sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Guilty Pleasure (1ª Temporada - 19 ao 21)



Capítulo 19 ao 21
Especial Miami




CAPÍTULO 19

MIAMI
Parte 01



Ponto de Vista: Nathan

A viagem para Miami foi preguiçosa, pois minha mãe só conseguiu achar passagens para o mesmo dia, de madrugada.
Foi algo corrido, e eu não gosto disso!
Enquanto as garotas faziam compras no shopping, eu e o Max ficamos indo de um lado para o outro resolvendo as documentações.
Para ser sincero quem resolveu tudo mesmo foi o Max e meu pai, já que eu não sabia de nada!
Mas fiquei ali do lado fingindo entender tudo para não pagar de retardado.
No avião o assunto principal foi o sono, já que todo mundo dormiu nos seus travesseirinhos de viajem.
Lucy roubou o Bruce de mim, mas pelo menos a Vicky deitou sua cabeça em meu ombro, me deixando empolgado como se tudo estivesse bem.
Desde o primeiro dia de nossa transa as coisas com Vicky andam feito tartaruga. Vem revezando entre beijar e espancar.
Isso é muito louco!
E dolorido fisicamente...
Diga-se de passagem.
Porque sempre que penso em pedir a garota em namoro, ela vem e me maltrata.
Mas um dia eu consigo!
Agora eu e ela estamos na espreguiçadeira da casa de praia. Vicky pegou no sono em meu peito e logo vou ter que acordá-la para não fritarmos no sol que já está começando a aparecer.
Esquisito quando chegamos foi a Lucy dizendo que íamos ficar em quartos separados, porque não queria novidades depois de nove meses.
Demorei a entender o que foi dito, mas quando entendi fiquei revoltado. Lucy não me deu atenção e só me mandou calar a boca, subindo junto com a Vicky, que pareceu não fazer muita questão do que a amiga disse, e logo depois já tinham escolhido seus quartos.
Max aproveitou o sumiço delas lá por cima para empurrar vários pacotes de camisinha no bolso da minha calça.
– Pra prevenir, cara! – ele falou batendo em meu ombro e subindo a escada.
Socorro, que esse careca está se achando o último sem cabelo da face da terra!
Max parecia empolgadinho demais para meu desgosto.
Deve estar achando que irá se resolver com Lucy, já ela não acha nada, porque continua a agir do mesmo jeito com ele, resumindo: não te pegarei seu inútil!
Ainda bem, porque a Lucy louca não combina com o Max enganado.
– SEU RETARDADO! VOCÊ TEM QUE PASSAR MAIS PROTETOR! – ouvi Lucy gritar de dentro da casa.
– EU NÃO QUERO PASSAR MAIS NADA, LU! – Max também gritou, aparecendo revoltado, com o rosto vermelho.
Vicky se acordou assustada com a gritaria.
– VOCÊ TEM QUE PASSAR SIM! VOCÊ TEM UM ALVO NA SUA CABEÇA CHAMADA CARECA, MAXIMILIAM GEORGE! - Lucy disse, surgindo com seu biquíni vermelho de bolinhas brancas, um pouco brilhosa pelo protetor solar.
– ENTÃO QUE EU TENHA UMA CARECA TORRADA, LUCY MASON! – Max empinou o nariz, bastante orgulhoso.
- Eles brigam assim e nem namoram! – Vicky comentou, tentando segurar a risada.
– POIS QUE MORRA COM UM POMBO FRITO NA CABEÇA, GEORGE! – Lucy jogou com força o protetor solar, que bateu no peito de Max e caiu em sua mão.
Para completar, Lu passou em passos firmes por ele, que massageava o local vermelho e dolorido, se jogando, em seguida, na piscina, molhando Max por completo.
Vicky e eu tremíamos de tanto rir dos dois.
Max tentou falar quando Lucy apareceu na água, mas logo ela disse:
– Se você não quiser que eu jogue em você algo maior do que um protetor solar, - ela apontou para a espreguiçadeira ao meu lado – é melhor ficar calado!
Max concordou com a cabeça e veio feito gato molhado na chuva em nossa direção, sentou-se do lado e disse:
– Incrível como ela consegue fazer meu nome soar ameaçador!
Vicky riu e comentou:
– Ela tem péssimo humor quando não dorme bem. – Max concordou com a cabeça – Sonhei com uma coisa. – ela me olhou e repentinamente imaginei que ela pudesse ter sonhado comigo – Algo que podemos fazer hoje à noite! – e então ela encarou Max, deixando-me com medo.
Será que ela sonhou com nós dois?
– O quê? – perguntei tentando disfarçar a voz medrosa.
– Poderíamos levar duas barracas, violões, cobertores e marshimallow para a praia e passar a noite curtindo em paz.
– Legal! – dei um grande sorriso, aliviado.
– Também achei legal! – Max confirmou com a cabeça – Mas só eu trouxe violão. Você tem algum aí?
– Tenho. Por isso que não trouxe. - respondi – Tenho guardado três barracas e a comida compramos no caminho.
– Ótimo! – Vicky falou com um sorriso empolgado – Agora vou avisar a Lucy. – e saiu de cima de mim, indo em direção à piscina, mas parando no meio do caminho e voltando – Me dá isso aqui ou vai sobrar pra mim! – Ela arrancou o protetor solar da mão do Max, enquanto eu e ele ríamos do que tinha acontecido.
Passando-se o dia...
Não gostei da putaria que estava rolando de tarde.
Max de bermuda e Lucy de camisa comprida, branca, agarrada nele!
Obsceno demais para uma quarta-feira quente em Miami.
Já a Vicky estava gostosa, me esperando com seu biquíni roxo, na piscina.
Rolou maior pega!
Mas não furnicamos.
Não sei se a Vicky não gostou do Albert, ele anda muito triste com isso, esperando a próxima vez. Só posso dizer que fiquei contente com o trato que recebi hoje, cheio de beijos e mãos.
Antes do fim da tarde eu e Max enfiamos as coisas no carro, enquanto as garotas se arrumavam, coisa que eu e ele já tínhamos feito.
Faltava comprar comida e tequila, mas isso a gente ia arranjar no caminho. A casa do meu pai não era longe da praia, porque ficava em um condomínio cheio de donos de barco.
Inclusive... Minha família estava no meio do bagaço.
Fora do condomínio tinha uma pista reta que ia dar na praia, mas antes de chegar ao lugar que iríamos ficar, teríamos que passar pela plataforma de madeira, onde ficavam os veleiros no mar que pertenciam aos que moravam no condomínio.
Lá a gente ia comprar o que faltava, porque uns panamenhos e porto-riquenhos vendem comidas e bebidas no barco do patrão.
Apenas teríamos muita privacidade, já que grande parte das pessoas vai visitar a plataforma, não a praia, que é para onde vamos.
Max ficou responsável por dirigir e não podíamos ir muito longe, pois não tínhamos documentos para fazer isso nos Estados Unidos.
E, apenas para deixar claro, se o carro do meu pai fosse apreendido, eu estava: fo-di-do.
Max inclinou-se sobre o capô, lendo as instruções de montagem da barraca, já eu, estava encostado no automóvel, dando uma olhada nos CDs antigos que estavam jogados pela casa.
Então, de repente, ouvimos algumas risadas. Rapidamente olhamos em direção a saída da mansão, e vinham duas garotas, lindas e sorridentes, de mãos dadas.
Vicky vestia um short jeans claro, sandálias, uma baby look branca, com estampa do Coringa, do Batman, uma bolsa feito urso de pelúcia de um pinguim e os cabelos soltos.
Lucy estava com uma regata comprida, que ia até um pouco antes da metade de suas coxas, de cor cinza, com a estampa desbotada do Sid Vicious, chinelos brasileiros (Havaianas) vermelhos e uma bolsa de costas, em formato de boca, da mesma cor dos chinelos. Os cabelos presos em um rabo de cavalo.
Max veio para o meu lado, dando-me uma cutucada.
Deveríamos estar parecendo uns idiotas!
Mas não é culpa nossa se as pernas delas são muito... Gostosas!
– Vamos? – Vicky perguntou, ao chegar perto de nós.
– Cla-claro! – gaguejei.
Comecei a andar, enquanto Max perguntava a Lucy:
– Vem comigo na frente?
– Aham. – ela respondeu simpaticamente.
Em seguida pulamos para dentro do carro sem teto, para darmos uma dar fodões.
Lu e Vicky apenas abriram as portas, indo para seus lugares.
Passei o CD que tinha escolhido: Bon Jovi.
Assim que começou a tocar Livin’ On A Prayer, agarrei a cintura da Vicky, o carro começando a andar, enquanto nos beijávamos.
Max e Lucy cantavam animados.
O vento batia em todos nós... Que coisa boa!
Principalmente a parte do beijo, já que Vicky sentou-se em meu colo, de frente para mim, deixando-me com... Aquela vontade.
Fizemos aquilo por longos minutos indecentes.
Nos beijávamos intensamente e nossos mãos brincavam por todo o nosso corpo, mas, infelizmente, veio o fim da música, e, abrindo os olhos e afastando a minha boca da Vicky, observei por cima de seu ombro Lucy mexer no som, catando algo que agradasse para ouvir.
Deixei aquilo de lado e voltei a me dedicar ao que fazia antes...
Porém, mal fiz isso, Always tocou e imediatamente Vi parou de colar a sua boca na minha, jogando-se ao meu lado, no banco, dizendo:
– Romântica demais para qualquer coisa.
Eu e Albert a olhamos inconformados!
Voltei a atenção para frente e Max olhava pelo espelho, rindo da minha cara.
Lucy apenas curtia a música de olhos fechados, com a cabeça encostada no banco, parecendo não ter visto nada.
Compramos o que tínhamos de comprar e logo chegamos à praia.
Infelizmente não pudemos ver o pôr do sol, mas as garotas não se importaram muito, pois corriam pela areia molhada, recebendo ondas nos pés.
Max, muito gay, gritava para elas, dizendo que iam cair, mas as meninas nem davam atenção.
Encontramos um lugar nem tão longe da plataforma e nem tão perto das árvores, que dividiam a pequena parte da praia deserta com os prédios à beira mar, sempre movimentados.
Com a ajuda de lanternas Max e Vi montaram as barracas e eu e Lu catamos madeira para fazer uma fogueira.
Depois fiz uma disputa com o careca para ver quem conseguiu acender a fogueira com um graveto, que nem em filmes.
Meia hora tentando... E nada!
Então Vicky, que já estava cansada daquilo, jogou tequila nos gravetos, acendeu um fósforo e tocou fogo, acabando com a nossa diversão.
Lucy forrou duas cangas no chão e cada dupla se acomodou em seu lugar.
As meninas pegaram Doritos, enquanto Max e eu começamos a cantar e tocar violão, sendo a primeira música Yesterday.
As duas quase choraram de emoção!
Ok... Nem tanto... Só quis impressionar, falou?!
A noite foi caminhando num clima incrível.
Vicky tirou o dia para ser simpática comigo, pois sempre que Max cantava sozinho, eu recebia alguns beijos grátis.
A Lu, que não parecia muito a fim de cantar, apenas ouvia.
Diferente da Vicky, que participou de todas.
O careca começou a tocar Thinking Of You, da Katy Perry, era tradicional ela nessas reuniões, mas Lucy não gostava muito da música, muito menos da cantora, e preferiu se levantar silenciosamente, andando para longe do grupo, sentando-se na areia, observando o mar e abraçando as pernas junto ao corpo.
Me levantei deixando uma Vicky cantarolando e um Max curioso, que olhava para uma Lucy totalmente pensativa.
Cheguei perto da minha amiga e logo seu rosto virou para mim, dando um sorriso tímido, que em seguida sumiu, pois Lu voltou a analisar o mar agitado.
– Gosto tanto desse cheiro. – comentou quando me sentei ao seu lado.
– Também gosto. – falei respirando mais forte e sentindo o cheiro salgado.
– Por que está aqui... Sozinha? – questionei.
– Deu vontade de pensar um pouco.
– Pensar em que? – cerrei meus olhos em sua direção.
– O de sempre. – Lu deu de ombros, indiferente – Max e Jay.
Suspirei.
– De quem você gosta, enfim?
– Nenhum dos dois... Acho. – a garota levantou a cabeça, olhando a lua.
– Como assim? – Lucy estava começando a ficar louca... De verdade!
– Assim que comecei o namoro com o Jay a minha paixonite diminuiu catastroficamente. E agora que o namoro terminou... O Max não parece mais tão, tão interessante. – Lu me olhou e mexeu as mãos, inconformada – Dá para entender isso?
– Só acredito no que está me contando porque você é totalmente azarada. – sorri e recebi um soco no ombro.
Calei a boca por alguns minutos, apenas para observar a lua e pensar no que ela disse.
Sua cabeça encostou em meu braço e, distraídos, brincamos com a areia em nossos pés.
– Sei qual é o seu problema. – quebrei o silêncio repentinamente.
– Qual? – ela perguntou, encarando-me.
– Jay mexe com seu lado físico, Max com seu lado sentimental. Quando Max se afastou, Jay perdeu a graça, quando você se afastou do Jay, foi o Max que ficou sem graça. – arregalei os olhos, meio tenso comigo mesmo – Puts! Nem parece que sou eu pensando essas coisas!
Nós dois começamos a rir. Quando tentei abrir a boca para contar uma piada, ela balançou a cabeça, fazendo sinal para que ficasse calado, deixando-a pensar:
– É... Você tem razão. – ela disse, finalmente – Qual o diagnóstico para essa desgraça?
– Arranjar um cara que seja a mistura de físico e sentimental, amor e sexo, oba-oba e eu te amo! - falei rindo.
– Haha! É muito simples arranjar um cara assim! – ela comentou com sarcasmo.
– Você está olhando para um, querida! – apontei para mim.
– Nossa, Nath... Como você se acha! – Lucy, quase gargalhou, cobrindo o rosto.
– Mas é sério! – insisti – Eu tenho os dois.
– É, eu sei. – ela disse convencida – Mas grande bosta!
– Por quê? – falei tentando achar um defeito no fato de eu ser muito foda.
– O homem “amor e sexo” está comprometido! – Lucy disse revoltada, cobrindo meu pé com areia.
– Quase isso, ok? – falei com a incerteza do meu rolo com a Vicky.
Nós dois ficamos nos olhando, silenciosamente, apenas pensativos com a conversa...
Ao fundo, ouvíamos as vozes de Max e Vicky, cantando More Than Words, do Extreme.
Lu virou o rosto para frente, fugindo dos meus olhos.
Fiz o mesmo.
– Ainda gosta da Vicky? – perguntou repentinamente.
– A-aham. – disse sem nenhuma confiança. Cassete! Victoria me deixa totalmente confuso! – Embora as coisas estejam diferentes do que havia imaginado.
– Ela gosta de você, mas não do jeito que deveria.
– Sei que ela é do Parker. – abaixei a voz – Só estou aproveitando a chance que me foi dada e, sem querer diminuí-la, pois não sou disso, não tenho outra coisa mais interessante para fazer além de tentar algo com ela.
– Entendo...
– Posso falar uma coisa?
– Claro.
– Acho que daqui a um tempo... – comecei em tom sério – Eu e você vamos estar juntos.
– Está endoidando, Nathan? – Lucy quase gargalhou na minha cara.
– Claro que não! – protestei, rindo também – Veja bem: não temos sorte em relacionamentos e no final vamos acabar sós! – fiquei pensativo temporariamente – Tirando os nossos pais – continuei – Só nós dois para aturarmos o defeito um do outro...
– Verdade.
– E cá entre nós... – disse em sussurros – Tomar chá de canela é um grande defeito.
– Nathan!
– É sério!
– Mas você também gosta de chá!
– Mas tinha que ser de canela?
– Ai, cala a boca preguiça! – Lucy fingiu ficar emburrada, parecendo bastante fofa.
Apenas terminei meu raciocínio:
– Querendo ou não... Temos uma conexão.
– Puta conexão, Nath! Só rola desgraça nessa conectividade! – mal ela disse isso e entrei num transe de risadas.
Só vim parar depois de sentir algumas dores no abdômen.
Não sei você, mas rir da própria desgraça é divertido...
Ou não.
Após meu ataque, mais uma vez o silêncio se apossou de nós e o mar teve toda a sua atenção.
Lucy suspirou alto antes de afastar alguns fios de cabelo do rosto, então disse:
– Eu ainda tenho muito que viver com o Max.
– E eu tenho muito que viver com a Vicky.
– Aham... – ela concordou levemente com a cabeça – E, no final, nos encontraremos e comeremos um Big Mac e assim seremos felizes para sempre!
– Ou até que um picles nos separe! – completei.
– Feito! – Lucy sorriu, afirmando, enquanto apertávamos as mãos em um acordo – Agora acho melhor voltarmos para o grupo ou Max vai pensar que saí de lá por causa da voz dele.
Ela ia falando e fomos nos levantando.
– Então não foi por isso que você saiu de lá?
– Claro que não, Nathan! – sua voz totalmente repreensiva me causou graça – A voz dele é linda.
– Ah, claro... Faz um ótimo cosplay de taquara rachada, uma maravilha!
Mal acabei de dizer a frase e levei um empurrão que quase me fez voltar para a areia.
Sacanagem Lucy!







        * * *



CAPÍTULO 20

MIAMI
Parte 02


Ponto de Vista: Max


Quando a Lucy saiu tive vontade de ir atrás dela e deixar a Katy Perry de lado, mas infelizmente Nathan foi mais rápido que eu. E enquanto cantava com Vicky vi os dois usarem todo tipo de expressão possível: engraçada, triste, pensativa, consoladora, compreensiva e até romântica...
PUTS!
Estou começando a ficar complexado por gostar da Lucy, é sério!
Ando vendo coisas.
O que importa é que ele conseguiu trazê-la sorridente para perto da gente e, para minha felicidade, se sentaram separados. Lu ficou ao meu lado e Nath ao lado da Vicky.
– Me dá isso aqui, Max. – Lucy disse, tirando o violão de mim.
Ela não foi uma aluna muito fácil quando tentei ensiná-la. O Nathan também tentou, mas ela não conseguiu ser mandada, por mais que eu dissesse que não estava mandando, estava apenas guiando.
Enfim...
– Toca Losing It, Lu! – pediu Vi, de olhos brilhantes.
– Ta bom, docinho! – Lucy disse simpática e se preparou para tocar.
Eu e o Nathan conhecíamos a música de Never Shout Never, extremamente profunda e assumo que acho bonita. Eu nunca tinha visto Vicky e Lucy cantarem ela. Acho que a Lu fazia isso escondido pra ninguém tentar ensinar ela a tocar violão de novo.

All we ever did was move around I was always the new kid, never the cool kid…
Tudo que nós sempre fizemos foi nos mudar, eu sempre era o menino novo, nunca o garoto legal...

Lucy começou a cantar com sua voz aguda e afinada, linda, seguida da Vicky com quase o mesmo tom de voz, e também afinada.
Percebi que Nathan iria acompanhá-las, mas parou no meio do caminho e ficamos nós dois apenas olhando.

All I ever wanted to do was to fall in love, just to be in love…
But my heart was racing, my mind was screaming, you’ve got your whole life, to do these things…
Tudo o que eu queria era me apaixonar, apenas estar apaixonado...
Mas meu coração estava acelerado, minha mente estava gritando, você tem toda a sua vida para fazer essas coisas...

Elas estavam realmente encantadoras. Pareciam sentir a música, e a união das vozes era perfeita. Nathan passava os olhos de um para a outra, e parava na Vicky.
Depois de um tempo parei de analisar os outros para ficar só olhando para a Lu. As cifras não eram difíceis, mas vi que o pouco de aula que dei fez com que ela tocasse de maneira razoavelmente boa.

But my legs were shaking my hands were searching for her in the backseat of my car. I just lost it
And I can’t believe it
Mas minhas pernas estavam tremendo, minhas mãos estavam procurando por ela no banco de trás do meu carro
E acabo de perder isso
E eu não consigo acreditar nisso

Elas continuaram e parecia que nem estávamos ali. Quando a Lucy e a Vicky terminaram de cantar ninguém falou nada e por um segundo percebi a Lu nervosa.
Provavelmente pensando que eu e o Nathan iríamos começar a falar mal dela tocando.
– Você deveria fazer isso mais vezes. – falei baixo para ela, enquanto Nathan beijava a Vicky dizendo que a voz dela era linda.
– Prefiro que você e ele façam isso. – ela sorriu sem jeito e eu recebi um beijo na bochecha. – Estou cansada. Podemos ir dormir?
– Claro. – sorri de leve e guardando o violão olhei para o casal perto de nós. – Vamos nos deitar. Boa noite para vocês.
– Boa noite! – Nathan disse – Você canta que é uma beleza, Lu!
– Valeu Nathan. – ela falou sorrindo, dando um abraço apertado na Vicky e depois no amigo. – Posso ficar com o Bruce?
– Pode, eu deixo. Sua ladra de mosquinhas de pelúcia. – ele resmungou.
– Cala boca, Nath! – ela disse rindo e correndo para a bolsa dele, jogada na areia.
Lu tirou a mosquinha e veio até mim para entrarmos em nossa barraca. Confortavelmente nos deitamos no chão, já que tudo estava pronto antes. Lembrei-me do dia em que o Jay a fez mal, que ela me olhou de olhos tristes.
Mas agora ela não estava assim, estava tranquila, com um sorriso doce.
– Boa noite, Max. – a menina falou em tom baixo, com o rosto próximo ao meu. Levemente seus lábios me beijaram, pegando-me desprevenido e fazendo meu coração pular.
– Boa noite, Lu. – falei acolhendo-a em meus braços, como se fosse uma criança.

* * *

Acordei-me na mesma posição que peguei no sono. Lucy ainda dormia agarrada ao urso de pelúcia e com todo cuidado me afastei dela, para não lhe acordar.
Olhei no relógio e ainda eram 7:00h da manhã. Saí da barraca e a claridade me incomodou logo de cara, atrapalhando minha visão. Por sorte o sol ainda não estava forte, mas a temperatura de Miami é diferente da de Londres, então estava calor, mesmo que o horário dissesse o contrário.
Lá na frente, sentada na areia e de cabeça baixa, vi a Vicky já acordada. Ela parecia escrever algo. Procurei o Nathan, mas me lembrei que horas eram e desisti.
Cedo demais para aquele preguiçoso dar o ar das graças.
Caminhei até a Vicky sem muita vontade, passando perto da fogueira apagada, da noite anterior, que agora só era cinzas e pedaços de madeira preto.
Chegando à garota percebi o que ela escrevia. Estava fazendo Sudoku, com uma mega concentração que nem percebeu quando sentei ao seu lado.
– Ai Max, que susto! – ela levou a mão ao peito – Na próxima vez grita quando for chegar!
– Foi mal! Que medo é esse? Está se escondendo? – falei rindo e cutucando o braço dela.
– Estou sim, do Nathan Sykes. – Vicky balançou a cabeça.
– O que ele fez agora? - na minha mente começou a passar um monte de coisas que Nathan poderia ter feito, como tentar vestir o biquíni dela.
– Ontem a gente transou. – ela falou parecendo nervosa.
– Faça o favor de não me contar detalhes. – comentei, de olhos fechados e balançando a mão do tipo ‘passa isso pra lá’.
Não me interessava imaginar o Nathan comendo alguém.
– Ok. É que sempre que transamos, ou sempre que dou mais atenção a ele, ele vem cheio de frescuras. – Vicky fez uma cara de nojo – E eu odeio frescuras, você sabe.
– Sei. Só o Tom não sabe. – falei com um sorrisinho na cara.
– Tome no c...
– Palavrão a essa hora faz mal a saúde, Vicky. – eu disse, interrompendo-a e fazendo cara de médico. – Só estou brincando! Dá pra se desarmar por alguns minutos?
– Não sei se você merece depois do que disse. – ela falou chateada.
– Qual é? Eu só disse a verdade! – me indignei – Você sabe que o Tom é o único que consegue te amolecer e é o único que você aceita com frescura.
– Eu não concordo. – ela disse olhando para o mar que parecia calmo.
– Mesmo? Diga-me... – queria fazê-la dizer que com o Tom é diferente. – Quantas vezes você disse “Tom Parker faça isso, Tom Parker faça aquilo. Tom Parker, desencoste de mim!” – e no final eu imitei a voz dela quando reclama com o Nathan.
– É... Umas...
– Nunca Vicky. – completei por ela.
– Ah, Max! Não humilha. – ela falou vencida. – Sempre sou tão durona com as coisas, mas com aquele gnomo de jardim é diferente.
Eu ri e a olhando disse:
– É diferente porque você gosta dele de verdade.
– Infelizmente. – Vicky disse triste.
– Nem tanto. O mal dele foi beijar a Tanya, o resto ele foi bem com você não foi?
– Max, querido... – ela falou me olhando desafiadora – Beijar a Tanya já é muita coisa! Tipo, uma bomba atômica! – Vicky gesticulou exageradamente com os braços, me fazendo rir.
– Ele tem os motivos dele de ter ficado com aquela garota sem juízo. – eu disse pensativo.
– Claro! Além do fato de querer comer ela! – Vi nem se esforçou para esconder a ironia.
– É, Vicky, além desse fato. O Tom gosta de você.
– Ele gosta de mim, e fica com ela? Maneira bonita de se mostrar que gosta de alguém. – ela afundou os dois pés na areia e olhou para o Sudoku – Queria poder acreditar nisso, Max. – sua voz foi quase inaudível, e então eu tomei uma decisão.
– Quando a Lu foi à sua casa pegar suas coisas, eles conversaram. E ela me contou algo da conversa, Vicky, que ela queria te contar, mas disse que talvez você precisasse ouvir dele, e não dela. – que a Lucy me matasse depois, mas eu achei importante falar isso para a garota – O Tom assumiu que gosta de você, e não é como irmão.
Ela me olhou por alguns segundos, duvidando de cada palavra.
Então, suspirando, disse:
– Talvez ele tenha dito isso só para a Lucy não ver ele como um idiota traidor.
– Não. Ela disse que Tom foi sincero. E quando eu fui guardar as malas no carro, vi tristeza em seu rosto. – parti logo para a profundidade, para tentar convencer Vi.
– Então... Ele gosta de mim? – ela falou finalmente parando para pensar no que havia ouvido – É tão esquisito saber disso. – Vicky abraçou as pernas com um sorrisinho no rosto, seus olhos eram sonhadores e observavam o mar.
– Agora dá para você parar de julgá-lo e começar a pensar se deve perdoá-lo? – falei sem tirar minha vista dela.
– Não, Max. – novamente a voz da Vicky foi baixinha – Eu quero que ele sofra um pouco, do mesmo jeito que eu sofri esse tempo. Não quero que tudo seja fácil para ele.
Garotas vingativas me assustam e a voz dela foi realmente assassina.
Ok... Estou querendo fazer drama, mas se os dois se gostavam o mais simples não era se entenderem?
– Você sabe o que faz da sua vida, Vicky. – disse isso para encerrar o assunto, pois percebi que não obteria nenhum resultado.
– SEUS IDIOTAS! ESTAMOS NA PRAIA E VOCÊS FICAM DE CONVERSA?
A voz do Nathan surgiu do nada e um vulto sem camisa passou pela gente correndo em direção ao mar.
Vicky começou a rir da tentativa dele de passar as ondas que sempre o traziam de volta.
– NATHAN, SEU IMBECIL! VOCÊ VAI MORRER AFOGADO! – Lucy gritou vindo em direção a mim e a Vicky, estava só de biquíni. Que cena para se ver de manhã cedo! – Vocês vão ficar aí parados? – ela disse sorrindo e rapidamente vi a roupa da Vicky voar pelos ares e ela sair correndo em direção ao mar também.
– O ÚLTIMO QUE CHEGAR É A MULHER DO PADRE! E EU ACHO QUE VAI SER O MAX! – mal Nathan disse isso, Vicky o empurrou, fazendo-o cair na água.
– Vamos logo lerdinho! – Lucy disse me puxando e tirando minha camisa no caminho.
Logo a água tocou a gente e as ondas não tão fortes, ainda, começaram a bater em nossos pés. Vicky e Nathan estavam mais distantes e a garota ficava o tempo inteiro tentando afundar ele.
– Eu disse que Max ia ser a mulher do padre! – Nathan me zuou e dei-lhe um soco leve no braço
– Cala a boca, imprestável! – xinguei enquanto as meninas riam. – Puts! Onda!
Todos nós nos preparamos para a onda que estava vindo, não tão grande, mas gigante o suficiente para empurrar a gente para bem longe de onde estávamos.
– É por isso que eu gosto do mar! Deixa você nômade! – Vicky disse depois de todos aparecerem e jogando a água salgada no olho do Nathan.
– Não sei que porra é nômade, mas da pra se fazer muita coisa interessante aqui. – Nathan disse, puxando a Vicky para si.
– Começou. – e a garota revirou os olhos tentando afastar o rosto da língua do Nathan, que tentava tocar sua bochecha.
– Acho melhor deixarmos o casal a sós. – falei para Lucy que olhava a cena com certo nojo, enquanto recebia um dedo do meio da Vicky.
Lu e eu nadamos para longe dos outros dois, indo para mais parto da areia, evitando pegar ondas fortes.
A menina abraçou-se a mim, colocando seus braços em volta do meu pescoço e disse:
– É tão bom ficar aqui... – ela fechou os olhos, erguendo a cabeça para o céu – Parece outro mundo.
– Pois é... Longe de todos os problemas. – imitei sua posição.
– Como estão as coisas em sua casa? – Lu voltou a baixar a cabeça, encarando-me.
– Cada vez pior. – comentei tristemente, sentindo os carinhos de Lucy em minha carequinha.
– Acho que uma das coisas mais chatas da minha vida não foi em si a separação dos meus pais, foi mais as brigas antes dela vir. – Lu disse pensativa e a segurei com mais firmeza.
Balancei a cabeça afirmando e realmente era horrível ouvir os pais brigando, principalmente quando você passou maior parte da sua vida tendo uma família equilibrada e feliz.
– Podemos mudar de assunto? – falei com um sorriso fraco.
– Tudo bem. – ela concordou.
– O que você e o Nathan estavam conversando ontem? – perguntei curioso.
– Coisas da vida. – ela disse sorrindo.
– Falaram de mim?
– Sim.
– E o que foi? – eu tenho o direito de saber.
– Eu disse ao Nath que tinha algo para viver com você. – ela falou séria, como se fosse algo simples de se dizer para um babaca que está a fim de você há séculos.
Lucy ficou me olhando, me olhando, e eu a olhei, a olhei...
No final eu decidi dizer:
– Então por que você nunca me dá uma chance decente?
A menina encarou pensativa a água que ficava entre os nossos corpos que balançavam de acordo com as leves ondas que nos atingiam.
– Porque eu ainda não tenho certeza se é correto o que tenho que viver com você, Max. – ela disse finalmente confiante.
– Por quê? – mulheres e o poder de deixarem um homem confuso.
Ela não tinha acabado de dizer que tinha algo para viver comigo?
– Você quer que eu seja sincera?
– Sempre. – afirmei.
– Meu sentimento por você não é igual ao de antes. Quando namorava o Jay era mais forte, a ponto de me deixar confusa. Mas agora eu só tenho receio de ter qualquer coisa com você, porque se o que eu sinto não é mais tão forte, no final posso te machucar.
Está bem Lucy, você agora ferrou de vez comigo.
Você gosta, desgosta, finge que gosta!
Dá para se decidir logo? Eu tinha certeza que gostava dela, há um bom tempo, e respeitosamente esperei minha chance. Agora que eu posso tê-la vou deixar as coisas irem embora?
Não mesmo.
– Posso te propor uma coisa? – falei, olhando-a.
– Claro. – ela disse concentrada.
– Fica comigo. Não precisa ser compromisso sério, namoro. Você pode me abraçar, me beijar, me agarrar, fazer o que quiser. O que tinha de sofrer já sofri quando você ficou com o McGuiness. Se agora fizermos isso, quando você não quiser mais, só é me dizer, eu vou aceitar, como tantas vezes eu aceitei. Mas agora que você está só eu não vou deixar fácil, Lucy. Então que se dane como eu vou ficar no final, porque agora eu quero você, mesmo que você não me queira de verdade.
As coisas saíram de mim de um jeito que nem sei como consegui falar.
Só sei que no final respirei forte, mas deixei minha expressão firme.
Se não fosse agora, não seria nunca.
E toda essa minha determinação deixou a Lucy assustada, me olhando, provavelmente tentando saber se realmente era o Max George que estava em sua frente.
– Sem compromisso? – a garota cerrou os olhos, analisando-me.
– É. E você que diz quando vai me querer. – falei ansioso.
Isso tava se tornando apelativo...
– Max, não precisa se rebaixar. – ela disse com um leve sorriso, sem me repreender, simplesmente sorrindo. – Eu aceito, só com a condição de ser sem compromisso.
– Ok! – falei nervoso.
– Não vou te usar como se fosse um objeto sexual. – Lu riu sozinha.
De repente me peguei analisando o que disse e comecei a rir também.
Meu Deus! Fiquei parecendo um desesperado! Mesmo que fosse quase isso...
Quando paramos de rir Lucy me olhou docemente e depois me abraçou com força, deitando sua cabeça molhada em meu ombro. O sol forte estava começando a surgir, e estávamos sem protetor. Logo, logo ela ia começar a gritar que nem no dia anterior, mas antes disso aproveitei o abraço.
– TÁ NAMORANDO! TÁ NAMORANDO! – ouvi Nathan dizer perto da gente.
Eu e a Lucy o olhamos, assustados.
– Nathan, por que você não vai catar piolho? – Vicky disse aparecendo atrás dele, como se não quisesse estar ali. – Desculpa, eu tentei impedir a criança...
– Mas é serio! Max ta com cara de namorado! – Nathan falou apontando o dedo na minha cara.
– Cala a boca! – eu falei afastando a mão dele de mim. – Arranja o que fazer, Nathan!
– Nath, amorzinho... – Lucy começou a falar soltando-se de mim – Você é um estraga prazer de merda!
Todos rimos da cara dele, inclusive o próprio Nathan riu de si.
– Obrigado. Eu sei que sou foda. – ele disse se achando.
– Só você sabe disso, Sykes, só você... – Vicky disse sarcástica, enquanto ele a olhava sem entender nada.
Passamos mais algum tempo no mar, até que fomos para a areia colocar protetor solar e acabamos que ficando por ali mesmo, conversando e comendo o que sobrou de ontem.
Vicky jogou a garrafa de tequila na água, porque o Nathan já queria encher a cara desde cedo. Fizemos campeonato de jogo da velha em duplas, na areia, e a Lucy e a Vicky ganharam, para o desprazer da gente, já que o castigo seria carregá-las nas costas pela extensão inteira da praia, brincando de cavalinho, pulando, correndo e mais um monte de coisas que desse vontade.
Lucy não judiou de mim, diferente da Vicky que se aproveitou até demais do Nathan, fazendo com que ele voltasse de coluna doendo para o carro enquanto zuavamos com a sua cara.
Isso é o que dá fazer gracinha de que vai ganhar na hora do jogo.
Ao chegarmos em casa, Lucy saiu correndo para usar o banheiro.
Garota da bexiga louca! E a Vicky se enfiou em seu quarto para tomar um banho.
Nathan sentou-se no bar que ficava na sala e, colocando vodka em um copo, me olhou sério.
Hoje era o dia das conversas profundas?
– Tô com uma coisa na minha cabeça, cara. – ele comentou sem me olhar.
– O quê? – falei me encostando na bancada do bar, apoiando meus cotovelos nele, virado para a porta que ia para a varanda, observando a piscina.
– Eu e a Vicky... Acha que daria certo se a gente namorasse?
Não aguentei e comecei a rir do nada, descontroladamente, enquanto Nathan me olhava calmo.
Depois de enxugar as lágrimas dos meus olhos e de suspirar umas três vezes o encarei, tentando não sorrir:
– Não imagino você namorando ninguém Nathan, independente de ser a Vicky!
– Porra Max! – ele resmungou, dando um empurrão em meu braço que quase me fez cair. Álcool lhe dá força. – Tô aqui, abrindo meu coração pra você, e você me sai com uma bosta dessas. Que consideração!
– Estou de brincadeira, cara! Ou não... – falei soltando outra risadinha rapidamente engolida pela cara emburrada de Nathan – Você gosta dela, não é?
– Acho que sim.
– Acha? Essa história de acho que gosto ou acho que deixei de gostar, ou acho que não sei o que estou sentindo é sinal de que vai dar em merda. - falei pensando em minha própria situação, já que a Lucy não tinha certeza de nada na vida até então – Está a fim de se arriscar? – perguntei, tentando ficar sério para ajudar o meu amigo.
– Estou. A garota vale a pena. E eu queria isso há um bom tempo. Agora que consegui, não vou amarelar.
– Ótimo! – falei pensando que já tinha encerrado o assunto – Boa sorte querido Nathan Sykes! Agora vou ali tomar um banho e...
– Espera cara! – Nath quase gritou, fazendo-me parar no meio do caminho e voltar-se para ele buscando toda paciência.
Eu realmente precisava de um banho, de verdade...
– Sim, Nathan? – perguntei com um sorriso falso, que provavelmente ele não percebeu.
– Vou levar um grande fora, não é? – seu tom de voz foi totalmente triste.
– Provavelmente – falei para ferrar de vez com tudo.
Victoria Foster não é fácil e Nathan sabe disso. Se ela aceitar namorá-lo é porque não tem nada de melhor para fazer no momento, enfim...
– Vou tomar meu banho agora, ok? – fiquei esperando o neurônio do Nathan voltar a funcionar para ver se tinha mais alguma coisa para perguntar – Posso?
– Pode! Vai lá! – ele balançou a mão no ar e, em seguida, enfiou o resto de vodka na garganta.
Aprenda algo para sua vida: álcool não só dá poderes, mas também dá coragem.
E isso foi tão brega! Ignorem.
Finalmente pude ir para o quarto e, no caminho, tentei espiar um pouco o cômodo que a Lucy dormia, mas a porta estava totalmente fechada. O único sinal de vida era a música que saía de lá, Never Gonna Leave This Bed, do Maroon 5.
Alguma voz cantava junto a Adam Levine e só depois de um tempo percebi que a Vicky quem cantarolava, não a Lu.
Dá para acreditar?
Uma que está ouvindo a música e a outra que acompanha?
Antes de fechar a porta do meu quarto ainda ouvi certa garota gritando:
– ADORO ESSE REFRÃO!
E foi a vez de Lucy se juntar a Vicky na cantoria.
No mesmo instante fiquei rindo lá, sozinho, feito um idiota.
Eu, sempre idiota quando se trata da Lu...
Depois do banho todos descemos para ficar lá em baixo, Nathan foi o último e tive de ficar esperando-o. Meio que não pude agarrar a Lucy porque a Vicky conversava com ela animadamente sobre como preto era chique e como lilás era perfeito, enquanto a outra negava, dizendo que preferia vermelho. Fiquei olhando aquela discussão por longos minutos e vez ou outra ria, mas depois voltava ao normal porque conversa de garotas é algo complexo. Elas usam termos difíceis como blush, sombra, esfumaçar e curvex que eu nem imagino o que seja!
– Pedi frutos do mar para nós enchermos nossas barrigas famintas! – Nathan falou jogando-se no sofá.
– Ou seu doente! – Vicky deu um tapa forte na cabeça dele, fazendo seu cabelo voar por uns míseros segundos, voltando depois para o local, assanhadamente – Se esqueceu que eu sou alérgica a essas coisas?
– MESMO? – ele gritou de olhos arregalados.
– Nem perde tempo, Vicky! Óbvio que ele não se lembrava disso... – Lucy disse olhando as unhas, desinteressada na demência do amigo.
– Falou tudo, Lu! – a garota disse se levantando – Vou preparar um macarrão instantâneo que eu vi perdido ontem por ali por dentro. – ela falou saindo da sala de cara emburrada para o Nathan.
– Eu tento agradar e só levo toco! – ele disse apontando para cozinha, falando baixo.
– Você conhece a Vicky desde que tínhamos 6 anos e não sabe que ela tem alergia a isso? – Lucy disse revoltada, defendendo a amiga – É um caso sério, Nath!
– Eu não vivo com ela todos os dias, ok? – ele disse tentando se defender. – Ela me dava oi com mau gosto até a pouco tempo atrás! Não me deixava nem arrancar a cabeça das bonecas dela! Imagina se eu vou saber que a Vicky tem alergia a frutos do mar!
– Deveria imaginar! – Lucy disse olhando-o e depois ficou pensativa – Eu deveria ter feito o mesmo que a Vicky, te ignorado, assim minhas bonecas sairiam vivas da sua mão!
– Fala sério! – Nathan começou a rir – Seu Ken ficou muito mais atraente com uma perna só não acha? – ele começou a imitar a pose do boneco enquanto Lucy ria, jogando uma almofada nele, fazendo-o cair sobre o sofá.
– Oi, eu tô aqui! – falei do nada, e eles me olharam ainda rindo.
Eu, sentado no chão e os dois no sofá de três lugares.
Todo mundo se socializando e eu só olhando.
Mundo cruel.
– Desculpa menininha depressiva! – Nathan disse me zoando como se eu fosse cheio de frescurinhas.
– Cala boca, Nath! – Lucy disse dando-lhe um chute na perna.
– NATHAN! – Vicky gritou da cozinha – FOI VOCÊ QUE PEGOU A DROGA DO SAQUINHO COM TEMPERO?
Nath nos olhou rapidamente com rosto de criança que aprontou.
– Peguei! – ele disse, fechando os olhos e esperando a bronca.
– Para quê? – Vicky apareceu no portal da cozinha com a mão na cintura e com o saco vazio do macarrão na mão.
– Eu senti fome ontem à tarde, aí eu fiz um macarrão normal. Não tinha molho de tomate, aí eu peguei o tempero desse coisinha aí! – ele disse apontando para o saco.
– SENHOR ME DÁ PACIÊNCIA COM ESSE GAROTO! – Vicky berrou, levantando as mãos para o céu e sumindo novamente pela cozinha.
– Ela me ama! – ele disse rindo e fazendo eu e a Lucy rirmos também.
Logo a comida chegou. Quase todos comeram com felicidade, tirando a Vicky. Realmente deu pena de vê-la comendo aquele macarrão sem tempero algum, pálido como um doente. Nathan nem se quer olhava para ela, como se sentisse que fosse morrer a qualquer momento.
Depois começamos a jogar Guitar Hero, foi realmente emocionante! Não competimos dessa vez, Nathan não quis. Arregou. Quando cansamos vimos televisão, então o celular do Nathan tocou e ele foi atender, Vicky quis ir para piscina, mas desistiu assim que se lembrou do protetor solar, apenas ficou sentada na espreguiçadeira olhando para o nada, debaixo do guarda sol. Aproveitei para ficar com a Lucy, só que não fizemos nada além de ficarmos abraçados juntos, pois logo o Nath voltou.
– NOTÍCIAS! – ele gritou e a Vicky voltou correndo para dentro de casa. Coloquei a televisão no mudo e ele continuou – Então, minha prima Katy tá aqui em Miami. Ela ficou sabendo que estava aqui com uns amigos e ligou perguntando se tínhamos programação para hoje à noite. Eu disse que não, então ela falou que está indo para um show de Jason Mraz na South Beach. – ele disse parecendo aqueles caras importantes quando vão dar uma notícia daquelas – Não sei vocês, mas eu já estou lá com muito prazer!
– E você fala como se a gente não fosse seu imbecil?! – Lucy disse revoltada
– Óbvio que a gente vai! – Vicky exclamou dando pulinhos.
– Ai, amiga! Jason, Jason, Jason! – Lucy saiu correndo para perto da amiga e começou a pular junto com ela.
– Tá, chega Lu! – Vicky parou do nada, deixando a outra com cara de ‘estragaram minha felicidade’ no ar.
– Já que todo mundo vai, eu também vou. – falei com um sorriso – Até porque Jason Mraz até que é legal. – completei.
Eu não era fã, mas simpatizava.
– Então tudo feito. – disse Nathan olhando para o celular – Vou confirmar tudo com a Katy, pedir para ela comprar nossos ingressos, esses tipos de coisa chata. – ele disse com uma careta e foi para cozinha fazer uma ligação.
– Precisamos escolher uma roupa amiga! – Lucy disse de repente, com rosto de medo.
– Eita, é mesmo! – Vicky acompanhou o rosto da outra – Vamos logo ver isso!
E as duas saíram correndo pela escada.
E mais uma vez eu fiquei na merda, olhando a televisão e percebendo o quanto ela era plana.

* * *

Só viemos sair de casa de 20:50h e o show era de 21:00h. Sorte que a South Beach não ficava longe da casa, e graças a Deus que Miami é um lugar em que as pessoas se preocupam mais em se divertir do que olhar que dois garotos Ingleses dirigem sem documentação no EUA, embora eu ainda estivesse com as mãos suando de medo de ser parado e preso.
Dessa vez Nathan estava dirigindo e infelizmente tive de ficar na frente com ele já que as garotas não se desgrudaram desde a hora de escolher a roupa. Ficaram trancadas no quarto, fazendo não sei o que. Só deram sinal de vida quando o Nathan gritou a hora que ia ser o show e elas responderam um ‘Tá!’ e depois se calaram.
Vim ver o porquê da demora delas muito tempo depois, quando descerem deslumbrantes pela escada. Lucy usava um vestido de malha na metade das coxas, listrado, vermelho e branco e com um brasão na parte do peito azul com linhas douradas, a gola e manga estilo Pollo e uma bolsa pequena de lado da mesma cor do brasão, mais uma sandália vermelha. Vicky estava com uma jardineira branca e uma camisa Pollo por baixo, lilás com azul claro, mais uma sandália branca de enfeites azul petróleo. A primeira estava de cabelo em uma trança, já a segunda estava com ele solto, como normalmente usava, pois era seu jeito preferido.
Eu e o Nathan nos arrumamos já preocupados com elas, porque sabíamos que iriam caprichar e não estávamos a fim de ficar para trás para nenhum imbecil pensar que elas não tinham acompanhantes e tirar proveito da situação.
Nathan estava de bermuda jeans, sapatos brancos, sem cadarços, e uma camisa listrada branca com cinza de gola v. Eu estava de calça comprida jeans escuro, camisa azul claro de gola v, com botões abertos e uma sandália sem ser de dedo, branco gelo.
Não deu para ter conversa nenhuma no carro, porque as garotas falavam o tempo inteiro no Jason Mraz. Eu já estava começando a mudar a opinião de cara legal para cara realmente chato, de tanto que elas falavam.
E tenho uma vaga impressão que o cara que dirigia ao lado também concordava comigo.
Quando chegamos ao lugar do show, um palco montado na grande praia, muita gente já estava lá, a maioria jovens feito nós, aparentando entre 15 e 25 anos. Garotas loiras, magras, bronzeadas e de peito grande, usando seus biquínis brancos e de short branco. Não sei por que, mas estava lembrando o Ano Novo de alguns locais litorâneos!
Talvez a intenção fosse essa porque logo, logo janeiro estaria chegando.
Depois que estacionamos o carro vimos Nathan correndo em direção a uma garota bonita e em seguida a Lucy fez o mesmo, dando um abraço triplo. Eu e Vicky chegamos perto dos três sem jeito, mas eu sabia quem era a garota, pois já tinha visto nas fotos que o Nathan me mostrou antes da viagem.
Era Katy, muito mais bonita pessoalmente.
– Garota, que saudade de você! – Lucy disse apertando as bochechas dela.
– Nem me fala menina! Você e meu primo somem sempre! – ela disse apertando a Lucy por todo o corpo, enquanto a outra se contorcia.
– Londres e Flórida ficam longe pra caramba, Katy! – Nathan tentou se justificar.
– Nem vem! Internet e celular existem! – a garota disse rindo e apontando o dedo para o primo – Tive de ligar para o Tio Sykes pra saber que vocês estavam aqui! Ah, e quem são esses? – então ela se virou para mim e para Vicky com um sorriso simpático.
– Amigos! – Nathan disse levantando os braços – Essa é Vicky... Minha namorada e esse é Max, meu amante!
Lucy e Katy riram da piadinha imbecil, menos eu e a Vicky.
Ela o olhava com cara de ‘que porra é essa’ e eu o olhava com cara de ‘vá catar coquinho’.
– Prazer garota que teve coragem de pegar meu primo! – Katy disse estendendo a mão para a Vicky que a apertou sem tirar os olhos do Nathan – E prazer amante! – então foi minha vez de apertar a sua mão com um sorriso sem jeito.
– Ai! Agora chega de apresentações! – Lucy disse dando pulinhos – Me conta! O Jason já chegou?
– Disseram que sim! – e outra pulou que nem ela, depois tirou quatro ingressos de dentro do bolso do short jeans e disse – Aqui o de vocês! Vamos entrar logo!
Ela falou e puxou a mão da Lucy, que puxou a mão da Vicky, que ia puxar a mão do Nathan, mas desistiu no meio do caminho porque lembrou que era a mão dele.
E as três foram lá na frente, enquanto eu e o garoto cabisbaixo íamos um ao lado do outro, olhando para a areia.
Vou explicar mais ou menos como o lugar estava:
A praia estava completamente iluminada com luzes, fios que iam se prendendo em pedaços de madeira em que lamparinas laranjas e vermelhas iam se pendurando. Todo o local onde seria o show era cercado, e na entrada tinha uma tenda onde havia vários seguranças e filas indianas. O local estava muito bem organizado para ser algo numa praia. Fiquei impressionando com isso, pois não tinha nenhum mal educado furando fila ou pulando a cerca. O palco estava lá na frente, mas bem lá na frente mesmo! E infelizmente muita gente já havia entrado. Os instrumentos já estavam em seu lugar e em um telão passavam imagens lindas de Miami.
Quando conseguimos entrar estávamos bem atrás, mas como o lugar era mais comprido do que largo ficaram vários grupos de jovens separados um do outro, formando círculos naquele retângulo de gente, fazendo com que nos dessem liberdade o suficiente de curtir o show sem sentirmos cheiros desagradáveis, pisões nos pés, esses tipos de coisa.
As meninas estavam agarradas umas nas outras, olhando o palco ansiosamente. O show estava atrasado para começar, mas ninguém parecia chateado com isso. O clima estava bom, a noite não estava fria, mas também não estava quente, as pessoas estavam sorridentes e eu me sentia feliz porque faria de tudo para hoje ser o primeiro beijo que eu iria dar na Lucy.
Nathan do meu lado, com as mãos no bolso, olhava para as imagens no telão sério, mas parecendo distraído. Eu sabia que ele não tinha pedido a Vicky em namoro ainda e talvez esse fosse o jeito dele de pedi-la, apresentando ela para a prima como namorada.
Não sei no que isso vai dá, só desejo sorte para ele, independente dela aceitar ou não.
– Boa noite para todos e desculpem a demora! – disse um cara lá na frente do palco. Todos começaram a gritar com a esperança de que finalmente o show começasse – Espero que tenham gostado da banda de abertura que tocou há, um bom tempo atrás! – e de repente todos riram. A banda de abertura já tinha tocado? Nossa! – E agora, sem mais demoras e espera: JASON MRAZ!
Logo um cara de chapeuzinho, calça jeans, camisa xadrez e descalço, apareceu no palco, com um sorriso no rosto. Colocou-se perto do microfone e com o violão já em seu devido lugar disse:
– Desculpem pela demora! Espero que o show satisfaça vocês e recompensem pelo tempo que me esperaram! Amo a todos!
Novamente todo mundo gritou, inclusive as três loucas perto de mim que começaram a pular de braços para cima.
O desgraçado do Jason Mraz como se lesse a mente dos dois panacas que estavam assistindo ao seu show, refiro-me a mim e ao Nathan, começou com “Make It Mine”.
Rapidamente eu e ele nos encaramos, rindo, as garotas olharam para gente, sorrindo também, mas a Katy estava com cara de quem não entendia nada.
Tô nem aí.
Eu e o Nathan nos enfiamos entre elas, abraçando suas cinturas. Vicky pareceu não se lembrar do que o outro disse e lhe deu um beijo na bochecha antes de ficar debaixo de seu braço. Lucy sorria feito uma besta, com os olhos cheios de lágrima, já a Katy gritava o tempo inteiro ‘ME COME SEU PUTO! ME COME!’. Ela tinha sérios problemas mentais... Mas era engraçada.
(Quem não quiser ouvir a música ao menos leiam a tradução, vale a pena para entenderem)
Depois veio com “Butterfly”. Aquela música lembrava a vida de alguém, mas eu não sabia exatamente quem era, então no final acabei apenas curtindo.
Katy sumiu por entre a muvuca, disse que ia tentar subir no palco. Se ela conseguir, vou fingir que não a conheço, porque é mico demais para qualquer pessoa.
Nathan puxou Vicky para o canto, um pouco mais longe da gente e começou a dançar com ela. Lucy os olhou meio abandonada e depois virou o rosto para mim, percebendo que eu tinha ficado ao seu lado, como sempre.
Vi-a tirar os chinelos e jogar a sua bolsa por cima deles, então ela voltou-se para mim, com um sorriso doce nos lábios, balançando-se de acordo com a música, vindo em minha direção. Como ela parecia linda naquele momento, e como eu queria tê-la.
(Nota da autora: coloquem essa música para tocar http://www.youtube.com/watch?v=vIj42LYUOO4)
Butterfly terminou, veio "A Beutiful Mess".

You've got the best of both worlds, you're the kind of girl who can take down a man, and lift him back up again. 
You are strong but you're needy, humble but you're greedy. 
Based on your body language and shoddy cursive I've been reading. 
You're style is quite selective, though your mind is rather reckless. 
Well I guess it just suggests that this is just what happiness is.

Você tem o melhor de dois mundos, você é o tipo de garota que pode derrubar um homem, e levantá-lo de volta novamente. 
Você é forte, mas está carente, humilde, mas ambiciosa.
 Baseado em sua linguagem corporal, seus gritos cursivos tenho ouvido. 
Seu estilo é bastante seletivo, embora sua mente seja bastante imprudente. 
Bem, eu acho que isso é apenas sugestivo. 
Que isso é só o que a alegria é.

Por impulso sorri ironicamente com a mania do Mraz de cantar as músicas na hora certa. Lu se aconchegou em meu corpo, me fazendo passar meus braços suavemente em sua cintura. Sua cabeça estava encostada em meu peito, seus olhos estavam fechados, e uma felicidade me inundava a cada palavra. Comecei a cantar a música, para apenas ela ouvir.

Hey, what a beautiful mess this is? 
It’s like picking up trash in dresses…

Ei, que bonita confusão é essa? 
É como catar lixo nas roupas...

Nossas respirações eram lentas, mas meu coração estava acelerado, ansioso, nervoso, contente... Lucy levantou seu rosto para mim, nossos olhos se encontraram, sua mão estava pousada justamente na parte do coração, ela sorriu levemente para mim, como se entendesse o que eu estava sentindo naquele momento. Eu não queria mais prolongar a minha tortura de não senti-la.

Well it kind of hurts when the kind of words you write kind of turn themselves into knives and don’t mind my nerve you can call I fiction 
‘Cause I like a being submerged in your contradictions dear 
‘Cause here we are, here we are.
Bem, dói um pouco quando o tipo de palavras que você escreve meio que se transformam em facas e não ligue para os meus nervos, chame de ficção.
 Porque eu gosto de ficar submergido em suas contradições, minha querida. 
Porque nós estamos aqui, nós estamos.

Segurei seu rosto em minhas mãos e de repente a vi séria, rígida, e a cada vez que me aproximava dela, ela parecia mais tensa. Eu não sabia se Lu queria isso, mas eu desejava tanto, e a nossa conversa de hoje cedo me fez prosseguir, sem medo. Os dedos dela mexiam em minha camisa.

Although you were biased I love your advice. 
Your comebacks they’re quick and probably have to do with your insecurities. 
There’s no shame in being crazy, depending on how you take these words. 
That paraphrase in this relationship we’re staging

Embora você seja tendenciosa, eu amo seus conselhos. 
Suas voltas são rápidas e provavelmente tem haver com suas inseguranças. Não há vergonha em ser louco, dependendo de como você encara isso. 
Estou parafraseando essa relação que nós encenamos.

De olhos fechados passei meu nariz no seu, delicadamente. Senti seus cílios baixarem, demonstrando que ela havia fechado os olhos também. Nossos pés iam balançando-se, deixando a música nos levar no meio daquele momento.

And it’s a beautiful mess. 
Yes, it is. 
It’s like we’re picking up trash in dresses

E essa é uma bonita confusão.
 Sim, essa é. 
É como se nós estivéssemos lavando a roupa suja.

Lucy me deu um selinho, logo cortado, então nos olhamos, e como se fosse um consentimento, prossegui. Beijei seus lábios, e meus braços se tornaram mais fortes, assim como suas mãos. Minha língua tocou a sua e vi-a amolecer, pela primeira vez desde que eu mostrei o que queria, entregando-se a mim. A música na metade parecia interminável, mas não foi. Então veio o fim dela, assim como o fim do beijo. Lucy não me olhou, só me abraçou, com força, enterrando seu rosto em meu peito. Retribui o abraço de olhos fechados.
Depois de anos, finalmente eu estava com minha garota, mas não sabia até quando isso iria durar.
Espero que seja o suficiente para fazê-la feliz.
  
* * *

Ponto de Vista: Nathan

Enquanto dançava com a Vicky olhei para Max e Lucy, tamanha foi minha surpresa quando a vi dando-lhe um selinho e, em seguida, ele a beijando.
Eu nem prestei mais atenção no que estava fazendo de tão assustado que fiquei.
Max é um... Medroso! Como ele conseguiu?
Só vim me acordar do transe de questionamento quando Vicky percebeu a mesma coisa que eu e riu em meu ouvido, dizendo:
– Finalmente ele fez algo!
Voltei minha atenção para ela, esquecendo a cena.
Que se danem!
Eu tinha uma missão a cumprir.
O final da música, que eu achei bem chatinha, estava chegando. Então, meio que para deixar aquele tédio decidi perguntar logo o meu terror.
O que eu pensava desde sempre, quer dizer, desde hoje mais cedo:
– Vicky, namora comigo? – falei.
Vicky me olhou fazendo careta:
– Oi? – ela disse, sem entender.
– Vamos namorar! – falei mais alto.
– Desculpa cara! Muito barulho... Não estou te ouvindo mesmo! – ela disse, aproximando-se mais de mim e parando de dançar.
 – QUER NAMORAR COMIGO?
Silêncio.
Maldita hora que a música tinha que terminar!
Vicky me olhava assustada, e eu se pudesse também me olharia assustado. De repente o povo começou a gritar e eu olhei novamente para Lucy e Max, juntos, nos olhando ansiosos. Max ria, Lucy estava indecifrável. Voltei meu olhar para Vicky que estava vermelha:
– Imbecil! – ela resmungou, dando-me um tapa na cabeça.
– Foi mal! – falei.
Jason Mraz provavelmente não sabia o que estava acontecendo, e deu continuidade ao seu show.
Rapidamente fomos esquecidos, ele era mais importante do que um casal com cara de taxo parado ali na praia:
– Não vou te namorar! – Vicky disse gritando para eu ouvir perfeitamente.
– Por que não? – falei indignado.
– Além do fato de você ser Nathan Sykes, você acabou de me fazer pagar um mico! – a garota cruzou os braços – Muito ridículo!
– Foi sem querer, Vicky! – falei. Era verdade. Ela não ouviu, eu gritei, e a música terminou e por sorte ela não me deu um fora na frente de todo mundo, mas de qualquer jeito, eu iria levar um toco mesmo. – Vamos ver o que dá a gente junto!
– Não estou a fim, Nathan! – Vicky me disse indiferente, olhando para o lado.
– O que você perde ficando comigo? – insisti.
– Minha paciência. – ela disse.
Fiquei a olhando e me lembrei do que Max disse sobre se ela aceitar é porque não tem mais nada de interessante para fazer.
Decidi apelar:
– Olha, não tem mais nada de interessante para fazer, você não acha? Não é mais legal namorar comigo do que esperar a atenção do Tom?
Ponto fraco.
Você é foda Nathan Sykes!
Segurei para não rir da minha própria esperteza. Vicky me olhava analisando, seu rosto rapidamente foi transformado em raiva quando citado o nome “Tom”.
– Feito! – ela disse.
– Legal! – exclamei feliz, agarrando sua cintura.
– Mas eu mando!
Ela falou como se eu já não soubesse disso.
– Agora vamos aproveitar o show!
Falei sorrindo e dando-lhe um beijo, que foi retribuído nem tão rapidamente assim. Missão cumprida!
Após darmos alguns pegas, a Lucy e o Max vieram para perto da gente logo perguntando o resultado do mico passado há algum tempo atrás. Contei a novidade e Max não disfarçou a cara de impressionado, me dando parabéns e pedindo o nome da macumba que eu tinha feito para conseguir isso.
Quase arranquei sua cabeça com meus olhos lasers, mas preferi rir.
Lucy também nos parabenizou, mas não tão feliz assim. Acho que o Max não beija bem, por isso que ela estava com aquela cara.
Katy ainda não tinha aparecido. Será que ela ia conseguir algo?









        * * *



CAPÍTULO 21

MIAMI
Parte 03


Ponto de Vista: Nathan

Saímos da praia às 3:00h da manhã. Max dirigiu porque eu não sabia nem qual era a cor da minha cueca de tão bêbado que havia ficado. Eu e a Katy éramos os únicos cachaçados e só parei de beber quando a Vicky pegou meu copo de tequila e jogou na minha cara, mandando-me deixar de ser pinguço. Só lembro de tal coisa porque o Max fez questão de me contar hoje mais cedo, apenas para gargalhar na minha face.
Sobre a Katy no show... Sim, ela conseguiu, ela subiu no palco, ela foi a heroína do grupo e arrancou a PORRA DO CHAPÉU DE JASON MRAZ!
Quando Vicky e Lucy perceberam o que ela tinha feito quase pisaram em mim e em Max para que colocássemos elas nos nossos ombros.
O que a gente não faz por amor?
Ou quase isso.
Enfim, acabamos que colocando elas para cima e depois de muito correr de seguranças, a Katy roubou um abraço do Jason que ria, pegou o chapéu e se jogou na escada. Em nenhum segundo o segurança conseguiu segurá-la e a desgraçada foi tão esperta, coisa de família, que nem mesmo deu tempo de Jason chorar porque estava de cabelo a mostra.
Me acordei hoje com a mesma roupa de ontem, deitado no chão.
Acho que eu caí da cama, não sei.
Foi Katy que me acordou tentando procurar um remédio para dor de cabeça. Ressaca. Eu também tomei um desses já que de manhã cedo vi duas da Vicky brigando comigo e sua voz era bem distante. Ela falou algo sobre cirrose, morrer e se foder que eu não dei muita atenção, porque achei o cereal mais colorido que o normal, achando-o divertido.
Max e Lucy se agarravam no sofá vendo o DVD de Os Pinguins de Madagascar, que a Lu fez questão de trazer, para minha felicidade (a parte do desenho, não do agarramento).
Muito feio esses dois assim... Fazendo do sofá um motel.
Katy sumiu antes mesmo de eu perguntar se ela ainda era virgem. Vi-a beijando tantos homens ontem que fiquei assustado. Mas ela parecia não ter dado para nenhum. Fiquei curioso, mas minha cabeça estava lenta, aí não deu tempo de perguntar nada na maior intimidade.
Na hora do almoço fomos para um restaurante a beira mar bem bonito. Vicky ficou revoltada inicialmente pensando nos frutos do mar, mas felizmente tinha outras coisas no cardápio, além disso. Depois, enquanto Vicky e Lucy terminavam suas sobremesas de chocolate eu e Max fizemos uma caminhada pela praia. Contei a ele o pedido de namoro para Vicky e ele me contou o que estava tendo com a Lu.
Nada sério.
Só envolvimento sem compromisso.
Ótimo! Não quero que a Lucy se machuque como se machucou com o Jay, mas no caso do Max isso é bem improvável.
Risos!
À tarde fomos para a plataforma e alugamos um barco grande para darmos umas voltas. As garotas ficaram felizes com isso, de acordo com elas estavam se sentindo num filme de ‘Missão Impossível’ e a Lucy disse que só faltava o Tom Cruise, enquanto a Vicky me olhava com desprezo por eu não ser ele.
A noite foi chegando e acabamos que voltando para pagar mais tempo e ficamos no barco mesmo, no mar. Fiquei olhando as estrelas com a Vicky, um momento bonito, mas do nada ela se levantou e quando perguntei o que tinha acontecido ela disse que estava tudo muito chato, melhor ver o céu ouvindo rock. Pegou seu iPhone para nós ouvirmos Gun’s e deixamos de olhar para cima para nos beijarmos.
Max e Lucy não estavam diferentes, só que como sempre aquele bicha faz tudo muito romântico. Os dois estavam sentados no banco, a Lucy entre suas pernas e encostada nele, olhando para o céu, dando risadinhas e apontando para as estrelas. Se tivesse uma constelação que se chamasse GAY seria a de Max George.
Vicky e eu dormimos do lado de fora, abraçadinhos. Miami não é fria, mas de noite não é tão quente, então foi algo muito gostoso de se fazer. Ao menos até as 6:00h do outro dia que nos acordamos com o sol na cara.
As férias estavam indo muito bem.
Todos estavam entendidos. Parecia até milagre!

* * *

Dias se passaram e a gente no mesmo lugar. Que bom! Passamos a dormir nos quartos juntos. Max com Lucy e eu com Vicky, embora de vez em quando as duas dessem um perdido na gente e dormissem juntas, rindo alto das nossas caras.
Cheguei a pensar que o outro casalzinho chato estava namorando, mas não. Max é incompetente demais para isso.
Eu e a Vicky estamos bem, obrigado.
Para ser sincero só estamos bem quando eu faço o que ela manda, ou quando eu não pago de romântico.
Garota difícil!
Nos livramos dos nossos celulares.
Depois do quinto dia em Miami todos começaram a receber ligações de Tom Parker e Jay McGuiness. Avisamos as nossas famílias que as ligações estavam ‘ficando péssimas de serem ouvidas’ e passamos a usar apenas o telefone fixo.
Faltavam apenas mais dois dias para voltarmos para Londres. Faltavam mais três dias para o Natal e esse era o motivo de termos que ir embora, porque se não só iríamos depois do ano novo.
Tentei pegar um bronze!
Mas logo fiquei preto, graças a minha pele amarela cor de doença.
Por outro lado a Vicky ficou com uma marquinha de biquíni incrível!
Lucy de tanto protetor solar só ficou um pouco vermelha e seguia os horários que eram melhores para tomar sol.
Certo dia Max teimou novamente com ela sobre o protetor e acabou pegando belas queimaduras no corpo a ponto de passar três dias sem nem ouvir falar o nome CALOR.
Eu ri demais porque fiquei me lembrando dele gritando na primeira briga ‘Pois que eu tenha uma careca torrada!’ e bem, ele agora tinha!
Katy quase sempre aparecia trazendo uma novidade para aproveitarmos. Pelo que percebi ela ficou interessada no Max, a Lucy não gostou disso e foi logo chutando o balde dela.
Max inflou o ego, mas Vicky mandou-o não se iludir, porque Lucy estava fazendo isso simplesmente porque era egoísta.
Em uma conversa de café da manhã, após uma noite de verdade ou consequência na piscina (em que eu bati a minha cabeça em algum lugar lá por dentro, me acordando hoje com um galo sinistro na testa), tivemos a brilhante ideia de fazer uma festa de despedida aqui em casa!
Resumindo: álcool, mulheres e sexo em todos os lugares.
Eu que não sou besta e estou sempre compactuando com os prazeres da vida, fiz o favor de me juntar com minha querida prima e começar a chamar os contatos logo cedo. Lucy, Vicky e Max ficaram responsáveis pela arrumação.
Enquanto as duas mandavam, Max fazia.
A comida era fruta, bebida tinha de sobra, barman e DJ contratados, só faltavam os convidados para tudo começar a animar de verdade.
As garotas estavam lindas como sempre e mais um pouco, com seus biquínis brasileiros que compramos três dias atrás.
Katy depois de desaparecer, dizendo que ia pegar uns amigos, voltou com uma van cheia de gente desconhecida onde tinha mais loira peituda que clínica de cirurgias plásticas!
Fiquei feliz com aquela cena, de ver mulheres correndo de biquíni por todo canto casa, mas fui rapidamente repreendido pela Vicky, levando um tapa muito forte, forte mesmo, na barriga, ficando até com marca. Naquele noite parecia um lutador de box!
Não por ser forte, e sim por estar cheios de hematomas!
E só sei dessa palavra porque assisto muito CSI e Dr. House, embora eu não entenda porcaria nenhuma!
O povo todo se concentrava na piscina.
Katy era a única que conhecia todos ali, e acho que ela estava tendo um caso com o DJ pela cara que um fazia para o outro quando ela passava por ele.
A festa estava divertida, mas Vicky, Lucy, Max e eu não nos misturamos com os outros. Preferimos sentar e ficar em duas espreguiçadeiras olhando todos e rindo dos primeiros bêbados que apareciam. Brincamos de adedonha, mas no final o Max e a Vicky ficaram, fazendo com que eu e a Lucy fossemos dançar um pouco em frente ao DJ, que era onde se acumulava o maior número de gente.
Quando voltamos, os dois ainda estavam dizendo palavras com ‘M’ e quando percebi que eles já estavam ficando sem ideias, eu disse:
– Merda!
E todos riram, menos eu, que realmente estava achando aquilo uma merda.
Lucy aproveitou a pausa pra beijar Max, acho que era para ele calar a boca. E eu tentei beijar a Vicky, mas ela estava concentrada demais no fato de ganhar da Barbie (estou falando do Max) e impediu meu beijinho doce, colocando a mão na minha cara e a empurrando para longe.
Max preferiu desistir quando a coisa se tornou apelativa, surgindo a palavra ‘masturbação’, que a Lucy sussurrou para Vicky, que a disse impulsivamente.
Depois de um tempo a parte mais perigosa da casa foi a piscina. Muita gente estava começando a cair e a ser jogada lá dentro, só não rolou morte porque contratamos salva-vidas. Uma latina para os caras e um latino para as garotas.
Embora ache que às vezes alguns se jogavam de propósito.
Só vim dar uns pegas profundos na Vicky quando ela foi ao banheiro se livrar do cheiro de manga, uma fruta que ela gosta de verdade, do seu corpo.
Fomos nos beijando no banheiro, no corredor, na escada, e só viemos parar quando a safada me jogou na piscina assim que chegamos ao lado de fora!
Lucy não deixou a salva-vidas gostosa me ajudar, mas me jogou a porra de uma boia cor de rosa que havia surgido magicamente quando a festa começou.
Irritado, saí correndo atrás das duas que empurravam as pessoas umas para cima das outras e gritando, fazendo escândalo e rindo da minha fuça de garoto raivoso.
Max, que estava tentando se livrar da Katy bêbada, só veio entrar na brincadeira quando a Lucy passou por ele e puxou sua sunga por debaixo da bermuda, fazendo-o gritar de dor. Quando ele percebeu que eu estava tentando pegar as duas ele saiu correndo atrás também, me ajudando.
Katy para chamar a atenção gritou:
– Ui! Não preciso de ninguém! Me jogo e quero que o Maxzinho venha me buscar! – então ela se jogou na piscina com seu copo de vodka, depois fingiu que estava se afogando.
Mas Max não deu atenção quando conseguiu pegar a Lucy, que havia parado para descansar, e pegando ela no colo, jogou-se na piscina. No momento aproveitei que a Vicky estava rindo da amiga e a empurrei sem cerimônias, assim como ela tinha feito comigo, vendo-a aparecer na água realmente irritada. Enquanto eu ria dela, um bêbado esbarrou em mim, me fazendo perder o controle e caindo também na piscina.
Depois de resmungar vários nomes feios para o puto que esbarrou em mim, que nem me dava atenção, pois vomitava na grama sintética, a Vicky me calou dando um beijo de tirar o fôlego, enrolando suas pernas em meu corpo e me encostando contra a parede da piscina.
Aquilo foi tão sexy que eu poderia transar com ela ali mesmo.
Só que recebi uma bola de vôlei na cabeça e, quando olhei, Lucy e Max riam da gente, assim como a Vicky que jogou a bola de volta. Deixamos de nos pegar para ficar jogando e só viemos parar quando a Katy gritou que estava a fim de tirar a roupa, me obrigando a parar de jogar para trancá-la em meu quarto.
Depois de ouvi-la gritar mil vezes que era para deixá-la sair, e segurando a maçaneta, ela se calou e logo em seguida veio uma barulho de coisas que caíam. Deduzi que Katy havia tropeçado em algo e quando finalmente pensei em respirar aliviado, a Vicky apareceu, puxando a minha bermuda com um sorriso sacana, empurrando-me no quarto que inicialmente era dela, em seguida fechando a porta.
E bem, o resto da noite não foi mais tão interessante quanto o que fizemos na cama.

* * *

Vicky ainda dormia quando me acordei. Deitada sobre meu peito ela respirava lentamente mostrando que estava enfiada em seu sono. Estranhei muito, pois normalmente ela se levanta primeiro.
Olhei para o relógio e vi a hora, 11:00h da manhã. Voltei meu rosto para a Vicky novamente, tentando entender porque ela ainda dormia, até que eu compreendi.
Ontem, depois de fazermos o que tínhamos de fazer e quando eu já estava me preparando para dormir de conchinha, ela me mandou tirar minhas mãos de seu corpo, que ela estava sem sono. Ia botar a cambada de infiltrados que estava em casa para fora, e passar o resto da madrugada vendo televisão, filme, série, tudo que lhe desse vontade.
Só não mandei a Vicky calar a boca e só não a puxei para voltar para cama, porque eu tenho medo de sua capacidade violenta de me bater com suas mãos.
Então preferi ficar e dormir, deixando-a fazer o que quisesse de sua vida.
Provavelmente deve ter ido se deitar muito tarde.
Me mexendo um pouco Vicky saiu de cima de mim, me dando alguns empurrões espaçosos e agarrando um travesseiro quase que me expulsando da cama.
Ri, porque até dormindo ela era desse jeito.
Me levantei e tomei um banho por incrível que pareça demorado, já que metade do tempo eu parava para rir das besteiras do dia anterior.
Quando saí do quarto fui ao meu que ainda estava de porta fechada para ver se a Katy estava viva.
Abri a porta e me deparei com a louca jogada no chão, sem a parte de cima do biquíni, que estava bem distante dela, em cima de um abajur, coberta pelo edredom.
Fiquei na tentação de acordá-la gritando, mas desisti porque estava com preguiça.
Então saindo do quarto comecei a descer as escadas cheias de copos, latas de cervejas e... opa! Uma calcinha preta.
Quando finalmente cheguei no último degrau dei um pulinho e quase caí com a cena:
Max e Lucy deitados no sofá, no sofá da minha mãe, abraçados!
Você deve pensar que estou fazendo tempestade em copo d’água, mas as coisas não são bem assim:
– SEUS IDIOTAS! – gritei correndo para perto deles e começando empurrar o Max.
No susto os dois caíram no chão enquanto eu gritava descontroladamente:
– A PORRA DO SOFÁ DA MINHA MÃE! VOCÊS SE DEITAREM NELE MOLHADOS SEUS FILHOS DA MERDA!
Meu desespero foi tanto que comecei a passar a mão por todos os lados do sofá em que consegui alcançar. Max me olhava sem entender nada, já a Lucy levantou-se e veio até mim que continuava com meu drama pensando em como o sofá ficaria fedendo por não enxugar, que quando minha mãe voltasse à casa ele estaria encardido:
– CALA A BOCA, NATHAN! – Lucy gritou e assim que virei o rosto pAra ela recebi um tapa.
– MAS LU...
– CALADO! – ela gritou de novo, com o rosto de senhora que manda – Coisa mais ridícula! PORRA! EU TAVA DORMINDO! GAROTO SEM RESPEITO! TU É RICO CARALHO! VAI COMPRAR OUTRO SOFÁ AO INVÉS DE ME ASSUSTAR!
– Lu, tem calma... – Max disse.
– CALA A BOCA VOCÊ TAMBÉM! – ela apontou para ele furiosamente.
Nem preciso dizer que fiquei acuado, né?
– VOU EMBORA DESTA PORRA DE SALA PARA UM LUGAR SEM MACHOS CHATOS!
E revoltosamente ela nos deu as costas, subindo as escadas, batendo os pés como uma criança. Quando chegou em cima, Vicky apareceu descabelada, sem entender nada, então ela olhou para o Max jogado no chão, depois olhou para mim e depois cruzou os braços, me encarando:
– O que você aprontou agora?
– Eu só acordei eles e...
– De um jeito nem um pouco agradável... – Max me entregou.
– Cala a boca. – sussurrei.
– E você sabe que a Lu fica de péssimo humor quando é acordada desse jeito... – ele continuou sem me dar atenção – Então ela se revoltou e deu nisso.
– Imbecil! – Vicky me xingou, chegando na ponta da escada. – Agora ela vai passar o dia inteiro irritada! – ela deu um tapinha no meu braço e continuou – Boa sorte, porque vai sobrar para você.
E voltou a subir a escada com preguiça.
Medroso, olhei para Max:
– Tô fodido, não é?
– Com certeza, mate. – ele disse com um sorriso divertido e vingador no rosto.
O dia realmente foi difícil.
Lucy me olhava de cara feia o tempo inteiro e todas as minhas piadinhas ela dizia ‘cassete, como essa foi horrível!’ coisa que me deixou muito triste, já que ela era a primeira a rir das coisas.
Vicky e Max deleitaram-se com o meu castigo, enquanto a Katy assim que teve capacidade de ficar em pé sem vertigens (palavra usada pela Vicky que eu não sei o que significa) pegou a bolsa e foi embora sem olhar para trás. Só mais tarde ela veio ligar dizendo que a festa só não foi mais foda porque ela não pode sentir o vento da noite nas partes... Íntimas.
Fomos para a praia, caminhamos, me arrisquei a surfar, mas não deu certo. Lucy e Vicky fizeram castelinho, eu tentei participar da brincadeira, mas Lu jogou um balde em mim, me expulsando. Max foi quase queimado por uma água viva e quando voltávamos para casa tive de aturar uns garotos playboys e surfistas malhados chamando eu e Max de fracotes onde o carro estava estacionado. Tentei ir para briga, mas fui rapidamente impedido pela Vicky que disse ‘Já não basta a droga do galo em sua testa, agora quer ter o resto do corpo quebrado? Idiota!’. Com isso ela desmoronou minhas expectativas, e Maxde medroso concordou, se afundando até onde podia no banco traseiro do carro. Lucy foi a única que deu sinal de vida para os imbecis que nos xingaram, mandando eles acharem uma mulher para se alimentarem, ou se não conseguissem deveriam brincar de troca-troca e, para completar, ela fez um sinal de anus com a mão.
Me senti plenamente defendido por isso, enquanto os garotos a olhavam assustados.
Uma menina deveria dizer essas coisas?
Que se dane, achei divertido.
Mas Max repreendeu-a e a Vicky só ria.
Lucy em resposta a Max disse que era para ele se juntar com os gays que estavam lá atrás. Então ele se calou e preferiu deixar o humor ácido da garota passar para poder ter qualquer outro contato verbal com ela.
À noite vimos um filme escolhido pela Vicky.
Metade dele nos beijamos e outra metade fui mandado para fazer pipoca, pegar refrigerante, chocolate, cobertor, urso de pelúcia e tudo o que você imaginar.
Não consigo dizer não, sabe?
Max e Lucy não viram o filme ficaram do lado de fora, na espreguiçadeira, lendo juntos o livro idiota que trouxeram.
Uma saudade desgraçada começava a surgir, pois no dia seguinte começaríamos a arrumar as coisas para voltarmos a Londres. Eu não me sentia preparado ainda para perder a amizade do Tom por causa da Vicky, já que eu imaginava que ele era a fim dela. Eu também não sabia como o Jay estava em relação as coisas dele com Lucy, então ia ter que ficar pronto pra qualquer coisa que ele tentasse fazer contra ela.
Voltar para Londres traria grandes responsabilidades que eu não faria a mínima questão de passar para outra pessoa, mas que no final iria sobrar pra mim.



* * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário