornando meu controle quase impossível.
Então, numa manhã de sexta feira, me acordei com tudo pronto na cabeça. Eu agiria normal no colégio, mas a tarde viria a conversa decisiva com a Vicky:
– Precisamos ser sinceros um com o outro agora.
Falei, sentado no banco de madeira em frente a casa de Lucy, ao lado de sua porta. Era fim de tarde, Vicky alguns segundos atrás havia me xingado dizendo que DR era algo besta.
– Ok, se você exige.
Ela falou desinteressada.
– Estou gostando da Lucy.
Vicky me observou séria por alguns segundos, depois disse:
– Tem alguma outra novidade?
– Como assim? Você sabia? A Lu te contou? – falei apressado, sem entender nada.
– Não imbecil! – ela disse impaciente – Dá para ver na sua cara e dá para ver na cara dela também! Eu sei que vocês se gostam.
– Então por que você ainda está comigo? – perguntei sem compreender o fato de a Vicky torturar a amiga.
– Porque você ainda está comigo! – ela disse como se tudo fosse simples – Nathan, você gosta da Lucy e continua a namorar a melhor amiga dela! Pensei que você tinha motivos para não ter terminado logo com minha linda pessoa, para ficar com a diva pessoa da Lu!
– Ela pediu para eu continuar com você. – falei irritado, lembrando-me de Lucy me implorando para não terminar tudo.
– E você da atenção à cabeça confusa daquela garota? – Vicky falou parecendo uma mãe que xingava a demência da filha.
– Pois é, escutei e estou arrependido. Acho... Não sei. – falei tão confuso quanto a menina que gostava.
– Não se arrependa. Esse tempo que você continuou o namoro a Lu mudou, não percebeu? – Vicky falou e parei para analisar o que já havia notado.
– Sim, percebi, mas não sei o motivo.
– Um dia ela te conta, relaxa. – ela disse como se fosse um segredo a ser guardado por enquanto – Enfim, eu aceito o pedido de fim de namoro, mesmo que você ainda não tenha pedido. Mas eu preciso te contar algo antes.
– O quê? – falei cruzando os braços e esperando alguma possível desgraça.
– Beijei o Tom. – Vicky disse como se colocasse tudo para fora, sem a mínima questão de se importar para o que eu poderia sentir – Na verdade ele me beijou. Isso foi no natal e eu não contei porque achava que não era da sua conta.
– Eu sou... Quer dizer, eu era seu namorado! – tentei lhe mostrar que era meu direito de saber – Mas ando tão mal de confissões como você. Também beijei a Lucy.
– Mesmo? – ela disse impressionada e começando a rir – Cassete! Como é chato namorar o cara que sua amiga gosta! Ela não pode nem contar babados como esse!
Comecei a rir da reação da Vicky.
O nosso namoro poderia não ter sido maior exemplo, mas criou entre nós uma cumplicidade compreensível para tudo o que a gente pensava. Era como se desde o início soubéssemos que não ia dar certo, mas que faríamos de tudo para que se prolongasse, como um desafio.
– Até quando essa idiotice entre você e Tom vai durar? – falei esperando uma resposta decente para o que estava se passando.
– Até quando eu quiser, me cansar e decidir se vou querer ficar com ele ou não.
– Você deveria deixar de ser orgulhosa e terminar logo com isso! Até os ETs sabem que os dois se gostam. – fiz uma voz besta e continuei – Está escrito nas estrelas.
– Que as estrelas morram com sua frescura. – ela disse impaciente, me arrancando uma gargalhada – Aquele garoto só faz besteira! Agora inventou de namorar a Tanya? Ridículo!
– Você não tem certeza de nada... Foi apenas uma história que surgiu. – disse, tentando defendê-lo.
– Vindo de Tom Parker e Tanya Linus não duvido de nada! – ela falou cruzando os braços – Ele merece o que faço com ele.
– Acontece que você também fica se torturando.
– Não ligo. Minha satisfação é maior do que a tortura. – Vicky deu um sorriso como se estivesse se divertindo – É legal vê-lo irritado.
– Você é louca, querida Vicky Foster. – comentei apertando-a e ela se deixou abraçar por mim – A Lucy está aí?
– Não. Foi na biblioteca do colégio.
– Acho que vou atrás dela, tentar encontrá-la no caminho. – falei pensativo.
– Dizer que terminou o namoro e agora é o mais novo solteiro na pista? – ela falou sarcástica.
– Na pista chamada Lucy Mason! – disse num tom irritantemente apaixonado.
– Ui, que gay! Arrasou na purpurina, Nathan – ela disse rindo e estendendo a mão para bater, correspondi do jeito mais menina que meu corpo deliciosamente másculo permitiu.
– Agora vou embora atrás de quem eu gosto. – falei me levantando – Até mais ver, Miss Foster.
– Até mais ver, Mister Sykes.
Ela disse fazendo uma reverência exagerada, entrando em casa logo em seguida.
Segundos depois já estava dentro do meu carro, começando a dirigir e percebendo o quão ansioso e feliz me encontrava no momento.


* * *



Ponto de Vista: Vicky

Depois do meu fim de namoro com Nathan, mesmo que isso tenha feito apenas 10 minutos, eu me senti livre de qualquer compromisso chato.
Logo ele e Lucy se acertariam e como eu havia percebido o que acontecia entre os dois há alguns dias, pensei sinceramente levar em consideração tudo o que eu e Tom passamos, jogando meu orgulho de lado, mas exigindo que ele fizesse o mesmo, para finalmente a gente ter algo de decente além de brigas.
Só que veio a notícia do namoro dele com a Tanya Vaca.
Eu sabia que aquela safada não ia deixar fácil.
Desde a briga no banheiro do shopping ela vem dobrando as provocações e venho aturando-as com certa dificuldade, mas dando no mesmo troco, lançando olhares ‘diferentes’ para Tom.
O mais engraçado é que inicialmente ele retribui jurando que eu estava mudando de ideia e que sairia correndo para seus braços. Mas infelizmente Tom percebeu que era tudo um joguinho para irritar Tanya e me devolveu numa moeda muito pior, vindo o tal ‘namoro’.
Como sentia ódio!
A capainha tocou enquanto eu tomava meu achocolatado, sozinha em casa. Imaginei que Nathan tinha esquecido algo e abri a porta meio impaciente:
– Esqueceu o cérebro Nath... Tom?
Falei assustada.
Só é pensar no maldito que o vento espalha os pensamentos e a desgraça aparece em sua porta.
– É tudo mentira, ok?
– Mentira o quê? – dei um risinho – Você não é moreno natural? Choquei!
– Deixa de brincadeirinha besta! – Tom disse impaciente. – Posso entrar?
– Não. – comecei a fechar a porta – Vicky Foster fechada para visitações!
– PARA!
Tom gritou muito antes de me deixar esfregar a madeira pesada em sua cara.
Parecia agoniado.
– Eu não aguento mais.
Ele me olhou triste, baixando a cabeça em seguida.
– Não estou com vontade de conversar Tom, sorry. – insisti, cruzando os braços.
– Você nunca está com vontade de conversar, apenas de brigar, brigar, brigar!
Tom foi falando e entrando na casa, esbarrando em mim como se não se importasse.
– O máximo que você merece da minha atenção é para ter uma boa briga querido!
Expliquei-me fechando a porta com o pé e continuando com os braços no mesmo lugar.
– Você é irritante, orgulhosa, cabeça dura. – seu olhar aflito pousou nos meus – E eu gosto de você.
– Mas namora a Tanya.
– É isso que eu estava dizendo que era mentira!
– Duvido muito.
– Claro! Você sempre arranja algo para não me deixar chegar perto, para continuar com esse jogo. Eu não quero mais jogar!
– Vai desistir? – falei sarcástica – Pensei que você fosse mais forte.
– Não é questão de ser forte. – Tom aproximou-se de mim. Coloquei a mão para impedir que chegasse mais perto – É tudo uma questão do quanto se gosta. – ele colocou as mãos no bolso da bermuda, parecendo uma criança – Você gosta de mim o suficiente para esquecer o que viemos fazendo esse tempo um com o outro?
Olhei-o tentando buscar a compreensão para a maneira diferente de agir.
Ele se cansou de querer me fazer ciúmes?
Se cansou de ter uma loira chata aos seus pés e agora quer algo melhor?
Pensei alguns segundos no que deveria lhe dizer:
– Gosto de você o suficiente para odiar tudo o que me fez. Esse tempo que fiquei com o Nathan foi mais uma distração do que algo sério. Você sabe! E mesmo assim esfregou na minha cara a vadia que eu mais odiava no mundo. Acha mesmo que vou deixar de jogar assim de uma hora para outra?
– Então que jogue sozinha! – ele falou levantando os braços e depois batendo em suas pernas, como se estivesse mostrando uma bandeira branca.
– Então que desista de mim facilmente.
Tom me olhou admirado.
Eu não queria chorar. Para ser sincera... Não estava com a mínima vontade de demonstrar fraqueza.
Sentia-me segura o suficiente para continuar com aquilo tudo:
– Vá embora... E não volte nessa casa, na minha vida. – apontei para o lado de fora – Fique com a Tanya, case, tenha filhos, morra ao lado dela! Mas deixe de ser um imbecil que entra no meu orgulho. – me aproximei dele, seus olhos me olhando desafiadoramente – No nosso relacionamento alguém tem que ceder, e tenha certeza que não vai ser eu.
– Pois que seja assim. – Tom se aproximou mais ainda – Se para te irritar eu tenha que ficar com a Tanya, eu ficarei. Se para ser contra a sua vontade cega eu tenha que me manter cabeça dura, brigando, provocando apenas para satisfazer sua vingança barata de garota fria, eu faço.
– Você está me desafiando a continuar nisso? – sorri sarcástica em seu rosto – Está entregando ouro aos pobres.
– Que seja. – ele retribui o sorriso e empurrou meu ombro de maneira controlada – Só sei que é você que vai sair perdendo.
E então passou por mim, sem me deixar ter chance de replicar a sua última frase.
Eu sair perdendo?
Fumou maconha, Tom Parker?
– VOLTA AQUI AGORA!
Gritei na escada em frente a casa. Tom parou perto do carro e me encarou, seus olhos estavam vermelhos, seu rosto molhado:
– Não vou voltar Vicky. – então ele abriu a porta – Se você me quiser... Que venha atrás de mim.
E quando vi seu carro já estava andando.
– TOM PARKER SEU IMBECIL!
Gritei mais uma vez.
Cada vez mais o carro sumia, até que dobrou a esquina com certa velocidade.
Comecei a grunhir de ódio. Meus olhos ardiam e minha cabeça estava confusa graças a discussão que havia se passado.
No meio disso tudo ouvi um barulho.
Um barulho que me fez chamar seu nome:
– Tom.
Disse para mim mesma antes de sair correndo.
Estava escuro, o vento batendo forte em meu rosto, assanhando meu cabelo. O fim da rua parecia o fim do mundo de tão distante que estava dos meus pés. Meu pensamento dizia ‘não foi o carro dele, não foi ele, tudo está bem’.
Mas não estava.
– NÃO!
Gritei ao ver a cena. Dois carros colididos um de frente para o outro. Um deles era o de Tom.
Quase perdi o chão e com certa dificuldade andei até a batida. Pessoas paravam, amontoavam-se e ao ver o meu estado davam espaço para meu corpo se arrastar para mais perto do acontecido.
– TOM! TOM!
Chamei seu nome vendo-o desacordado. Sua cabeça sangrava, repousando desajeitadamente no volante. Vidros para todos os lados e vozes enrolavam os meus ouvidos. Tudo ficou escuro, claro, cinza e normal. Eu via e desvia a cena.
Deixei-me cair no chão perto da sua porta. Desespero saia dos meus olhos em lágrimas pesadas e nervosamente procurei o celular no bolso da minha calça jeans e não o encontrei.
– Você o conhece? Você o conhece? – um senhor agachou-se perto de mim, com um celular na mão. – Liguei para o socorro, já estão vindo.
– Eu preciso tirá-lo daí de dentro. Eu preciso. – falei me levantando e quase cambaleando.
– Não, ele pode ficar pior!
– ELE PODE MORRER!
Grunhi empurrando o senhor que me ajudava enquanto ele me olhava assustado.
Voltei a olhá-lo sangrando.
– Tom, Tom, Tom... Por favor! Por favor!
Senti meus dedos furarem nos vidros quebrados da porta, mas a dor não era maior do que vê-lo assim.
Eu o mandei embora da minha vida.
Mas não queria que para que meu pedido se realizasse ele tivesse de deixar sua.






        * * *



CAPÍTULO 33

TAKE CHANCE ON ME
(Mesma hora que o acidente de Tom)


Ponto de Vista: Lucy

Antes de sua viagem, Max e eu terminamos de ler o livro de O Retrato de Dorian Gray, então aproveitei que tinha um tempo livre no dia de hoje de decidi ir entregá-lo na biblioteca... Coisa que já devia ter feito a muito tempo. Porém assumo que ver o livro era uma maneira de deixar Max perto de mim.
Sentia sua falta, mesmo nos falando quase todos os dias por celular, internet e coisas do tipo.
Jay tornou-se algo a ser realmente ignorado em minha vida. Eu sabia que sua intenção depois do que fizemos era voltar comigo o mais rápido possível, mas em meu caso isso não era nem questão pensada.
Sentia-me preparada para o momento que Nath percebesse que eu já estava pronta. É realmente tentador vê-lo sempre e não poder beijá-lo do mesmo jeito que aquela noite. Mas eu não me sentia triste. Apenas feliz por tudo o que aconteceu, pelo rumo que as coisas estavam tendo.
Andava distraída pelas ruas de Londres, decidi que voltaria para casa a pé aproveitando cada sensação. Estava tudo muito movimentado, pessoas voltando de seus trabalhos, pubs abertos, amigos, noite... Aquilo me dominava de uma maneira que nem parecia minha vida.
– LUCY!
Alguém gritou meu nome. Alguém que eu conhecia.
– Nath? – falei enxergando-o, saindo de seu carro, com um sorriso no rosto – O que veio fazer aqui?
Falei apontado para o chão, indicando a rua, a calçada, a loja de discos que tocava Take A Chance On Me, de Abba.
– Vim te dar uma notícia! – ele falou ofegante, como se estivesse correndo, coisa que eu não o vi fazer – Terminei com a Vicky!
– O quê? – falei sorrindo, gritando, não sei, porque Nath já estava me beijando.
 (Nota da autora: coloque essa música para tocar http://www.youtube.com/watch?v=PSQiGa0sGe8)
 
If you're all alone, when the pretty birds have flown
Honey I'm still free, take a chance on me
Gonna do my very best, and it ain't no lie
If you put me to the test, if you let me try…

Se você está sozinho quando os bonitos pássaros voam
Querido, eu ainda estou livre, me dê uma chance
Farei o meu melhor e isto não é nenhuma mentira
 Se você me colocasse a teste, se você me deixasse tentar...

Os braços de Nath fizeram inexistente a distância entre nós dois. Nossas bocas juntas demonstravam a saudade do último beijo dado, fazendo-me perceber que ele foi em outra vida.
Numa vida em que não podíamos ficar juntos.
Meus dedos embrenhados em seu cabelo, seu cheiro cítrico dominando o meu nariz, nossa respiração junta, rápida, difícil, incontrolável...
– Não via hora de fazer isso de novo. – ele falou partindo o beijo, com seu rosto quase colado ao meu.

Take a chance on me... 
Take a chance on me…

Me dê uma chance... 
Me dê uma chance...

Não resisti e peguei-o mais uma vez com a boca. Agora estava tudo liberado e eu me sentia a própria Holanda, sem leis relacionadas a Nathan Sykes.
A música continuava a tocar, sua língua ainda estava na minha, assim como a minha estava na sua. Nossas mãos passavam respeitosamente pelos nossos corpos, até porque ainda estávamos na rua... Infelizmente.
Sorri com uma emoção esquisita dentro de mim e fui correspondida pelo Nath que me deu um último selinho.
Fiquei olhando feito uma boba seus olhos avelã, muito mais profundos que os azuis de Jay.
– Take A Chance On Me tocando agora é tão coisa do destino! – falei rindo.
Nath segurou minha mão e começou a me guiar até seu carro. Provavelmente ele me deixaria em casa... Ou não.
– Pelo menos não foi Dancing Queen!
Ele exclamou e em seguida nós dois gargalhamos. Nath me encostou em seu carro, meio que de surpresa, prensando minhas pernas.
– Para onde você quer ir?
Comecei a pensar olhando para o céu, enquanto ele me esperava pacientemente. Mas agora Mamma Mia de Abba tocava baixo, e seu som se tornou inaudível quando You’ve Got A Friend veio em nossos ouvidos.
– Vicky. – falei com o celular na mão. Nath voltava ao seu lugar, já que teve de se afastar para eu pegar o aparelho no bolso da frente. Ele olhava a tela feito eu, suas mãos em minha cintura – Acho que não vou atender.
Falei quase guardando o celular, mas Nath impediu e disse:
– Atende. Ela sabia que eu ia te ver. Se Vicky não estiver ligando para nos zoar é porque pode ser algo importante.
Olhei para a chamada não atendida da minha amiga, e pensando no que ele falou liguei de volta.
– Oi, gata!
– Lu...
– Algum problema?
Meu tom de voz foi de preocupação, enquanto o dela era de choro:
– Vem para o hospital! Por favor...
– O quê? Hospital? Como assim? Você está bem? Aconteceu alguma coisa em casa? Vicky!
Nath me olhava curioso e eu falava uma coisa atrás da outra, ela me ouviu paciente e quando me calei dando-lhe abertura para dizer algo, ela disse:
– Vem para o Hospital Kingston. É o Tom!
– Tom? – exclamei assustada – O que você fez com ele?
– Só vem para cá com o Nathan!
E então ela desligou.
Olhei para o Nath tensa, assustada, preocupada, tudo...
– Que foi? – ele disse seguindo meus olhos de um lado para o outro.
Afastei-o de mim tentando raciocinar.
– Sabe onde é o Hospital Kingston? – perguntei finalmente, com a mão na testa e outra na cintura.
– Sim, eu sei. – ele disse, chegando perto de mim – Explica o que houve!
– Tom. Tom está lá, Vicky também. Vamos – falei perto da porta esperando ele destravar com o controle – Precisamos ir.
– Tudo bem! – ele disse finalmente liberando a porta e correndo para o seu lado.
Parecia que a fixa não tinha caído, minha curiosidade martelava minha cabeça e Nath me fazia perguntas pelo caminho que eu não sabia responder, por que a Vicky não me deu detalhes.
O que tinha acontecido com Tom?
– Só espero que ele esteja bem. – falei triste, olhando a rua passar com seus borrões de luzes.
– Não sabemos o que aconteceu Lu, então pensa positivo. – Nath disse tentando me tranquilizar, tocando em minha perna.
“Estamos na emergência. Vem logo! Preciso de alguém que eu confie para chorar.”
Vicky, xx.
Olhei a mensagem que fez aumentar a minha aflição.
– Eles estão na emergência. – disse ao Nath.
– Ok. Já estamos chegando.
E em poucos minutos estávamos andando rápido pelo Hospital, esbarrando em alguns médicos que andavam apressados.
Para uma entrada de emergência estava até que calmo.
– Para que lado fica a sala de espera da emergência? – Nath falou, enquanto eu olhava de um canto para o outro tentando me situar.
– Para o lado esquerdo senhor. – disse a atendente simpática.
– Vem!
Ele me puxou e voltamos a andar rápido, passando por um corredor cheio de portas, mais alguns médicos e finalmente uma sala aberta, cheia de cadeiras, algumas preenchidas. Uma delas pela Vicky, que nos olhou ansiosa.
– Parecia que vocês não iam chegar nunca!
Ela disse já me abraçando. Apertei-a forte, fazendo carinho em sua cabeça.
– O que houve? – disse segurando seu rosto que começou a ficar molhado das lágrimas que saiam de seus olhos.
– Tom... Ele sofreu um acidente. Um acidente de carro. – ela disse, mexendo os braços. Enxuguei algumas de suas lágrimas – Foi culpa minha!
– Culpa sua? – perguntei assustada – Como assim?
– Não é melhor vocês se sentarem? – Nath disse e só então reparei que ele já estava sentado.
Fizemos o que foi dito, e segurando as mãos Vicky, ela começou a falar de um jeito tranquilo:
– Ele foi a sua casa...
– Quem? – Nath perguntou atrás de mim.
– Tom, Nathan! – Vicky respondeu impaciente – Então brigamos, dissemos coisas, e ele saiu não muito bem emocionalmente e de repente pow! O carro bateu, saí correndo, o vi sangrando, chorei, me desesperei, aí a ambulância chegou e levou ele mais a outra mulher do carro e eu fui com Tom, e me fizeram curativo – Vicky levantou a mão enfaixada – Me cortei com alguns vidros da janela sabe... E aí chegamos aqui, ele foi levado para a UTI, estou feito uma retardada esperando notícia e pulando no pescoço de cada médico que passa para tentar saber de algo, e nesse momento estou triste, muito triste, me sentindo culpada, aflita, preocupada, e estou sem ar porque falei rápido demais. – de repente ela parou de falar e me encarou, fazendo careta. Vicky já não chorava mais – Você entendeu alguma coisa?
– Sim... – falei mexendo-me na cadeira, me distraí demais ouvindo cada palavra da Vicky, tentando compreender a ordem das coisas – Quer dizer, eu acho que entendi.
– Eu não entendi foi nada mesmo! – Nath falou perto de mim, senti seu queixo apoiar em meu ombro.
– Depois eu te explico. – falei sem me virar para o olhá-lo – Não se sinta culpada, porque tenho certeza que o Tom quando ficar bom nem vai pensar nisso.
– Isso se ele ficar bom! – então ela fez um olhar triste virado para o chão – Se acontecer algo com ele...
– Você vai seguir em frente, porque provavelmente era isso que ele iria querer para sua vida. – afastei alguns fios de cabelo de sua bochecha. Vicky me olhou.
– Desculpa perguntar, mas como ele estava? – o garoto atrás de mim disse, empurrei meu cotovelo na barriga de Nath, enquanto ele gemia de dor em meu ouvido.
– Por que você está me perguntando isso? – Vicky fez um rosto confuso.
– Porque dependendo de como Tom estava podemos ter uma noção do seu estado. – ele disse e sorri de leve.
– Bem pensado! – falei contente demais para a situação. Me recompus.
– Eu cheguei lá e o vi com a cabeça encostada no volante, sangrando na testa, e tinha um monte de vidro quebrado, então ele pode ter se furado. Aí na ambulância ficou desacordado, vi um monte de cortes no seu corpo... Ah, seu braço tava esquisito!
– Quebrado? – perguntei.
– Acho que sim.
– Ele estava de cinto? – Nath falou.
– Aham. Vi os paramédicos tirando o cinto dele.
– Menos ruim. – comentei – Então o impacto não foi tão forte.
– EU QUERO VER O MEU FILHO!
Todos olharam para a mulher que havia acabado de entrar na sala de espera.
Era a mãe de Tom.
– Senhora, se acalme, por favor... – disse um médico pacientemente.
– Samantha. – Vicky falou se levantado.
Nath e eu a seguimos.
– Ele está bem? POR FAVOR! ME DIZ! – o desespero dela era é deprimente. Chorando, balançou a bata do médico que afastou suas mãos – VICTORIA! O QUE HOUVE?
– Calma, deixa o médico ir, eu converso com a senhora. – ela disse, puxando-a para longe do homem enquanto sentava-a na cadeira em que antes eu estive.
– Desculpa por isso. – falei sem jeito.
– Qualquer notícia que o senhor tiver sobre o paciente Tom Parker nos avise. – Nathan disse.
– Tudo bem. Agora preciso ir.
Então ele foi embora, olhei o Nath que me devolveu seus olhos de um jeito pensativo.
Comecei a andar em direção a senhora Parker e a Vicky:
– Com licença... – falei interrompendo a conversa – Vou sair um pouco com o Nath, tomar um vento, achar algo para comer. Enquanto isso vou deixá-la com a Senhora Parker... Tem problema?
– Não, tudo bem. – ela disse sorrindo de leve. Beijei seu rosto e me virei para a mãe de Tom, acenando.
– Obrigada por vocês dois estarem aqui. – disse com sinceridade, olhando para mim e para Nath.
– Não foi nada. Também nos importamos com ele. – o garoto falou – Agora precisamos ir.
– Tchau. – Vi se despediu e logo voltou a dar atenção a mulher.
– Qualquer coisa me liga! – gritei antes de entrar no corredor branco cheio de portas.
Nath e eu nos dirigimos até a parte de fora do hospital, onde ficava o estacionamento:
– Você quer que eu passe em algum lugar para pegar um lanche? – ele perguntou, envolvendo-me e me aquecendo.
– Eu quero. Te incomoda?
– Claro que não! Também estou morto de fome. – ele me olhou, minhas mãos apertadas entre meu corpo e o seu, na altura de seu peito – Notícias tristes me abrem um buraco na barriga.
Ri sem querer parecer que estava feliz numa hora daquelas:
– Acho que não vou com você. Se a Vicky precisar de mim é melhor eu ficar por perto.
– Tem razão. – Nath disse afastando os cabelos das minhas costas distraidamente, esperando eles voltarem para o lugar – Já volto então.
– Ok! – falei e em seguida recebi um beijo carinhoso de despedida.
Olhei seu carro indo embora, depois observando todo o espaço ao meu redor:
– Preciso arranjar algo para me distrair. – disse a mim mesma.
Nada mais interessante para se fazer enquanto espera alguma coisa do que explorar um lugar desconhecido cheio de gente de branco!
Ai que coisa do além!






        * * *



CAPÍTULO 34

HÁ MALES QUE VEM PARA O BEM



Ponto de Vista: Vicky

– A culpa é muita mais minha do que sua.
A mãe de Tom disse após lhe explicar tudo o que aconteceu. Eu me sentia mais tranquila após ver Lucy e Nathan.
Segurava as mãos de Samantha, como se o gesto fosse consolar a nós duas:
– Por que acha isso? – falei pensativa – Eu pensava que iria levar a maior bronca sua.
– Não faria isso! – ela me olhou sem jeito – Foi um erro ter deixado você sair de casa. Se eu não tivesse dito aquelas coisas isso não estaria acontecendo. Tom estaria bem e feliz por estar com você, mesmo eu não aceitando.
– Ainda me acha uma vadia de rua que não merece seu filho?
– Victoria... – ela alisou minhas mãos carinhosamente – Você é a garota que meu filho mais merece. – então ela suspirou – Eu que não havia percebido o quanto meu menino gosta de você. Depois que nos deixou o Tom ficou muito chateado comigo, quase não dirigiu a palavra a mim nesses últimos meses. Entrava em casa triste, revoltado, com raiva. Vivia com a Tanya, mas sempre estava infeliz... – Samantha balançou a cabeça – Tudo por egoísmo meu!
– Egoísmo seu?
– Sim! Eu não consigo suportar você dentro da minha casa... – seus olhos ficaram em meu rosto, analisando-o – Me lembra tanto seu pai, seu jeito, suas feições, é complicado para mim.
– Então por isso a senhora me tratava de um jeito frio? Sem amor?
– Sim... Me desculpe.
– Tudo bem. – respondi com o sorriso mais generoso que pude lhe dar. A única pessoa no mundo que me importei com demonstração de afeto foi meu pai. Não me incomodei com o que ela disse.
– Se meu menino ficar bem... – Samantha sorriu esperançosa – Eu prometo que não interfiro em qualquer relacionamento que vocês dois possam ter. Eu abençoo.
Controlei a felicidade que senti em ouvir aquilo. O sentimento de perda estava dentro de mim e por alguns segundos imaginei a hipótese de Tom bem e finalmente nos entendermos, sem a Tanya e sem sua mãe contra o que teríamos.
– Obrigada. – foi o máximo que respondi, já que a presença de um garoto tentador, para certas meninas, havia acabado de entrar na sala de espera.
Jay avistou a nós duas, vindo em nossa direção:
– Senhora Parker... – ele disse ignorando minha presença, assim como ignorei a sua. Todo o contato que cheguei a ter com ele era por causa da Lucy danadinha – Eu soube do acontecido. Como o Tom está?
– Não sabemos ainda. – ela respondeu – Mas é bom te ver aqui.
Ele sorriu sexy.
Achei aquilo enjoado demais e disse:
– Vou beber um pouco d’água aí no corredor. Quer algo?
– Não, obrigada. – Samantha falou e me levantei, deixando-os para trás.
No corredor branco, que tinha portas para quartos, onde alguns pacientes liberados da UTI ficariam - desejei sinceramente ver o Tom em um desses -, havia um filtro de água, assim como um balcão com várias cafeteiras. Odeio café, então bebi água mesmo:
– O QUE VOCÊ FAZ AQUI?
Quase engasguei ao ouvir a voz.
Tanya.
Olhei-a raivosamente pelo susto:
– Digo o mesmo de você. O que faz aqui?
Respondi o mais baixo que minha educação permitiu:
– A mãe do acidentado ligou para a namorada dele, não é óbvio? – ela disse toda se sentindo, enquanto eu a olhava com desprezo no coração.
– Namorada? – sorri irônica – Então o Tom se acidentou antes de bater o carro. Péssimo gosto! – dei uma gargalhada forçada, mas após ver a cara da vadia com o que disse, gargalhei de verdade.
– Pelo menos não estou aqui de metida! – ela retrucou.
– Desculpa te informar, mas seu querido namorado estava na casa da Lucy que, aliás, é onde estou hospedada. – joguei o copo descartável no lixo, indo em sua direção – Eu estava perto dele quando tudo aconteceu. E ops! Eu nem sou a namorada dele.
– AI SUA PUTA IRRITANTE! – ela grunhiu dando um chilique que me arrancou uma risada – VOCÊ VAI TER QUE IR EMBORA AGORA.
– Não. – falei superior.
– AGORA!
– Não mesmo, honey!
– AH, COMO EU ODEIO VOCÊ!
Ela gritou antes de vir para cima de mim, dei alguns passos para trás sem a mínima vontade de tocar minha pele maravilhosa naquele ser repugnante.
– TANYA!
Ouvi a voz da Samantha e olhei para trás enquanto Tanya parava no meio do caminho.
Jay estava com ela:
– Que briga é essa aqui?
– Essa puta que veio perturbar o Tom! Ela tem que ir embora!
– Ela não vai embora! – Samantha disse autoritária. Sorri levemente, Jay estava indiferente a situação.
– MAS EU SOU A NAMORADA DELE! TENHO DIREITO DE ESCOLHER QUEM...
– E eu sou a mãe dele! E estou dizendo que ela vai ficar! – ela retrucou fortemente, fazendo Tanya calar a boca.
– Por que você fica contando mentiras? – Jay encostou-se de lado na parede, com as mãos nos bolsos – Nós dois sabemos que você e o Tom não estão namorando e que foi você mesma que espalhou o boato. – então ele fez um rosto de nojo – Se não está aqui para ajudar, não atrapalha. Sua presença é completamente desnecessária nesse momento, Linus.
Ok que eu não gostava dele, mas o que Jay disse fez meu corpo revirar de orgulho.
Por que Lucy tinha deixado ele mesmo?
– Então vocês não namoram? – Samantha disse – Ótimo! Jay, vá para sala de espera com a Vicky. Vou ter uma conversa com a senhorita Linus...
– Senhora Parker... – Tanya disse suplicante.
– Tchau mal amada.
Acenei para ela mandando beijo no ar.
Passei por Jay que me seguiu, mantendo de meu corpo uma distância considerável. Chegando na sala ele foi para um canto distante, enquanto me sentei no mesmo lugar de antes.
Criei um caso íntimo com aquela cadeira.
Observei-o, já que não tinha nada para fazer, cruzando as pernas como normalmente os homens fazem, em seguida cruzou os braços e olhou ao redor com certo tédio.
Sorri sem querer. Aquele metido filho de uma mãe lembrava a mim mesma em algumas situações.
E, cansada de olhar para sua cara de filhinho de papai, me fiz confortável em alguma posição enquanto eu olhava para senhora que chorava desde quando cheguei.
Me distraí alguns segundos ali até que a mãe do Tom voltou:
– O que você fez? – perguntei ansiosa.
– Mandei-a embora, e mandei ela se afastar do meu filho. – ela sorriu – Uma recompensa pelo que causei aos dois.
– Obrigada. – ri feliz – É um ótimo favor!
– Victoria, antes do Jay chegar eu ia lhe dizer uma coisa... – então ela se acomodou melhor ao meu lado – Espero que você aceite.
– O quê? – falei curiosa.
– Gostaria de voltar para casa? – seu rosto se tornou simpático e acolhedor – Para sua casa?
Pensei no que deveria fazer. Se eu tivesse de me entender com o Tom seria muito bom isso, sem falar que eu sentia saudades do meu quarto, mesmo o da Lucy sendo legal também, mas não era meu:
– Eu aceito.
Então ela me abraçou timidamente, retribui com mais sentimento que minha frieza permitiu.
Há males que vem para o bem.






        * * *



CAPÍTULO 35

#NUCY



Ponto de Vista: Lucy


Ah, a vista estava linda!
Não demorei muito pra achar um lugar legal para me enfiar. Avisei ao Nath onde estava por mensagem de texto, assim como mandei um e-mail para o Max contando o que estava se passando aqui, logo ele ligou e lhe acalmei, prometendo avisar qualquer novidade.
– Como você veio parar aqui? – perguntou Nath, fazendo-me assustar por alguns segundos.
Estávamos no último andar do prédio de emergências do hospital, na sacada. Nath veio até mim com três sacos de papel da McDonald’s, sentando-se ao meu lado, em cima de um concreto mais elevado que o chão, possibilitando a visão linda dos prédios londrinos, uma mistura de passado e presente.
– Peguei o elevador e apertei no botão de último andar, aí cheguei no corredor lá embaixo. Não tinha ninguém e aí vi a escada. Fiquei curiosa e de repente eu estava aqui! – contei, pegando o saco que ele me passava.
– McChicken. – ele me avisou – É um bom lugar para se ficar.
Observei Nath tirando seu Big Mac sedento de fome, e logo dando uma mordida fazendo-me rir.
Parei para refletir aquela cena, lembrando-me de algo.
Olhei em seguida para minha comida e finalmente me toquei:
– A PRAIA!
Exclamei.
Ele me olhou feliz:
– Demorou a perceber! – ele disse de boca cheia.
– Você sabe da minha deficiência mental. – Nath fez cara de lesado rindo em seguida – Agora que me lembrei do que eu mesma disse sobre comermos Big Mac juntos quando tudo estivesse resolvido.
– Ah! Eu trouxe McChicken porque sei que você o prefere.
– Obrigada! E acertou, às vezes fico enjoada com o big. – comentei dando a primeira mordida – Avisei ao Max sobre o Tom.
– E ele?
– Se assustou, mas está tudo bem. – respondi tomando refrigerante.
Nath reparou os prédios escuros a nossa frente, ficamos calados, comendo:
– Eu já eu gostei de você. – ele disse pensativo, quebrando o silêncio.
– Como assim? – falei impressionada, limpando a boca.
– Eu ia pedir para ficar com você quando tínhamos 15 anos. Te achava gata, legal, essas coisas que se pensam com essa idade. Mas aí no mesmo dia que decidi fazer isso o Max disse que tinha um segredo, e o segredo era que ele estava a fim de você. – ele mordeu o hambúrguer, mastigando um pouco e voltando a falar – Então desisti, porque eu queria só ficar com você... E quem sabe ter algo depois. Max não, ele já estava pensando no ‘eu te amo’.
Sorri sem querer do jeito do Max e analisei o que havia acabado de ouvir, pois nunca tinha pensado nisso:
– Então vamos as revelações! – falei empolgada depois dessa, percebi Nath se arrumando como se fosse me dar maior atenção se ficasse sentado mais corretamente – Eu também ia pedir para ficar com você... Só que eu era mais nova, tinha 12 anos, na sua festa de aniversário. Mas te vi beijando aquela loira do cabelo cacheado, Marisa, que era da nossa sala. Foi minha primeira desilusão amorosa.
– Está de brincadeira? – ele falou assustado depois começando a gargalhar – E eu pensando que a gente se gostar era coisa recente. – Nath fez um rosto retardadamente impressionado – Isso é tão sinistro!
– Concordo! – acompanhei sua cara – Não vá me dizer que você implicava comigo na nossa infância por algum motivo assim?
– Porra, não entra no meu cérebro não!
– Num creio! – falei.
Nós dois rimos loucamente por vários minutos sobre essas revelações que por tanto tempo só fizerem parte da nossa própria cabeça.
Terminamos de comer e ficamos abraçados olhando tudo:
– Ah! Comprei para você... – ele disse entregando-me um pacote de jujubas.
– Ai, obrigada Nathanzinho! – sorri apertando suas bochechas e abrindo o plástico o mais rápido que minha ansiedade permitiu. Peguei uma de morango e após me deliciar com ela, fiquei vendo-o comer uma de abacaxi e falei – É melhor descermos... Ou a Vi vai pensar que somos um bando de amigos desnaturados.
– Tem razão. – ele disse se levantando – Não que eu não me importe com o Tom, mas foi bom a gente fazer isso agora.
– Somos cara de pau! – xinguei a nós dois, me levantando também e andando, comendo mais algumas jujubas, Nath vindo logo atrás sorrindo segurando as que tinha pego de mim.
– Gata! Você não prefere ir de escada? – ele disse abrindo a porta e descendo o primeiro lance de degraus para chegarmos ao corredor – Aquele elevador tem espírito dentro. A luz pisca e faz um barulho estranho!
– Estranho vai ser meu corpo quando eu descer todas aquelas escadas! – falei pensando na quantidade de andares do prédio – Digo isso, mas se acontecer algo vou ficar tensa até dizer chega!
– E você acha que eu nem sei? – ele falou irônico vendo-me guardar o resto das jujubas no bolso da calça. O corredor mal iluminado continuava vazio – Dá para transar aqui sabia?
– Ta de brincadeira que você está pensando nisso agora? – falei rindo alto, Nath me olhou envergonhado, logo completei para ele não achar que era uma repreensão – Último andar do Hospital Kingston entrando para lista now!
Nath tranquilizou-se me abraçando por trás, enquanto eu apertava o botão do elevador.
Esperamos pacientemente a demora do maldito, recebendo carinhos um do outro.
– Finalmente!
Ele exclamou, e entrei com certa apreensão, porque percebi as mesmas coisas esquisitas.
A luz começou a piscar, o barulho voltou a surgir e o troço balançava. Respirei fundo tentando pensar que era estresse da minha cabeça:
– Ta com medo né? – Nath disse sorrindo, divertindo-se com minha cara.
– Cala a boca! – xinguei cruzando os braços e observando os andares que passavam numa calmaria irritante.
Escuro.
Luz.
Escuro mais uma vez.
– Lu... – ouvi Nath chamar meu nome – Lu?
– Ai meu Deus, Nath! Você e sua boca de praga! – reclamei totalmente medrosa.
Víamos o preto.
Senti sua mão tocar meus ombros, descendo até os meus dedos gelados. O elevador balançou e me encostei na parede assustada. O troço tinha parado e rapidamente uma luz vermelha surgiu embaixo dos números apagados.
– Porcaria!
Nath falou irritado e soltando minha mão foi até a luz vermelha. Peguei meu celular e apontei para sua direção tentando enxergá-lo.
Vi-o tapando os olhos com a claridade, segurando um telefone:
– Alô? Ah! Oi, estou preso no elevador. – ele disse calmo – Tem mais uma pessoa comigo. Sim... No hospital Kingston... E eu sei lá quantos elevadores tem o hospital! – Nath me olhou fazendo careta, sorri de leve – Minha senhora, só arrume isso, por favor, porque se eu morrer asfixiado eu vou puxar seu pé a noite! Tchau.
E desligou mal educado. Nath me olhou sério e aos poucos seus dentes foram aparecendo.
Eu estava tensa, mas quando ele começou a gargalhar do seu desempenho exagerado, juntei-me a ele:
– Ela disse que vai resolver tudo o mais rápido possível. – de repente a luz voltou fraca, muito fraca – Viu? – ele apontou para o teto – Agora o jeito é esperar.
– Só quero que não demore. – falei olhando ao redor.
Nath passou por mim, tocando meu braço e sentando-se no chão:
– Apenas aproveite. – ele disse sorrindo de leve.
Olhei-o respirando fundo e me deixei escorregar pela parede até tocar o chão. Nath passou os braços pela minha cintura, enquanto minha mão pousou em sua coxa reta, por causa de sua perna estirada.
– Seria tão bom os casais certos, não acha? – falei pensativa.
– Como? – ele perguntou sem entender.
– Eu e você, Tom e Vicky. – sorri levantando minha cabeça e vendo-o me observar – Seria divertido!
– Acho que a Vicky tem que deixar de ser boba e começar a perceber que não dá mais para ficar brigando. – Nath fez um rosto concentrado – Não que eu não me importe com o Tom, pelo contrário, me preocupo muito, mas o acidente vai ajudar os dois a deixarem de ser crianças.
Ao ouvir a palavra ‘crianças’ fiquei rindo, olhando para a porta fechada do elevador.
Eu e Nath éramos o cúmulo da criancice, mas eram os outros dois que ainda estavam sem se resolver:
– Sabe do que tenho medo? – ele falou, fazendo-me despertar dos pensamentos – Que você continue confusa.
Minha atenção virou para Nath, que olhava para frente como eu estava fazendo antes.
Nunca fui de me decidir rápido, sempre tive medo que minhas atitudes prejudicassem as pessoas ao meu redor, e até a mim mesma.
Ele tinha razão por pensar isso de mim e por ser meu melhor amigo me conhecia.
Soltei-me de seus braços e segundos depois estava em seu colo. Nath me olhou tranquilamente, assim como eu olhei para ele. Passei meus dedos em seus cabelos de fios grossos e dei um leve sorriso:
– Eu me sinto segura com você. – respirei um pouco mais forte que o normal – Não estou me sentindo confusa porque toda confusão que eu tinha envolvia certa pessoa chamada Nathan Sykes...
– E se Nathan Sykes estiver com Lucy Mason ela não se sentirá perdida?
Concordei com a cabeça, meus dedos descendo de seus cabelos pela sua orelha, seu pescoço, sentindo sua pele. Nath percorria com seus olhos meu rosto e depois o tocou com sua mão, puxando-me para perto de si, beijando meus lábios carinhosamente.
Nath pegou o meu celular do chão, e quando afastamos nossas bocas descansei minha cabeça em seu ombro, virada para seu pescoço e sentindo seu cheiro agradável. Percebi-o mexendo nas músicas e logo começou a tocar I Need A Woman.
Não resisti e sorri acompanhada por ele:
– Acho que tudo começou com aquela noite...
Ele disse muito baixo, tornando sua voz íntima de meus ouvidos, enquanto seus braços acolhiam meu corpo perto do seu. Lembrei-me da sua tentativa correta de me consolar, falando de Las Vegas, nossa cidade, podendo assim dizer, e levando-me para dançar enquanto a luz da lua iluminava o meu quarto. A maneira como ele cuidou de mim em todos os momentos em que tivemos juntos antes de fechar meus olhos para dormir. A paciência que Nath teve com todos os meus medos, dúvidas... E aquele garoto estava na minha frente, cantando a música que marcou o inicio do que estaríamos tendo.
Sua mão subiu pelo meu braço, vi-o fazendo isso, até finalmente ela pousar em meu rosto, fazendo-me fechar os olhos com seu toque. Nath mexeu em mim de um jeito que eu ficasse ereta novamente à sua frente, levando minha cabeça para perto da sua, nossos olhos se encontrando enquanto ele ainda cantarolava lindamente.
A música chegava ao fim, com o último refrão, com as últimas belas palavras e após um selinho não muito demorado ele disse, encarando-me:
– But a woman who needs me too, so how about you?
Sorri com a maneira que ele disse isso, sentindo minhas bochechas quentes. Em seguida ele sorriu também, deixando a música terminar e parando-a. Foi a vez de seus dedos brincarem com meus cabelos e esse momento me fez esquecer que estávamos presos em um elevador de tão agradável que estava ficando.
A luz voltou a acender, então logo aquela caixa velha voltaria a funcionar.
Olhei para o teto percebendo a lâmpada que acabara de dar sinal de vida e ouvi a voz rouca do Nath me dizer:
– Namora comigo?
Rapidamente desci meu olhar achando-o muito mais interessante do que qualquer luz acima de nós. Minha resposta veio com um sorriso derretido e o contato de nossas línguas.
Não precisei de palavras para concordar com aquilo que ele já sabia que eu queria.
A minha dedução de que o elevador voltaria a pegar logo realmente estava correta e fomos obrigados a nos levantar, preparados para sair daquele lugar antes assustador, agora marcado na minha memória como um dos momentos mais bonitos que passei com Nath.
Estávamos de mãos dadas e fui puxada para seu corpo para um último contato nosso, antes de nos juntarmos a Vicky, com a nossa alegria escondida.
Meu lábio superior encaixou-se entre seus dentes e levemente Nath os puxou fazendo-me suspirar de olhos fechados. Ainda estávamos de mãos dadas e nossas cabeças se movimentam com sintonia e tranquilidade, de acordo com o cansaço da mesma posição:
– Lu?
Abri meus olhos instintivamente, assim como afastei meu rosto do de Nath.
Olhei para a porta do elevador, agora aberta, Jay McGuiness me encarava assustado.
Senti um frio na barriga.
Nath e eu nos distraímos e nem mesmo percebemos que finalmente estávamos no andar inferior, na parte de emergência e que qualquer pessoa poderia nos ver. Mas foi justamente Jay.
Odiei o destino que só me arruma problema.
– McGuiness...
Nath disse baixo, muito mais para mim do que para o garoto que nos olhava abismado.
A porta começou a se fechar novamente, mas Nath impediu, deixando-me sair do contato de seu corpo e finalmente saímos do elevador. Jay deu alguns passos para trás, enquanto íamos para frente, eu escondida atrás do agora namorado, Nathan Sykes.
Meus minutos felizes de antes foram convertidos em medo completo. Queria aproveitar cada parte de Nathan antes de me sentir segura o suficiente para lhe contar o que fiz com Jay McGuiness.
Mas agora, com o azar que surgiu de repente, bem capaz de o tempo não ser bom comigo e os dois garotos terem uma conversa de confidências que no final só me prejudicaria.
Pensativa, meu rosto aflito encarava um Jay não mais assustado e sim chateado. Seus olhos vermelhos me fitavam friamente e, como em todas as vezes que eu me enfiava em situações tensas, senti uma leve falta de ar, sendo terminada pela voz do Nath:
– Precisamos conversar McGuiness.
Ele disse e olhei-o temerosa:
– Acho que essa não é uma boa ideia...
Falei baixo e um pouco rouca, imaginando as consequências da conversa entre eles:
– Na verdade eu concordo com você, Sykes. Precisamos conversar.
E logo Jay disse lançando-me um olhar espertamente irônico. No mesmo instante percorreu em mim um calafrio que deve ter sido estampado em meu rosto, já que ele me encarou satisfeito com o impacto de suas palavras:
– Não se preocupe. Juro que me comporto.
Nath disse carinhosamente, virando-se para mim e dando-me um selinho, que me fez sorrir entregue à sua maneira inocente de agir no meio das lembranças imundas entre mim e Jay McGuiness.
Se fosse outra hora com certeza eu adoraria essa provocação de beijar o Nath na frente do outro, mas as circunstâncias não me davam a liberdade:
– Tudo bem. - falei enfim, sorrindo para seus olhos avelã brilhantes. Recebi um beijo na testa – Vou ficar com a Vi.
E Nath concordou com a cabeça antes que eu lhe desse as costas e fosse em direção ao Jay.
Meu rosto tornou-se suplicante e com meus lábios lhe disse:
– Por favor...
Jay me deu um sorriso de desaprovação, virando a cabeça e ignorando minha presença.
Andei um pouco agitada até a porta dupla que dava para o corredor branco, olhando para a saída e vendo Nath indo atrás sem pressa alguma da conversa que teriam. Já o McGuiness ia à frente, em paços largos e firmes.
Ok... Peguei em uma grande bomba!







        * * *



CAPÍTULO 36

ME DEIXA FICAR COM VOCÊ?



Ponto de Vista: Vicky


Algum tempo após a Tanya ter ido embora o médico veio até mim e a mãe do Tom dizer que ele já podia receber visitas, e só depois de Samantha ver seu filho, chegou a minha vez. Ela me deu liberdade de ficar quanto tempo quisesse com o Tom, mesmo que ele estivesse dormindo.
Sentei-me num banco ao lado de sua maca, na UTI, perto de leitos vazios e cheios, de gente em estado igual ou pior ao dele.
Mas não me importava.
Apenas Tom era quem me deixava preocupada ali, mesmo sua aparência não sendo das piores.
Peguei a sua mão livre, já que a outra estava presa, pois torceu o pulso, e abaixei minha cabeça, apoiando-a em seus dedos presos aos meus, levemente quentes. Olhei sua testa enfaixada e seu sorriso quase imperceptível na boca. E me senti uma imbecil por estar admirando ele daquele jeito, mas ao mesmo tempo tranquila por estar ao seu lado.
Sua mãe concordou com o fato de gostarmos um do outro, e eu não via a hora dele abrir seus olhos castanhos, podendo tratá-lo bem, redimindo todo o mal que lhe fiz, assim como ele me fez. Se é que Tom permitira... Principalmente depois das coisas que eu disse antes do acidente.
– Oi.
Ouvi a voz da Lucy e me virei para ela.
Sua expressão era perdida e a minha foi de curiosa:
– Oi! – respondi e vi-a puxar um banco feito o meu e colocar ao meu lado, entre o espaço que havia entre os leitos – Aconteceu alguma coisa? – falei.
– Nada que seja importante agora. – ela disse como um leve sorriso observando-o – Como ele está?
– Bem. – disse, voltando a posição de antes. Não me importava que Lu visse meus pontos fracos, Tom e ela eram as únicas pessoas que eu poderia deixar transparecer – O médico disse que o cinto salvou grande parte dele. – sorri me lembrando da conversa de mais cedo – Nathan não é assim tão burro.
– Tem razão. – ela disse pensativa – E ele realmente machucou o braço. - Lu disse apontando, enquanto concordava com a cabeça – Você vai se resolver com ele não vai?
Ela disse num misto de autoritarismo e dúvida:
– E se eu não for? – falei fingindo que era verdade para ver sua reação.
– Vou mandar Tom ficar com a Tanya. – ela respirou fundo, parecendo controlar os nervos – Pelo menos a vaca gosta dele realmente, ao invés de gostar do próprio ego.
Olhei-a admirada pelas palavras.
Não me chateei, só me assustei, pois não esperava isso agora:
– Não se preocupe. Estava apenas brincando e o que eu mais quero agora é recuperar o tempo perdido. – sua expressão passou de ansiosa para aliviada, vi-a mexer no cabelo distraída – Quando vi Tom daquele jeito percebi o quanto tinha ido longe com tudo.
Lucy balançou a cabeça positivamente concordando e olhando para o chão, disse:
– Nath me pediu em namoro.
– Você não parece feliz com isso. – falei observando-a estranhamente.
– Feliz é a palavra que melhor me descreve com esse pedido, mas... – então ela virou seus olhos preocupados para mim – Meu medo está maior que a minha alegria, Vi.
– Por quê? – aproximei meu corpo do dela.
– Jay viu a mim e ao Nathan. – Lucy deu um sorriso sem graça – Acho que tudo vai acabar antes de começar.
Parei para pensar em toda a situação da garota.
E cara... Que azar querida Lucyzinha!
Falei para mim mesma.
– Nathan gosta tanto de você que era capaz de cortar o pênis do Jay por ter te bulinado.- então sorri de leve – Mesmo que você tenha sido mais tarada.
Arranquei um sorriso razoavelmente divertido da Lucy e segurei suas mãos:
– Sabe que não estou arrependida? – ela disse com um sorriso malicioso no rosto que me fez sentir orgulho.
– Também amiga! Jay McGuiness é o pecado mais perdoável do mundo... E dos céus, e do inferno! – completei.
Lucy gargalhou um pouco alto demais e depois olhou para os lados, envergonhada.
– Acho que Jay não vai perder a chance de esfregar isso na cara do Nath. – ela comentou pensativa – Garotos e suas coisas de sexo! – Lu disse impaciente.
– Não sei... – imaginei toda a situação – O McGuiness pode surpreender.
– Sei. – ela falou irônica. – Mais fácil ele virar gay...
Lucy me olhou segurando o riso, assim como eu a olhei com a mesma expressão:
– Não mesmo!
Dissemos juntas, gargalhando.
Estávamos em hospital?
Tinha um amigo nosso doente?
Tinha dois caras podendo se matar lá fora?
Qual o problema?
A gente se diverte com a própria desgraça.
– Enfim... Só quero ficar em paz com meu Nath. – ela disse inclinando-se para trás e descansando a cabeça no leito vazio ao nosso lado – Tô cheia de minha vida não me dar tranquilidade.
– Somos duas, amiga. – comentei fazendo o mesmo que ela só que na maca do Tom – Por que Jay McGuiness e Tanya Linus não se comem logo?
Lu levantou o rosto rapidamente para mim, assustada:
– Nem pensa em juntar esses dois! – ela fez um rosto fingidamente desesperado – Terceira Guerra Mundial para Lucy Mason e Vicky Foster!
– Tem razão! – falei rindo imaginando todo o problema – Sem falar no desperdício do Jay.
– Garota, por que você não dá para ele logo? – Lu disse sorrindo desafiadora e maligna – É uma coisa séria você e seus desejos sexuais.
– Nem fale em desejos sexuais. – olhei-a fingindo-a criticar, Lucy riu cruzando as pernas e observou Tom por alguns segundos enquanto, eu seguia toda sua expressão.
Brotou em sua boca um sorriso esperto.
– Por que você não diz que gosta dele?
– Como? – perguntei sem entender.
– Do jeito que te conheço é bem capaz de quando Tom tiver bem você fingir que nada aconteceu e que sempre amou Adams Fox. – ela falou referindo-se ao maior retardado da classe que fala cuspindo até a alma – Aproveita agora que ele está dormindo e põe tudo pra fora. – Lu sorriu de leve, tombando a cabeça para o lado e me encarando – Até porque assim o Tom não pode dizer nada de volta.
Ouvi as suas palavras enquanto o observava dormir. Estava com um riso no rosto do sonho bom que deveria estar tendo. Se o médico não tivesse dito que havia dado vários remédios para dor deixando-o sonolento, detalhe o Tom nunca negaria uma boa cochilada, eu acreditaria que ele pudesse estar nos ouvindo.
– Vamos, Vi!
Lu insistiu e analisei.
Era melhor dizer enquanto ele dormia não é mesmo?
– Finja que não estou aqui. – então ela se balançou de um jeito engraçado – Melhor dizendo – Lucy ficou de pé e me entregou um saco com algumas jujubas – Eu realmente não estou aqui. – deu-me um beijo na bochecha – Volto amanhã e te trago roupas. – Lu desceu suas mãos em meus cabelos – Se cuida e qualquer coisa me liga.
– Ok. – respondi carinhosa vendo-a ir embora enquanto um senhor de cara feia olhava dela para mim, aliviado, provavelmente feliz porque agora teria silêncio e poderia descansar.
Voltei-me para um Tom tranquilo, de riso menor. Toquei em suas mãos novamente e sentindo sua pele respirei profundamente:
– Nunca fui boa nessas coisas de amor. – falei sem jeito, como se ele pudesse me ouvir, e me senti envergonhada por estar tímida com alguém que simplesmente dormia – Mas lembro quando percebi que gostava de você. Eu me odiei e me repreendi, pensei que seria a última garota do mundo a ter seus sentimentos, mas não foi assim, não é mesmo? – ri lembrando-me das declarações, seguidas de ilusões, do Tom – Me perdoa por ter sido tão imbecil todo esse tempo quando no fundo eu só queria estar com você? – levantei-me e andei até mais perto de sua cabeça, passando os dedos em seu rosto. Percebi suas pálpebras tremerem, continuei – Me perdoa por ter feito nós dois sofrermos quando poderíamos apenas estar juntos e felizes? – inclinei-me para frente e senti meus olhos ardendo soltarem uma lágrima que há alguns dias atrás eu não deixaria ter caído – Me deixa ficar com você agora?
– Deixo.
Tom respondeu fazendo-me assustar.
Rapidamente me afastei dele me encostando na maca ao lado, respirando de um jeito desajeitado.
– Você estava me ouvindo?
Ele sorriu fraco e sonolento, seus olhos quase fechados.
Tom estendeu seu braço não machucado até mim, sua mão me chamava e me senti segura de voltar para perto dele, sem pensar em um termo de vingança, como vinha fazendo ultimamente.
– Ouvi. – toquei em seus dedos que se enroscaram no meu e, andando até ele, sentei-me na parte livre ao seu lado, na maca, observando-o sem a energia que sempre teve – Reclame com a sua amiga depois.
– Ah, vadia! – xinguei sem pensar por impulso. Tom sorriu e depois gemeu de dor – Desculpa. – falei apalpando seu corpo coberto pela fina roupa azulada do hospital – Mas tudo é verdade. – disse sem jeito.
– Eu sei. – ele disse baixo – Só quero realizar a sua vontade de ficar comigo. – Tom mexeu a cabeça com dificuldade de um lado para o outro da UTI. Seguiu-o e percebi que não havia médicos – Vem cá. – ele disse dando maior espaço na maca e notei que ele queria que eu deitasse ao seu lado. Tirei meu tênis e me acomodei, apoiando minha cabeça em seu ombro, enquanto nossas mãos dadas ficavam na altura de nossas pernas, pelos nossos braços estirados – Boa noite, Vi.
No mesmo instante sorri feliz e tranquila.
Fechei meus olhos sem me preocupar em ser colocada para fora da UTI por estar naquela posição.
Parecia que as brigas com o Tom ficaram no passado distante e a culpa que eu sentia há alguns minutos atrás desaparecerem com seu contato.
Apertei mais forte sua mão mostrando minha satisfação de estar ali e só então peguei no sono após um dia cansativo.

* * *

Três dias se passaram desde a internação do Tom.
Havia ido assistir aula hoje cedo, mas logo após o almoço sua mãe me deixou no hospital com ele e me senti na responsabilidade de ensinar tudo o que ele perdera nesse tempo, embora Tom não estivesse se importando com os dias fora do colégio, já que para ele foi uma folga bem vinda.
– Percebi que Tanya não foi hoje. – comentei sentada ao seu lado da maca com um livro no colo, em seu quarto de recuperação. Sua aparência estava bem melhor e Lucy e Nathan trataram de deixar o lugar animado com coisas que ele gosta, inclusive revistas pornôs.
– Ela não foi porque veio aqui. – ele disse olhando para o caderno de maneira concentrada, apoiado na mesa que serve para os horários de alimentação – Quem danado era Ana Bolena? – Tom perguntou fazendo careta com dúvida.
– Foi uma das esposas do Rei Henrique VIII. – respondi preparadamente já que Ana Bolena era a biscate preferida minha e de Lucy da história – O que ela veio fazer aqui? – perguntei com um pouco de ciúmes repreendido.
– Veio levar um fora meu. – ele disse escrevendo qualquer coisa – Uma das esposas? Eu jurava que ele só tinha sido casado com Catarina de Aragão.
– Não. No geral foram seis esposas, mas as mais conhecidas são Catarina e Bolena. – falei entregando-lhe o livro que tinha falando sobre o assunto. – Detalhes da sua conversa com Tanya, por favor.
– Ela veio pedir para que eu não ficasse com você. – Tom falou sem me olhar – Eu disse que era para ela cuidar da vida dela. – ele me olhou com um sorrisinho – Acho que não vou mais precisar da Tanya ao meu lado.
– Com certeza não. – respondi com um leve sorriso – E o drama?
– Irritou meus ouvidos. – Tom revirou os olhos – Ela chorou, esperneou e te xingou de nomes feios. – ele encostou-se confortavelmente no travesseiro, enquanto sentia raiva da garota – Mas no final eu disse que só tinha usado ela pra te fazer ciúmes.
– Péssima pessoa para fazer isso. – falei lembrando-me dos momentos de ódio que senti por vê-los se beijando.
– Vicky, tem uma coisa que eu preciso te contar. – ele disse inclinando-se para frente, tendo apenas a mesa entre nós – Eu só beijei a Tanya no aniversário do Jay porque senti ciúmes de você com o Nathan.
Olhei-o assustada.
Pensei que Tom tinha feito aquilo simplesmente porque queria pegar ela e não se vingar de mim.
Quer dizer que foi ele que começou todo o jogo?
Interessante...
– Maneira mais imbecil de se mostrar ciúmes. – falei rindo e ele retribuiu concordando com a cabeça – Mas deixa isso para lá. – toquei em sua mão – Estou tranquila e não gosto de me lembrar do que aconteceu. – sorri de leve – Não me sentia assim há um bom tempo.
– Digo o mesmo. – ele falou descansando e alisando minha mão – Agora me explica toda essa história de Henrique VIII e suas esposas, mais amantes, que é muito mais interessante do que falar em si sobre absolutismo ou igreja anglicana.
Gargalhei com a preguiça do garoto, satisfeita com a relação que voltamos a ter. Tudo estava caminhando bem, acontecendo como sempre deveria ter acontecido.








        * * *



CAPÍTULO 37

#VICTOM



Ponto de Vista: Nathan


– Eu não tenho a mínima ideia do que fazer para festa... Nem onde vai ser! – falei.
Já fazia uma semana que Tom estava internado e faltava mais uma para ele sair, assim como seria meu aniversário. Com todos os acontecimentos não tive tempo de pensar no que fazer para comemorar a data de 18 anos de pura sedução.
– Bordel! – Lucy gritou em minha frente, sentada na mesa de sinuca, eu entre suas pernas.
– Como? – falei sem entender e fazendo careta.
– Ai bobinho! – ela me xingou revirando os olhos – Não seria legal seu aniversário em um bordel?
– Cassete! – exclamei assustado com a ideia – Ia ser foda!
– Eu sei! – Lu olhou para cima com seus olhos brilhando – Agora claro que um bordel de classe. Nada de prostíbulos de garotas aidéticas.
– Por que demorei tanto para te pedir em namoro mesmo? – perguntei admirado.
– Porque você é um imbecil! – ela falou rindo, apertando meus ombros – Então você gostou mesmo da ideia?
– Claro! – disse levantando os braços e pensando – Eu conheço um que é bem interessante, meu pai me levou lá quando quis que eu...
– Conhecesse as curvas femininas? – Lu disse com um sorriso provocativo e uma sobrancelha erguida – Você perdeu a virgindade num bordel, Nath?
– Não! Quer dizer... – falei confuso – Ele quis me levar lá para que eu conhecesse ‘as curvas femininas’ – imitei seu tom de voz fazendo-a gargalhar – Mas eu não perdi a virgindade com uma prostituta. Só com qualquer garota bêbada de uma festa de amigos.
– Ah! Entendi. – ela falou pensativa – Na próxima diga que perdeu com uma prostituta. É mais sexy!
Analisei o que ela disse apertando as laterais de sua coxa.
– É... Tem razão! – sorri concordando – Você vai me ajudar a organizar as coisas não vai?
– Se permitir... – Lu me puxou mais para ela, enlaçando suas pernas em meu corpo, sem qualquer maldade, só para deixar a gente perto. Parecia entretida demais com a história da festa – Ah! Já pensei até nas roupas das biscates! Vermelho vinho de algumas e azul safira de outras, com rendas pretas, perucas Chanel, lábios amora e meias escuras! Tudo de espartilho, pernas de fora, salto alto... God! Se eu não fosse sua namorada me juntaria a elas no pole dance!
Não resisti e ri alto, Lucy não se deu ao trabalho de fazer o mesmo que eu, já que estava sonhadora demais para perceber o que disse:
– Amanhã eu te levo lá. – parei para pensar – NÃO! – ela se assustou com meu grito e depois riu da minha cara – Na verdade te levo segunda, depois do colégio. Amanhã deve tá lotado, cheio de machos à procura da felicidade... – falei tocando a testa, pensando na Lu metida no meio de gente assim.
– Por mim tudo bem! – ela disse contente – Mas temos um monte de coisas para fazer, só falta uma semana, então vamos correr baby!
– Concordo. Hoje mesmo vou catar uns modelos de convite...
– Nem, pede isso para o Max fazer. Mando um e-mail para ele depois. – ela disse me interrompendo – Menos trabalho para nós dois, mais tempo para outras coisas.
– Outras coisas? – perguntei galanteador.
– Outras coisas que tem a ver com certo garoto de 18 anos e não com a vagina da namorada dele!
– Chata! – xinguei-a batendo o pé depois rindo do seu fora. Apertei sua cintura, recebendo um leve beijo seu sem muita demora – O McGuiness está quieto demais não acha? – falei já que ainda não havíamos tocado no assunto sobre a conversa que tivemos no hospital.
Acho que Lu estava esperando que eu falasse.
Por uns segundos senti-a tremer em meus braços, relaxando em seguida.
– O que vocês conversaram? – ela perguntou, afastando seu rosto do meu.
O clima de felicidade que estava sobre a festa mudou completamente, assim como o olhar dela para mim.
– Falamos sobre você, claro. – respondi curioso pela sua mudança – Disse a ele que não iria me enfiar nessa como o Max. Que eu não era tão fraco como o outro e que se ele fizesse algo com você arrancava-lhe a cabeça. – Lu sorriu de leve com o que eu disse, fazendo um rosto de que nem acreditava – Ok, eu disse isso com outras palavras. – assumi, mexendo na ponta dos seus cabelos, que tocavam suas costas.
Lu suspirou e seus olhos percorreram a salão, depois a mim:
– Preciso te contar algo, que pode te deixar muito chateado comigo. – ela falou baixo, repousando seu braço em meu ombro, levando os dedos até a minha bochecha, acariciando logo em seguida – Mas é melhor eu dizer agora. Para ser sincera demorei a contar porque precisava aproveitar um pouco o que estamos tendo antes de perder a chance de continuar com você.
– Do que você está falando, enfim? – perguntei curioso, com medo.
Lu parecia ansiosa e eu estava nervoso.
– Transei com o Jay. Perdi minha virgindade com ele.
Lucy disse aquilo com certa tranquilidade, desenlaçando suas pernas de mim e tirando seus braços do meu corpo, para me dar a liberdade de sair de perto dela se quisesse.
Suas palavras me assustaram, mas não pareceram me deixar irritado. Eu ainda a olhava com ternura, ternura que eu não entendia porque sentia após ouvir aquilo.
Lu me olhava paciente, como se esperasse que eu a xinga-se e dissesse que a odiava.
Mas eu não queria dizer isso, e não ia dizer.
Eu gostava tanto dela...
– Quando foi? – perguntei num sussurro, olhando em seus olhos e puxando suas mãos para mim. Eu necessitava do seu toque no momento para reafirmar a certeza que tinha do quanto ela era minha, sem que ela mesma dissesse isso – Quando?
– Um tempo depois daquela conversa que tivemos após nos beijarmos pela primeira vez. – ela apertou meus dedos, parecendo entender o que eu estava querendo – Na noite que Max foi embora.
– Você foi atrás dele?
– Não. Ele me encontrou no aeroporto, foi levar seu pai. Me deu uma carona. – Lu franziu a testa – Não acha melhor ficar sem saber de detalhes?
– Claro! – falei confuso mais soltando um sorriso para que ela não precisasse ficar nervosa. Lu me olhou com carinho – Tudo foi antes de namorarmos. - pensei em tudo o que tivemos antes de ficar juntos – Eu transei com a Vicky várias vezes, você tinha o direito de transar com ele. – suspirei – Não que isso me agrade! – soltei uma risada nervosa.
– Então não está com raiva de mim? – Lu perguntou assustada, apoiando a cabeça no próprio ombro de uma maneia engraçada, que só me fez ter mais certeza do quanto eu gostava dela, e do quanto confiava no nosso namoro.
– Não! Não mesmo! Nunca! – falei de maneira exagerada, tentando voltar ao normal – Que Jay McGuiness se foda! Você é minha oficialmente! – Lu abriu um sorriso de um canto a outra do rosto – E se ele vier esfregar algo em minha cara eu mato o desgraçado!
– Nossa, que meda! – ela disse irônica e puxando minha camisa – Você é a coisa mais perfeitamente imperfeita que existe nessa vida bandida.
Ri da sua declaração distorcida e de como aquilo se encaixava em todo nosso relacionamento por esses anos:
– E eu gosto tanto de você que estou a fim de te matar de cócegas – falei desafiador.
– Nem vem! – ela disse empurrando-me para longe – Se tocar em mim eu grito! – Lu desceu da mesa já sabendo que aquilo não adiantaria comigo. Comecei a mexer meus dedos indo em direção a ela – Me deixa correr primeiro?
– Ok!
Mal eu respondi Lucy já estava correndo pela sala e eu logo atrás. Riamos feito idiotas, como normalmente era quando estávamos juntos.
Quando ela estava do meu lado eu não me importava com mais nada, nem mesmo com o que fizemos antes com outras pessoas.


* * *



Ponto de Vista: Tom

– Como assim num bordel?
Gritei enquanto arrumava as minhas roupas na mala.
Finalmente chegou o dia de ir embora daquele hospital desgraçado!
Vicky se arrumava no banheiro, já que passou a noite comigo.
– Pois é! Um bordel! – ela disse colocando o rosto para fora do banheiro, a vi com metade do cabelo penteado, e outra desarrumado, mas ainda assim gata – Bem a cara das duas crianças não acha?
– Duas crianças? – falei inconformado – Duas pessoas espertas! Por que eu não coloquei Lucy e Nathan para organizarem minha festa no ano passado? – disse arrependido.
– Porque você quis uma ‘festa íntima’. – ela disse com tom de voz irônico, fazendo-me rir, seu cabelo agora já todo arrumado e preso em um rabo de cavalo – No final do ano você pede isso para eles.
– Com certeza! – falei imaginando fazer uma festa num ônibus de viagem cheio de garotas de poucas roupas. Ainda bem que Vicky não reparou minha cara de tarado sexual, estava distraída arrumando sua mochila roxa de desenhos de borboletas brancas.
Mensagem:
“Olá filho! Mamãe não vai poder ir almoçar com você e com a Victoria em casa, pois apareceu uma reunião de última hora e não tenho previsão de ficar livre. À noite voltarei o mais rápido possível para aproveitar meu filhinho lindo!”
Te amo, mamãe.

Olhei meio envergonhado para os termos ridículos que minha mãe me chamou, mais ainda assim é melhor em uma mensagem do que pessoalmente:
– Que foi? – Vicky perguntou chegando perto e olhando o celular.
– Nada, só Dona Samantha dizendo que tem uma reunião e que vamos almoçar a sós. – parei para pensar que não seria tão ruim.
– Legal! – ela exclamou animada – Então vamos logo para casa porque pelo que sei vamos ter que cozinhar.
– Deus! – falei arrependido de pensar que seria algo bom – Morreremos de fome!
– Cala boca! – Vicky disse dando um soco de leve na lateral do meu braço – Não somos assim tão ruins na cozinha.
– Ah, claro que não! – disse bem humorado fechando a mala e me virando para ela – Só queimamos umas três vezes macarrão instantâneo. – arregalei os olhos – Instantâneo!
– Qual o problema? – ela falou orgulhosa de si e cruzando os braços – Poderíamos ter queimado o bife, é mais complexo, mas até que ficou bom!
– Ficou meio mal passado, mas comestível. Mas macarrão instantâneo? – repeti só para irritá-la.
– Argh! – Vicky resmungou e pegou a mochila revoltada – Fica quieto e vamos embora que se não eu compro é um cachorro quente para a gente comer!
– Boa ideia! – falei seguindo-a enquanto andava, quase esbarrando em seu corpo quando ela parou de repente olhando para mim assustada por eu ter achado legal comer cachorro quente – Qual é? Eu passei duas semanas comendo sopa de ervilha! Hot Dog é extremamente nutritivo para meu estômago que se tornou verde!
Vicky riu e fez um rosto do tipo ‘idiota’ para mim:
– Então compraremos cachorro quente, só por causa da sopa de ervilha que parecia nojenta.
– Ótimo! – falei feliz e puxando sua bolsa – Agora me dá isso aqui para você não levar peso.
– Não! – ela puxou de volta – Não precisa!
– Ah! Deixa de ser chata, me dá a bolsa! – resmunguei deixando minha mala cair no chão e tentando arrancar a dela de novo de suas mãos.
– Não Tom! Larga! Larga! – Vicky veio desafiadoramente para mim dando chutes que me fez afastar rindo. – Irritante! – ela virou as costas com seu cabelo balançando de maneira engraçada e quando vi Vicky já tinha aberto a porta, estando bem à frente de mim no corredor.
Corri até ela com a mala de novo perto de mim.
Segurei sua mão lhe dando um sorriso brincalhão, mas carinhoso, que ela retribuiu nitidamente irritada por estar sorrindo de volta.
Saímos do hospital e logo o alívio de estar fora daquele lugar muito branco me dominou.
COMO ERA BOM ESTAR NA RUA!
Pensei, me sentindo um garoto vira lata muito feliz.
– Acho que tem um carro de cachorro quente na rua ao lado. – Vicky disse fazendo careta, provavelmente tentando se lembrar.
– Então vamos lá, depois pegamos um táxi para casa. – falei, deixando ela me guiar já que eu nem sabia como tinha ido parar ali – Preciso de um carro urgente.
– Duvido que sua mãe vá lhe dar um fácil depois do que aconteceu. – Vi disse virando para o lado esquerdo. Andávamos através do muro ao lado do grande hospital – Faça o favor de pedir um novo na minha frente, quero rir de você quando ela negar!
– Se eu insistir, pegar o carro dela escondido e jurar que vou tirar nota boa em matemática ela me dá um novo. – olhei-a desafiador – Aposta?
– Não. Aprendi que não se deve apostar, nem jogar, ou se não você volta para casa sem perna, porque foi atropelado enquanto chorava por ter perdido de mim! – ela parou e riu da minha cara.
– Por que suas declarações são sempre tão profundas? – falei questionador e cerrando os olhos – Você poderia dizer coisas bonitas às vezes.
– Como o quê? – ela disse chegando perto – Não acha que combina mais com a gente esse jeito de se gostar?
– Cla-claro! – respondi meio gago reparando no seu decote na blusa v, em sua boca com gloss e seus olhos contentes por ter me causado aquela sensação – Deixa para me provocar em casa, por favor? – falei fechando os olhos.
– Tudo bem! – abri um olho e enquanto permaneci com o outro tapado pela mão livre, que logo foi puxada pela sua – Vem logo! Estou com fome e sei que você também está.
Andamos mais um pouco até finalmente chegarmos num carro de cachorro quentes, com desenhos de hot dog e atendentes com chapéu de salsicha e pão, que me pareceu pornográfico demais.
Sorri sozinho enquanto Vi pedia a comida.
Em seguida pegamos um táxi e fomos ouvindo música para casa, sem muitos comentários, já que estávamos distraídos demais alisando um a perna do outro.
– Casa, como eu te amo! – falei agarrado ao portal de entrada – LOUIS! – gritei ao ver meu cachorro vindo até mim, parecia até maior do que da última vez – Safadão! Como você está obeso!
Falei rindo e ouvindo a Vicky rir também.
Duas semanas fora e o cachorro entra em depressão comendo absurdamente!
Peguei-o no colo e passei meu nariz por todo seu corpo, que balançou o rabinho todo feliz.
– Eu senti mais falta dele do que de você quando fiquei na casa da Lu. – Vicky disse alisando a cabeça do Louis.
– Rá! Duvido! – falei puxando o cachorro para longe dela, enquanto ficava de cara emburrada – Não fique dizendo mentiras para ser a Miss Fodona!
– Não estou mentido! – Vicky cruzou os braços.
– LIES, LIES, LIES! – gritei enquanto levava Louis para a varanda, soltando-o.
Quando voltei Vicky me olhava distraída, como se tivesse algo para falar:
– Até quando a gente vai fingir que nada aconteceu?
– De que parte do “aconteceu” você fala? – falei tentando raciocinar com os acontecimentos dos últimos meses.
– Esquece as brigas. Falo de nós dois. – Vi se levantou, ficando de frente para mim, seu rosto ansioso – Da gente juntos, se você quiser...
Sorri da maneira que falou. Vicky já estava cansada assim como eu de ficarmos separados. Mas até então eu não sabia nem por onde começar a levá-la a mudar de opinião sobre um relacionamento decente.
Passei os braços em sua cintura, deixando-a próxima de mim e desci meu polegar pela lateral do seu rosto. A fera estava tranquila, aconchegada em meu corpo:
– As nossas personalidades não vão deixar as coisas fáceis. – ela disse sem nem mesmo me deixar falar alguma palavra sobre o que foi dito antes.
– A sua personalidade dificultará as coisas. – comentei sério. Vicky concordou com a cabeça sorrindo do que eu disse, orgulhosa de si mesma – Mas... Para seu azar ou não, isso é o que eu mais amo em você.
Para que a garota que estava ali não fizesse nenhuma objeção contra sentimentalismo, puxei-a para mim rapidamente, beijando sua boca com a minha, deixando minha língua penetrar e sentir a sua quente.
Vicky colocou suas mãos em minha nuca, apertando-a com força, assim como eu pressionava sua cintura contra as partes mais baixas de meu corpo, já que meu tronco inclinava-se sobre o seu, levando-a para trás e com nosso movimento revisando entre contato e não contato.
Caímos pelo braço do sofá, rindo entre o beijo e voltando a fazer aquilo que agradava as duas partes. Minhas pernas entre as suas não deixavam nada muito além do que um bom amasso.
Deixamos de toques intensos com a respiração ofegante. Vicky descansou sua cabeça olhando meus olhos, calada, com seus lábios vermelhos pelo que havíamos feito. Minha mão subia e descia pelo seu braço, enquanto as suas estavam nas minhas costas a cima da parte traseira por onde sai aquilo-que-não-deve-ser-nomeado.
– Amanhã quero chegar à festa do Nathan com você do meu lado. – comentei baixo, em sua orelha, beijando-a e ouvindo um suspiro curto.
– Isso é um pedido de namoro? – ela perguntou confusa e irônica.
– Entenda como quiser... – falei apoiando meu queixo em seu ombro e virando meu rosto para o seu, que sorria bem humorada.
– Só aceito esse pedido de namoro furreco porque não tenho mais nada para fazer, vou evitar caras chatos no meu pé amanhã na festa e porque estou louca para comer o cachorro quente que nos espera. – Vicky empurrou-me para o lado e sentou-se no sofá.
– Por que nada pode ser normal entre nós dois? – perguntei rindo e deixando meu corpo jogado – O que será de nós quando dissermos eu te amo? Vou receber um jarro na cabeça? – falei ansioso e nervoso ao mesmo tempo, enquanto ela ria malignamente.
– Simples... – Vicky me olhou provocando – Só é não dizer.
Olhei-a assustado, e caindo na gargalhada em seguida. Agora que estávamos juntos séria mais fácil ela voltar a ser mais simpática como era antes de eu ter feito aquela bosta, num certo aniversário de um amigo.
Afinal, a culpa é sempre minha e estou tendo a chance de correr atrás de ter a Vicky de novo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário